O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta sexta-feira, 1º, em sua conta na rede social Truth Social que vai deslocar submarinos nucleares americanos para "regiões apropriadas" do planeta como retaliação às recentes declarações do ex-presidente russo Dmitri Medvedev.
"Ordenei que dois submarinos nucleares fossem posicionados nas regiões apropriadas, caso essas declarações insensatas e incendiárias sejam mais do que isso. As palavras são muito importantes e, muitas vezes, podem ter consequências imprevistas. Espero que este não seja um desses casos", escreveu Trump em sua plataforma.
Da noite para o dia, Trump e Medvedev trocaram insultos: Trump chamou Medvedev de "ex-presidente fracassado da Rússia" que deveria ter "cuidado com suas palavras". Horas depois, Medvedev disse que Trump deveria imaginar a série de televisão apocalíptica "The Walking Dead" e se referiu ao sistema da União Soviética para lançar um ataque nuclear automático de última hora.
Nem a Marinha nem o Pentágono responderam imediatamente a um pedido de comentário.
A ordem de Trump ocorre em um momento em que uma guerra de palavras entre os Estados Unidos e a Rússia se intensificou após a ameaça de Trump de impor tarifas elevadas se Moscou não concordar com um cessar-fogo na Ucrânia dentro de 10 dias.
Medvedev, que é o atual vice-presidente do Conselho de Segurança do Kremlin, havia respondido a uma ameaça de Trump na quinta dizendo que o americano deveria lembrar que Moscou ainda possui o sistema de retaliação nuclear herdado da União Soviética.
Trump criticou Medvedev no dia anterior por ter chamado as tarifas americanas contra compradores de petróleo russo de "jogo de ultimatos", que aumentaria os riscos de uma guerra. Medvedev também disse que as ações de Trump eram teatrais.
"Digam a Medvedev, o ex-presidente fracassado da Rússia que acha que ainda é presidente, para tomar cuidado com as palavras. Ele está entrando em um território muito perigoso!", escreveu o americano na madrugada de quinta.
Horas depois, o ex-presidente russo, aliado do presidente Vladimir Putin, afirmou que o americano estava nervoso e relembrou o sistema de retaliação nuclear criado pela URSS na Guerra Fria, apelidado "Mão Morta". "Trump deveria se lembrar de como a lendária 'Mão Morta' pode ser perigosa", escreveu no seu perfil do Telegram.
O "Mão Morta" foi criado para disparar mísseis nucleares automáticos caso a liderança soviética fosse morta durante um ataque. O sistema foi herdado pela Rússia depois da Guerra Fria e já foi chamado de arma apocalíptica pelo governo russo.
Frustração com Putin
As declarações de Trump em ameaça a compradores de petróleo russo, em especial a Índia, aconteceram no momento em que o americano está irritado com Putin por este ignorar as exigências para pôr fim à guerra na Ucrânia.
"Não me importa o que a Índia faça com a Rússia. Podem destruir suas economias mortas juntos, não me importo", escreveu na Truth Social, referindo-se a tarifas impostas contra a Índia por negociar o petróleo russo. A Índia e a Rússia têm acordos comerciais de longa data.
No dia 29, Trump se disse frustrado com Putin e deu 10 dias a Moscou, ou seja, até o final da próxima semana, para que cessasse os combates na guerra da Ucrânia, sob ameaça de novas sanções. Na mesma declaração, no entanto, o americano reconheceu que sanções impostas no início e durante a guerra não desencorajaram os planos da Rússia.
Medvedev respondeu ao novo prazo em uma rara publicação nas redes sociais, alegando que Trump estava "jogando o jogo do ultimato" com a Rússia. "Ele deveria se lembrar de duas coisas: 1. A Rússia não é Israel nem mesmo o Irã", escreveu Medvedev. "2. Cada novo ultimato é uma ameaça e um passo em direção à guerra. Não entre a Rússia e a Ucrânia, mas com seu próprio país. Não siga o caminho do 'Joe Sonolento!'", se referindo a Joe Biden pelo apelido dado por seus críticos (Sleepy Joe, em inglês).
Nesta sexta, Trump voltou a criticar a "morte desnecessária" causada pela guerra da Rússia na Ucrânia e atribuiu a culpa ao seu antecessor. Trump, que fez campanha para acabar com a guerra nas primeiras 24 horas de seu mandato, escreveu no Truth Social que "tinha acabado de ser informado" sobre as mortes de dezenas de milhares de soldados russos neste mês, acrescentando que "a Ucrânia, no entanto, também sofreu muito".
"Esta é uma guerra que nunca deveria ter acontecido - esta é a guerra de Biden, não de 'TRUMP'. Estou aqui apenas para ver se consigo impedi-la", escreveu. Trump também disse na quinta que seu enviado especial, Steve Witkoff, viajará para a Rússia nos próximos dias. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)