Moraes aponta 'convergência' entre Ramagem e Bolsonaro em ataques contra urnas eletrônicas

Política
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, rebateu alegações da defesa do ex-diretor da Abin e destacou a "convergência" entre o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência Alexandre Ramagem e o ex-presidente Jair Bolsonaro nos ataques contra as urnas eletrônicas. O ministro citou um diálogo apreendido pela Polícia Federal que alegava um suposto êxito em atacar o sistema de inicialização da urna". Depois frisou que as mensagens não foram trocadas entre "delinquentes do PCC", mas entre o então diretor da Abin e o então presidente da República.

"Não é possível dizer que era um mero diário, porque foi uma mensagem no Whatsapp", completou, contestando alegações da defesa do ex-chefe da Abin. O ministro indicou que a defesa do ex-chefe da Abin alega que mensagens enviadas a Bolsonaro dois dias antes de live contra as urnas eram um "diário privado". Segundo Moraes, não é razoável que as anotações de Ramagem direcionadas a Bolsonaro fossem de natureza privada.

Nesse contexto, Moraes destacou o alinhamento entre a live realizada em julho de 2021 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, as anotações da caderneta do general Augusto Heleno e os documentos produzidos por Ramagem com vistas ao ataque ao sistema eletrônico de votação. "Convergência total desses documentos", destacou, lembrando como a transmissão feita pelo ex-presidente criou clima de antagonismo em relação ao Judiciário e uma série de ameaças.

O ministro citou como documentos apreendidos com Ramagem afirmavam que havia certeza de fraude e vulnerabilidade nas urnas. Destacou como os documentos coincidem com discurso de Bolsonaro contra urnas na live de setembro de 2021 e apontou que os discursos posteriormente usados para insuflar os apoiadores contra o Supremo Tribunal Federal já estavam presente na live em questão.

Ao tratar da live, o ministro ainda lembrou uma intervenção feita pela ministra Carmen Lúcia em sessão anterior do julgamento frisando que a "organização criminosa confunde por má-fé o que é voto auditável e o que é voto impresso".

Ainda de acordo com Moraes, os documentos de Ramagem coincidem com anotações de Heleno inclusive visando a emissão de um parecer para que Bolsonaro não precisasse cumprir ordens do Supremo Tribunal Federal, ordens judiciais. "Nós podemos perceber que tudo estava realmente dentro do âmbito de competência da GSI e da Abin, a clara otimização dos órgãos de Estado para corromper a República, para corromper a democracia".

Nesse contexto, o ministro lembrou de outras anotações no caderno de Heleno, como a de previsão de prisão em flagrante de autoridade policial que estivesse disposta a cumprir ordem judicial; e a menção, "pela primeira vez", do então comandante da Marinha, Garnier Santos, sem citação dos então chefes do Exército e da Aeronáutica.

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A imprensa internacional repercutiu nesta segunda-feira, 6, a ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, dos Estados Unidos. Os dois conversaram por 30 minutos por videoconferência e trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação.

Os veículos estrangeiros destacaram que Lula pediu a Trump a retirada do tarifaço sobre produtos brasileiros e de medidas contra autoridades.

O norte-americano The Washington Post informou, em uma nota curta, que Lula pediu pelo fim das tarifas extras de 40% e que reiterou convite para que Trump venha à COP 30, em Belém (PA).

O espanhol El País ressaltou que a conversa foi a primeira entre os dois líderes desde o início das tensões diplomáticas em razão do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também publicou a manifestação de ambos em seus perfis oficiais (Lula na rede social X e Trump na Truth Social).

"A conversa telefônica entre os presidentes parece suavizar uma relação que havia alcançado altos níveis de tensão", escreveu o jornal.

De acordo com o jornal francês Le Monde, a ligação foi "amigável". A reação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e seu papel nas negociações para que a conversa ocorresse foi mencionada, assim como sua opinião de que tudo correu "melhor que o esperado".

A Bloomberg reportou a reação positiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e mencionou a intercessão de empresários brasileiros nos EUA para tentar articular um contato entre os presidentes.

"O setor privado brasileiro uniu esforços para aprimorar o diálogo entre os dois países, com empresas líderes e grupos industriais sendo convocados a fornecer informações sobre seus setores", diz a Bloomberg.

Já o jornal português Público se referiu ao momento vivido pelos dois países como "uma crise diplomática sem precedente". A situação foi desencadeada, segundo a reportagem, pela condenação de Bolsonaro e pela "presidência brasileira nos BRICS".

O jornal também relembrou as sanções impostas pelos EUA: "Para além das tarifas, os Estados Unidos restringiram os vistos a várias autoridades políticas e judiciárias do Brasil, como os juízes do Supremo Tribunal Federal, e impuseram a Lei Magnitsky ao juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair Bolsonaro".

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que seu governo fará algo em relação aos agricultores americanos nesta semana, sem dar mais detalhes, durante falas para jornalistas na Casa Branca, nesta segunda-feira.

A sinalização acontece após o republicano dizer que planeja um pacote de ajuda para os agricultores de soja dos EUA, em meio ao boicote da China aos grãos americanos, por conta da guerra comercial travada entre os dois países.

Nos comentários, Trump também disse que tomou a decisão de enviar mísseis para a Ucrânia, mas quer "ter certeza do que eles estão fazendo com eles primeiro".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 6, que o Hamas "está concordando com coisas muito importantes" do plano de paz proposto por Washington para encerrar a guerra em Gaza. "Temos praticamente todas as nações trabalhando neste acordo e tentando concluí-lo. É um acordo em que, incrivelmente, todos se uniram", declarou.

Trump ressaltou, porém, que há "linhas vermelhas" que não pretende cruzar. "Se certas condições não forem cumpridas, eu não farei o acordo", advertiu o republicano.

Ele também negou ter pedido ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que parasse de criticar o plano de libertação de reféns, dizendo: "Eu não disse a Netanyahu para deixar de ser negativo sobre o acordo dos reféns".

Em outro momento, o presidente comentou a paralisação parcial do governo americano, afirmando que "as negociações com os democratas sobre os planos de saúde estão em andamento".

Trump também voltou a justificar o envio da Guarda Nacional a cidades americanas, dizendo que a medida começou por Washington, agora "a cidade mais segura dos EUA".

Questionado sobre as condições para invocar o Insurrection Act, que autoriza o uso das Forças Armadas em território nacional, afirmou: "Se pessoas estivessem sendo mortas e os tribunais ou autoridades locais nos impedissem, eu agiria."