Governo propõe corte em emendas usadas no 'tratoraço'

Política
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Atenção senhor (a) editor (a): matéria exclusiva publicada no Portal do Estadão em 25/5/2021

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O governo Jair Bolsonaro propôs ao Congresso um corte de R$ 1,26 bilhão nas emendas de relator-geral, usadas por parlamentares para patrocinar ações em seus redutos eleitorais. A intenção do governo é remanejar a verba para outros órgãos que ficaram à beira de um apagão com o aperto no Orçamento de 2021, entre eles Ibama e Instituto Chico Mendes (ICMBio). Mesmo que o crédito seja aprovado, ainda restariam R$ 17,2 bilhões para congressistas indicarem para suas bases.

Como mostrou o Estadão, na série de reportagens sobre o caso que ficou conhecido como "tratoraço", o governo deu a um grupo de parlamentares o direito de direcionar recursos da chamada emenda de relator (identificada como RP9) em troca de apoio, em uma iniciativa que entrou na mira de órgãos de controle. O Orçamento de 2021 foi sancionado com R$ 18,5 bilhões deste tipo de emenda. Diferentemente das emendas individuais e de bancada, o valor das emendas de relator foi distribuído de forma desigual entre os políticos, priorizando aliados.

A indicação para uso das emendas de relator foi feita por meio de uma série de ofícios de parlamentares enviados ao Ministério do Desenvolvimento Regional. Nos documentos, deputados e senadores aliados apontam onde o dinheiro deve ser aplicado. Os critérios de escolha de quem indicou não são transparentes. O ministro do Tribunal de Contas da União Raimundo Carreiro propôs que a Corte atue para assegurar o acompanhamento da aplicação desses recursos.

Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o corte nas emendas de relator foi acertado com o conhecimento da cúpula do Congresso. Técnicos do governo afirmam que os parlamentares já haviam sido alertados sobre o "excedente" nessas emendas, dado que um acordo firmado no início do ano pelo governo previa R$ 16,5 bilhões para esses gastos, R$ 2 bilhões a menos do que foi efetivamente consignado no Orçamento sancionado por Bolsonaro.

O líder do governo no Congresso, senador Eduardo Gomes (MDB-TO), disse que o corte nas emendas de relator não deve provocar atrito com a base aliada. "Tem as recomposições, uma delas na habitação popular. São ajustes, vamos trabalhar a repercussão deles uma a uma", afirmou o líder. Segundo ele, o Orçamento está "muito apertado" e deve sofrer mudanças a partir da reavaliação de dados como arrecadação e outros gastos pela equipe econômica.

Ao todo, os dois projetos de lei enviados pelo governo remanejam R$ 1,67 bilhão em recursos para ministérios que foram sacrificados nos cortes do Orçamento de 2021. Desse valor, R$ 1,26 bilhão veio das emendas de relator e outros R$ 415 milhões de reserva de contingência.

Um dos contemplados é o programa Casa Verde e Amarela. A ação, que fica sob o guarda-chuva do Ministério do Desenvolvimento Regional, recebeu R$ 400 milhões na proposta. Também foram restituídos R$ 198 milhões para o Ibama e R$ 72 milhões para o ICMBio.

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A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, alertou nesta terça-feira, 6, para um possível conflito "inevitável" com a Índia, motivado pela disputa por recursos hídricos e por um ataque que matou sete soldados paquistaneses e foi atribuído por autoridades paquistanesas aos indianos. As informações são da imprensa local.

Segundo um canal de TV do país, Asif afirmou que um confronto com a Índia está próximo. "Foi dito no briefing de hoje que a agressão da Índia é esperada", declarou. Ele também teria ameaçado retaliar caso o governo indiano bloqueie o fluxo de água destinado ao Paquistão.

"Se os governantes indianos tentarem bloquear a água do Paquistão, eles vão se afogar nela", disse Asif, segundo a mídia local. O ministro ainda teria afirmado que o país está pronto para destruir qualquer estrutura construída pela Índia no rio Indo.

As declarações vieram poucas horas após um atentado no sudoeste do Paquistão. Uma bomba caseira atingiu um veículo militar no distrito de Kachhi, matando sete soldados. O Exército paquistanês responsabilizou o grupo armado Baloch Liberation Army (BLA), que, segundo o Paquistão, teria ligações com a Índia, que nega. A Al Jazeera observou que não há evidências públicas dessa conexão, e nem o BLA nem o governo indiano comentaram as acusações.

O presidente Asif Ali Zardari e o primeiro-ministro Shehbaz Sharif condenaram o ataque e elogiaram o sacrifício das forças de segurança. A tensão aumentou ainda mais depois que o premiê indiano, Narendra Modi, anunciou que a Índia passará a reter águas antes compartilhadas com o Paquistão. "Antes, a água da Índia também ia para fora. Agora, a água da Índia fluirá para sua parte... e será utilizada pela própria Índia", disse Modi, segundo a Reuters.

O Paquistão já havia advertido que qualquer interferência em seus rios seria vista como um "ato de guerra", conforme reportou a France 24. O tratado de 1960, que garantia ao Paquistão o uso de 80% da água para fins agrícolas, foi suspenso por Nova Délhi após um ataque terrorista na Caxemira indiana, atribuído a militantes ligados ao Paquistão.

*Com informações da Associated Press

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversou por telefone nesta terça-feira, 6, com o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e os líderes discutiram aspectos da situação atual no Oriente Médio, além de "algumas questões bilaterais urgentes", de acordo com uma mensagem russa enviada via Telegram.

Hoje, o líder russo também conversou com o presidente da República Islâmica do Irã, Masoud Pezeshkian, sobre questões relativas ao desenvolvimento da cooperação entre os dois países com base no Tratado Bilateral de Parceria Estratégica Abrangente, assinado durante uma visita oficial do presidente iraniano à Rússia em 17 de janeiro.

"Foi dada especial atenção à expansão de laços mutuamente benéficos no comércio e na economia, inclusive por meio da implementação de importantes projetos conjuntos em transporte e energia", mencionou outra nota do governo russo no Telegram.

"Os líderes trocaram opiniões sobre questões internacionais e regionais urgentes, incluindo o andamento das negociações entre o Irã e os EUA sobre o programa nuclear iraniano, que estão sendo mediadas por Omã", acrescenta a nota, que menciona a disposição russa para facilitar o diálogo e alcançar o acordo "justo, baseado nos princípios do direito internacional".