Com bolsonaristas, União e PP anunciam federação com maior bancada no Congresso

Política
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Com a presença de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e sem petistas, o União Brasil e o PP anunciaram, nesta terça-feira, 29, a formação de uma nova federação, chamada União Progressista. Esse novo grupo terá a maior bancada na Câmara dos Deputados e no Senado Federal (107 e 14, respectivamente), seis governadores e será dono de cerca de R$ 950 mil anuais do Fundo Partidário. Tudo isso com mais quatro ministros, ao mesmo tempo em que líderes da sigla desejam desembarcar do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O evento desta terça-feira, realizado no Salão Negro da Câmara dos Deputados, reuniu principais figuras do Centrão, como o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), figurantes relevantes do PL de Bolsonaro - Valdemar Costa Neto, presidente da sigla, e os líderes da Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), e do Senado, Carlos Portinho (RJ), entre eles - Ronaldo Caiado, pré-candidato do União à Presidência da República em 2026 e os ministros de Lula.

O União Progressista lançou um manifesto comum, lido pelos presidentes do União, Antônio Rueda, e do PP, Ciro Nogueira (PI), que comandarão conjuntamente a federação em 2025. No manifesto lançado, o União Progressista defende a "modernização do Estado" e um "choque de prosperidade".

"A fragmentação da representação parlamentar, recorde em termos internacionais, há muito é apontada como um dos graves empecilhos à governação do País, dificultando a construção de maiorias estáveis e emprestando opacidade ao nosso sistema político", diz o texto.

Esse choque, segundo o manifesto, seria "uma reforma modernizadora do Estado. Que será mais que uma simples reforma administrativa. Deve promover a inovação, com o uso intensivo e extensivo de fórmulas avançadas de tecnologia de gestão; repensar a dimensão dos entes estatais; e revisitar a estrutura de cada um dos Poderes".

Pré-candidato ao Planalto em 2026, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), criticou a política fiscal e de segurança pública do governo Lula e falou que o partido triunfará no próximo ano. "Em 2026 vamos ganhar as eleições no País e vamos subir a rampa do Palácio do Planalto", discursou Caiado, para os aplausos de Ciro e Rueda.

Vice-presidente do União Brasil, Antônio Carlos Magalhães Neto defende que a federação desembarque do governo já no segundo semestre deste ano. "Eu entendo que a partir da formalização da federação, que deve acontecer até o início do segundo semestre de 2025, vamos ter que enfrentar a participação ou não governo", disse. "Eu acho que vai ser inevitável para que a gente tenha uma desvinculação completa com o governo e a qualquer tipo de participação nele."

Neste momento, o União tem três ministérios: Celso Sabino (Turismo), Waldez Góes (Integração) e Frederico de Siqueira Filho (Comunicação), e o PP tem um: André Fufuca (Esporte). Todos estiveram presentes, inclusive o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que indicou dois dos três ministros do União na Esplanada.

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Com a formação da federação, PP e União ainda terão que acertar impasses em diversos Estados. Na Bahia, por exemplo, o PP deseja ser base de Lula e do governador Jerônimo Rodrigues (PT) enquanto o União é o principal adversário político do PT no Estado. Em outros Estados, há impasses sobre indicações a disputas eleitorais em 2026 - caso de Amazonas, Pernambuco, Paraíba e Paraná.

Nos Estados em que houver impasse, segundo lideranças, a expectativa inicial é que os diretórios estaduais sejam comandados pelo diretório nacional. Isso acontecerá com Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, os três principais colégios eleitorais do Brasil.

Um líder da nova federação ouvido pela reportagem diz, reservadamente, que a expectativa é que a definição nesses Estados em que há conflitos se incline pela candidatura mais competitiva.

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O governo dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira, 31, que a construção de um novo e enorme salão de festas de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1,10 bilhão na cotação atual) começará em setembro e estará pronta antes do fim do mandato do presidente americano Donald Trump, no início de 2029.

Essa será a mais recente mudança na Casa Branca desde que o republicano voltou ao cargo em janeiro. Também será a primeira mudança estrutural na mansão desde a adição da varanda Truman em 1948.

Trump redecorou o Salão Oval com a adição de ornamentos dourados e querubins, retratos presidenciais e outros itens, e instalou enormes mastros nas gramas norte e sul para hastear a bandeira americana. Os trabalhadores estão atualmente concluindo um projeto para substituir a grama do Rose Garden por pedras.

'Sou bom em construir coisas'

Trump promete há meses construir um salão de festas, com a justificativa de que a Casa Branca não tem espaço suficiente para grandes eventos. Ele também zombava da ideia de receber chefes de Estado e outros convidados em tendas no gramado, como os governos anteriores faziam para jantares oficiais com centenas de convidados.

A Sala Leste, a maior sala da Casa Branca, pode acomodar cerca de 200 pessoas. O republicano disse que vem planejando a construção há algum tempo.

"Há mais de 150 anos que querem um salão de festas na Casa Branca, mas nunca houve um presidente que fosse bom em salões de festas ", afirmou Trump aos repórteres nesta quinta-feira. "Sou bom em construir coisas e vamos construir rapidamente e dentro do prazo. Vai ficar lindo, top, top de linha."

Ele afirmou que o novo salão de festas não interferirá na mansão em si. "Ele ficará próximo, mas não encostará nela e respeitará totalmente o edifício existente, do qual sou o maior fã", acrescentou ele sobre a Casa Branca. "É o meu favorito. É o meu lugar favorito. Eu o adoro."

Trump disse que o salão de festas servirá aos futuros governos. "Será um grande projeto de legado", disse ele. "Acho que ficará realmente lindo."

Arrecadação de US$ 200 milhões

O salão de festas de 8.361 metros quadrados será construído onde fica a Ala Leste, com capacidade para 650 pessoas sentadas. A Ala Leste abriga vários escritórios, incluindo o da primeira-dama. Esses escritórios serão temporariamente realocados durante a construção e essa ala do edifício será modernizada e renovada, disse a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt. "Nada será demolido", afirmou ela.

A chefe de gabinete da Casa Branca, Susie Wiles, informou que o presidente, cuja carreira inicial foi no setor imobiliário e de construção, e sua equipe da Casa Branca estão "totalmente comprometidos" em trabalhar com as organizações apropriadas para preservar a "história especial" da mansão.

"O presidente Trump é um construtor nato e tem um olho extraordinário para os detalhes", disse Wiles em comunicado.

Leavitt disse em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira que Trump e outros doadores se comprometeram a arrecadar os cerca de US$ 200 milhões necessários para os custos de construção. Ela não revelou os nomes dos outros doadores.

Simulações de como será o futuro salão de baile foram publicadas no site da Casa Branca.

O presidente escolheu a McCrery Architects, com sede em Washington, como arquiteta principal do projeto. A equipe de construção será liderada pela Clark Construction. A engenharia será fornecida pela AECOM.

Trump também tem outro projeto em mente. Ele disse à NBC News em uma entrevista que pretende substituir o que ele chamou de banheiro "terrivelmente" reformado no famoso Quarto Lincoln por um que tenha um estilo mais próximo do século XIX. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira, 1º, em sua conta na rede social Truth Social que vai deslocar submarinos nucleares americanos para "regiões apropriadas" do planeta como retaliação às recentes declarações do ex-presidente russo Dmitri Medvedev.

"Ordenei que dois submarinos nucleares fossem posicionados nas regiões apropriadas, caso essas declarações insensatas e incendiárias sejam mais do que isso. As palavras são muito importantes e, muitas vezes, podem ter consequências imprevistas. Espero que este não seja um desses casos", escreveu Trump em sua plataforma.

Da noite para o dia, Trump e Medvedev trocaram insultos: Trump chamou Medvedev de "ex-presidente fracassado da Rússia" que deveria ter "cuidado com suas palavras". Horas depois, Medvedev disse que Trump deveria imaginar a série de televisão apocalíptica "The Walking Dead" e se referiu ao sistema da União Soviética para lançar um ataque nuclear automático de última hora.

Nem a Marinha nem o Pentágono responderam imediatamente a um pedido de comentário.

A ordem de Trump ocorre em um momento em que uma guerra de palavras entre os Estados Unidos e a Rússia se intensificou após a ameaça de Trump de impor tarifas elevadas se Moscou não concordar com um cessar-fogo na Ucrânia dentro de 10 dias.

Medvedev, que é o atual vice-presidente do Conselho de Segurança do Kremlin, havia respondido a uma ameaça de Trump na quinta dizendo que o americano deveria lembrar que Moscou ainda possui o sistema de retaliação nuclear herdado da União Soviética.

Trump criticou Medvedev no dia anterior por ter chamado as tarifas americanas contra compradores de petróleo russo de "jogo de ultimatos", que aumentaria os riscos de uma guerra. Medvedev também disse que as ações de Trump eram teatrais.

"Digam a Medvedev, o ex-presidente fracassado da Rússia que acha que ainda é presidente, para tomar cuidado com as palavras. Ele está entrando em um território muito perigoso!", escreveu o americano na madrugada de quinta.

Horas depois, o ex-presidente russo, aliado do presidente Vladimir Putin, afirmou que o americano estava nervoso e relembrou o sistema de retaliação nuclear criado pela URSS na Guerra Fria, apelidado "Mão Morta". "Trump deveria se lembrar de como a lendária 'Mão Morta' pode ser perigosa", escreveu no seu perfil do Telegram.

O "Mão Morta" foi criado para disparar mísseis nucleares automáticos caso a liderança soviética fosse morta durante um ataque. O sistema foi herdado pela Rússia depois da Guerra Fria e já foi chamado de arma apocalíptica pelo governo russo.

Frustração com Putin

As declarações de Trump em ameaça a compradores de petróleo russo, em especial a Índia, aconteceram no momento em que o americano está irritado com Putin por este ignorar as exigências para pôr fim à guerra na Ucrânia.

"Não me importa o que a Índia faça com a Rússia. Podem destruir suas economias mortas juntos, não me importo", escreveu na Truth Social, referindo-se a tarifas impostas contra a Índia por negociar o petróleo russo. A Índia e a Rússia têm acordos comerciais de longa data.

No dia 29, Trump se disse frustrado com Putin e deu 10 dias a Moscou, ou seja, até o final da próxima semana, para que cessasse os combates na guerra da Ucrânia, sob ameaça de novas sanções. Na mesma declaração, no entanto, o americano reconheceu que sanções impostas no início e durante a guerra não desencorajaram os planos da Rússia.

Medvedev respondeu ao novo prazo em uma rara publicação nas redes sociais, alegando que Trump estava "jogando o jogo do ultimato" com a Rússia. "Ele deveria se lembrar de duas coisas: 1. A Rússia não é Israel nem mesmo o Irã", escreveu Medvedev. "2. Cada novo ultimato é uma ameaça e um passo em direção à guerra. Não entre a Rússia e a Ucrânia, mas com seu próprio país. Não siga o caminho do 'Joe Sonolento!'", se referindo a Joe Biden pelo apelido dado por seus críticos (Sleepy Joe, em inglês).

Nesta sexta, Trump voltou a criticar a "morte desnecessária" causada pela guerra da Rússia na Ucrânia e atribuiu a culpa ao seu antecessor. Trump, que fez campanha para acabar com a guerra nas primeiras 24 horas de seu mandato, escreveu no Truth Social que "tinha acabado de ser informado" sobre as mortes de dezenas de milhares de soldados russos neste mês, acrescentando que "a Ucrânia, no entanto, também sofreu muito".

"Esta é uma guerra que nunca deveria ter acontecido - esta é a guerra de Biden, não de 'TRUMP'. Estou aqui apenas para ver se consigo impedi-la", escreveu. Trump também disse na quinta que seu enviado especial, Steve Witkoff, viajará para a Rússia nos próximos dias. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Para o ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa, no caso das tarifas levantadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra importações do Brasil, faz-se necessário separar a escalada político-diplomática da escalada comercial. O embaixador fez essa recomendação ao participar no período da manhã desta sexta-feira de evento organizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e que trata dos impactos do tarifaço sobre a economia brasileira.

"Não há alternativa para o Brasil, nós temos que separar a questão da escalada político-diplomática da escalada comercial. Quer dizer, nós negociamos a parte comercial muito bem na minha visão, foram feitos contatos seguidos desde abril até recentemente, no nível do Ministério da Indústria e Comércio, com o Ministério do Comércio dos EUA e com a US Chamber of Commerce. E as empresas brasileiras foram para os Estados Unidos conversar com as suas contrapartes americanas e com a US Chamber of Commerce para que eles pressionem o governo americano em função dos próprios interesses americanos. E isso foi bem sucedido", disse Barbosa.

Para o ex-embaixador, as negociações no campo comercial beneficiaram diretamente e positivamente perto de 50% das exportações brasileiras, o que foi um alívio, um parcial do impacto negativo sobre o setor privado, industrial e agrícola.

"Em relação à escalada política e diplomática, eu acho que o governo tem que fazer alguma coisa. Não é possível você ficar oito meses com a oposição bolsonarista lá em Washington, sozinha, falando para o governo americano o tempo todo, sem nenhuma participação do governo brasileiro, para mostrar que o que estava sendo falado não correspondia à verdade, que o judiciário é independente, enfim, com tudo isso que nós sabemos", criticou o ex-embaixador.

Ele observa que, só na quarta-feira, depois de seis meses, houve um primeiro contato do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, com o Departamento de Estado Americano. "Eu acho que é um começo, nós temos que estimular isso, mas acho que essa escalada ainda não terminou. Por isso que eu estou mencionando isso. Quer dizer, se nós formos retaliar medidas políticas com medidas econômicas, vai ser contra o interesse brasileiro", avaliou Barbosa.

Ele voltou a ridicularizar a carta que Trump enviou ao governo brasileiro em 9 de julho. "Desde o começo eu mostrei que a Carta de 9 de julho era uma carta circular que foi mandada para todos os países, inclusive não se deram nem o trabalho de mudar o déficit do Brasil perante os EUA pelo superávit lá. Deixaram o déficit lá, o que mostra que era uma carta circular e foi introduzido, na última hora, o primeiro parágrafo", disse Barbosa.