Projeto Perus identifica 2 desaparecidos políticos da ditadura enterrados em vala clandestina

Política
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A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP) anunciou nesta quarta-feira, 16, a identificação de dois desaparecidos políticos, vítimas da ditadura militar, cujos restos mortais estavam enterrados na Vala Clandestina de Perus. A vala foi descoberta em 1990 no Cemitério Dom Bosco, na zona norte de São Paulo, com 1.049 ossadas não identificadas.

As identificações são resultado do trabalho do Grupo de Trabalho Perus (GTP), por meio do Projeto Perus, que confirmou neste ano a identidade dos remanescentes ósseos de Grenaldo de Jesus da Silva e Denis Casemiro. O Projeto é fruto de uma parceria entre o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, a Prefeitura de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Grenaldo, nascido em São Luís (MA), era militar da Marinha e foi preso em 1964 após reivindicar melhores condições de trabalho. Expulso da corporação, chegou a fugir da prisão e passou a viver na clandestinidade. Foi morto em 30 de maio de 1972, durante uma tentativa de sequestro de uma aeronave no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

Na ocasião, Grenaldo já havia tomado um avião quando a pista foi cercada por militares da Aeronáutica, que impediram a decolagem. Uma equipe do Destacamento de Operações de Informações (DOI) do 2.º Exército chegou ao local, liderada pelo então capitão Ênio Pimentel da Silveira, o Doutor Ney, chefe da Seção de Investigações do DOI.

Entre os agentes estava a tenente Beatriz Martins, a agente Neuza, que contou ao Estadão, como os agentes mataram Grenaldo após encherem o avião de gás lacrimogêneo. Os agentes levaram seu corpo até a sede do destacamento. "Aí pegamos o presunto, o defunto, pusemos no carro, fedia horrores, e voltamos para a nossa base, no Ibirapuera. Pusemos o defuntão lá. Eu achava um barato quando a chegava chegava, que a gente matava e recolhia, e vinha turma e perguntava: Mas não dava para pegar vivo? Por que você não foi lá pegar?".

Documentos do Instituto Médico Legal (IML) registram que Grenaldo foi sepultado como "indigente" em 1º de junho de 1972, no Cemitério Dom Bosco. Desde então, figurava na lista de desaparecidos políticos, até que seus remanescentes ósseos foram identificados pela equipe do Projeto Perus.

Já Denis Casemiro nasceu em Votuporanga (SP). Trabalhou como pedreiro e lavrador antes de integrar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), organização da luta armada contra a ditadura. Segundo registro do Memorial da Resistência de São Paulo, foi preso em abril de 1971, torturado e executado por agentes do Departamento de Ordem Política e Social de São Paulo (DOPS/SP), sob o comando do delegado Sérgio Fleury.

Na época, autoridades forjaram versões que atribuíam a morte de Denis a uma tentativa de fuga. Um relatório do DOPS, assinado por Fleury em 19 de maio de 1971, afirma que Denis teria tentado escapar após ser detido e que foi atingido por vários disparos "efetuados a esmo". Ainda segundo o documento, ele não foi localizado no mesmo dia, mas teria sido encontrado apenas no dia seguinte, já internado na Santa Casa de Ubatuba.

O relatório narra que os agentes então o levaram para São Paulo, com o objetivo de que fosse atendido no Hospital das Clínicas. No entanto, segundo essa versão oficial, Denis não teria resistido aos ferimentos e morreu.

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O braço das Forças Armadas do Iêmen ligado ao movimento houthi anunciou neste domingo, 27, que promoverá uma escalada nas suas operações militares contra Israel, diante do aumento da crise humanitária em Gaza. Segundo os iemenitas, a nova fase inclui o bombardeio a navios de empresas que negociam com os israelenses.

"As Forças Armadas do Iêmen alertam todas as empresas para que cessem imediatamente qualquer relação com os portos do inimigo israelense a partir do momento em que esta declaração for anunciada. Caso contrário, seus navios, independentemente do destino, serão alvos em qualquer lugar que esteja ao alcance de nossos mísseis e drones", afirmou em comunicado o porta-voz das Forças Armadas iemenitas, Yahya Saree.

De acordo com Saree, o Iêmen tem "uma responsabilidade religiosa, moral e humanitária" para com os palestinos de Gaza, que têm sofrido "massacres horríveis, brutais e sem precedentes na história contemporânea" por parte do regime de Benjamin Nethanyahu.

As operações militares, segundo o porta-voz,"cessarão imediatamente após o fim da agressão contra Gaza e a suspensão do bloqueio" de Israel à região palestina ocupada.

"As Forças Armadas do Iêmen apelam a todos os países: se quiserem evitar essa escalada, pressionem o inimigo para interromper sua agressão e suspender o bloqueio à Faixa de Gaza", afirmou Saree.

* Conteúdo traduzido com auxílio de inteligência artificial, revisado e editado pela redação da Broadcast

A Rússia abriu neste domingo, 27, uma ligação aérea regular entre Moscou (capital russa) e Pyongyang (capital da Coreia do Norte), em um movimento que reflete os laços cada vez mais estreitos entre os dois países. O primeiro voo operado pela companhia aérea russa Nordwind decolou do aeroporto Sheremetyevo, de Moscou, transportando mais de 400 passageiros. O Ministério dos Transportes da Rússia disse que haverá um voo por mês para atender à demanda.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, que visitou o novo resort de praia Wonsan-Kalma, da Coreia do Norte, no início deste mês, para se encontrar com o líder norte-coreano Kim Jong-un, prometeu incentivar os turistas russos a visitar o complexo.

O resort, que pode acomodar quase 20 mil pessoas, está no centro do impulso de Kim para aumentar o turismo a fim de melhorar a economia de seu país. A Coreia do Norte vem aliviando lentamente as restrições impostas durante a pandemia e reabrindo suas fronteiras em fases. Mas o país não disse se retomaria totalmente o turismo internacional.

Voos regulares entre a cidade portuária oriental da Rússia de Vladivostok e Pyongyang foram reabertos em 2023 após uma pausa causada pela pandemia de coronavírus. A Rússia e a Coreia do Norte expandiram significativamente os laços militares e outros nos últimos anos, com Pyongyang fornecendo armas e tropas para apoiar a ação militar da Rússia na Ucrânia.

* Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado por nossa equipe editorial

Rebeldes apoiados pelo Estado Islâmico atacaram uma igreja católica no leste da República do Congo neste domingo, 27, matando pelo menos 34 pessoas, de acordo com um líder da sociedade civil local. Dieudonne Duranthabo, um coordenador da sociedade civil em Komanda, na província de Ituri, disse à Associated Press que os agressores invadiram a igreja na cidade de Komanda por volta da 1h da manhã. Várias casas e lojas também foram queimadas.

"Os corpos das vítimas ainda estão no local da tragédia, e voluntários estão se preparando para enterrá-los em uma vala comum em um complexo da igreja católica", disse Duranthabo. Imagens de vídeo do local compartilhadas online pareciam mostrar estruturas em chamas e corpos no chão da igreja. Aqueles que conseguiram identificar algumas das vítimas choravam, enquanto outros ficaram em choque.

Pelo menos outras cinco pessoas foram mortas em um ataque anterior na vila vizinha de Machongani. "Eles levaram várias pessoas para o mato; nós não sabemos o seu destino ou o seu número", disse Lossa Dhekana, um líder da sociedade civil em Ituri, à AP.

Acredita-se que ambos os ataques tenham sido realizados por membros da Força Democrática Aliada (ADF, na sigla em inglês) armados com armas de fogo e facões. Esse grupo rebelde é afiliado ao Estado Islâmico. Os agressores vieram de um reduto a cerca de 12 quilômetros de Komanda e fugiram antes da chegada das forças de segurança.

Duranthabo condenou a violência no que ele chamou de "uma cidade onde todos os oficiais de segurança estão presentes". Ele pediu uma intervenção militar imediata, alertando que "o inimigo ainda está perto de nossa cidade".

Ataques

O leste do Congo sofreu ataques mortais nos últimos anos por grupos armados, incluindo o ADF e rebeldes apoiados por Ruanda. O ADF, que tem laços com o Estado Islâmico, opera na fronteira entre Uganda e Congo e frequentemente tem civis como alvo. O grupo matou dezenas de pessoas em Ituri no início deste mês em um episódio que um porta-voz das Nações Unidas descreveu como um banho de sangue.

A ADF foi formada por pequenos grupos distintos em Uganda no final dos anos 1990, após alegado descontentamento com o presidente Yoweri Museveni. Em 2002, após ofensivas militares das forças ugandenses, o grupo mudou suas atividades para o Congo e, desde então, tem sido responsável pelo assassinato de milhares de civis. Em 2019, o grupo jurou lealdade ao Estado Islâmico.

O Exército congolês (FARDC) há muito tempo tem dificuldades para conter o grupo, especialmente em meio a conflitos renovados envolvendo o movimento rebelde M23 apoiado pela vizinha Ruanda. (Com Associated Press)