Nunes Marques desempata e anula condenações de Antonio Palocci, homem de confiança de Lula

Política
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O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques acompanhou o relator Dias Toffoli e formou maioria para anular todas as provas e processos contra o ex-ministro Antonio Palocci na Operação Lava Jato.

O placar ficou em 3 a 2, favoráveis para Palocci. Além de Toffoli e Nunes Marques, também Gilmar já havia votado pelo arquivamento do caso. André Mendonça e Edson foram por caminho oposto.

O processo é julgado pela Segunda Turma, composta pelos cinco ministros mencionados. Em abril, Nunes Marques pediu vista (mais tempo para análise). O voto do ministro foi em sessão virtual.

Réu confesso, Antônio Palocci fechou acordo de colaboração premiada e delatou propinas de R$ 333,59 milhões supostamente arrecadadas e repassadas por empresas, bancos e indústrias a políticos e diferentes partidos nos governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (2002-2014). Palocci foi preso em 2016.

A decisão não afeta o acordo de colaboração premiada, que continua válido. O ex-ministro pagou uma multa de R$ 37,5 milhões em troca dos benefícios da delação.

Como relator, Toffoli abriu os votos pela anulação do caso. Ele justificou que, assim como Lula, o ex-ministro também teria sido vítima do "conluio" entre o ex-juiz Sergio Moro e os procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

Lula foi o primeiro réu na Lava Jato a ter processos e condenações anulados pelo STF. O precedente tem beneficiado outros empresários e políticos.

Para justificar a "nulidade absoluta de todos os atos praticados" contra Palocci nas investigações e ações da Lava Jato, inclusive na fase pré-processual, Toffoli argumentou que "os fundamentos que conduziram ao reconhecimento do conluio (...) transcendem para as demais persecuções penais que sofreu perante o mesmo órgão jurisdicional e no mesmo contexto da Operação Lava a Jato".

Fachin, um dos divergentes, defendeu que o STF não poderia ter estendido a Palocci a decisão que beneficiou Lula porque são contextos diferentes.

"Não se pode, a pretexto de pedidos de extensão, examinar pedidos amplos e genéricos sobre as mais variadas investigações decorrentes da operação Lava Jato, ainda que sob o manto de concessão de habeas corpus de ofício, sob pena de violação ao juiz natural e as regras de competência", afirmou.

Fachin também argumentou que os diálogos obtidos na Operação Spoofing "são graves, merecem ser apurados e o Judiciário deve dar uma resposta sobre eles", mas não deveriam ser usados como prova porque não passaram por perícia oficial.

O ministro André Mendonça foi na mesma linha e argumentou que o pedido de Palocci deveria ser analisado "nas instâncias e vias apropriadas".

A Procuradoria-Geral da República (PGR) move um recurso para restabelecer as ações penais contra Palocci.

Ao entrar com recurso, o procurador-geral Paulo Gonet defendeu que as provas contra o ex-ministro foram obtidas "a partir de múltiplas fontes e em diferentes instâncias" e que seus argumentos não encontram "suporte probatório, configurando mero inconformismo com o regular prosseguimento da persecução penal".

"A vinculação de Antonio Palocci Filho à Operação Lava Jato aparenta ter ocorrido de forma legítima, sustentada em elementos concretos que emergiram no curso natural das apurações e com esteio em provas subsistentes até o atual momento", afirmou.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta terça, 19, que as chamadas garantias de segurança para o conflito ucraniano não se materializarão no compromisso da Ucrânia com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), já que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se opõe a isso. Em entrevista à rede de televisão LCI após o encontro de ontem em Washington sobre a guerra, ele disse que seu objetivo continua sendo "dissuadir" os russo por meio de um forte exército ucraniano, capaz de resistir em caso de uma nova invasão.

Questionado se isso ocorreria a ponto de envolver os aliados da Ucrânia em uma guerra contra a Rússia, ele respondeu: "Se a Rússia assumisse a responsabilidade de voltar a provocar nas fronteiras da Europa após um acordo de paz, então haveria uma reação".

"Formalizamos pela primeira vez que estamos iniciando o processo de trabalho sobre garantias de segurança", afirmou Macron. A partir desta terça-feira, "nos reuniremos com o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para atualizar a coalizão dos dispostos", enfatizou. "Depois, começaremos um trabalho concreto com os americanos para ver quem está pronto para fazer o quê", antecipou.

Macron, no entanto, alertou para "uma paz apressada" que "não seria respeitada pela Rússia", mas também para o "reconhecimento de direitos" que significaria "que territórios poderiam ser tomados à força". "A Ucrânia fará as concessões que considerar justas e equitativas", apontou. "Esta paz não pode ser uma capitulação, o que seria trágico para a Ucrânia e para os europeus. Uma potência nuclear se aproximaria de nossas fronteiras e avançaria", afirmou.

Vladimir Putin, que conversou por telefone com Trump durante a cúpula, disse estar pronto para se encontrar com Volodimir Zelenski nas próximas duas semanas. "Decidimos realizar uma reunião bilateral entre os dois presidentes, depois uma reunião trilateral (com Trump) e, por fim, uma reunião multilateral onde os europeus devem estar à mesa", confirmou Macron.

A chefe de Relações Exteriores da União Europeia (UE), Kaja Kallas, afirmou nesta terça-feira, 19, que o próximo pacote de sanções do bloco europeu contra a Rússia deve ficar pronto até setembro. Segundo ela, todos os líderes da UE estão comprometidos "com uma paz duradoura que proteja os interesses vitais de segurança tanto da Ucrânia quanto da Europa".

Em publicação no X, feita após o término da cúpula virtual entre líderes do bloco econômico europeu, um dia após a reunião entre o presidente americano, Donald Trump, e europeus, Kallas ainda mencionou que não se pode confiar que o presidente da Rússia, Vladimir Putin, "honre qualquer promessa ou compromisso" de cessar-fogo na Ucrânia.

"Portanto, as garantias de segurança devem ser fortes e credíveis o suficiente para impedir que a Rússia se reorganize e ataque novamente. A UE contribuirá para essas garantias de segurança, notadamente por meio do treinamento de soldados ucranianos e do fortalecimento das forças armadas e da indústria de defesa da Ucrânia", acrescentou a chefe de Relações Exteriores da UE.

O bloco, segundo ela, seguirá "mirando na economia de guerra da Rússia. Coloquei esses temas no topo da nossa agenda para discussões na próxima semana entre os ministros de Relações Exteriores e de Defesa da UE".

O primeiro-ministro da Índia, Narenda Modi, afirmou que a relação do país com a China tem progredido de forma constante desde seu encontro com o presidente chinês, Xi Jinping, no ano passado. O comentário, publicado no X, aconteceu após o encontro do líder indiano com o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi.

"As relações Índia-China têm progredido de forma constante, pautadas pelo respeito aos interesses e sensibilidades de cada um", escreveu. "Laços estáveis, previsíveis e construtivos entre a Índia e a China contribuirão significativamente para a paz e a prosperidade regionais e globais", acrescentou.