Entenda o que levou Lupi a deixar o governo Lula

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), deixou o cargo nesta sexta-feira, 2, após ser pressionado por uma série de denúncias de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A crise foi deflagrada com a revelação de um esquema bilionário de descontos indevidos em aposentadorias e pensões, investigado pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

No fim de abril, as duas instituições deflagraram a Operação Sem Desconto, que estimou em R$ 6,3 bilhões o total de cobranças irregulares entre 2019 e 2024. Considerando o período desde 2016, o montante pode chegar a quase R$ 8 bilhões em descontos feitos sem autorização de aposentados e pensionistas.

A operação levou ao afastamento, por ordem judicial, do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi, e à sua posterior demissão pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Como mostrou o Estadão nesta quarta-feira, 30, Lula determinou uma intervenção no INSS. O presidente não só escolheu o procurador federal Gilberto Waller Júnior para assumir o comando do órgão, como solicitou o aprofundamento das investigações sobre o desvio de recursos. A iniciativa, no entanto, não foi suficiente para conter o desgaste político.

Embora as irregularidades tenham se iniciado em gestões anteriores, foi a disparada dos descontos a partir de 2023 que levou à abertura da investigação. A manutenção do esquema durante a gestão de Lupi, aliada à demora em adotar medidas efetivas, agravou o desgaste político e tornou sua permanência no cargo insustentável.

Segundo registros em atas de reuniões, Lupi foi alertado sobre os descontos associativos em junho de 2023, mas só adotou medidas concretas em março de 2024. A informação foi revelada pelo Jornal Nacional, da TV Globo, e confirmada pelo Estadão.

Ao Estadão/Broadcast, o ministro negou omissão, disse ter procurado agir e atribuiu a responsabilidade pela lentidão ao então diretor de Benefícios, André Félix Fidélis, que acabou demitido. Em audiência na Comissão de Previdência e Assistência Social da Câmara dos Deputados, na última terça-feira, 29, Lupi reforçou esse discurso, afirmando que não foi omisso e que atuou com a publicação de uma Instrução Normativa (IN) para regulamentar os descontos, além de ter conduzido uma auditoria interna concluída em setembro de 2024.

As explicações, no entanto, não convenceram. Uma pesquisa da AtlasIntel apontou que mais de 85% da população defendiam sua saída do cargo. A oposição, por sua vez, afirmou que irá protocolar uma representação criminal na Procuradoria-Geral da República (PGR), acusando Lupi de omissão diante do esquema.

Paralelamente, como mostrou o Estadão, auxiliares do presidente Lula já avaliavam como insustentável a permanência de Lupi no governo. No Palácio do Planalto, a percepção era de que, mesmo após a demissão de Stefanutto, a crise não havia sido contida. Aliados de Lupi também seguiam na mesma linha e passaram a defender que o ministro entregasse o cargo para evitar uma fritura pública. Segundo pessoas próximas, o governo também se absteve de fazer uma defesa enfática de Lupi ao longo da semana, o que acelerou sua decisão de deixar o cargo.

Essa insatisfação foi reforçada publicamente pelo líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG), que, em declaração ao Estadão nesta quinta-feira, 1º, fez críticas ao tratamento dado pelo governo ao ministro pedetista.

"Eu defendo essa posição (a saída do PDT da base). Minha bancada, até onde sei, todos defendem essa posição. É claro que não depende só exclusivamente de mim, mas essa é a posição que defenderei", afirmou.

Na avaliação dele, o governo adotou posição duvidosa na condução da crise. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

Entenda a fraude do INSS

Após denúncias sobre o aumento no número de descontos em benefícios, a CGU iniciou uma apuração e entrevistou quase 1.300 aposentados de diferentes regiões do País que tiveram valores descontados. O resultado apontou que, em média, 97% dos beneficiários não haviam autorizado os descontos.

Auditorias foram realizadas em 29 entidades que mantinham Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) com o INSS. A CGU constatou que a maioria dessas entidades não possuía estrutura operacional adequada para prestar os serviços oferecidos aos beneficiários. Além disso, 70% delas não entregaram a documentação completa exigida pelo INSS.

O número de entidades conveniadas saltou de 15 em 2021 para 22 em 2022, chegando a 33 em 2024. Segundo a PF, os descontos só poderiam ser realizados mediante autorização expressa e individual de cada beneficiário para o pagamento de mensalidades associativas. No entanto, a investigação apontou falhas na verificação dessas autorizações, além de indícios de falsificação de documentos de filiação.

A diretora de Orçamentos, Finanças e Logística do INSS, Débora Floriano, informou que há atualmente cerca de 6 milhões de descontos ativos, embora nem todos sejam considerados irregulares.

Na última quinta-feira, 24, o governo anunciou a suspensão de todos os acordos de cooperação técnica do INSS com sindicatos, com o objetivo de interromper o repasse de recursos provenientes desses descontos a entidades sindicais.

Os valores descontados de forma indevida serão restituídos aos aposentados. A primeira parcela, referente ao mês de abril, será paga junto à folha de maio. No entanto, ainda não há prazo para o ressarcimento integral dos valores cobrados de forma irregular. Esse "estoque" de descontos será analisado caso a caso, a fim de distinguir o que foi feito com ou sem o consentimento dos aposentados e pensionistas.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou o prazo que ele próprio deu para que o líder russo, Vladimir Putin, encerrasse o conflito na Ucrânia, antes que os EUA aplicassem sanções contra o país. "Vai depender de Putin", respondeu, ao ser questionado pela segunda vez sobre o que ocorreria após o término desse prazo, que expira amanhã.

Questionado sobre uma possível reunião com Putin e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, Trump evitou confirmar se o encontro ocorrerá e disse não ter visto as declarações feitas hoje por Putin. "Putin não precisa se encontrar com Zelensky antes de se encontrar comigo", afirmou.

A respeito das tarifas adicionais contra a Índia, o presidente afirmou que não haverá novas negociações até que "tudo seja resolvido", sem fornecer mais detalhes.

Durante uma coletiva de imprensa convocada de última hora no Salão Oval para anunciar o que chamou de "grande anúncio econômico", Trump exibiu gráficos que, segundo ele, indicariam que dados do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS, na sigla em inglês) foram "superestimados" durante o governo Joe Biden.

Ao lado de Trump, o economista Stephen Moore afirmou que, com base em "novos dados", o "BLS do governo Biden superestimou a criação de empregos em 1,5 milhão de postos de trabalho", sem citar a origem das informações. Na semana passada, Trump demitiu a então chefe do BLS sob acusação de manipulação dos dados.

O presidente dos EUA, Donald Trump, solicitou ao Departamento de Comércio do país que comece a trabalhar em um censo que exclua imigrantes que entraram ilegalmente nos EUA.

"Instruí nosso Departamento de Comércio a começar imediatamente a trabalhar em um novo e altamente preciso CENSO, baseado em fatos e números atuais", escreveu ele em uma publicação nas redes sociais. "Pessoas que estão ilegalmente em nosso país NÃO SERÃO CONTADAS NO CENSO."

No período que antecede as eleições de meio de mandato de 2026, o presidente tomou várias medidas para abalar a confiança nos dados federais que mostram a saúde da economia e que são usados para formar mapas congressionais. Imigrantes vivendo ilegalmente nos EUA são incluídos nos cálculos para distribuir assentos na Câmara. A maioria desses imigrantes vive em estados inclinados para os democratas, de acordo com o Pew Research Center.

O próximo censo está previsto para 2030 e os resultados seriam divulgados no início de 2031, dois anos após o término do mandato de Trump. As novas populações estaduais seriam usadas em uma fórmula fixada em lei para realocar assentos na Câmara, refletindo as mudanças populacionais entre os estados desde 2020. As legislaturas estaduais receberiam dados detalhados do Censo até a primavera de 2031 para redesenhar os distritos congressionais e legislativos. Não está claro se a instrução de Trump pretende mudar isso.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão/Broadcast. Saiba mais em nossa Política de IA.

O ator Dean Cain, conhecido por ter interpretado o Superman na série Lois & Clark: As Novas Aventuras do Superman, nos anos 1990, anunciou que se alistou ao Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês) para apoiar a agenda anti-imigração do presidente Donald Trump.

Em entrevista ao canal Fox News, na noite desta quarta-feira, 6, Cain afirmou que já era xerife adjunto e policial da reserva, mas que não fazia parte do ICE. Ele disse que decidiu integrar à agência após um vídeo no qual convida cidadãos americanos a se alistaram ao ICE viralizar nas redes sociais na terça-feira, 5.

"Agora, conversei com alguns oficiais do ICE e vou ser empossado como agente do ICE o mais rápido possível", declarou o ator.

Cain afirmou que os EUA foram construídos por "patriotas" que se destacaram e fizeram "a coisa certa", e que acredita que se alistar ao ICE seja justamente "a coisa certa".

Ele acrescentou que o sistema de imigração dos EUA está "falido". "O Congresso precisa resolver isso, mas, enquanto isso, o presidente Trump fez campanha com base nisso. Ele está cumprindo essa promessa. Foi por isso que as pessoas votaram nele. Foi por isso que eu votei nele, e ele vai levar isso adiante - e eu vou fazer a minha parte para ajudar a garantir que aconteça."

Cain declarou que espera que outros ex-policiais e ex-agentes do ICE se mobilizem para ajudar a atingir a meta de recrutamento da agência.

O jornal britânico The Guardian informou que o ICE recebeu recentemente US$ 75 bilhões em financiamento extra por meio do "One Big Beautiful Bill", megaprojeto fiscal de Trump, aprovado pela Câmara dos Representantes dos EUA no início de julho. Parte do valor deve ser direcionado à contratação de mais 10 mil agentes até 2029.

A agência tem realizado cada vez mais operações contra imigrantes desde a reeleição de Trump, com o objetivo de realizar ao menos 3 mil prisões por dia. As ações do ICE têm provocado protestos no país, como os registrados na Califórnia em junho, que resultaram em confrontos entre manifestantes e policiais.

No mês passado, às vésperas do lançamento do novo filme do Superman, Cain já tinha se envolvido em uma polêmica ao dizer que o longa-metragem era "woke", depois que o diretor James Gunn afirmou que o super-herói era um imigrante.