MPF vai ao STJ para reabrir ação contra ex-presidente da Vale por tragédia de Brumadinho

Política
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O Ministério Público Federal apresentou recurso junto ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar reabrir ação penal que atribui responsabilidade criminal ao ex-presidente da Vale Fábio Schvartsman pela tragédia de Brumadinho, em janeiro de 2019. O parecer do MPF pede a revisão da decisão do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), que concedeu habeas corpus aos executivos por entender que não havia indícios de sua participação no rompimento da barragem. Segundo a Procuradoria, não seria possível antecipar a análise de provas antes da fase de pronúncia.

O Estadão fez contato com a defesa de Schvartsman. Seu advogado, o criminalista Pierpaolo Cruz Bottini, disse que, por enquanto, não vai se manifestar. Em fevereiro de 2020, o executivo e outros 15 citados na investigação foram denunciados pelo Ministério Público estadual de Minas Gerais pelos crimes de homicídio e danos ambientais relacionados ao rompimento da barragem da Mina do Córrego do Feijão. Além de graves danos ambientais, o tsunami de lama que se fez após a queda da barragem causou a morte de pelo menos 270 pessoas.

O caso tramitava na Justiça Estadual de Minas, mas, após decisão do Supremo Tribunal Federal em dezembro de 2022, a competência para julgar a ação penal foi transferida para a Justiça Federal. O Ministério Público entendeu que Fábio Schvartsman tinha ciência dos problemas de segurança das barragens da Vale e que, mesmo assumindo a presidência da mineradora após o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (MG), em novembro de 2015 - provocando a morte de 19 pessoas - não se empenhou para evitar os danos ambientais e as mortes sob o mar de lama da Barragem 1, em Brumadinho.

Em março de 2024, os desembargadores do TRF-6 determinaram o trancamento da ação penal contra o executivo, ao considerar que a denúncia não conseguiu comprovar indícios mínimos de autoria. O tribunal acolheu um habeas corpus da defesa de Fábio Schvartsman, concluindo que a denúncia não apontou relação entre o então diretor-presidente da Vale e o desastre.

"Considerando as circunstâncias do caso concreto, é inevitável, a partir dos elementos narrados na denúncia, concluir pela ausência, por ora, de indícios mínimos de autoria para a persecução penal, exclusivamente em relação ao paciente, razão pela qual determino, quanto a Fábio Schvartsman, o trancamento da acusação feita no bojo da ação penal", afirmou o desembargador federal Boson Gambogi, na ocasião.

Ao ajuizar recurso especial perante o Superior Tribunal de Justiça, a Procuradoria afirma que a decisão do TRF-6 foi "inadequada e precipitada, uma vez que caberia à primeira etapa de análise do tribunal do júri, na fase de pronúncia, examinar as provas e verificar os indícios de crime". O parecer pontua que habeas corpus não deve fazer juízos antecipados de culpa ou inocência do acusado, enquanto medida jurídica excepcional.

Para o procurador regional da República Pedro Barbosa Pereira Neto, houve uma violação ao princípio do devido processo legal, uma vez que a decisão teria antecipado a etapa da pronúncia. "O que se pretende é que a apuração da responsabilidade criminal de alguém se faça em conformidade com o devido processo legal", afirma.

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A polícia francesa realizou uma operação na sede do partido de direita radical Reagrupamento Nacional nesta quarta-feira, 9, e apreendeu documentos e registros contábeis, disse o líder do partido, como parte de uma ampla investigação sobre financiamento de campanha.

Promotores disseram que estão investigando alegações de financiamento ilegal da candidatura presidencial de 2022 da líder de longa data do partido, Marine Le Pen, e das campanhas do partido para o Parlamento Europeu e para o Parlamento francês. O Reagrupamento Nacional, que busca restringir drasticamente a imigração e os direitos dos muçulmanos, é o maior partido na câmara baixa do parlamento francês.

Jordan Bardella, 29, que assumiu a presidência do partido em 2022, disse que a polícia apreendeu "todos os arquivos relacionados às recentes campanhas regionais, presidenciais, legislativas e europeias do partido - em outras palavras, toda a sua atividade eleitoral".

Bardella criticou duramente a operação em uma mensagem no X. "Esta operação espetacular e sem precedentes é claramente parte de uma nova operação de assédio. É um sério ataque ao pluralismo e à mudança democrática", disse ele.

Condenação de Le Pen

A operação ocorreu depois que Le Pen - que ficou em segundo lugar na eleição de 2022, atrás do atual presidente Emmanuel Macron - foi condenada por peculato em abril e impedida de concorrer a cargos públicos por cinco anos. Ela e outros 24 dirigentes do partido foram acusados de usar dinheiro destinado a assessores parlamentares da União Europeia para pagar funcionários que trabalharam para o partido entre 2004 e 2016, violando os regulamentos do bloco de 27 países.

Mas a operação desta quarta-feira decorre de um caso diferente e mais recente. O Ministério Público de Paris afirmou em comunicado à Associated Press que buscas foram realizadas na sede do Reagrupamento Nacional, nas sedes de empresas não identificadas e nas casas de seus dirigentes.

As buscas foram motivadas por um inquérito judicial aberto há um ano sobre uma série de alegações, incluindo fraude, lavagem de dinheiro e falsificação, informou o Ministério Público.

O inquérito visa determinar se a campanha presidencial de Le Pen em 2022, além das campanhas do partido para o Parlamento Europeu em 2024 e para as eleições parlamentares francesas em 2022, foram financiadas por "empréstimos ilegais de indivíduos em benefício do partido ou dos candidatos do Reagrupamento Nacional", afirma o comunicado.

O inquérito também investiga alegações de que o Reagrupamento Nacional cobrou a mais por serviços ou cobrou por serviços fictícios para aumentar artificialmente o valor do auxílio estatal fornecido ao partido para suas campanhas eleitorais.

O Ministério Público afirma que ninguém foi indiciado no caso.

Bardella disse no X que a investigação tem como alvo membros do Reagrupamento Nacional que emprestam dinheiro ao partido porque os bancos não fazem isso, chamando as batidas policiais de "espetáculo" a serviço de fins políticos.

O ex-tesoureiro do partido, Wallerand de Saint-Just, disse a repórteres do lado de fora da sede: "Não fizemos nada de errado".

Le Pen não se pronunciou publicamente.

O Reagrupamento Nacional nasceu de um partido com raízes racistas e antissemitas, fundado pelo pai de Le Pen.

Nos últimos anos, o partido ampliou sua mensagem e viu seu apoio aumentar constantemente. O partido tem laços de longa data com o presidente russo, Vladimir Putin, e obteve um empréstimo de um banco checo-russo em 2014, alegando não conseguir crédito em outro lugar.

Le Pen era considerada uma das principais candidatas à eleição presidencial francesa de 2027 antes de sua condenação em março.

Enquanto seu recurso nesse caso está pendente, ela solicitou ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos uma ação de emergência para suspender a proibição de se candidatar a cargos públicos. O tribunal rejeitou seu pedido na quarta-feira, argumentando que não havia "risco iminente de dano irreparável" aos seus direitos humanos. Fonte: Associated Press*.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que a sua administração segue comprometida com o desenvolvimento da África. "Há um grande potencial econômico na África", disse Trump durante almoço multilateral com líderes africanos na Casa Branca nesta quarta-feira (9). O encontro ocorre à luz de cortes na ajuda americana ao continente africano.

"Encorajamos países presentes hoje a realizarem grande investimento em defesa", afirmou o presidente americano. Trump disse aos líderes africanos que "há muita raiva no vosso continente".

O presidente da Mauritânia, Mohamed Ould Cheikh Mohamed Ahmed Ould Ghazouani, disse que o convite para a visita à Casa Branca foi um gesto de generosidade e que os países entenderam a mensagem. Após a fala, Trump pediu para que os demais líderes fossem "breves" em seus comentários.

Os líderes africanos evidenciaram a vasta oferta de minerais básicos e de terras raras do continente.

Além do presidente da Mauritânia, o encontro contou com a participação dos líderes da Libéria, Joseph Nyuma Boakai, e de Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló. O presidente do Gabão, Brice Oligui Nguema, também esteve presente.

Também presente, o presidente do Senegal, Bassirou Diomaye Faye, falou sobre o potencial do país para abrigar campos de golfe e convidou o presidente para visitar a África. O presidente americano disse que visitará o continente "em algum momento".

Vários dos líderes manifestaram apoio à indicação de Trump para o Prêmio Nobel da Paz.

As autoridades mexicanas apreenderam cerca de 15 milhões de litros de diesel, gasolina e derivados de petróleo roubados de dois trens abandonados em um estado que faz fronteira com o Texas. A apreensão ocorreu dias após as autoridades terem dito que desmantelaram uma quadrilha de roubo de combustível que operava no centro do México com a prisão de 32 pessoas.

O secretário de Segurança do México, Omar García Harfuch, disse no X na segunda-feira, 7, que os dois trens-tanque foram encontrados perto das cidades de Ramos Arizpe e Saltillo, no estado de Coahuila. García Harfuch não disse de onde vinha o combustível, para onde estava sendo levado ou se estava relacionado às prisões da semana passada.

Histórico

O governo mexicano tem combatido o roubo de combustível da empresa petrolífera estatal Pemex há anos. Mais recentemente, também houve casos de combustível importado ilegalmente para o México pelo crime organizado para ser vendido sem o pagamento de impostos de importação. A Pemex disse em demonstrações financeiras que entre 2019 e 2024 perdeu quase US$ 3,8 bilhões devido ao roubo de combustível.

O combustível roubado é geralmente chamado de "huachicol" no México. O crime organizado perfura oleodutos e desvia combustível para postos de gasolina forçados a comprar dos cartéis ou vende diretamente nas ruas. As autoridades americanas até acusaram o cartel Jalisco Nova Geração de operar seus próprios postos de gasolina.

O chefe de segurança disse que foi a maior apreensão de combustível durante o mandato da Presidente Claudia Sheinbaum. Em ambos os casos, os vagões pareciam ter sido abandonados e não havia documentação mostrando de onde vinha o combustível.

Em março, as autoridades apreenderam um barco carregando cerca de 9,8 milhões de litros de combustível no porto de Tampico, no estado fronteiriço do norte de Tamaulipas.