DJ Alok se junta aos indígenas em Brasília contra aprovação do marco temporal

Política
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O encontro de mais de 6 mil indígenas em Brasília, reunidos para protestar contra a aprovação do marco temporal, que vai à votação pelo Supremo Tribunal Federal, passou a contar com a presença do DJ e produtor musical Alok Petrillo.

Alok, que é reconhecido internacionalmente pelo mundo dos DJs, fez uma defesa da causa indígena e ligou as picapes na Praça dos 3 Poderes.

"Primeiro eu quero começar dizendo que é uma enorme satisfação em estar aqui com vocês. Eu estou junto de vocês. Ao longo da minha vida, eu nunca fui profundamente conectado com a cultura indígena, assim como muitos que conviveram comigo. Eu aprendi na minha vida, na escola, uma narrativa totalmente distorcida de um legado colonizador", declarou Alok, em um palco que foi montado em uma das tendas dos indígenas. "A gente aprende que o Brasil foi descoberto em 1.500, quando ele foi, na verdade, invadido. Os valores são totalmente distorcidos no olhar do colonizador. O que eu descobri foi que, por mais de cem anos, o que vocês fizeram foi socorrer os brancos que chegavam flagelados e doentes."

O DJ citou a passagem que fez em junho, pela aldeia dos Yawanawá, no Acre. No local, ele gravou um álbum inspirado nas origens sonoras dos povos originários. "Fui até a aldeia dos Yawanawá, no Acre. Eu tinha vários olhares de julgamentos e preconceitos. Enquanto eu estava fazendo música para me encaixar na indústria da música, vocês estavam fazendo musica para trazer a cura. Aquilo ressignificou tudo em minha carreira", disse Alok. "Eu passei a entender a minha relação com a natureza."

Nas mãos dos ministros da Corte está a decisão sobre o futuro de 303 demarcações de terras indígenas em andamento no País, um direito fundamental dos povos originários, previsto na Constituição Federal.

O processo vai determinar se cabe ou não aplicar sobre as demarcações novas ou em andamento a regra do "marco temporal". Trata-se de uma linha de corte. Pelo entendimento do marco temporal, que é defendido por ruralistas, uma terra indígena só poderia ser demarcada se for comprovado que os indígenas estavam sobre a terra requerida na data da promulgação da Constituição, ou seja, no dia 5 de outubro de 1988. Quem estivesse fora da área nesta data ou chegasse depois deste dia, não teria direito a pedir sua demarcação.

Atualmente, o Brasil tem 421 terras indígenas devidamente homologadas, que somam 106,6 milhões de hectares e onde vivem cerca de 466 mil indígenas. Há, porém, outras 303 terras indígenas que ainda não conseguiram obter a homologação presidencial, ou seja, que estão em alguma fase do processo de demarcação, sem que este tenha sido concluído. Essas terras somam 11 milhões de hectares, onde vivem cerca de 197 mil indígenas.

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O exército israelense lançou nesta terça, 6, ataques aéreos contra rebeldes houthis no Iêmen, que, segundo Israel, desativaram completamente o aeroporto internacional da capital, Sanaa, com diversas usinas de energia também atingidas.

Israel lançou ataques semelhantes na segunda-feira, 5, em retaliação a investida dos houthis realizada no domingo, 4, contra o aeroporto internacional do país. No ataque desta terça-feira, três pessoas morreram e 38 ficaram feridas, de acordo com a agência de notícias SABA.

Os houthis têm atacado Israel durante toda a guerra em Gaza em solidariedade aos palestinos, além de também atacarem embarcações comerciais e navais no Mar Vermelho, elevando sua posição como o último membro do autodenominado "Eixo da Resistência" do Irã capaz de lançar investidas regulares contra Israel.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira, 6, que os Estados Unidos irão interromper os ataques contra os Houthis, no Iêmen, após afirmar que o grupo rebelde apoiado pelo Irã expressou que "não quer mais lutar".

"Nós honraremos isso e interromperemos os bombardeios", disse Trump a repórteres no Salão Oval durante uma conversa com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney. "Nós acreditaremos na palavra deles. Eles dizem que não atacarão mais navios, e esse é o propósito do que estávamos fazendo."

Trump negou ter feito um "acordo" com o grupo iemenita e se recusou a fornecer mais detalhes sobre a decisão.

"Eles disseram: 'Por favor, não nos bombardeiem mais, e não vamos atacar seus navios'", disse Trump.

Os Houthis não se manifestaram publicamente após as declarações de Trump, mas o grupo rebelde disse na manhã desta terça-feira que estava travando "uma guerra santa para ajudar o povo palestino injustiçado de Gaza".

Campanha militar

Os Estados Unidos vêm realizando ataques aéreos contra alvos dos houthis no Iêmen desde março. A campanha ocorreu em resposta aos ataques do grupo rebelde a embarcações comerciais que navegam em importantes rotas marítimas no Oriente Médio.

A campanha de bombardeios dos EUA contra os Houthis levou ao aumento das tensões com o Irã, que, segundo Trump, está "ditando cada movimento" dos rebeldes.

"Cada tiro disparado pelos Houthis será visto, a partir de agora, como um tiro disparado pelas armas e pela liderança do Irã, e o Irã será responsabilizado e sofrerá as consequências, e essas consequências serão terríveis!", escreveu Trump nas redes sociais no dia 17 de março.

Ataque israelense

As falas de Trump sobre o fim da campanha aérea americana contra os Houthis ocorreram depois que um bombardeio israelense atingiu o aeroporto internacional da capital do Iêmen, Sanaa, em retaliação ao míssil balístico que caiu nos arredores do aeroporto internacional de Ben Gurion, em Tel-Aviv, no domingo, 4, que deixou seis feridos.

O ataque israelense matou 3 pessoas e feriu mais de 30, segundo autoridades de saúde ligadas aos Houthis.

O aeroporto internacional de Sanaa oferece uma das poucas conexões restantes com o mundo exterior para os mais de 20 milhões de iemenitas que vivem no território controlado pelos Houthis, servindo como meio de obter tratamento médico vital e de se conectar com o trabalho e seus entes queridos no exterior.

Antes do ataque desta terça-feira, o Exército israelense havia feito um apelo nas redes sociais ameaçando o aeroporto e ordenando a saída de todos na área. Aviões de guerra israelenses também atingiram usinas de energia e uma fábrica de cimento no Iêmen.

"O ataque foi realizado em resposta ao ataque lançado pelo regime terrorista houthi contra o Aeroporto Ben Gurion", apontou o Exército, em um comunicado. "Pistas de voo, aeronaves e infraestrutura do aeroporto foram atingidas", acrescentou o comunicado.

Analistas iemenitas afirmam que os Houthis não serão dissuadidos pelos bombardeios e que o conflito com os Estados Unidos e Israel apenas fortalece o grupo.

"Ataques aéreos nunca dissuadiram os Houthis no passado", disse Nadwa al-Dawsari, analista iemenita do Instituto do Oriente Médio, em Washington. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Há 62 anos, Audrey Backeberg desapareceu de uma pequena cidade no centro-sul de Wisconsin, nos Estados Unidos, após supostamente pegar carona com a babá da família e embarcar em um ônibus para Indianápolis. Ninguém jamais soube para onde ela foi ou o que havia acontecido com ela.

Tudo isso mudou na semana passada, quando Audrey foi encontrada viva e em segurança em outro Estado, graças ao olhar atento de um novo detetive que assumiu o caso em fevereiro.

O detetive Isaac Hanson descobriu um registro de prisão fora do Estado que correspondia a Audrey Backeberg, o que desencadeou uma série de investigações que levaram à sua localização.

Acontece que Audrey escolheu sair da cidade de Reedsburg por vontade própria - provavelmente devido a um marido abusivo, segundo Hanson.

"Ela está feliz, segura e protegida; e basicamente viveu discretamente durante todo esse tempo", disse ele.

Hanson foi designado para o caso no final de fevereiro e, após encontrar o registro de prisão, ele e outros oficiais se reuniram com a família de Backeberg para ver se tinham alguma ligação com aquela região. Eles também investigaram a conta da irmã de Backeberg no Ancestry.com, acessando registros de censo, obituários e certidões de casamento daquela área.

Em cerca de dois meses, encontraram um endereço onde vivia uma mulher que, segundo Hanson, apresentava muitas semelhanças com Backeberg, incluindo data de nascimento e número da previdência social. Hanson conseguiu que um policial da região fosse até o endereço. Dez minutos depois, Backeberg, agora com mais de 80 anos, ligou para ele.

"Aconteceu tão rápido", contou. "Eu esperava que o policial me ligasse de volta dizendo: 'Ninguém atendeu à porta'. E achei que fosse o policial me ligando, mas na verdade era ela. E para ser sincero, foi uma conversa bem casual. Eu percebi que ela obviamente tinha seus motivos para ter ido embora."

A maior parte das informações obtidas nessa ligação não foi compartilhada por Hanson, que explicou que ainda é importante para Backeberg manter sua privacidade.

"Acho que ela ficou muito emocionada, claro, com tudo aquilo - ver um policial batendo à porta, relembrar tudo o que aconteceu e reviver 62 anos em 45 minutos", disse ele.

'Ela é quem decide'

Hanson descreveu o fato de encontrá-la viva após mais de seis décadas como algo praticamente inédito. E embora não saiba se ela irá retomar contato com a família, afirmou estar satisfeito por ela ter agora essa possibilidade.

"Há familiares morando aqui, então ela tem meu número caso queira entrar em contato ou precise de algo, como o telefone de parentes daqui", disse ele. "No fim das contas, ela é quem decide", finalizou.