Maior tribunal do país, TJ-SP terá trabalho remoto pós-covid

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Maior tribunal do País, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) vai manter parte do trabalho e das audiências no sistema remoto após o término da pandemia de covid-19. Até 50% dos magistrados e funcionários de primeira instância e 70% dos servidores administrativos da 2.ª instância poderão trabalhar de casa. A previsão é que juízes possam despachar remotamente um ou dois dias por semana, desde que um terço dos magistrados esteja presente nos fóruns.

A fórmula consta da resolução do Órgão Especial do TJ-SP e é a primeira de um tribunal a regular o trabalho remoto após o fim da crise sanitária. A expectativa de juízes, promotores, advogados e defensores ouvidos pelo Estadão é que o modelo de Justiça remota se espalhe e provoque uma revolução tão grande quanto a do processo eletrônico.

A adoção do teletrabalho aconteceu em março de 2020. Segundo o presidente da Corte, desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco, em dez dias o TJ se organizou para prestar o serviço remoto. "Até então não imaginávamos essa possibilidade. Temos acesso diário de 33 mil computadores de fora para dentro do tribunal, só dos servidores."

Para o desembargador, a nova realidade não significará distanciamento da Justiça da população ou dificultará o acesos das partes do processo aos juízes. A resolução do teletrabalho diz que a adesão ao sistema é facultativa, mas o magistrado que o fizer deve permanecer em sua comarca durante o trabalho remoto e acessar o e-mail funcional, onde serão marcados encontros virtuais com advogados e promotores. Atender as partes é requisito para a adesão ao sistema.

O TJ pretende estabelecer ainda uma série de metas ligadas à produtividade para os servidores que optarem pelo trabalho remoto. O objetivo é aumentar a produtividade e qualidade no serviço. De acordo com dados do TJ, houve aumento de 2,5% nas sentenças e de 20,4% nos acórdãos no primeiro trimestre deste ano ante o mesmo período de 2019. A Corte conta com 358 desembargadores e 2,2 mil juízes, além de 39,3 mil servidores.

Outra razão para a manutenção do trabalho remoto foi a economia. O TJ zerou o déficit orçamentário de 2019, deixando de gastar R$ 250 milhões em 2020. O tribunal decidiu ainda cancelar de vez a construção de duas novas torres em São Paulo, que abrigariam os gabinetes de desembargadores, ao custo de R$ 1,2 bilhão. Por fim, vai rever nos próximos anos o uso de 700 prédios próprios e alugados.

MP, OAB e Defensoria

Mário Luiz Sarrubbo, procurador-geral de Justiça, disse que o Ministério Público Estadual (MPE) é favorável ao teletrabalho. Ele está montando uma comissão para disciplinar a questão na instituição. "O trabalho presencial será mantido, pois é essencial, em razão do contato dos promotores com a população."

Sarrubbo diz que o trabalho remoto provocou ganhos de produtividade. Citou o caso dos Grupos de Atuação Especial e repressão ao Crime Organizado (Gaecos). De 811 denúncias em 2019, eles passaram a 1.220 em 2020. E houve economia de recursos, o que permitiu modernizar a gestão. "O teletrabalho veio para ficar no sistema de Justiça e no Ministério Público."

Para o presidente da Seção São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Caio Augusto Silva dos Santos, o trabalho remoto deve servir para a inclusão e não para a exclusão da população. Ele lembra que o Judiciário não pode fechar a porta a quem mais dele precisa, que é a população carente.

"A população não pode pagar a conta para participar de audiências pela internet", afirma Santos. Para ele, outro problema é garantir às testemunhas e réus um ambiente que os preserve de ameaças e constrangimentos e mantenha a idoneidade de interrogatórios e depoimentos: "Os tribunais têm sido sensíveis a essas questões".

Segundo o defensor-geral do Estado, Florisvaldo Florentino Júnior, a Defensoria Pública acelerou sua digitalização para fazer frente à crise da pandemia. Ampliou a capacidade de seu 0800 e criou canais em seu site que, juntos, fizeram 480 mil atendimentos em 2020 nas 66 unidades das 43 cidades em que a instituição está presente. O defensor também condicionou a manutenção do teletrabalho na Justiça à não exclusão dos mais carentes.

Para o criminalista Alberto Zacharias Toron, o teletrabalho democratiza o acesso à Justiça. "Todo advogado pode fazer sustentação oral nos tribunais de Brasília e São Paulo." Ele diz que a sustentação online tem a mesma eficácia da presencial, desde que, na conferência, todos fiquem com as câmeras ligadas. A mesma eficiência não ocorreria com os despachos: "Creio que a formalidade online atrapalha".

Volta

O TJ volta nesta segunda-feira, 17, ao trabalho presencial misto. Completará cem mil audiências remotas criminais com réus presos nesta semana - e quer manter o sistema no pós-pandemia. A exceção será a audiência de custódia, que permanecerá presencial.

Segundo o secretário da Administração Penitenciária, Nivaldo Restivo, foram criadas salas com 726 estações de teleaudiências nas 178 unidades prisionais do Estado. A economia com a redução de escoltas de presos para os fóruns foi de R$ 12 milhões - elas caíram de 40.658 em 2019 para 9.596 em 2020. O presidente do TJ ressalta que não houve reclamação dos réus. "Se houver, o juiz pode trazer o preso e fazer pessoalmente. Quem vai gerir a necessidade da presença da testemunha e do réu é o juiz de direito no caso concreto." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O presidente americano, Donald Trump, planeja anunciar durante sua viagem à Arábia Saudita na próxima semana que os Estados Unidos agora se referirão ao Golfo Pérsico como Golfo Árabe ou Golfo da Arábia, de acordo com duas autoridades americanas. A Casa Branca e o Conselho de Segurança Nacional não responderam imediatamente às mensagens solicitando comentários.

Países árabes pressionaram por uma mudança no nome geográfico do corpo de água na costa sul do Irã, enquanto o Irã mantém seus laços históricos com o golfo. Nesta quarta-feira, 7, o ministro iraniano das Relações Exteriores afirmou que os nomes das hidrovias do Oriente Médio "não implicam propriedade de nenhuma nação em particular, mas refletem um respeito mútuo pela herança coletiva da humanidade".

O Golfo Pérsico é amplamente conhecido por esse nome desde o século XVI, embora o uso de "Golfo da Arábia" e "Golfo Árabe" seja predominante em muitos países do Oriente Médio. O governo do Irã - anteriormente Pérsia - ameaçou processar o Google em 2012 devido à decisão da empresa de não rotular o corpo de água em seus mapas.

Hoje, no Google Maps dos EUA, o corpo d'água aparece como Golfo Pérsico (Golfo Árabe). O Apple Maps indica apenas Golfo Pérsico. Fonte: Associated Press.

A Embaixada da Índia em Pequim reagiu duramente a uma publicação do Global Times no X que afirmava que o Paquistão havia abatido três caças indianos em retaliação a ataques aéreos. Em uma série de posts, a missão diplomática classificou a informação como "desinformação" e criticou veículos de mídia que reproduzem "afirmações infundadas" sem verificação.

"Recomendamos que verifiquem seus fatos e examinem suas fontes antes de divulgar esse tipo de desinformação", escreveu a embaixada, dirigindo-se diretamente ao Global Times. A publicação cita fontes militares paquistanesas alegando que a Força Aérea do Paquistão (PAF) teria derrubado três caças indianos.

A embaixada destacou que "vários perfis pró-Paquistão estão espalhando alegações sem fundamento no contexto da Operação Sindoor, tentando enganar o público". Além disso, acusou veículos de imprensa de negligência: "Quando meios de comunicação compartilham tais informações sem verificar fontes, isso reflete uma grave falha de responsabilidade e ética jornalística".

A missão indiana citou um "fact-check" do governo que expôs a circulação de imagens antigas de acidentes aéreos sendo reapresentadas como recentes. "Uma é de um incidente anterior envolvendo um caça MIG-29 da Força Aérea Indiana (IAF) que caiu no Rajastão em setembro de 2024, e a outra é de um MiG-21 da IAF na Punjab em 2021", explicou.

O presidente da China, Xi Jinping, pediu união para defender a ordem internacional estabelecida após a Segunda Guerra Mundial e o sistema econômico multilateral, em entrevista para a Russian Gazette, republicada pelo site oficial do governo chinês nesta quarta-feira, 7. Xi lembrou que a China e a Rússia participaram desde o início dessa nova ordem, incluindo na criação da Organização das Nações Unidas (ONU).

"Quanto mais turbulenta e complexa se torna a situação internacional, mais devemos manter e defender a autoridade da ONU, defender firmemente o sistema internacional baseado em regras e promover o mundo multipolar", afirmou Xi, destacando também a importância da "globalização econômica universalmente benéfica e inclusiva".

Segundo ele, é importante que líderes globais escolham "diálogo ao invés de confronto, parcerias no lugar de alianças, e busquem cooperação com ganhos mútuos". "Acreditamos firmemente que as pessoas ao redor do mundo escolherão o lado certo da história, o lado da justiça", acrescentou.

O líder chinês defendeu também a amizade com a Rússia, apontando que os países sempre compartilharam apoio mútuo em "interesses centrais" e que juntos possuem uma "influência significativa no mundo". Xi classificou a aliança como uma "força construtiva para manter a estabilidade global estratégica". "Juntos, devemos frustrar todos os esquemas para romper ou minar nossos laços de amizade e confiança, sem nos deixar abalar por questões transitórias ou desafios", disse.

Xi Jinping destacou que a Rússia apoia a política de "One China" e reiterou que a reunificação de Taiwan acontecerá eventualmente, alegando que isso é "inevitável" independente de como a situação da ilha se desdobrar ou de ações de influência externa.