Depois de acusação, Kátia Abreu chama Ernesto de "marginal" e cobra sua demissão

Política
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A senadora Katia Abreu (PP-TO) chamou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, de "marginal" em uma resposta dura à acusação do chanceler de que a senadora teria defendido interesses da China durante um almoço entre os dois. Kátia disse que Ernesto "insiste em viver à margem da boa diplomacia" e "à margem da verdade dos fatos" e cobrou a demissão do ministro.

"O Brasil não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal. Alguém que insiste em viver à margem da boa diplomacia, à margem da verdade dos fatos, à margem do equilíbrio e à margem do respeito às instituições. Alguém que agride gratuitamente e desnecessariamente a Comissão de Relações Exteriores e o Senado Federal", escreveu a senadora em nota distribuída à imprensa neste domingo, 28.

Mais cedo, Ernesto fez uma postagem nas redes sociais sobre o conteúdo de uma conversa reservada com a senadora durante um almoço no Itamaraty, insinuando que ela teria defendido interesses da China, especificamente na questão do mercado de 5G de telefonia.

"Em 4/3 recebi a senadora Kátia Abreu para almoçar no MRE. Conversa cortês. Pouco ou nada falou de vacinas. No final, à mesa, disse: "Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado." Não fiz gesto algum", escreveu Ernesto em sua conta no Twitter neste domingo. "Desconsiderei a sugestão inclusive porque o tema 5G depende do Ministério das Comunicações e do próprio Presidente da República, a quem compete a decisão última na matéria".

Katia considerou uma "violência" resumir o conteúdo da conversa em um tuíte. "É uma violência resumir três horas de um encontro institucional a um tuíte que falta com a verdade. Em um encontro institucional, todo o conteúdo é público. Defendi que os certames licitatórios não podem comportar vetos ou restrições políticas", afirmou a senadora.

A parlamentar disse ter alertado "esse senhor" dos prejuízos que um veto à China na questão 5G poderia dar às nossas exportações, especialmente para o setor do agronegócio. "Defendi também que a questão do desmatamento na Amazônia deve ser profundamente explicada ao mundo no contexto da negociação para evitar mais danos comerciais ao Brasil".

"Se um Chanceler age dessa forma marginal com a presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado da República de seu próprio país, com explícita compulsão belicosa, isso prova definitivamente que ele está à margem de qualquer possibilidade de liderar a diplomacia brasileira. Temos de livrar a diplomacia do Brasil de seu desvio marginal", concluí Katia Abreu.

A publicação do Ernesto foi um contra-ataque ao Senado, após parlamentares da Casa cobrarem publicamente sua demissão, e uma tentativa de endossar a narrativa sustentada nos bastidores por aliados do chanceler sobre qual seria o motivo de sua "fritura", a de que, sem ele no governo, o caminho estaria livre para os asiáticos entrarem no mercado brasileiro do 5G.

Há, no entanto, uma avaliação generalizada e vocalizada de que Ernesto é responsável pelo fracasso das negociações internacionais para a compra de vacinas contra a covid-19 e isso é o que tem motivado a pressão recente pela sua saída do cargo. A gestão dele à frente da política externa brasileira está sendo contestada e reprovada não só por parlamentares, mas também por economistas, empresários, militares, governadores, prefeitos e até por diplomatas.

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