MPF denuncia ex-presidente da Eletronuclear e pede confisco de quase R$ 1 bi

Política
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O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro denunciou o ex-presidente da Eletronuclear e vice-almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva e outros cinco investigados por supostos crimes de corrupção, organização criminosa e lavagem de dinheiro em razão propinas no âmbito do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB). A Procuradoria requer um confisco de US$ 165.067.817,00, para reparar os danos causados pelos crimes, sendo que o valor atualizado corresponde a R$ 939.235.878,78.

Além de Othon, a denúncia datada do último dia 2 atinge o suposto operador do vice-almirante, José Amaro Pinto Ramos, os doleiros Eduardo Padovan e Paulo de Arruba, e as filhas do ex-presidente da Eletronuclear, Ana Cristina e Ana Luiza. Parte dos supostos fatos criminosos descritos na denúncia já prescreveram com relação a Othon e a Amaro, em razão de os dois já terem mais de 70 anos.

A Procuradoria ressalta que as acusações são decorrentes de investigações posteriores às diferentes Operações que miraram desvios na Eletronuclear - Radioatividade, Pripryat, Irmandade e Descontaminação. A primeira de tais ofensivas foi deflagrada em 2015 pelo então juiz Sérgio Moro, perante a 13ª Vara Federal de Curitiba, mas os autos acabaram sendo enviados para o Rio de Janeiro, após decisão do Supremo Tribunal Federal. No âmbito da 'Radioatividade', Othon foi condenado a 43 anos de prisão.

O Ministério Público Federal imputa aos seis denunciados suposta participação em organização criminosa que 'tinha por finalidade a prática de crimes de evasão de divisas e corrupção ativa e passiva, bem como a lavagem dos recursos auferidos desses crimes e daqueles utilizados no pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos no contexto do PROSUB'.

As primeiras propinas citadas da denúncia teriam sido pagas em 2012, no valor total de € 6,694 milhões, e seriam uma contrapartida paga pela Odebrecht pelo fato de a empresa ter sido escolhida 'diretamente participar de contrato bilionário sem a necessidade de empreender esforços em longo e complexo procedimento licitatório', diz o MPF. De acordo com a Procuradoria, os valores foram pagos pela Odebrecht a José Amaro, sendo que nas planilhas do famoso Setor de Operações Estruturadas da empreiteira o codinome do suposto operador de Othon era 'Champagne'.

Ainda de acordo com os procuradores, Amaro teria adotado uma série de caminhos para distribuir a propina paga pela Odebrecht, sendo identificado que parte dos recursos passaram pelas mãos dos doleiros Eduardo Padovan e Paulo de Arruda antes de chegarem uma contra empresarial aberta em baco suíço pelas filhas de Othon Pinheiro.

"Antes do início dos pagamentos, Othon Pinheiro, José Amaro, Eduardo Padovan, Paulo de Arruda, Ana Cristina e Ana Luiza reuniram-se para traçar a estratégia a ser executada no intuito de dificultar o rastreamento de parte dos repasses efetuados pela Odebrecht e dissimular a percepção desses recursos pelo presidente da Eletronuclear. Para tanto, decidiram utilizar a offshore Iberoamerica, sediada no Panamá, para criar contas em bancos suíços que serviriam de rota para os valores que teriam como destinatário final Othon Pinheiro", registra trecho da denúncia.

A denúncia relata ainda que, após a Odebrecht ter sido escolhida para participar da parceria com a empresa francesa na execução do PROSUB, o então presidente da parte de Insfraestrutura da empreiteira, Benedicto Júnior, entrou em contato com Othon Pinheiro para que ele atuasse como 'consultor particular' da empresa nas discussões com o parceiro francês sobre o projeto de construção do submarino de propulsão nuclear.

Os procuradores dizem que o ex-presidente da Eletronuclear aceitou exercer o papel 'tendo por contrapartida a percepção efetiva de € 1,5 milhão que foram depositados em conta de empresa offshore, além de R$ 1,2 milhão, entregues na casa que possui no Rio de Janeiro'.

"Tratando-se apenas de propina para manter a fidelidade do agente público aos interesses da empresa Odebrecht, a metodologia eleita para o pagamento dos valores, afeta a negociações tratadas em contextos ilícitos, denota o intuito de se ocultar o motivo desses repasses e o real destinatário dos recursos".

COM A PALAVRA, OS DENUNCIADOS

Até a publicação desta matéria, a reportagem buscou contato com os acusados, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.