Petistas acionam STF contra bolsonaristas que buscam associar políticos ao Hamas

Política
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Cinco deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) apresentaram uma ação ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra os deputados bolsonaristas Júlia Zanatta (PL-SC) e Gustavo Gayer (PL-GO), que tentaram associar os petistas com o grupo terrorista Hamas em listas com nomes de políticos enviados para a Embaixada dos Estados Unidos.

O documento foi encaminhado ao STF nesta terça-feira, 24, e é assinado pelo líder do PT na Câmara dos Deputados, Zeca Dirceu (PT-PR), e pelos deputados Erika Kokay (PT-DF), Helder Salomão (PT-ES), Nilto Tatto (SP), Padre João (PT-MG) e Paulão (PT-AL). Os petistas querem que a Corte cobre, até esta quinta-feira, 26, esclarecimentos dos bolsonaristas por associá-los a "asquerosas práticas criminosas de terrorismo" feitas pelo Hamas.

Na semana passada, Gayer divulgou em suas redes sociais uma lista de deputados da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), intelectuais e entidades de esquerda, que supostamente apoiariam as ações do grupo terrorista, e afirmou que encaminharia os nomes para a Embaixada dos Estados Unidos. Minutos após a publicação, o deputado do PL apagou a postagem.

Já Zanatta, gravou um vídeo no X (antigo Twitter) sugerindo ao consulado americano o cancelamento dos vistos de parlamentares do PT, PSB, PSOL e PCdoB.

Os cinco deputados que entraram com a ação no STF assinaram, em 2021, uma nota em que posicionam contrariamente à classificação do Hamas como "grupo terrorista". O comunicado foi divulgado após o governo britânico atribuir ao grupo essa designação. Além do Reino Unido, os Estados Unidos e a União Europeia também caracterizam o Hamas como grupo terrorista.

A nota de 2021 voltou à tona após o Hamas atacar civis israelenses no último dia 7 de outubro. De acordo com os petistas, a assinatura da nota ocorreu em um momento em que o mundo vivia uma "fase aguda da pandemia", e que o aumento das tensões no Oriente Médio deixaria a situação sanitária ainda mais letal para a população palestina.

Deputados dizem que tiveram suas 'honras e dignidades feridas'

Os deputados do PT dizem terem sido caluniados e terem as suas "honras e dignidades feridas" pelos bolsonaristas, já que repudiaram as ações terroristas feitas pelo Hamas no último dia 7. Segundo os parlamentares, a intenção de Gayer e de Zanatta era a de "criminalizar a política brasileira".

"Constata-se, nessa realidade, a existência de uma informação torpe, reprovável, caluniosa, incompatível com a dignidade e estatura de quem ocupa um cargo de deputado/a federal e se volta, por simples desavenças ideológicas, contra colegas parlamentares de maneira vil e mentirosa, na medida em que, entre outras deslealdades, tenta caracterizar os interpelantes como criminosos que devem ser impedidos de ingressar nos EUA e, consequentemente, em qualquer nação democrática, o que os tornaria pessoas que deveriam ser tratadas como inimigas da democracia e dos direitos humanos", diz a ação encaminhada ao STF.

O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) acionou o STF por danos morais contra os deputados por também ser citado como um "apoiador do Hamas". Ele também apresentou uma ação no Comitê de Ética da Câmara dos Deputados contra os bolsonaristas. Ele tomou as medidas no último sábado, 21, após se posicionar sobre o assunto no X (antigo Twitter).

Os deputados Júlia Zanatta e Gustavo Gayer foram procurados pelo Estadão, mas ainda não haviam respondido até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.