Câmara: Motta diz aguardar texto sobre dosimetria de penas pelo 8/1 para colocar tema na pauta

Política
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O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta sexta-feira, 3, que só decidirá quando pautará o projeto sobre dosimetria de penas aos condenados pelo 8 de Janeiro quando o relatório estiver pronto.

"O relator Paulinho da Força está conversando com todas as bancadas para apresentar seu texto. Não há texto pronto. Quando ele terminar as conversas, vai apresentar texto e, a partir daí, vamos discutir quando levaremos essa proposta à pauta. Temos que aguardar o trabalho do relator", afirmou em entrevista à CNN Brasil.

Como mostrou o Estadão, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro sabem que não vão conseguir aprovar no Congresso um projeto de anistia ampla, geral e irrestrita aos condenados por tentativa de golpe, mas insistem em empunhar essa bandeira para para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a lhe conceder o benefício da prisão domiciliar.

Motta afirmou que o "foco da Câmara será sempre dialogar diretamente com a sociedade" e citou uma lista de projetos que serão prioridade, como a vinculação das empresas com trabalhadores por aplicativos, as regras de inteligência artificial, o novo Plano de Educação e a reforma administrativa.

Ele disse que há um "cenário político complexo, com muita instabilidade" e polarização e citou o tarifaço americano contra produtos brasileiros: "Tenho preocupação, nesse momento difícil que o Brasil vive de instabilidade internacional, com essa decisão recente dos Estados Unidos de impor tarifas ao País".

Motta afirmou ainda que a pauta da segurança "é a principal pauta da sociedade" e reafirmou a intenção de concluir a votação da proposta de emenda à Constituição (PEC) que tramita na Casa sobre o tema até o fim do ano. "Vamos focar, até o fim do ano, votar semanalmente projetos de segurança", afirmou.

Segundo Motta, a relação com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), é muito boa, mesmo quando há divergências entre as duas Casas, e que é necessário jogar a "bola para frente" em relação aos atritos causados pela Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem.

"Temos que olhar para frente, porque temos que tocar outras pautas. Bola para frente. Temos agora que discutir outros assuntos", afirmou. Alcolumbre publicou foto com Motta na última segunda-feira, 29, na posse de Edson Fachin na presidência do STF.

Motta disse que a relação entre as duas Casas "tem que ser sempre muito franca, verdadeira e transparente" e que a formação política do Senado e da Câmara são diferentes.

Reafirmou que as duas Casas não têm que concordar necessariamente uma com a outra e que mantém boa relação com Alcolumbre: "Essa nossa relação é muito boa, muito fraterna, até quando temos que divergir", disse.

Na semana passada, o Senado derrubou a PEC da Blindagem, após a aprovação da Câmara. Os deputados afirmam que o Senado descumpriu um acordo sobre o projeto.

Projetos que afetem outros Poderes precisam ter 'cautela', diz Motta

O presidente da Câmara afirmou ainda que não tem dificuldade em debater projetos que afetem outros Poderes, mas que eles precisam ser tratados com "cautela" e "cuidado".

"Essa agenda que, muitas vezes, confronta um Poder com outro, tem que ser tratada com bastante cuidado, bastante cautela, para que não agravemos o cenário de muita instabilidade. Mas o presidente da Câmara não tem a condição de vetar qualquer discussão sobre esse ou aquele tema", disse.

Motta disse que, como presidente da Câmara, "não pode ter preconceito com pauta alguma": "Toda e qualquer proposta que seja trazida por líder ou bancada, temos que colocar à mesa e discutir".

Afirmou, porém, ter mantido boa relação tanto com o Executivo como com o Judiciário: "Temos que ter relação institucional harmoniosa com outros Poderes. Temos dialogado bem com o Poder Executivo, com o presidente Lula, com o Judiciário, com os ministros da Suprema Corte, do STJ e dos demais tribunais superiores".

Motta diz que há antecipação do debate eleitoral

Motta também afirmou ser necessário manter uma pauta equilibrada em meio à polarização do Congresso. Segundo ele, há uma antecipação do debate eleitoral.

"A missão é ter uma agenda equilibrada, que respeite esses posicionamentos. É natural que os deputados do PT defendam a agenda do governo. É natural que os deputados do PL, da extrema direita, estejam fazendo a agenda importante para seu eleitorado. É da democracia", disse.

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A imprensa internacional repercutiu nesta segunda-feira, 6, a ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, dos Estados Unidos. Os dois conversaram por 30 minutos por videoconferência e trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação.

Os veículos estrangeiros destacaram que Lula pediu a Trump a retirada do tarifaço sobre produtos brasileiros e de medidas contra autoridades.

O norte-americano The Washington Post informou, em uma nota curta, que Lula pediu pelo fim das tarifas extras de 40% e que reiterou convite para que Trump venha à COP 30, em Belém (PA).

O espanhol El País ressaltou que a conversa foi a primeira entre os dois líderes desde o início das tensões diplomáticas em razão do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também publicou a manifestação de ambos em seus perfis oficiais (Lula na rede social X e Trump na Truth Social).

"A conversa telefônica entre os presidentes parece suavizar uma relação que havia alcançado altos níveis de tensão", escreveu o jornal.

De acordo com o jornal francês Le Monde, a ligação foi "amigável". A reação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e seu papel nas negociações para que a conversa ocorresse foi mencionada, assim como sua opinião de que tudo correu "melhor que o esperado".

A Bloomberg reportou a reação positiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e mencionou a intercessão de empresários brasileiros nos EUA para tentar articular um contato entre os presidentes.

"O setor privado brasileiro uniu esforços para aprimorar o diálogo entre os dois países, com empresas líderes e grupos industriais sendo convocados a fornecer informações sobre seus setores", diz a Bloomberg.

Já o jornal português Público se referiu ao momento vivido pelos dois países como "uma crise diplomática sem precedente". A situação foi desencadeada, segundo a reportagem, pela condenação de Bolsonaro e pela "presidência brasileira nos BRICS".

O jornal também relembrou as sanções impostas pelos EUA: "Para além das tarifas, os Estados Unidos restringiram os vistos a várias autoridades políticas e judiciárias do Brasil, como os juízes do Supremo Tribunal Federal, e impuseram a Lei Magnitsky ao juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair Bolsonaro".

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que seu governo fará algo em relação aos agricultores americanos nesta semana, sem dar mais detalhes, durante falas para jornalistas na Casa Branca, nesta segunda-feira.

A sinalização acontece após o republicano dizer que planeja um pacote de ajuda para os agricultores de soja dos EUA, em meio ao boicote da China aos grãos americanos, por conta da guerra comercial travada entre os dois países.

Nos comentários, Trump também disse que tomou a decisão de enviar mísseis para a Ucrânia, mas quer "ter certeza do que eles estão fazendo com eles primeiro".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 6, que o Hamas "está concordando com coisas muito importantes" do plano de paz proposto por Washington para encerrar a guerra em Gaza. "Temos praticamente todas as nações trabalhando neste acordo e tentando concluí-lo. É um acordo em que, incrivelmente, todos se uniram", declarou.

Trump ressaltou, porém, que há "linhas vermelhas" que não pretende cruzar. "Se certas condições não forem cumpridas, eu não farei o acordo", advertiu o republicano.

Ele também negou ter pedido ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que parasse de criticar o plano de libertação de reféns, dizendo: "Eu não disse a Netanyahu para deixar de ser negativo sobre o acordo dos reféns".

Em outro momento, o presidente comentou a paralisação parcial do governo americano, afirmando que "as negociações com os democratas sobre os planos de saúde estão em andamento".

Trump também voltou a justificar o envio da Guarda Nacional a cidades americanas, dizendo que a medida começou por Washington, agora "a cidade mais segura dos EUA".

Questionado sobre as condições para invocar o Insurrection Act, que autoriza o uso das Forças Armadas em território nacional, afirmou: "Se pessoas estivessem sendo mortas e os tribunais ou autoridades locais nos impedissem, eu agiria."