Áudios de ex-cunhada ligam Jair Bolsonaro ao esquema de 'rachadinhas', diz site

Política
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Áudios revelados nesta segunda-feira, 5, em reportagem do portal UOL, ligam o presidente Jair Bolsonaro, quando ele ainda era deputado federal, a suposto desvio de salários de assessores parlamentares - esquema conhecido como "rachadinha". Bolsonaro exerceu mandatos como deputado de 1991 a 2018. A reportagem divulgou gravações atribuídas a Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro.

"O André (irmão dela e da segunda ex-mulher do presidente, Ana Cristina) deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, ele devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: 'Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo'", diz ela em um dos áudios.

Dados obtidos via quebra de sigilo bancário e fiscal já apontavam indícios da prática no antigo gabinete dele na Câmara. A devolução indevida pode configurar crime de peculato. Esse delito ocorre quando servidor se apropria ilegalmente de verba pública.

O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) já foi denunciado, com outros suspeitos, pelo Ministério Público do Rio por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa por supostos desvios semelhantes. Foi nessa investigação que se obteve a quebra de sigilo de vários ex-assessores da família, além de mandados de busca e apreensão. A apuração foi aberta pelo Ministério Público do Rio. O motivo foi um relatório produzido pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) na Operação Furna da Onça. O documento apontou movimentações financeiras atípicas de assessores ligados a mais de 20 deputados estaduais.

Um desses parlamentares era Flávio, então com mandato na Assembleia Legislativa fluminense. A existência da investigação foi revelada com exclusividade pelo Estadão, em dezembro de 2018. Outro filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) também é investigado sob suspeita da mesma prática. Nesse caso, negado pelo "Zero Dois", os desvios teriam ocorrido na Câmara Municipal do Rio. Lá, a segunda ex-mulher do hoje presidente, Ana Cristina Siqueira Valle, foi assessora de Carlos.

Os Bolsonaros negam irregularidades

A prática da rachadinha consiste, na prática, em empregar funcionários "fantasmas". Esses servidores devolvem partes significativas dos salários aos parlamentares que os nomeiam. Com isso, uma pessoa que não trabalha ganha um valor razoável por mês. Já o político ganha ainda mais dinheiro por meio do desvio de recursos públicos. Em alguns casos, a suspeita é que quase todo o salário fosse devolvido aos deputados.

Nas mensagens que trocava com pessoas próximas, a fisiculturista Andrea também chama Bolsonaro de 'Zero Um', segundo o UOL. Durante toda a vida política, o clã manteve o hábito de trocar assessores entre si. Isso fez com que a investigação contra Flávio revelasse suspeitas envolvendo outros gabinetes. Os ex-funcionários tiveram dados bancários, conversas telefônicas e outras possíveis provas reveladas via autorização da Justiça.

Outra reportagem publicada pelo UOL nesta segunda-feira, 5, revela que um amigo de Bolsonaro recolhia salários para devolver ao patrão. Coronel da reserva do Exército, Guilherme dos Santos Hudson é citado por Andrea, sua sobrinha. Seria um dos responsáveis por pegar os salários dos fantasmas. "O tio Hudson também já tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele", descreve a fisiculturista. Além dele, outro assessor fazia, segundo o MP, o mesmo serviço para Flávio. Era Fabrício Queiroz, que também é investigado.

Hudson serviu ao Exército com Bolsonaro. Conheceram-se nos anos 1970, na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman). A família da segunda ex-mulher de Bolsonaro é de Resende, no Sul fluminense. Na cidade, fica a Aman. Foi lá que o então deputado e Ana Cristina venderam um terreno em dinheiro vivo a Hudson em 2008. O negócio foi revelado pelo Estadão em setembro de 2020.

O terreno foi negociado por R$ 38 mil. Isso equivale a R$ 71 mil em cifras corrigidas pela inflação. A propriedade fica em um condomínio de luxo. Imóveis semelhantes são bem mais caros em sites especializados. Esse tipo de operação, com suposto subfaturamento, em geral desperta suspeitas de pagamentos "por fora", ou seja, sem registro na escritura.

Defesa chama áudios de 'clandestinos' e diz que tentam 'armar' contra família do presidente

Em nota, a defesa de Flávio classifica as gravações como "clandestinas". Os áudios estariam nos autos da investigação do MP, conforme a reportagem do UOL. "Gravações clandestinas, feitas sem autorização da Justiça e nas quais é impossível identificar os interlocutores não é (sic) um expediente compatível com democracias saudáveis. A defesa, portanto, fica impedida de comentar o conteúdo desse suposto áudio apresentado pela reportagem."

Os advogados também mantiveram o discurso de que Andrea trabalhava regularmente para Flávio na Alerj e cumpria a jornada devida.

"Flávio Bolsonaro, nas suas atividades parlamentares, não tinha como função fiscalizar e orientar a forma como a servidora usufruía do seu salário", alegam.

"No tempo em que foi deputado estadual, nunca recebeu informação ou denúncia de que havia qualquer irregularidade no seu gabinete ou em relação ao pagamento dos colaboradores. Portanto, não passa de insinuação e fantasia a ideia de que o parlamentar participou de qualquer atividade irregular. Esse é apenas mais um ingrediente na narrativa que tentam armar contra a família Bolsonaro. Flávio Bolsonaro confia na Justiça e tem a certeza de que a verdade prevalecerá."

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O governo Donald Trump informou que a Universidade de Harvard não poderá receber novos subsídios federais para a pesquisa até cumprir com as exigências, que colocaram a universidade mais rica e prestigiada o país em rota de colisão com a Casa Branca.

O bloqueio foi comunicado em carta enviada pelo Departamento de Educação ao reitor da universidade e confirmado em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 5. O representante do departamento disse à imprensa que Harvard não receberá novos subsídios federais até que "demonstre uma gestão responsável da universidade" e atenda às exigências do governo.

A Casa Branca já havia congelado US$ 2,2 bilhões em subsídios federais destinados à universidade. Em outra frente, Trump pressiona para que Harvard perca o seu status de isenção fiscal enquanto tenta forçar a instituição de ensino a atender suas demandas.

A carta foi a primeira resposta significativa do governo desde que Harvard entrou com ação judicial na tentativa de impedir o corte bilionário de verbas. "Esta carta é para informá-lo de que Harvard não deve mais buscar subsídios do governo federal, pois nenhum será fornecido", escreveu a secretária da Educação Linda McMahon ao reitor Alan Garber.

O documento estipula que Harvard deve abordar preocupações relacionadas ao antissemitismo no campus; revisar políticas raciais; e responder a queixas de que teria abandonado a busca pela "excelência acadêmica" ao empregar relativamente poucos professores conservadores, segundo a visão do governo.

Representantes de Harvard não responderam imediatamente ao pedido de comentário.

A ameaça sugere que o governo pode estar alterando ou reforçando suas táticas contra as universidades. Inicialmente, a Casa Branca havia retirado subsídios existentes - medida drástica, mas que deixa margem para contestações na Justiça, como no caso de Harvard.

Representantes do setor em todo país tem expressado de forma reservada preocupações com uma campanha mais ordenada de pressão sobre as universidades, que seria mais difícil de reverter nos tribunais.

O embate com Harvard começou quando o governo Donald Trump enviou, no mês passado, um série de exigências à universidade. A lista incluía a obrigatoriedade de relatar ao governo federal quaisquer estudantes internacionais acusados de má conduta e a nomeação de um supervisor externo para garantir que os departamentos acadêmicos fossem "diversos em termos de pontos de vista".

A universidade se negou a cumprir as demandas da Casa Branca e denunciou uma tentativa de interferir na liberdade acadêmica. Na ação judicial, Harvard acusou o governo Donald Trump de tentar exercer um "controle inédito e indevido".

No ano fiscal de 2024, os recursos federais para pesquisa representaram cerca de 11% do orçamento de Harvard - aproximadamente US$ 687 milhões. Embora o fundo patrimonial da universidade ultrapasse os US$ 53 bilhões, grande parte desse valor é restrito, o que limita como a instituição pode utilizá-lo.

O congelamento duradouro dos novos subsídios poderia causar um caos financeiro para Harvard, que já está elaborando planos de contingência e buscando captar recursos no mercado de títulos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A primeira-ministra da província canadense de Alberta, Danielle Smith, disse que realizará um referendo no próximo ano que poderá incluir uma votação sobre a separação do Canadá.

Smith afirmou que não apoia a separação no site do governo da província e em sua página no Facebook, mas acrescentou que, caso os cidadãos de Alberta reúnam as assinaturas necessárias, uma pergunta sobre a separação poderá fazer parte da votação de 2026. "Nosso governo respeitará o processo democrático", enfatizou ela.

Seus comentários são a mais recente investida da província produtora de petróleo e gás depois que os liberais federais conquistaram um quarto mandato na eleição de 28 de abril. Smith, os líderes empresariais e os cidadãos de Alberta estão profundamente frustrados com a política ambiental da última década, que, segundo eles, prejudicou as perspectivas econômicas da província. As medidas incluem a proibição de navios-tanque que transportam petróleo bruto para o noroeste da Colúmbia Britânica, um limite para as emissões de carbono do setor de energia e um processo de avaliação ambiental mais rigoroso.

Ela disse que teve uma conversa telefônica construtiva nos últimos dias com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, mas "até que eu veja provas tangíveis de mudanças reais, Alberta tomará medidas para se proteger melhor de Ottawa".

Uma porta-voz de Carney não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo, 4, que instruiu seu governo a reabrir e expandir a notória prisão de Alcatraz, que foi fechada em 1963 e se tornou um ponto turístico na Califórnia.

"Por muito tempo, os Estados Unidos foram atormentados por criminosos cruéis, violentos e reincidentes, a escória da sociedade, que nunca contribuirão com nada além de miséria e sofrimento. Quando éramos uma nação mais séria, no passado, não hesitávamos em prender os criminosos mais perigosos e mantê-los longe de qualquer pessoa que pudessem prejudicar. É assim que deve ser", disse Trump, em uma publicação na plataforma Truth Social.

"É por isso que, hoje, estou instruindo o Departamento de Prisões, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir uma prisão de Alcatraz substancialmente ampliada e reconstruída, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos dos Estados Unidos", escreveu o presidente americano, acrescentando: "A reabertura de Alcatraz servirá como um símbolo de Lei, Ordem e justiça."

A ordem foi emitida em um momento em que Trump vem enfrentando conflitos com os tribunais ao tentar enviar membros de gangues acusados ??para uma prisão notória em El Salvador, sem o devido processo legal. Trump também já sinalizou que poderia enviar cidadãos americanos para El Salvador.

Trump também ordenou a abertura de um centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba, para abrigar até 30 mil detentos que ele rotulou como os "piores criminosos estrangeiros".

Prisão

Alcatraz, hoje uma atração turística, fechou em 1963 devido aos altos custos operacionais após apenas 29 anos de operação, de acordo com o Departamento de Prisões dos EUA, porque tudo, de combustível à comida, tinha que ser trazido de barco.

Localizada a dois quilômetros da costa de São Francisco e com apenas 336 prisioneiros, a prisão abrigou vários criminosos notórios, incluindo o chefe da máfia da época da Lei Seca, Al Capone, e foi palco de muitas tentativas de fuga incríveis dos presos.

36 homens tentaram 14 fugas diferentes da prisão, segundo o FBI. Quase todos foram capturados ou não sobreviveram à tentativa.

O local ficou conhecido pelo filme "Alcatraz: Fuga Impossível", longa de 1979 que é protagonizado por Clint Eastwood. O filme conta a história de três prisioneiros que conseguiram fugir de Alcatraz.

Um porta-voz do Departamento de Prisões dos EUA disse em um comunicado que a agência "cumprirá todas as ordens presidenciais".

Atualmente, o Departamento de Prisões tem 16 penitenciárias que desempenham as mesmas funções de alta segurança de Alcatraz, incluindo sua unidade de segurança máxima em Florence, no Colorado, e a penitenciária dos EUA em Terre Haute, em Indiana. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)