2ª Turma do STF libera réus da 'Operação Câmbio, Desligo' para acessarem delações

Política
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A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira, 25, autorizar os réus da Operação Câmbio, Desligo a acessarem vídeos e audiências judiciais relacionados aos acordos de colaboração premiada firmados com o Ministério Público Federal (MPF) durante as investigações do caso. Desdobramento da Lava Jato no Rio, a operação foi deflagrada em 2018 e levou a força-tarefa fluminense a denunciar um suposto esquema de lavagem de dinheiro que atingiu o ex-governador Sérgio Cabral e o 'doleiro dos doleiros' Dario Messer.

Os ministros analisam um pedido do doleiro Paulo Sérgio Vaz de Arruda para derrubar a decisão do juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal do Rio, que barrou o compartilhamento do material. O julgamento foi retomado depois que o ministro Nunes Marques pediu vista (mais tempo para análise) e suspendeu a discussão iniciada na semana passada.

Antes do pedido de vista que interrompeu a votação, o ministro Gilmar Mendes, relator da reclamação, defendeu que o sigilo dos atos de colaboração não se estende aos delatados. "Há muito este tribunal vem consolidando o direito do delatado de acesso aos elementos informativos, como termos de colaboração premiada, que possam lhe ser prejudiciais e demandem o exercício do direito de defesa e do contraditório", afirmou.

Na avaliação de Gilmar, cada réu deve ter acesso ao conteúdo das delações que lhe digam respeito, desde que o compartilhamento não possa comprometer diligências em curso. "Não se pode adotar uma postura de um sigilo integral e intransponível, pois ainda que a delação se caracteriza como um meio de obtenção de provas, há em conjunto elementos de provas relevantes ao exercício do direito de defesa e do contraditório", observou o relator. "Não pode haver sigilo eterno do acordo", acrescentou.

Ele foi acompanhado pelos colegas Nunes Marques, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia.

O ministro Edson Fachin ficou isolado na divergência. "Nessas audiências podem ser tratadas questões privadas e objeto de outras investigações. Lado outro, o acordo de colaboração premiada, por quanto negócio jurídico processual personalíssimo, não admite impugnação de terceiros", defendeu.

Recados

Integrante da chamada ala garantista do STF, o ministro Gilmar Mendes, que preside a Segunda Turma, aproveitou a abertura da sessão para criticar a 7.ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que tem Bretas como titular.

"Temos todas essas historietas que circulam em torno desta tristemente famosa 7.ª Vara do Rio de Janeiro, com histórias que, de fato, exigem… Eu tenho falado com nossos amigos gestores da Justiça Federal que a Justiça Federal tem que incitar celeremente uma autorreforma, para não ter que conviver talvez com uma reforma que venha de fora, porque de fato nós estamos vivendo uma quadra muito preocupante. Os fatos são muito graves", disparou.

Em março, durante o julgamento que declarou a suspeição do ex-juiz Sérgio Moro no processo do tríplex do Guarujá contra o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, ele já havia lançado dúvidas sobre os métodos do juízo fluminense. "A tal 7.ª vara do Rio de Janeiro, não sei porque o escândalo ainda não veio à tona, mas o que se fala em torno dessa vara também é de corar frade de pedra", afirmou na ocasião.

O ministro também criticou os acordos recentes de colaboração premiada firmados em investigações criminais. Em sua avaliação, os termos das delações foram tornados 'praticamente intocáveis' e falta impor limites ao poder de negociação dos órgãos de controle. A declaração foi dada em meio ao julgamento em que o STF está decidindo, no plenário virtual, sobre a validade da delação do ex-governador do Rio, Sérgio Cabral, que atingiram o ministro Dias Toffoli.

"Nós estamos tendo, talvez, um duro aprendizado institucional com essa história das delações premiadas. Nós já vimos, naquelas revelações tristemente constatáveis na Vaza Jato, o que se passava com as delações feitas lá na sua querida Curitiba, ministro Fachin, com as manipulações, as sugestões de nomes", disse Gilmar.

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O líder conservador do partido CDU da Alemanha, Friedrich Merz, conseguiu ser eleito o 10º chanceler da Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial na segunda rodada de votação realizada no Parlamento alemão nesta terça-feira, 6. Merz perdeu na primeira votação e havia dúvidas sobre a capacidade do líder alemão vencer a nova votação ainda hoje, depois da derrota histórica desta manhã.

Merz recebeu 325 votos no segundo turno. Ele precisava de uma maioria de 316 dos 630 votos em votação secreta, mas recebeu apenas 310 votos no primeiro turno - bem abaixo das 328 cadeiras de sua coalizão.

Segundo a Presidente do Bundestag, Julia Klöckner, a cerimônia de nomeação do conservador deve ocorrer ainda nesta tarde, por volta das 17h (horário local).

*Com informações da Associated Press.

Os quatro aeroportos internacionais ao redor de Moscou suspenderam temporariamente os voos nesta terça-feira, 6, após forças da Rússia interceptarem mais de 100 drones da Ucrânia, que foram disparados contra quase 12 regiões russas na segunda noite consecutiva de ofensivas em que a capital russa é supostamente alvo, de acordo com o Ministério da Defesa em Moscou. Outros nove aeroportos regionais do país também interromperam brevemente suas operações.

O ataque de drones ameaçou o cessar-fogo unilateral, anunciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, que deve durar 72 horas, para coincidir com as celebrações em Moscou do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial. O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da China, Xi Jinping, e outros líderes mundiais se reunirão na capital russa nesta quinta-feira.

O Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia instou países estrangeiros a não enviarem representantes militares para participar do desfile. Fonte: Associated Press.

O líder conservador Friedrich Merz não conseguiu ser eleito o 10º chanceler da Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial na primeira rodada de votação realizada no Parlamento alemão nesta terça-feira, 6. Merz, do partido União Democrata-Cristã (CDU, pela sigla em alemão), recebeu seis votos a menos que o mínimo necessário para se tornar o novo chanceler do país, frustrando expectativas de uma votação bem-sucedida.

Merz precisava de 316 de um total de 630 votos. Ele recebeu apenas 310 votos. Os partidos alemães deverão agora se reagrupar para discutir o próximo passo, mas ainda não há clareza de quanto tempo o processo poderá levar.

A câmara baixa do Parlamento, conhecida como Bundestag, tem 14 dias para eleger um candidato por maioria absoluta. Em caso de novo fracasso, a Constituição permite que o presidente alemão nomeie o candidato que obtiver mais votos para chanceler ou dissolva o Bundestag e convoque uma nova eleição nacional. Fonte: Associated Press.