Operação Overclean: PF faz buscas em 18 endereços e mira Elmar Nascimento por desvio de emendas

Política
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A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira, 17, a 5ª fase da Operação Overclean para desarticular suposto esquema de desvio milionário de emendas parlamentares e fraudes licitatórias. Após decisão do ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal, os investigadores fizeram apreensões em bairros de Salvador e no reduto eleitoral do deputado Elmar Nascimento (União-BA), Campo Formoso.

O Estadão busca contato com o parlamentar. O espaço está aberto.

Ao todo, a ação conjunta entre a PF, a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Receita realizou 18 mandados de busca e apreensão nas cidades de de Salvador (BA), Campo Formoso(BA), Senhor do Bonfim (BA), Petrolina (PE), Mata de São João (BA) e Brasília (DF).

O deputado Elmar Nascimento é investigado pela PF mas não é alvo das buscas realizadas nesta quinta- feira.

Um dos principais objetivos da PF é apurar irregularidades em convênios firmados entre a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) e o Município de Campo Formosos, reduto eleitoral do deputado Elmar Nascimento. Os convênios foram firmados em 2022 a partir do envio de emendas parlamentares do deputado Elmar.

O prefeito de Campo Formoso, Elmo Nascimento (União- BA)- irmão de Elmar - é um dos alvos da operação. Segundo a PF, ele teria participado de encontros com superintendente da Codevasf e o representante da empresa que venceria a licitação no município.

Por decisão do ministro Nunes Marques, um servidor público foi afastado cautelarmente das funções públicas, e R$ 85,7 milhões foram bloqueados em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas.

Mais de 100 empresários, políticos e servidores públicos estão na mira da PF por suspeita de envolvimento no esquema de desvios de emendas investigado na Operação Overclean.

Segundo apurou o Estadão, também foram realizadas buscas nos endereços de Marcelo Andrade Moreira Pinto, ex-presidente da Codevasf; Francisco Manoel do Nascimento Neto, vereador em Campo Formoso e primo de Elmo e Elmar; Amaury Albuquerque Nascimento, ex-assessor de Elmar; Márcio Freitas dos Santos; pregoeiro do Município de Campo Formoso; Evandro Baldino do Nascimento, empresário baiano do setor da construção civil; e, Domingos Sávio Lima Nascimento, empresário baiano do setor da construção civil.

Dezenas de codinomes mencionados em planilhas apreendidas nas primeiras fases da investigação, deflagradas em dezembro de 2024, estão sendo gradativamente decifrados.

A informação consta de relatório parcial da investigação enviado ao ministro Kassio Nunes Marques, que assumiu a relatoria do inquérito em janeiro, quando o caso foi remetido ao Supremo Tribunal Federal (STF) após mensagens mencionarem o deputado federal Elmar Nascimento (União-BA). O STF detém competência para investigar parlamentares. Elmar Nascimento nega ligação com irregularidades.

Assessor de Elmar em 'Planilha de Propina'

O assessor Amaury Albuquerque Nascimento foi desligado do gabinete do deputado Elmar Nascimento (União-BA) após ter sido citado na Operação Overclean. Ele exerceu o cargo de secretário parlamentar no gabinete entre 8 maio de 2024 e 2 de fevereiro de 2025.

O nome do assessor consta em uma planilha que, segundo a Polícia Federal, era usada por empresários para o "controle de pagamento por vantagens indevidas". O arquivo seria uma espécie de contabilidade das propinas do suposto esquema de desvio de emendas parlamentares. O documento foi apreendido na primeira fase da Operação Overclean, deflagrada em dezembro de 2024.

Amaury nega que o pedido de exoneração tenha relação com a Operação Overclean. "Até porque nunca foi intimado para prestar nenhum esclarecimento. Não tenho ciência formal de nada que me vincule a esta investigação", afirmou.

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O premiê japonês, Shigeru Ishiba, decidiu se manter no cargo mesmo após perder a maioria na Câmara dos Conselheiros (espécie de Senado do Japão). O grande destaque da votação de domingo, 20, no entanto, foi o avanço do partido ultranacionalista Sanseito - que saltou de uma cadeira para 14 e se firmou como a quarta maior força de oposição.

O discurso marcado pelo nacionalismo, com toques conspiratórios e anti-imigração, são parecidos com o trumpismo nos EUA, inclusive no slogan: "Japão em primeiro lugar". O coração do partido é Sohei Kamiya, um veterano do exército, até bem pouco tempo uma figura marginal, mas que ganhou fama após replicar os trejeitos de Donald Trump.

"Com o globalismo, as multinacionais mudaram as políticas do Japão para seus próprios interesses" declarou Kamiya, em comício recente. "Se não resistirmos a essa pressão estrangeira, o Japão se tornará uma colônia."

Em 2020, em meio à pandemia de covid-19, o Sanseito foi oficialmente lançado, e usou redes sociais e vídeos no YouTube para lançar teorias conspiratórias, atacar o uso de máscaras e criticar as vacinas. Aos poucos, o discurso ganhou tons nacionalistas, culpando imigrantes e estrangeiros pelos problemas. "A vida dos japoneses está cada vez mais difícil", disse o líder extremista. "Cada vez mais estrangeiros estão vindo para o Japão."

Restrições

Hoje, 4 milhões de estrangeiros vivem no país, que vem batendo recordes de turistas: em 2024, foram 37 milhões, de acordo com a Organização Nacional do Turismo. Durante a campanha, Kamiya defendeu limitar o número de estrangeiros residentes e visitantes, restringir as regras para obtenção da nacionalidade e impedir que pessoas que obtiveram a cidadania japonesa ocupem cargos públicos.

No início do ano, Kamiya foi criticado por atacar políticas de igualdade de gênero, afirmando que elas evitam que as mulheres tenham mais filhos, e disse que as japonesas deveriam pensar menos no trabalho e mais na maternidade. Ele defendeu normas mais duras de segurança interna, mais investimentos em Defesa e apoia abrigar armas nucleares dos EUA em seu território.

Pesquisas indicam que o apoio do Sanseito está no voto dos homens jovens. Kamiya afirma que isso ocorre em razão de suas declarações "de sangue quente", que segundo ele tocam mais o eleitorado masculino. Mas os números também mostram avanços entre homens mais velhos e da classe trabalhadora, o que ajuda a explicar o sucesso da sigla na votação de domingo.

Cansaço eleitoral

Muitos japoneses expressaram nas urnas o cansaço e a frustração com o Partido Liberal Democrático (PLD), que domina a política japonesa, mas que é cada vez mais questionado em função da crise econômica, dos escândalos e, de acordo com Sanseito, por não ser conservador o suficiente.

"Há anos, as pessoas dizem que o Japão não tem uma direita populista ou uma extrema direita populista. Mas acho que a eleição provou que existe a possibilidade de isso acontecer no Japão - e, provavelmente, ela veio para ficar", afirmou Jeffrey Hall, professor da Universidade Kanda.

De acordo com ele, no entanto, a eleição de domingo não é uma garantia de médio ou longo prazo de sucesso para o Sanseito. "Se os eleitores perceberem que um partido que apoiaram não está correspondendo às suas expectativas, eles voltarão às opções estabelecidas ou buscarão alternativas mais recentes." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O partido de extrema direita japonês Sanseito aumentou o número de representantes na Câmara Alta do Parlamento do Japão de 4 para 14 nas eleições do domingo passado, 20. Com a campanha marcada pelo lema "Japoneses em Primeiro", o partido ganhou popularidade depois de canalizar votos entre jovens, conservadores e insatisfeitos com o governo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba.

Os resultados levam o partido a ser a terceira maior força de oposição na Câmara Alta, depois dos Partido Democrático Constitucional do Japão (CDP) e Partido Democrático para o Povo (DPP). O Partido Democrático Liberal, de Ishiba, obteve 100 assentos e o partido Komeito, que compõe a base do governo, 21. O Parlamento tem 248 assentos, insuficiente para Ishiba governar.

Apesar dos assentos do Sanseito serem insuficientes para ter poderes reais na política do Japão, o crescimento foi noticiado pela imprensa japonesa e internacional como sintoma da insatisfação crescente dos japoneses com o Partido Liberal por escândalos e aumento do conservadorismo e discurso anti-imigrante. O Sanseito conquistou os votos com uma campanha anti-imigrantes, contra turistas e contra políticas liberais do governo, como a permissão para casamentos de pessoas do mesmo sexo.

O partido foi criado em 2020 pelo político Sohei Kamiya, ex-integrante do Partido Liberal entre 2012 e 2015. Kamiya criou a legenda a partir de um canal conservador no Youtube e apareceu nas eleições de 2022 com um discurso contra vacinas. Com quatro assentos conquistado naquele ano, ganhou espaço para debates televisivos e agregou ao discurso mais políticas radicais, ecoando os discursos de Donald Trump nos EUA, condensados no lema de campanha - referência ao "American First", de Trump.

"O lema 'Japoneses em Primeiro' pretendia expressar a reconstrução dos meios de subsistência do povo japonês por meio da resistência ao globalismo. Não estou dizendo que devemos proibir completamente os estrangeiros ou que todos os estrangeiros devem sair do Japão", disse o líder do partido, de 47 anos, em entrevista ao canal local Nippon Television após a eleição.

Kamiya também apresenta um discurso retórico anti-China mais forte e isolacionista, em contraste com aproximações entre Tóquio e Pequim feitas pelo governo Ishiba. O premiê também promoveu mudanças recentes no Japão para flexibilizar as regras de imigração e conter a crise demográfica do país, que dificulta a mão de obra e a economia japonesa.

A rejeição a imigrantes e insatisfação com o turismo descontrolado no Japão são temas que perpassam todo o espectro político japonês, presentes de direita à esquerda. Apesar disso, o discurso de Sanseito reverberou junto com desinformações em redes sociais.

Segundo uma reportagem do jornal chinês South China Morning Post, pelo menos uma alegação falsa circulou na internet: a afirmação de que 30% das famílias que possuem benefício social eram estrangeiras. Tópicos sobre crimes cometidos por imigrantes no Japão atingem visualizações crescentes em fóruns virtuais, apesar dos crimes cometidos por estrangeiros ter diminuído no Japão entre 2000 e 2023, acrescentou o jornal.

No mesmo período, a população estrangeira no país cresceu de 1% para 2,5%.

O crescimento eleitoral da extrema direita japonesa também reflete a frustração com o governo atual, dizem analistas. "Este não é o início de algo como o Reforma do Reino Unido, muito menos o MAGA ('Make America Great Again') de Trump", escreveu Gearoid Reidy, da agência de notícias Bloomberg. "Há alguns fatores simples que impulsionam a ascensão de Sanseito. O primeiro é a falta de alternativas. O Partido Liberal Democrata, tradicionalmente no poder, é profundamente impopular", acrescentou com o argumento de que trata de um voto de protesto.

À BBC, Jeffrey Hall, professor de Estudos Japoneses na Universidade de Estudos Internacionais de Kanda, no Japão afirmou que o apoio também foi para um voto contrário ao governo de Ishiba. "O primeiro-ministro Ishiba é considerado pouco conservador por muitos apoiadores do ex-primeiro-ministro [Shinzo] Abe", disse.

O senador americano Lindsey Graham fez uma ameaça sobre a possibilidade de os Estados Unidos aplicarem tarifa adicional a países que continuarem comprando petróleo da Rússia, citando a possibilidade de impor uma alíquota de 100%. O Brasil seria um dos potenciais alvos.

"Se vocês continuarem comprando petróleo barato da Rússia para permitir que essa guerra continue, nós vamos colocar um inferno de tarifas, esmagando a sua economia", disse o parlamentar da Carolina do Sul em entrevista à Fox News nesta segunda-feira, 21.

"China, Índia e Brasil. Esses três países compram 80% do petróleo russo barato e é assim que a máquina de guerra de Putin continua funcionando", disse. "Se isso continuar, vamos impor 100% de tarifa para esses países. Punindo-os por ajudar a Rússia", afirmou.

"Putin pode sobreviver às sanções, sem dar relevância a elas, e tem soldados. Mas a China, Índia e o Brasil vão ter de fazer uma escolha entre a economia americana e a ajuda a Putin".

"O jogo mudou em relação a você, presidente Putin", declarou, citando ainda que os EUA continuarão mandando armas para que a Ucrânia possa revidar aos ataques russos.