'Tive relação mais próxima com Lula do que com Bolsonaro', diz Datena

Política
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O apresentador José Luiz Datena disse, em entrevista ao Estadão, que, "por enquanto", é pré-candidato à Presidência da República pelo PSL, partido presidido pelo deputado Luciano Bivar. Após se lançar e desistir seguidas vezes de disputar eleições, Datena afirmou que em 2022 será "candidato a algo".

O jornalista, que apresenta o programa Brasil Urgente, da Band, já desistiu de concorrer nas eleições municipais do ano passado, quando estava filiado ao MDB; da disputa por uma vaga no Senado em 2018, quando era do DEM; e das eleições municipais de 2016, então no PP. Ainda em 2018, o apresentador chegou a se filiar ao nanico PRP e conversava com o partido sobre a possibilidade de se candidatar. Até 2015, Datena era filiado ao PT, onde permaneceu por 23 anos.

O sr. é pré-candidato à Presidência?

Fui apresentado pelo presidente do PSL - pelo Bivar - e pela executiva nacional como pré-candidato e, por enquanto, sou o único pré-candidato pelo PSL. Se houver uma convenção, escolherem outro… Por enquanto, sou candidato.

Por que devemos crer que agora é para valer?

Eu já respondi a essa pergunta com mais aspereza para o (ex-governador do Rio Wilson) Witzel. Respondi que fui candidato outras três vezes - na verdade, quatro -, mas que, no meio do caminho, senti que não havia segurança das pessoas que haviam combinado projeto comigo para que eu partisse para qualquer cargo que seja. Você tem de ter um conjunto de pessoas do seu lado que você confia e que te levem àquilo que te prometeram. Para não passar pelo vexame que Witzel está passando, com risco de ir para a cadeia. Não adianta você ser eleito com gente que você não confia. Essas pessoas com quem eu conversei no PSL me dão segurança.

Quem são essas pessoas?

O grupo que representa o partido na realidade. O PSL é um partido dividido, mas o líder total é o Bivar. E o (Antonio) Rueda é com quem eu tenho conversado com mais frequência. Mas o Bivar me garante que hoje o partido está unido em torno de ideias da sequência de um processo democrático no Brasil, sem se ameaçar instituição, sem se agredir princípios de imprensa. Enfim, respeitando-se as instituições.

Existe um projeto de expulsar os bolsonaristas do partido e acolher o MBL. O sr. defende isso?

Ah, eu não posso chegar no avião e sentar na janelinha, como dizia o Romário, né? A decisão tem de ser do partido, eu não posso sair já tomando decisão se nem candidato eu fui consolidado (em convenções).

O que acha do Bolsonaro? Teve relação próxima com ele?

Não. Nunca tive relação próxima com o Bolsonaro. Quem disse que tive? Tive uma relação mais próxima com o Lula do que com o Bolsonaro. E hoje tenho relação distante com Lula e com Bolsonaro. Estive presencialmente com Bolsonaro três vezes, uma em que ele me convidou para ser candidato à Prefeitura de São Paulo com o (Paulo) Skaf. Mas as relações que eu tive com o presidente Jair Bolsonaro foram de entrevista. Com Bolsonaro não tenho nenhuma relação que não seja profissional.

Se puder escolher um cargo para disputar, qual seria?

Ah, eu não perco foco no Senado, mesmo porque eu sou muito bem avaliado em pesquisa para o Senado. Não adianta querer ser alguma coisa se não tiver apoio popular. Também não seria idiota de partir para eleições cujo ambiente político possa estar polarizado. Se o Lula e o Bolsonaro estiverem lá em cima, por que é que eu vou tentar sair candidato a presidente? Por enquanto, o que apontam as pesquisas é que o Bolsonaro está perdendo votos e que há possibilidade de uma terceira via.

O sr. apoia um pedido de impeachment de Bolsonaro?

O estamento burocrático do impeachment é desgastante para nossas instituições. O Brasil perdeu muito com dois presidentes impichados e dois ex-presidentes presos. Por pior que possa ter parecido, as nossas instituições funcionaram. O único caminho que existe é o democrático. (Winston) Churchill já dizia: pode ser o regime com muitas falhas, mas é o único caminho. Agora, se ele prevaricou, se deixou de cumprir com obrigação como presidente, é claro que será aberto um processo de impeachment contra ele.

Como avalia as falas antidemocráticas de Bolsonaro?

Lamentáveis. Não só as falas dele, mas a carta do ministro da Defesa, Braga Netto, que eu respeito muito. Fiquei até surpreso e, quero crer, não representa o pensamento dos militares e das Forças Armadas. Tanto a carta do Braga Netto para o (presidente da CPI da Covid, Omar) Aziz quanto as falas do Bolsonaro vão contra as instituições. Já havia acontecido antes. Eu entrevistei o Bolsonaro antes das eleições passadas e ele chegou a dizer: "Eu não admito perder as eleições". É antidemocrático. Eu perguntei uma vez: "Você vai dar golpe, ô Bolsonaro?". Ele respondeu: "Você acha que, se eu for dar golpe, vou avisar você? Se eu tiver de dar golpe, vou dar golpe". Acho que isso é mais arroubo do presidente do que qualquer coisa.

O que acha dos trabalhos da CPI da Covid?

Eu só posso fazer uma boa avaliação. Para quem acha que CPI não termina em nada, que só termina em pizza… Essa pode terminar em pizza, mas é uma pizza de abacaxi. É um abacaxi grosso para você descascar no Planalto. Havia denúncia de tudo contra o governo Jair Bolsonaro, mas não havia denúncia de corrupção. E a CPI está apurando fatos que podem apontar corrupção em compra de vacina. Não é à toa que o presidente anda tão instável como ele está. Ele já age mal quando tudo está mais ou menos bem.

Vai usar dinheiro do Fundo Partidário ou vai pagar a campanha do próprio bolso?

Ah, eu não tenho dinheiro para pagar campanha do próprio bolso, já avisei o partido. Fui o único cara a tomar uma multa de US$ 10 milhões na época quando fui para a Record e voltei para a Band em seguida. Então eu não tenho um tostão para botar em eleição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".

A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.