'Rede paralela' de dados abastece CPI da Covid

Política
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Uma "rede paralela" de informações tem ajudado a abastecer senadores que compõem a CPI da Covid na elaboração de perguntas, requerimentos e até mesmo na checagem das declarações prestadas pelos depoentes. A popularidade da comissão instalada no Senado para averiguar ações e omissões do governo Jair Bolsonaro ao longo da pandemia fez surgir nas redes perfis que acompanham os trabalhos em tempo real, recuperam falas antigas dos convocados e "levantam" dados úteis para próximas convocações. Alguns são seguidos, compartilhados e comentados pelos parlamentares.

O presidente Omar Aziz (PSD-AM) é um dos que mais interagem no Twitter com internautas "viciados" na CPI, seja para rebater críticas, responder a sugestões ou fazer ironias. Na sexta-feira passada, por exemplo, ao ser questionado pelo perfil JaIrme's Vaccina Race sobre a qual filme assistiria no fim de semana, respondeu: "Um filme de lutas das antigas. Retroceder Nunca… Render-se Jamais". Ele também já agradeceu ao perfil Camarote da CPI pela "ajuda".

Juntos, os dois canais somam mais de 264,7 mil seguidores ou "CPI lovers", como chamam os internautas que acompanham a cobertura, entre eles o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL). O senador, aliás, faz questão de ressaltar durante os depoimentos que é abastecido por "internautas". Segundo a assessoria do parlamentar, são cerca de 40 voluntários, entre estudantes, pesquisadores de dados e médicos que fornecem observações relevantes aos trabalhos do colegiado.

Sempre antenados nas sessões, os administradores desses grupos conseguem identificar temas que podem render questionamentos de acordo com o material que têm em mãos. O exemplo mais explícito ocorreu durante a fala do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten, no dia 12. O publicitário afirmou que não poderia se responsabilizar pela campanha O Brasil não pode parar, lançada em março de 2020, porque pegou covid e ficou afastado. A fala chamou a atenção dos responsáveis pelo perfil JaIrme's Vaccina Race, que, rapidamente, recuperaram um post de Wajngarten da mesma época em que o então secretário afirmava que seguia trabalhando normalmente. A publicação foi enviada aos senadores e Rogério Carvalho (PT-SE) a mostrou ao vivo na CPI.

Procurados, os principais perfis preferiram manter o anonimato para, segundo eles, evitar perseguição, especialmente da rede bolsonarista. O Tesoureiros do Jair é um dos mais acessados. Criado antes mesmo de a CPI ser instalada, o canal se organizou melhor após o início das investigações criando um espécie de filtro para os dados recebidos. A preocupação é não publicar informação falsa. Como antídoto, a opção é sempre por documentos oficiais, como os que comprovaram que o Ministério da Saúde, diferentemente do que afirmou o ex-ministro Eduardo Pazuello, lançou de forma oficial o aplicativo TrateCov, no qual se receitava cloroquina a moradores de Manaus infectados.

O grupo, seguido por 103,8 mil usuários no Twitter, também tem um arquivo de declarações em vídeo, áudio e texto de integrantes do governo Bolsonaro. Prática seguida desde dezembro de 2018, quando o Estadão revelou que um relatório do Coaf apontava uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta bancária de Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do hoje senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). É ele o "tesoureiro".

Sugestões de nomes para prestar depoimentos também são bem recebidas pelos parlamentares. O petista Humberto Costa (PE), por exemplo, anunciou anteontem quem pretende convocar. "Estou apresentando requerimento para convocação de Arthur Weintraub. Esse "ministério paralelo" que operava nos porões do governo está vindo à luz, com seus operadores mais evidentes a cada dia", ressaltou.

Contra-ataque

Líder da tropa de choque bolsonarista, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) prefere compartilhar a responder a comentários sobre sua atuação nas redes. Na sexta-feira, replicou post do pastor Silas Malafaia afirmando que ele havia "detonado a falácia na CPI contra Bolsonaro".

Ao Estadão, Rogério afirmou ser "questionável o uso por parte dos senadores de informações obtidas de perfis anônimos, financiados sabe-se lá com que recursos, para atacar o governo". Para o senador, é uma contradição os mesmos parlamentares que sustentam a narrativa de que o presidente Bolsonaro teria um "assessoramento paralelo" se utilizem da mesma estratégia.

Do lado bolsonarista, perfis nas redes também abordam a comissão, mas com a #CPIdoCirco. A estratégia, neste caso, é desacreditar a investigação e tentar mudar o foco dos debates, priorizando temas relativos a Estados e municípios, como a compra de respiradores com verba federal.

O influenciador Leandro Ruschel, com mais de 492 mil seguidores, usa seu perfil para criticar a mídia profissional e rebater senadores de oposição, como Renan. Ele é acompanhado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e pelo senador Flávio Bolsonaro, filhos do presidente da República.

Na bolha governista da internet, porém, a bola da vez é o presidente Omar Aziz, cobrado a convocar o secretário do Consórcio do Nordeste, Carlos Eduardo Gabas, que foi ministro da Previdência no governo Dilma Rousseff (PT). A pressão já virou campanha: #OmarconvoqueGabas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O governo Donald Trump informou que a Universidade de Harvard não poderá receber novos subsídios federais para a pesquisa até cumprir com as exigências, que colocaram a universidade mais rica e prestigiada o país em rota de colisão com a Casa Branca.

O bloqueio foi comunicado em carta enviada pelo Departamento de Educação ao reitor da universidade e confirmado em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 5. O representante do departamento disse à imprensa que Harvard não receberá novos subsídios federais até que "demonstre uma gestão responsável da universidade" e atenda às exigências do governo.

A Casa Branca já havia congelado US$ 2,2 bilhões em subsídios federais destinados à universidade. Em outra frente, Trump pressiona para que Harvard perca o seu status de isenção fiscal enquanto tenta forçar a instituição de ensino a atender suas demandas.

A carta foi a primeira resposta significativa do governo desde que Harvard entrou com ação judicial na tentativa de impedir o corte bilionário de verbas. "Esta carta é para informá-lo de que Harvard não deve mais buscar subsídios do governo federal, pois nenhum será fornecido", escreveu a secretária da Educação Linda McMahon ao reitor Alan Garber.

O documento estipula que Harvard deve abordar preocupações relacionadas ao antissemitismo no campus; revisar políticas raciais; e responder a queixas de que teria abandonado a busca pela "excelência acadêmica" ao empregar relativamente poucos professores conservadores, segundo a visão do governo.

Representantes de Harvard não responderam imediatamente ao pedido de comentário.

A ameaça sugere que o governo pode estar alterando ou reforçando suas táticas contra as universidades. Inicialmente, a Casa Branca havia retirado subsídios existentes - medida drástica, mas que deixa margem para contestações na Justiça, como no caso de Harvard.

Representantes do setor em todo país tem expressado de forma reservada preocupações com uma campanha mais ordenada de pressão sobre as universidades, que seria mais difícil de reverter nos tribunais.

O embate com Harvard começou quando o governo Donald Trump enviou, no mês passado, um série de exigências à universidade. A lista incluía a obrigatoriedade de relatar ao governo federal quaisquer estudantes internacionais acusados de má conduta e a nomeação de um supervisor externo para garantir que os departamentos acadêmicos fossem "diversos em termos de pontos de vista".

A universidade se negou a cumprir as demandas da Casa Branca e denunciou uma tentativa de interferir na liberdade acadêmica. Na ação judicial, Harvard acusou o governo Donald Trump de tentar exercer um "controle inédito e indevido".

No ano fiscal de 2024, os recursos federais para pesquisa representaram cerca de 11% do orçamento de Harvard - aproximadamente US$ 687 milhões. Embora o fundo patrimonial da universidade ultrapasse os US$ 53 bilhões, grande parte desse valor é restrito, o que limita como a instituição pode utilizá-lo.

O congelamento duradouro dos novos subsídios poderia causar um caos financeiro para Harvard, que já está elaborando planos de contingência e buscando captar recursos no mercado de títulos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A primeira-ministra da província canadense de Alberta, Danielle Smith, disse que realizará um referendo no próximo ano que poderá incluir uma votação sobre a separação do Canadá.

Smith afirmou que não apoia a separação no site do governo da província e em sua página no Facebook, mas acrescentou que, caso os cidadãos de Alberta reúnam as assinaturas necessárias, uma pergunta sobre a separação poderá fazer parte da votação de 2026. "Nosso governo respeitará o processo democrático", enfatizou ela.

Seus comentários são a mais recente investida da província produtora de petróleo e gás depois que os liberais federais conquistaram um quarto mandato na eleição de 28 de abril. Smith, os líderes empresariais e os cidadãos de Alberta estão profundamente frustrados com a política ambiental da última década, que, segundo eles, prejudicou as perspectivas econômicas da província. As medidas incluem a proibição de navios-tanque que transportam petróleo bruto para o noroeste da Colúmbia Britânica, um limite para as emissões de carbono do setor de energia e um processo de avaliação ambiental mais rigoroso.

Ela disse que teve uma conversa telefônica construtiva nos últimos dias com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, mas "até que eu veja provas tangíveis de mudanças reais, Alberta tomará medidas para se proteger melhor de Ottawa".

Uma porta-voz de Carney não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo, 4, que instruiu seu governo a reabrir e expandir a notória prisão de Alcatraz, que foi fechada em 1963 e se tornou um ponto turístico na Califórnia.

"Por muito tempo, os Estados Unidos foram atormentados por criminosos cruéis, violentos e reincidentes, a escória da sociedade, que nunca contribuirão com nada além de miséria e sofrimento. Quando éramos uma nação mais séria, no passado, não hesitávamos em prender os criminosos mais perigosos e mantê-los longe de qualquer pessoa que pudessem prejudicar. É assim que deve ser", disse Trump, em uma publicação na plataforma Truth Social.

"É por isso que, hoje, estou instruindo o Departamento de Prisões, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir uma prisão de Alcatraz substancialmente ampliada e reconstruída, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos dos Estados Unidos", escreveu o presidente americano, acrescentando: "A reabertura de Alcatraz servirá como um símbolo de Lei, Ordem e justiça."

A ordem foi emitida em um momento em que Trump vem enfrentando conflitos com os tribunais ao tentar enviar membros de gangues acusados ??para uma prisão notória em El Salvador, sem o devido processo legal. Trump também já sinalizou que poderia enviar cidadãos americanos para El Salvador.

Trump também ordenou a abertura de um centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba, para abrigar até 30 mil detentos que ele rotulou como os "piores criminosos estrangeiros".

Prisão

Alcatraz, hoje uma atração turística, fechou em 1963 devido aos altos custos operacionais após apenas 29 anos de operação, de acordo com o Departamento de Prisões dos EUA, porque tudo, de combustível à comida, tinha que ser trazido de barco.

Localizada a dois quilômetros da costa de São Francisco e com apenas 336 prisioneiros, a prisão abrigou vários criminosos notórios, incluindo o chefe da máfia da época da Lei Seca, Al Capone, e foi palco de muitas tentativas de fuga incríveis dos presos.

36 homens tentaram 14 fugas diferentes da prisão, segundo o FBI. Quase todos foram capturados ou não sobreviveram à tentativa.

O local ficou conhecido pelo filme "Alcatraz: Fuga Impossível", longa de 1979 que é protagonizado por Clint Eastwood. O filme conta a história de três prisioneiros que conseguiram fugir de Alcatraz.

Um porta-voz do Departamento de Prisões dos EUA disse em um comunicado que a agência "cumprirá todas as ordens presidenciais".

Atualmente, o Departamento de Prisões tem 16 penitenciárias que desempenham as mesmas funções de alta segurança de Alcatraz, incluindo sua unidade de segurança máxima em Florence, no Colorado, e a penitenciária dos EUA em Terre Haute, em Indiana. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)