Morre Jean-Jacques Faust, o jornalista francês que tentou decifrar o Brasil

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Morreu nesta segunda-feira, 9, o jornalista e economista Jean-Jacques Faust. Autor de livros sobre o Brasil, Faust integrou o Conselho Editorial do Grupo Estado. Tinha 94 anos. Nascido na França, ele estudou Literatura em Paris e, depois, cursou Economia em Londres, na London Business School, antes de ir trabalhar na agência de notícias France Presse, em 1950.

Primeiro, foi enviado para o Oriente Médio, onde testemunhou a ascensão do nacionalismo árabe no Cairo, no Egito, e em Teerã, no Irã. Acompanhou a derrubada do primeiro-ministro iraniano, Mohammed Mossadegh, em 1953. Também escreveu sobre a chegada ao poder no Egito do coronel Gamal Abdel Nasser e seu pan-arabismo. Faust descrevia Nasser como um novo Saladino, o sultão que controlou o país no século 12.

Em 1956, acompanhou a crise iniciada com a nacionalização do canal de Suez, no Egito, que levou à intervenção da França e do Reino Unido. As duas potências coloniais enviaram tropas para retomar o canal, ao mesmo tempo que Israel invadia a península do Sinai. E, depois, tiveram de retroceder em razão da oposição dos Estados Unidos e da União Soviética.

Em 1960, Faust chegou ao Brasil pela primeira vez. Aqui trabalhou cinco anos como correspondente da France Presse. Morava no Rio e testemunhou a queda do presidente João Goulart, em 1964. No ano seguinte, retornou à França, depois de publicar seu primeiro livro em português: A revolução devora os presidentes, sobre a deposição de Jango.

Em Paris, foi dirigir a France Presse. Depois, trabalhou na revista L'Express, da qual foi redator-chefe. Em 1966, publicou uma de suas principais obras: Brasil, uma América para amanhã. No lançamento do livro, afirmou que ele era um trabalho "otimista". Faust traçava um retrato do Brasil, de seus recursos e problemas, um país "que pode legitimamente, por sua população e sua dimensão, aspirar a um lugar de relevo entre as nações do mundo". A obra começava com o relato da visita ao Brasil de Charles De Gaulle, então presidente francês. Para o autor, o país sul-americano era "a maior civilização tropical de todos os tempos". São dessa época vários de seus textos publicados pelo Estadão. Mais tarde, escreveu L'étranger à la mer, em 1969.

Em 1975, retornou ao Brasil. Desta vez, vinha como diretor do grupo francês Saint-Gobain - produtor de fibra de vidro e polímeros de alta performance - para o Brasil e a Argentina. Iniciava uma nova fase de sua vida, a de administrador, que o levaria ao conselho de grandes empresas, como o Grupo Jereissati e o Grupo Estado. Também foi sócio da RadiumSystem, empresa de tecnologia que trabalhava com os polos calçadistas de Birigui e de Jaú, no interior.

Faust voltou a escrever sobre o Brasil, publicando Le Brésil, chroniques d'une democratisation (Brasil, crônicas de uma democratização). Anteontem, seu coração parou. Deixou a mulher, Jacqueline, duas filhas, um filho, netos e bisnetos. Seu corpo foi cremado nesta terça, 10, no Rio, cidade onde morava.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.