OAB-PR pede autocrítica e autocontenção do STF para 'evitar desvios autoritários'

Política
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A seccional da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) divulgou uma carta com críticas e cobranças ao Supremo Tribunal Federal (STF). A entidade questiona condutas dos ministros, inclusive nos processos relacionados ao 8 de Janeiro e na ação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e pede "autocrítica e autocontenção para evitar desvios autoritários". "É nas crises que mais se exige o respeito às regras", diz a carta.

O documento foi aprovado pelos advogados paranaenses depois de um congresso sobre o STF. A OAB afirma que é preciso defender o tribunal de ataques e "interferências estrangeiras", mas afirma que é "legítimo e necessário" analisar "aspectos de sua atividade jurisdicional".

"Defender o STF, como instituição, significa também exigir uma atuação transparente, colegiada e em estrito respeito ao devido processo legal", diz um trecho do documento.

"Apoiar o Supremo Tribunal Federal como pilar da democracia não significa endossar todas as suas práticas ou decisões. A lealdade às instituições se demonstra na vigilância crítica e na cobrança firme para que atuem dentro dos limites constitucionais", completa a OAB do Paraná.

Julgamento de Bolsonaro

A OAB questiona, por exemplo, a validade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que deflagrou o inquérito do golpe e a ação penal contra Bolsonaro pela trama golpista. Uma das principais estratégias das defesas do ex-presidente e dos outros réus no processo foi tentar esvaziar o acordo de colaboração.

Cid chegou a ser ouvido pelo próprio ministro Alexandre de Moraes, que homologou o acordo, e foi alertado que poderia perder os benefícios se omitisse informações.

"Dúvidas sobre a ausência de espontaneidade, a existência de múltiplas versões prestadas pelo colaborador e o contexto de prisão preventiva em que se deu a colaboração colocam em risco a credibilidade das declarações como fundamento das acusações", afirma a OAB.

8 de Janeiro

A OAB afirma que há "fragilidades" na condução das ações penais do 8 de Janeiro. Para a entidade, réus sem foro privilegiado deveriam ser julgados na primeira instância e não no STF.

"Sempre que as normas de competência não são rigorosamente observadas, há risco de comprometimento da imparcialidade e da legitimidade da jurisdição", diz o manifesto.

Os advogados também acusam o STF de ampliar indevidamente sua competência para julgar os processos com base no regimento interno do tribunal e em "detrimento da lei".

A OAB denuncia violações ao direito de defesa, como restrições de acesso aos autos, prazos exíguos para a defesa, dificuldades de contato com réus presos e imposição de medidas cautelares que limitam a comunicação entre advogados e investigados.

A entidade questiona ainda as condenações dos réus por dois crimes semelhantes - abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado -, o que, segundo os advogados, tem gerado "penas excessivas, especialmente para réus de baixa participação nos fatos".

Foro privilegiado

As desaprovações também são dirigidas às mudanças de interpretação sobre o alcance do foro por prerrogativa de função. Recentemente, o STF expandiu a competência da Corte para julgar autoridades e políticos. A OAB afirma que posição "oscilante", "alterada diversas vezes nas últimas duas décadas sem mudança legislativa ou constitucional, revela abordagem casuística".

Sustentações orais

A OAB voltou a criticar o volume de decisões individuais dos ministros e o julgamento de ações penais no plenário virtual do STF, o que impede a sustentação oral (momento em que a defesa apresenta seus argumentos) em tempo real. Como as sessões virtuais são assíncronas, os advogados enviam argumentações gravadas aos ministros, mas não há garantia de que são ouvidos.

Conflito de interesses

A OAB cobra critérios mais claros para a participação de magistrados em eventos com empresários e políticos. A entidade afirma que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão que administra o Poder Judiciário, precisa definir "limites institucionais" para "eventos dos quais magistrados participam, seus patrocínios e eventuais vantagens ou retribuições financeiras aos convidados".

"Na mesma linha é preciso que haja clareza sobre benefícios oferecidos a familiares de juízes e definições do que pode configurar conflito de interesse", diz a carta.

Os advogados também alertam para a decisão do STF que afrouxou regras de impedimento e liberou magistrados para julgarem casos em que as partes sejam clientes de escritórios de cônjuges, parceiros e parentes. Segundo a OAB, o julgamento requer "atenção".

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira, 19, que nenhuma tropa americana seria enviada para proteger a Ucrânia como parte de um acordo de paz com a Rússia. Menos de uma semana após se reunir com o presidente russo Vladimir Putin no Alasca, o americano também disse não saber se Putin está de fato comprometido com o fim da guerra.

Em entrevista ao canal Fox News, Trump disse que os EUA poderiam ajudar a Ucrânia de outras maneiras, incluindo apoio aéreo. Ao ser questionado sobre que garantias ele daria de que não haveria tropas americanas em terra, ele deu a própria palavra. "Vocês têm a minha garantia, e eu sou o presidente", disse.

Enquanto isso, os líderes europeus se reuniram para conversas urgentes sobre como seria um acordo de segurança no pós-guerra, um dia após encontrar Trump e o presidente ucraniano Volodmir Zelenski na Casa Branca. A reunião serviu de solidariedade a Kiev, mas não avançou em direção ao fim da guerra.

O plano de forças estrangeiras na Ucrânia é patrocinado pelo primeiro-ministro britânico Keir Starmer e pelo presidente da França, Emmanuel Macron. Segundo Starmer, esse contingente poderia ser composto de centenas de tropas de observação ou forças de defesa. A ideia, no entanto, é rejeitada pela Rússia.

As reuniões tiveram sorrisos e entusiasmo entre Trump, Zelenski e os aliados da Europa, mas tiveram poucos sinais públicos de progresso. Para a guerra chegar ao fim, é preciso concessões por parte de Zelenski, disposição da Rússia e continuidade de negociações - nas quais Trump se põe como interlocutor.

Na madrugada desta terça, a Rússia lançou centenas de drones e mísseis contra a Ucrânia, causando ferimentos e danos à infraestrutura e instalações de energia, disseram as autoridades ucranianas. Bombardeios russos já haviam matado 14 pessoas nesta segunda.

Zelenski, que teve um encontro mais amistoso no Salão Oval com Trump do que o anterior, quando os dois discutiram, destacou o progresso com os EUA para obter garantias de segurança que impeçam a Rússia de realizar nova invasão no futuro. Embora não haja um acordo formal, Zelenski disse que a Ucrânia compraria US$ 90 bilhões (R$ 492 bilhões) em armas dos EUA através da Europa; em troca, os EUA comprariam drones, afirmou o ucraniano.

Apesar disso, há grandes divergências entre o objetivo da Rússia em obter concessões territoriais e o da Ucrânia, que busca um cessar-fogo para interromper os ataques antes de qualquer concessão. Trump, que pressiona por um acordo de paz rápido, afirma que isso pode ser alcançado sem a trégua.

Após o encontro desta segunda, Trump afirmou nas redes sociais que havia iniciado os "arranjos" para uma reunião presencial entre Zelenski e o líder russo Vladimir Putin. Mas, nesta terça, o Kremlin minimizou a possibilidade do encontro.

Segundo o assessor de política externa do presidente russo, Yuri Ushakov, Trump e Putin conversaram por telefone durante 40 minutos após a reunião com Zelenski e os líderes europeus. Os dois concordaram em enviar para as próximas negociações diretas entre Moscou e Kiev negociadores de escalões mais altos do governo. Não houve menção, no entanto, à participação de Putin.

Trump e Putin mantiveram uma conversa telefônica "franca e muito construtiva" de 40 minutos após a reunião com Zelenski e os líderes europeus. Segundo o assessor de política externa de Putin, Yuri Ushakov, os dois concordaram que negociadores mais experientes seriam nomeados para as negociações diretas entre a Rússia e a Ucrânia. A participação de Putin, no entanto, não foi mencionada.

O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, disse nesta terça que qualquer reunião direta entre os presidentes russo e ucraniano precisaria ser preparada "muito cuidadosamente".

Putin sugere Moscou para reunião com Zelenski; ucraniano nega

Em meio ao desejo de Trump de promover uma reunião entre os presidentes da Rússia e da Ucrânia, Putin propôs ao americano que o encontro ocorresse em Moscou, de acordo com autoridades informadas sobre as conversas entre os dois, ouvidas pela AFP.

A proposta do russo aconteceu durante a reunião na Casa Branca entre o americano e os líderes da Ucrânia e da Europa. Zelenski teria ouvido a sugestão de Putin e dito não. Os líderes europeus afirmaram que "não parecia uma boa ideia".

Nas últimas semanas, o líder ucraniano tem dito reiteradamente que está pronto para conversar com Putin para pôr fim à invasão ao seu país, que já custou dezenas de milhares de vidas e forçou milhões a se deslocarem.

Enquanto isso, a Suíça informou mais cedo que garantiria a imunidade de Putin se ele fosse ao país para diálogos de paz sobre a Ucrânia, apesar da ordem de prisão contra ele emitida pelo Tribunal Penal Internacional (TPI). (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O líder norte-coreano Kim Jong-un condenou os exercícios militares conjuntos entre Coreia do Sul e Estados Unidos e prometeu uma rápida expansão de suas forças nucleares para enfrentar rivais, segundo informou nesta terça-feira, 19, a imprensa estatal, enquanto ele inspecionava seu navio de guerra mais avançado, equipado com sistemas nucleares.

A visita de Kim ao porto ocidental de Nampo, na segunda-feira, 18, ocorreu no mesmo dia em que os militares sul-coreanos e norte-americanos iniciaram o Ulchi Freedom Shield, exercício anual de grande escala realizado no verão para reforçar a prontidão diante das crescentes ameaças da Coreia do Norte. O treinamento de 11 dias mobilizará 21 mil soldados, incluindo 18 mil sul-coreanos, em simulações computadorizadas e operações de campo.

Pyongyang há muito denuncia essas manobras conjuntas como ensaios de invasão, e Kim Jong-un frequentemente as utiliza para justificar seus próprios testes e exibições militares voltados a ampliar o arsenal nuclear do país.

Enquanto inspecionava o destróier Choe Hyon, de 5 mil toneladas, revelado em abril, Kim disse que os exercícios aliados demonstram hostilidade e uma suposta "vontade de iniciar uma guerra". Ele acusou o treinamento de se tornar mais provocativo por incluir um "elemento nuclear", exigindo do Norte contramedidas "proativas e avassaladoras", segundo a agência estatal KCNA.

"O ambiente de segurança ao redor da Coreia do Norte está ficando mais sério a cada dia e a situação exige uma mudança radical e rápida na teoria e prática militares existentes, além de uma expansão acelerada da nuclearização", disse Kim Jong-un, de acordo com a KCNA.

Reações em Seul e Washington

Kang Yu-jung, porta-voz do novo presidente liberal da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, afirmou que Seul "sempre considerou os exercícios Ulchi como defensivos", mas não comentou diretamente as declarações de Kim. O Ministério da Defesa sul-coreano disse não ter novas avaliações imediatas sobre as capacidades do destróier norte-coreano.

Autoridades militares dos EUA e da Coreia do Sul afirmaram que o exercício se concentrará em conter a ameaça nuclear e de mísseis do Norte, com treinamentos para dissuadir o uso de armas nucleares e responder a ataques de mísseis. Também incluirá lições de conflitos recentes, como a guerra da Rússia contra a Ucrânia e o confronto entre Israel e Irã, além de cenários envolvendo drones, bloqueio de GPS e ciberataques.

Avanço naval nuclear do Norte

Kim Jong-un exaltou o destróier Choe Hyon como um passo decisivo para expandir o alcance operacional e a capacidade de ataque preventivo de suas forças nucleares. Segundo a imprensa estatal, o navio, que deve entrar em serviço no próximo ano, foi projetado para operar com diversos sistemas, incluindo armas antiaéreas, antinavais e mísseis balísticos e de cruzeiro com capacidade nuclear.

A Coreia do Norte apresentou um segundo destróier da mesma classe em maio, batizado de Kang Kon, mas a embarcação foi danificada durante uma fracassada cerimônia de lançamento no porto de Chongjin, no nordeste, provocando forte reação de Kim, que chamou o episódio de "criminosa falha". O navio teria sido relançado em junho após reparos, mas especialistas externos duvidam de sua plena operacionalidade.

Durante a visita a Nampo, Kim Jong-un também inspecionou os trabalhos para completar um terceiro destróier até outubro. Ele expressou satisfação com os testes de armamento e o sistema integrado de operações do Choe Hyon, ordenando que os testes de desempenho sejam realizados em outubro.

Tensão crescente

As tensões na Península Coreana se intensificaram nos últimos anos, à medida que Kim acelerou seu programa nuclear e estreitou laços com Moscou após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Pyongyang tem rejeitado repetidamente os apelos de Washington e Seul para retomar negociações sobre seus programas nuclear e de mísseis, interrompidas em 2019 após o fracasso da cúpula com o então presidente Donald Trump.

Na sexta-feira, 15, o presidente sul-coreano Lee afirmou em mensagem a Pyongyang que buscará restaurar o acordo militar inter coreano de 2018, destinado a reduzir tensões na fronteira, e pediu que o Norte responda aos esforços para reconstruir a confiança e retomar o diálogo.

O acordo de 2018 criou zonas de amortecimento em terra e mar e áreas de exclusão aérea para evitar confrontos. Mas a Coreia do Sul suspendeu o pacto em 2024, após o envio de balões com lixo pelo Norte, e retomou atividades militares de linha de frente. Pyongyang já havia declarado que não respeitaria mais o tratado.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast.

A secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concordou em iniciar a próxima fase do processo de paz para o conflito com a Ucrânia, em coletiva de imprensa nesta terça-feira, 19. Segundo ela, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, o secretário de Estado americano, Marco Rubio, e o enviado especial da Casa Branca, Steve Witkoff, continuarão a coordenar com os ucranianos as negociações de paz.

Leavitt destacou que o presidente dos EUA, Donald Trump, entende que garantias de segurança são importantes para o fim da guerra, mas ressaltou que tropas americanas "não estarão no terreno". "Trump está buscando entender o que os dois lados querem, os dois vão ter que ceder e sairão um pouco infelizes", afirmou.

A secretária mencionou que Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, estão dispostos a conversar, e Trump espera que a reunião entre os líderes aconteça. Segundo ela, a organização para a reunião já está acontecendo, mas não detalhou onde o encontro pode acontecer. "A ideia de reunião bilateral acontece após conversa com Putin, Zelensky e europeus", acrescentou.

Leavitt disse que a Rússia e "todos os outros países" respeitam os EUA novamente.