Após avanço da CPI, atos contra Bolsonaro são antecipados para 3 de julho

Política
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Diante do avanço da CPI da Covid sobre suspeitas de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde, partidos de esquerda e movimentos sociais anteciparam as manifestações contra o governo Jair Bolsonaro de 24 de julho para o próximo sábado, 3. De acordo com os organizadores dos protestos, o objetivo é pressionar pelo impeachment do presidente.

Em depoimento à CPI nesta sexta-feira, 25, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) confirmou que Bolsonaro citou o nome do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), quando se referiu a um deputado que queria fazer "rolo" com a compra da vacina indiana.

Segundo Miranda, ele e seu irmão Luis Ricardo Miranda, servidor de carreira do Ministério da Saúde, avisaram o presidente sobre suspeitas de corrupção na negociação da Covaxin.

Após esses desdobramentos, os organizadores da "Campanha Fora Bolsonaro", que têm realizado atos contra o presidente nas últimas semanas, se reuniram na tarde deste sábado, 26, e decidiram antecipar as novas manifestações.

O deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP) disse ao Broadcast que os organizadores dos atos chegaram a cogitar realizar o protesto no dia 10, mas preferiram adiantar ainda mais o calendário. "Eles acharam que os desdobramentos disso serão muito rápidos", afirmou o parlamentar.

"Eu acho que vai ter notícia-crime contra o Bolsonaro no Supremo, através da CPI, e acho que o governo entrou um uma encalacrada", declarou Valente, em referência ao eventual crime de prevaricação do presidente. Na visão do deputado, a marca anticorrupção do governo já vinha sendo desmontada, mas a situação muda de patamar quando envolve o nome do próprio chefe do Planalto.

O parlamentar do PSOL disse que o objetivo das manifestações é pressionar pelo impeachment de Bolsonaro. "A chave da questão é essa. E também pressionar o Centrão. O Arthur Lira não pode ficar sentado", acrescentou, em referência ao presidente da Câmara, a quem cabe abrir um processo de impeachment contra o presidente.

Antes dos protestos do dia 3, um grupo de partidos e movimentos sociais de um amplo espectro ideológico protocolará um "superpedido" de impeachment que reúne acusações de ao menos 22 crimes que teriam sido cometidos por Bolsonaro. A iniciativa conta com a participação, por exemplo, dos deputados federais por São Paulo Joice Hasselmann, que está de saída do PSL, e Alexandre Frota (PSDB). Ambos já fizeram parte da base do governo na Câmara.

No dia 1º de julho, será realizada uma plenária dos movimentos sociais para organizar os atos nacionais do dia 3. "Há um fato novo na conjuntura, na compra de vacina da Índia, que precisa ser examinado com muito cuidado pela CPI. Nós avaliamos que é importante ter pressão popular para a CPI ganhar força. Por isso nós vamos para as ruas, fazer uma grande mobilização", disse ao Broadcast o agricultor João Paulo Rodrigues, que faz parte da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). "Enquanto Bolsonaro estiver no governo, nós vamos continuar pressionando", acrescentou.

Além do MST, também fazem parte da "Campanha Fora Bolsonaro" as frentes Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Central de Movimentos Populares (CMP) e a Uneafro Brasil.

De acordo com Ivan Valente, apesar da participação dos partidos de esquerda nos movimentos, a ideia é não dar um caráter "muito partidário" aos atos. Ele disse esperar, por exemplo, a adesão do Movimento Brasil Livre (MBL).

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O número de pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos subiu 18 mil na semana encerrada em 26 de abril, para 241 mil, segundo pesquisa divulgada pelo Departamento do Trabalho do país nesta quinta-feira. O resultado ficou bem acima da expectativa de analistas da FactSet, que previam 225 mil solicitações no período.

O total de pedidos da semana anterior foi levemente revisado para cima, de 222 mil a 223 mil.

Já o número de pedidos contínuos teve alta de 83 mil na semana até 19 de abril, a 1,916 milhão, atingindo o maior nível desde 13 de novembro de 2021. Esse indicador é divulgado com defasagem de uma semana.

Lilian Moreno Cuéllar, juíza distrital de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, anulou nesta quarta, 30, a ordem de captura contra o ex-presidente Evo Morales por estupro e tráfico de pessoas, em um caso relacionado ao abuso de uma menor durante seu mandato. "Fica sem efeito qualquer mandado de rebeldia e ordem judicial de apreensão", diz a decisão judicial.

Lilian também determinou a suspensão de qualquer investigação sobre o caso, que corre em Tarija, no sul da Bolívia, e ordenou que o processo seja enviado para Cochabamba - onde Evo tem forte respaldo político e social.

Em outubro, o Ministério Público havia pedido a prisão do ex-presidente boliviano, de 65 anos, que desde então se refugiou em seu bastião político na região cocaleira do Chapare. De acordo com o MP, Evo começou um relacionamento com uma jovem de 15 anos em 2015, quando ele era presidente, e os pais dela consentiram com a união em troca de benefícios. A relação resultou no nascimento de uma filha, um ano depois. A jovem foi posteriormente identificada como Noemí Meneses, que hoje estaria com 25 anos.

Reação

A ordem judicial provocou reação dos críticos de Evo, em razão do histórico de Lilian, que entre 2012 e 2016 trabalhou no Serviço Nacional de Impostos e depois na Companhia Ferroviária Nacional (Enfe).

Lilian foi nomeada juíza pouco antes de Evo deixar o poder, em 2019, o que acabou levantando questionamentos sobre um conflito de interesses e acusações de proteção política ao ex-presidente boliviano.

Evo está inelegível desde 2023, quando a Justiça eleitoral vetou a reeleição indefinida - Evo foi presidente por quatro mandatos. Em fevereiro, no entanto, ele desafiou a sentença e anunciou sua candidatura presidencial nas eleições de 17 de agosto.

Ele se tornou opositor do atual presidente Luis Arce, transformado em desafeto e chamado de "traidor", depois que ambos desataram uma guerra pelo controle do partido Movimento ao Socialismo (MAS). Em março, o ex-presidente fundou seu próprio partido, o Evo Povo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O jornalista sueco Joakim Medin, preso em março após sua chegada à Turquia, foi condenado ontem a 11 meses de prisão por "insultar o presidente" turco, Recep Tayyip Erdogan, durante um protesto ocorrido em Estocolmo. A condenação foi suspensa logo em seguida, mas ele continuará detido por outra acusação, a de "pertencer a uma organização terrorista".

O repórter do jornal sueco Dagens ETC participou da audiência por videoconferência de sua cela na prisão de Silivri, oeste de Istambul. A Justiça turca o acusa de ter participado, em janeiro de 2023, de uma manifestação do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) em Estocolmo, capital sueca, durante a qual foi pendurado um boneco de Erdogan de cabeça para baixo, algo que o jornalista nega desde o início.

Medin reafirmou nesta quarta, 30, "não ter participado desse evento". "Eu estava na Alemanha a trabalho. Nem sabia dessa manifestação", declarou. Durante a audiência, o tribunal exibiu fotos tiradas em outra reunião, em agosto de 2023, em Estocolmo, quando a Turquia ainda bloqueava a entrada da Suécia na Otan.

"Nunca tive a intenção de insultar o presidente. Eu tinha a tarefa de escrever os artigos, e foram meus editores que escolheram as fotos", disse o repórter, destacando que Erdogan é "uma figura central" exibida nesses protestos.

Medin, de 40 anos, foi preso em 27 de março ao chegar à Turquia, onde iria cobrir as manifestações desencadeadas pela prisão, em 19 de março, do prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, principal adversário político do presidente.

Violações

O jornalista relatou múltiplas violações de seus direitos básicos durante os estágios iniciais de sua detenção, incluindo o direito de acesso a um tradutor, a um advogado e a serviços consulares. Medin foi acusado de pertencer a uma organização terrorista, crime que poderia lhe render até nove anos de prisão e será julgado posteriormente, em data a ser definida.

Essa acusação baseia-se em publicações nas redes sociais, artigos e livros escritos "unicamente no âmbito de seu trabalho jornalístico", disse Baris Altintas, diretora da ONG turca de direitos humanos MLSA, que o representa. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.