Relator da CPI, Renan chama Osmar Terra de 'líder do negacionismo'

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

A cúpula da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid apontou contradições no depoimento do deputado Osmar Terra (MDB-RS), nesta terça-feira, 22. Ele foi acusado de ter disseminado informações falsas durante a sessão do colegiado. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), chamou Terra de "líder do negacionismo".

No depoimento, Osmar Terra afirmou que o lockdown decretado por prefeitos e governadores provocou a morte de pessoas em função de infecções de famílias dentro de casa. Além disso, disse que o Supremo Tribunal Federal (STF) limitou o poder de Bolsonaro de interferir nas decisões e conduzir a resposta à pandemia. O STF, porém, garantiu autonomia de Estados e municípios, mas atribuindo à União a mesma responsabilidade, o que é chamado de "competência concorrente". Além disso, o distanciamento social é apontado por cientistas como medida eficaz para controlar a doença antes da vacinação ampla da população.

"Não tem mentira maior de dizer que o STF tirou poder do presidente. Isso é a maior mentira que existe", disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM). O relator, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou ainda que o deputado caiu em contradição porque está comprovado que o lockdown não piora os índices de contaminação, mas, ao contrário, impede o avanço da doença.

Renan Calheiros destacou que Osmar Terra errou ao apresentar dados sobre imunidade de rebanho em Manaus e ao declarar que a taxa de reinfecção é pequena. Análise conduzida por cientistas do Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE) sugere que até 31% dos indivíduos que tiveram covid-19 em Manaus após janeiro de 2021 - quando a cidade foi atingida pela segunda onda da doença - correspondem a casos de reinfecção pela nova variante P.1 do coronavírus.

A situação da pandemia na Suécia, citada por Osmar Terra como exemplo para defender a imunidade de rebanho, também foi contestada na CPI. O Parlamento da Suécia afastou o primeiro-ministro do país, Stefan Lofven, em uma decisão na segunda-feira, 21. "Se no Brasil tivesse um parlamentarismo, Bolsonaro estava retirado do poder há muito tempo", afirmou o senador Otto Alencar (PSD-BA).

'Gabinete paralelo'

Um pouco antes, o deputado Osmar Terra voltou a negar a existência de um "gabinete paralelo" para assessorar o presidente Jair Bolsonaro na pandemia de covid-19. Ele admitiu que conversa com o chefe do Planalto, em média a cada duas semanas, mas declarou que os posicionamentos de Bolsonaro são pessoais. "É da cabeça dele."

A CPI já reuniu provas da existência de um "gabinete paralelo", com a participação de Osmar Terra, para subsidiar Bolsonaro em posturas na contramão da ciência, como incentivo ao uso de medicamentos sem eficácia para covid-19 e a defesa da imunidade de rebanho como estratégia para controlar a doença no País. O deputado é chamado por senadores como "ministro paralelo" e negou que tenha recebido convite ou buscado ocupar a chefia do Ministério da Saúde.

Uma reunião em setembro do ano passado, com a presença de Terra, articulou a formação de um "gabinete das sombras" para subsidiar as decisões do presidente. O vídeo do encontro foi exibido pelo relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL). O deputado se sentou ao lado de Bolsonaro na ocasião.

Terra afirmou que não tem relações profundas de articulação com os participantes da reunião, como os médicos Paolo Zanotto e Nise Yamaguchi. O parlamentar alegou ainda ter tido reuniões pontuais com o ex-ministro Eduardo Pazuello e com o atual chefe da pasta, Marcelo Queiroga, mas negou ter conhecimento ou interferência nas políticas adotadas pelo ministério.

Osmar Terra negou que seja líder de um "gabinete paralelo!. "Eu sei que o senhor (relator) está tentando encontrar a verdade nisso, mas não existe esse gabinete. Esse gabinete é uma ficção", disse o deputado a Renan, afirmando que as teses defendidas na reunião são opiniões pessoais. "O presidente julga as coisas do jeito que ele quer. Ele não é teleguiado por ninguém. Ele vê, aceita uma informação, se ele acha que está certo."

Durante o depoimento na CPI, Osmar Terra culpou o lockdown pelas mortes da covid-19, afirmando que, com as medidas de restrição e a contaminação de pessoas "trancadas em casa", o quadro de óbitos "era inevitável". A frequência de reuniões entre Osmar Terra e Bolsonaro é comparada ao ritmo de agendas do chefe do Planalto com o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello. Na CPI, Pazuello citou que se reunia uma vez a cada duas semanas com Bolsonaro e afirmou que as audiências ocorriam "menos do que ele gostaria."

Questionado sobre a defesa da imunidade de rebanho, com a infecção de pessoas, como medida mais eficaz que a vacinação para o fim da pandemia, Osmar Terra argumentou que "um vírus vivo procura mais anticorpos do que um vírus inativado (vacinas)". A declaração foi contestada por senadores. "A vacinação é uma contaminação em dose segura, o que não é o caso da infecção natural. Não dá para comparar com vacina, pelo amor de Deus", disse Alessandro Vieira (Cidadania-SE).

Em outra categoria

Dez pessoas morreram e outras 70 ficaram feridas após dois barcos com turistas naufragarem na China, informou a imprensa estatal nesta segunda-feira, 5. O acidente aconteceu na tarde de domingo, 4, depois que uma tempestade súbita de chuva e granizo atingiu as partes altas do rio Wu, um afluente do Yangtzé, o maior curso d'água da China, e afetou as condições de navegação cobrindo a superfície do rio com uma névoa densa.

Ao todo, 84 pessoas caíram na água; quatro ficaram ilesas e os feridos foram hospitalizados. Os barcos tinham capacidade máxima de cerca de 40 pessoas cada e não estavam superlotados, segundo o relato de testemunhas.

O incidente foi na cidade de Qianxi, no sudoeste da província de Guizhou. As montanhas e os rios dessa região são grandes atrações turísticas, e foram o destino de muitos chineses durante o feriado nacional de cinco dias, que termina nesta segunda.

Além dos dois barcos turísticos, outras duas embarcações foram afetadas; eles não transportavam passageiros, e os sete tripulantes conseguiram se salvar.

O presidente chinês, Xi Jinping, pediu "esforços totais" nas operações de busca e resgate dos feridos, segundo a agência estatal Xinhua.

Xi também destacou a importância de "reforçar as medidas de segurança em locais turísticos" e outros lugares com grandes aglomerações de pessoas. (Com agências internacionais).

Ministros do governo de Israel aprovaram planos para intensificar as operações militares na Faixa de Gaza, disse uma autoridade israelense nesta segunda-feira, 5, sob condição de anonimato.

De acordo com a fonte, os planos envolvem a reivindicação de mais áreas no enclave palestino, onde metade do território já está sob controle israelense.

A aprovação ocorreu um dia depois de o país anunciar a convocação de dezenas de milhares de soldados da reserva para as operações em Gaza, que teriam como objetivo aumentar a pressão sobre o Hamas pela negociação de um cessar-fogo. Fonte: Associated Press.

O presidente Donald Trump disse que está instruindo o seu governo a reabrir e expandir Alcatraz, a notória antiga prisão em uma ilha da Califórnia. A prisão foi fechada em 1963. A Ilha de Alcatraz atualmente é operada como um ponto turístico.

"Estou instruindo o Departamento de Prisões, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir uma Alcatraz substancialmente ampliada e reconstruída, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos dos Estados Unidos", escreveu Trump em mensagem no site Truth Social na noite deste domingo.

Ainda segundo ele, a reabertura de Alcatraz servirá como um "símbolo de Lei, Ordem e Justiça". A ordem foi emitida em um momento em que Trump vem entrando em conflito com os tribunais ao tentar enviar membros de gangues acusados para uma prisão notória em El Salvador, sem o devido processo legal. Trump também falou sobre o desejo de enviar cidadãos americanos para lá e para outras prisões estrangeiras.