Espero que Bolsonaro reconheça derrota da PEC do voto impresso, diz Lira

Política
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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse no final da noite desta terça-feira, 10, que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permitia o retorno do voto impresso será arquivada e que espera que o presidente Jair Bolsonaro aceite o resultado da votação em Plenário. O texto não obteve o mínimo de votos necessários para ser aprovado - era preciso obter 308 votos, mas apenas 229 deputados se manifestaram favoravelmente ao texto, enquanto 218 votaram contra e houve uma abstenção. Sem citar nomes, ele pediu bom senso do Executivo e do Judiciário a partir de agora na discussão do assunto.

"Nesse momento, nossa mensagem é de saber reconhecer os resultados quando eles são favoráveis e quando são contrários. É da democracia. Não acredito que haja outro comportamento por parte do presidente Bolsonaro. Como eu disse, ele disse que respeitaria, e eu acredito, o resultado do Plenário da Câmara dos Deputados", afirmou. "Foi um dia muito difícil no aspecto das conversas e articulações para que a votação transcorresse com altivez e tranquilidade", afirmou.

"É importante que haja bom senso, de agora em diante, por parte do Poder Executivo, por parte do Poder Judiciário, para que todos nós possamos nos sentar e escolher uma maneira racional, clara e objetiva de aumentarmos a transparência e a auditagem, as dúvidas que por acaso possam pairar ainda sobre o sistema eleitoral, da forma como se conduz, dúvida de alguns brasileiros, de muitos brasileiros, que tem que ser respeitados", afirmou.

O presidente da Câmara disse que vai procurar nesta quarta-feira, 11, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), para encontrar uma "saída" para aumentar ainda mais a transparência das urnas. "Essas conversas devem acontecer e eu espero que aconteçam rapidamente", afirmou.

Lira voltou a dizer que o ideal é que o sistema de auditagem das urnas, que hoje é feito em cerca de 100 delas, seja elevado para 1 mil a 2 mil, com outras instituições participando, como Exército, ITA e fundações. Para ele, é hora de a Câmara se dedicar a outros assuntos mais importantes da pauta.

"Nossa obrigação agora é sentarmos todos à mesa, sem vencidos ou vencedores, cumprirmos cada um seu papel constitucional, com autocontenção dos Poderes, e que esse assunto possa ser tratado com mais parcimônia e menos polarização. É o que espero daqui para frente, com, mais uma vez repito, um resultado soberano, democrático, altivo, não de uma comissão que não era terminativa, mas do Plenário da Câmara dos Deputados."

Para Lira, o Plenário da Câmara deu sua palavra final sobre o assunto em uma sessão democrática e em que todos puderam se expressar e defender suas teses. Ele reconheceu que o sistema apresentou lentidão, mas afirmou que todos os votos foram computados. Segundo Lira, alguns deputados estavam viajando ou de licença e não participaram da votação. "O resultado que saiu era o previsível. Todo mundo estava fazendo essas contas", afirmou.

"Ao final, o resultado da PEC não alcançou o quórum específico para sua aprovação. Ela vai ao arquivo e, com respeito à Câmara dos Deputados, esse assunto está, neste ano, com esse viés de condicionalidade, encerrado. Não teríamos tempo nem espaço para iniciarmos nova discussão", acrescentou.

Lira disse não ver possibilidade de que outra PEC que permite o retorno do voto impresso em 2022, já aprovada na Câmara, possa ser apreciada no Senado. "Pela longevidade da PEC que lá se encontra, não vejo essa possibilidade clara."

O presidente da Câmara reiterou que o voto impresso não é um tema que precisa de "vencidos e vencedores". "Todos os deputados que votaram hoje aqui foram eleitos pela urna eletrônica."

Pauta

Da pauta desta semana, Lira prevê que serão votados em Plenário a reforma tributária do Imposto de Renda, a reforma política aprovada na comissão especial na noite de segunda-feira, 9, o parecer do Conselho de Ética que recomenda a perda de mandado da deputada Flordelis (PSD-RJ) e as Medidas Provisórias 1.045, que cria o programa de manutenção de empregos na pandemia, e 1.042, que simplifica cargos de comissão e funções de confiança do Executivo.

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

As declarações de Sheinbaum foram feitas a apoiadores no leste do México, em resposta a uma reportagem do Wall Street Journal publicada na sexta, 2, descrevendo uma tensa ligação telefônica no mês passado na qual Trump teria pressionado ela a aceitar um papel maior para o exército dos EUA no combate aos cartéis de drogas no México.

"Ele disse, 'Como podemos ajudá-la a combater o tráfico de drogas? Eu proponho que o exército dos Estados Unidos venha e ajude você'. E você sabe o que eu disse a ele? 'Não, presidente Trump'", relatou a presidente do México. Ela acrescentou: "A soberania não está à venda. A soberania é amada e defendida".

"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Sheinbaum. A postura firme de Sheinbaum neste sábado sinaliza que a pressão dos EUA por intervenção militar unilateral colocaria ela e Trump em atritos, após meses de cooperação em imigração e comércio. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse estar pronto para um cessar-fogo com a Rússia a partir deste sábado, 3, caso o país rival aceite uma trégua de, pelo menos, 30 dias. "Esse é um prazo razoável para preparar os próximos passos. A Rússia precisa parar a guerra - cessar seus ataques e bombardeios", escreveu Zelenski em seu perfil da rede social X.

Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

Na preparação para a eleição parlamentar nacional, o governo interino de Portugal anunciou que planeja expulsar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, neste sábado, 3, que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país de maneira ilegal saiam.

O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro, Luis Montenegro, convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou.

Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.