'Ambiente na política é hostil para mulheres'

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A primeira vez que Elza Paulino, de 54 anos, secretaria da Segurança Urbana de São Paulo, teve de dar ordens a subordinados homens ocorreu em meio ao som de pneus cantando e sob gritos de colegas. Era início dos anos 1990 e ela havia acabado de assumir o comando de uma viatura da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Estavam em uma perseguição que, segundo ela tinha avaliado, poderia colocar pessoas em risco e por isso precisava ser abortada. Mesmo com 30 anos de experiências como esta, ela ainda sente a desigualdade de gênero. Na política, conta ela, "o ambiente é hostil" para as mulheres.

Elza é uma das nove secretárias mulheres da Prefeitura de São Paulo. Até a gestão passada, seu cargo era o de comandante da Guarda Civil Metropolitana. É uma GCM da primeira turma da corporação, criada por Jânio Quadros em 1986. "Eles (os guardas) precisaram aprender a ter uma comandante mulher. Para os políticos, é também um aprendizado ter uma mulher como parceira, alguém que pode confiar", conta. "O machismo está dentro de nós, até dentro de mim", diz, ao contar que, diariamente, precisa aprender a retirar a violência contra as mulheres de sua fala. "É possível. Talvez com um pouco mais de dor, mas dá para trabalhar a equidade."

A GCM teve 120 mulheres na primeira turma, para cerca de 400 homens. Era uma divisão especifica para as mulheres. Elas não podiam usar calças, apenas saias, e eram proibidas de portar armas e até dirigir os carros, "mas o treinamento era o mesmo", segundo lembra a secretária.

Elza diz que não havia uma preocupação em reconhecer as diferenças de gênero para colocar homens e mulheres em situação igual. "Não havia banheiros" adequados para as guardas, segundo lembra. Situações específicas, como gravidez, não tinham nenhuma atenção especial por parte do comando. Às vezes, sem tem com quem deixar a filha pequena para trabalhar, ela levava a menina para o trabalho. "Uma vez, tive de escondê-la no banheiro", diz, para que um dos superiores não soubessem da presença da criança no posto de trabalho.

Para a secretária, são esses pequenos entraves diários que vai, aos poucos, fazendo com que as mulheres abram mão de seus objetivos e fiquem no caminho, antes de chegarem aos cargos de liderança.

Admiração

Nascida na zona rural de Marília, no interior paulista, a secretária cresceu perto do Tiro de Guerra da cidade. Assim, quando criança, via os recrutas uniformizados e em marcha e admirava a cena. Queria ser militar. "Naquele tempo, não havia mulheres no Exército. Perguntava o porquê e ninguém me respondia." Ainda jovem, trabalhou como empregada doméstica antes de se mudar para São Paulo, em busca de emprego. Soube do concurso para a Guarda assim que chegou. "O Jânio falava da criação da Guarda, inspirada na polícia de Londres, e me interessei", explica.

A vida de saias e sem armas foi se alterando aos poucos, em especial devido a pressões que as próprias guardas faziam. A primeira GCM a dirigir uma viatura o fez em um caso de emergência. As saias se mostraram um empecilho para correr atrás de criminosos: Elza mesmo não conseguiu pular um muro uma vez, uma vez que ela e dois colegas corriam atrás de um suspeito.

A profissional foi se especializando em setores paralelos à segurança pública ao longo da carreira. Estudou fisioterapia e filosofia e se destacou ensinando ética aos colegas. Em 2018, liderou o Programa Guardiã Maria da Penha, elogiado até por adversários políticos do prefeito Bruno Covas (PSDB), e passou a ser uma das vozes mais ouvidas da cidade contra a violência doméstica.

Ao olhar para as adversidades enfrentadas pelas mulheres para vencer no ambiente profissional, Elza fala sem pestanejar: "A gente não pode desistir." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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