Caiado: não há impedimento para governadores concorrerem à Presidência sem apoio de Bolsonaro

Política
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O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou que governadores de direita podem se candidatar ao Planalto em 2026, mesmo que não recebam apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Não existe nenhum impedimento", disse o governador à Globonews nesta segunda-feira, 18. Caiado lançou sua pré-candidatura à Presidência em abril.

"Está claro. Não pode mais pairar nenhuma dúvida em relação a esse assunto, isso não existe. Todos nós (governadores de direita) somos pré-candidatos. Nenhum outro candidato, neste momento, vai criar uma situação de cancelamento de outras pré-candidaturas", afirmou Caiado, ao ser questionado se concorreria ao Executivo federal caso Bolsonaro indicasse um dos seus filhos como candidato.

O governador de Goiás ainda disse que "não existe candidato universal" para a direita e que o "primeiro turno deve ser respeitado". Para Caiado, na primeira etapa da eleição, devem ser filtrados os candidatos da direita, para que o campo se unifique em torno de um nome no segundo turno.

"O jogo político é por ai, não existe reserva de mercado, todos que quiserem se colocar no jogo devem se colocar. Quem mostrar mais competência e mais capacidade de voto deve chegar ao segundo turno", afirmou.

Na semana passada, em entrevista ao UOL, Caiado já havia defendido múltiplas candidaturas de direita no primeiro turno. "Essa tese de que, fora o ex-presidente (Jair Bolsonaro), pode haver uma convergência (para um candidato de direita) jamais foi dita por nós", afirmou. Na ocasião, o político também prometeu anistiar o ex-presidente caso seja eleito.

Caiado também afirmou que não abriria mão da sua candidatura para apoiar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP). "Por um motivo muito simples: tudo que o governo federal quer é um candidato só (representando a direita). Já imaginou um candidato só contra o Lula no primeiro turno? É o sonho dele, é o presente que ele quer. Aí ele vai massacrar esse cara", disse.

Apesar de Bolsonaro estar inelegível até 2030, se encontrar em prisão domiciliar e ter seu julgamento por participação na tentativa de golpe marcado para setembro, o ex-presidente ainda afirma que vai concorrer em 2026 e não indica quem poderia ter seu apoio nas eleições do ano que vem.

Enquanto isso, governadores de direita tem se organizado buscando viabilizar uma candidatura no campo político da direita. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), oficializou a sua pré-candidatura ao Planalto no último sábado, 16.

O vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, criticou as articulações. No X (antigo Twitter), rechaçou a falta de apoio a uma anistia para os investigados pela tentativa de golpe, incluindo seu pai, e chamou os governadores de direita de "ratos" e "oportunistas".

Caiado minimizou a publicação de Carlos: "Entendo esse desabafo e esse desespero de um filho que vê um pai, querendo ou não, numa prisão domiciliar sem sequer ser julgado".

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A imprensa internacional repercutiu nesta segunda-feira, 6, a ligação entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump, dos Estados Unidos. Os dois conversaram por 30 minutos por videoconferência e trocaram telefones para estabelecer via direta de comunicação.

Os veículos estrangeiros destacaram que Lula pediu a Trump a retirada do tarifaço sobre produtos brasileiros e de medidas contra autoridades.

O norte-americano The Washington Post informou, em uma nota curta, que Lula pediu pelo fim das tarifas extras de 40% e que reiterou convite para que Trump venha à COP 30, em Belém (PA).

O espanhol El País ressaltou que a conversa foi a primeira entre os dois líderes desde o início das tensões diplomáticas em razão do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Também publicou a manifestação de ambos em seus perfis oficiais (Lula na rede social X e Trump na Truth Social).

"A conversa telefônica entre os presidentes parece suavizar uma relação que havia alcançado altos níveis de tensão", escreveu o jornal.

De acordo com o jornal francês Le Monde, a ligação foi "amigável". A reação do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e seu papel nas negociações para que a conversa ocorresse foi mencionada, assim como sua opinião de que tudo correu "melhor que o esperado".

A Bloomberg reportou a reação positiva do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e mencionou a intercessão de empresários brasileiros nos EUA para tentar articular um contato entre os presidentes.

"O setor privado brasileiro uniu esforços para aprimorar o diálogo entre os dois países, com empresas líderes e grupos industriais sendo convocados a fornecer informações sobre seus setores", diz a Bloomberg.

Já o jornal português Público se referiu ao momento vivido pelos dois países como "uma crise diplomática sem precedente". A situação foi desencadeada, segundo a reportagem, pela condenação de Bolsonaro e pela "presidência brasileira nos BRICS".

O jornal também relembrou as sanções impostas pelos EUA: "Para além das tarifas, os Estados Unidos restringiram os vistos a várias autoridades políticas e judiciárias do Brasil, como os juízes do Supremo Tribunal Federal, e impuseram a Lei Magnitsky ao juiz Alexandre de Moraes, relator do processo contra Jair Bolsonaro".

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou que seu governo fará algo em relação aos agricultores americanos nesta semana, sem dar mais detalhes, durante falas para jornalistas na Casa Branca, nesta segunda-feira.

A sinalização acontece após o republicano dizer que planeja um pacote de ajuda para os agricultores de soja dos EUA, em meio ao boicote da China aos grãos americanos, por conta da guerra comercial travada entre os dois países.

Nos comentários, Trump também disse que tomou a decisão de enviar mísseis para a Ucrânia, mas quer "ter certeza do que eles estão fazendo com eles primeiro".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 6, que o Hamas "está concordando com coisas muito importantes" do plano de paz proposto por Washington para encerrar a guerra em Gaza. "Temos praticamente todas as nações trabalhando neste acordo e tentando concluí-lo. É um acordo em que, incrivelmente, todos se uniram", declarou.

Trump ressaltou, porém, que há "linhas vermelhas" que não pretende cruzar. "Se certas condições não forem cumpridas, eu não farei o acordo", advertiu o republicano.

Ele também negou ter pedido ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que parasse de criticar o plano de libertação de reféns, dizendo: "Eu não disse a Netanyahu para deixar de ser negativo sobre o acordo dos reféns".

Em outro momento, o presidente comentou a paralisação parcial do governo americano, afirmando que "as negociações com os democratas sobre os planos de saúde estão em andamento".

Trump também voltou a justificar o envio da Guarda Nacional a cidades americanas, dizendo que a medida começou por Washington, agora "a cidade mais segura dos EUA".

Questionado sobre as condições para invocar o Insurrection Act, que autoriza o uso das Forças Armadas em território nacional, afirmou: "Se pessoas estivessem sendo mortas e os tribunais ou autoridades locais nos impedissem, eu agiria."