Nos EUA, bilionários brasileiros criticam Trump e ministros do STF miram anistia

Política
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Os movimentos recentes do presidente do Estados Unidos, Donald Trump, e do ex-presidente Jair Bolsonaro mobilizaram os discursos de bilionários brasileiros e membros da cúpula do Poder Judiciário durante um evento de dois dias realizado em Cambridge, nos EUA.

O tarifaço imposto por Trump a dezenas de economias mundo afora, incluindo o Brasil, e a crescente pressão do bolsonarismo para que a Câmara vote o projeto de anistia dos presos pelos atos golpistas de 8 de Janeiro foram criticados duramente por agentes que ditam os rumos do mercado e das instituições políticas no Brasil.

Dono de empresas como a Ambev e 3G Capital, o empresário Jorge Paulo Leman disse em palestra, no último sábado, 12, que "as coisas estão um pouco agitadas demais" para o seu gosto, em referência à política comercial da administração Trump.

"Não dá para saber quais serão os resultados. Podemos ter desdobramentos positivos, mas também consequências muito disruptivas", afirmou.

No mesmo dia mais tarde, André Esteves, chairman do BTG Pactual e um dos bilionários brasileiros de maior destaque atualmente por sua tentativa de comprar o Banco Master, disse que o tarifaço do governo Trump é um "horror econômico, geopolítico e moral".

As falas dos dois empresários foram feitas na Universidade Harvard, onde ocorreu a Brazil Conference. O evento é organizado pela comunidade brasileira de estudantes nos Estados Unidos e reúne desde autoridades a líderes comunitários e pesquisadores de destaque no País.

Os bilionários também se mostraram atentos aos rumos da extrema direita no Brasil. Esteves e Leman assistiram da primeira fileira a palestra do decano do STF, Gilmar Mendes, cujo título era "Supremo em Foco: Defesa à Democracia ou Interferência Institucional".

O magistrado defendeu a titularidade Alexandre de Moraes como relator dos processos que investigam tentativas de golpe de Estado e rejeitou alegações de bolsonaristas de que o colega seria suspeito, ou impedido, de julgar estes casso por também figurar como possível vítima.

"Ele (Moraes) não é suspeito, não está impedido, não está julgando no seu interesse. Não se pode nem de longe comparar Alexandre (de Moraes) com (Sérgio) Moro. Moro, de fato, se associa ao Bolsonaro. Ele antes das eleições já tem conversas com Bolsonaro, aceita ser ministro da Justiça de Bolsonaro", afirmou Gilmar.

O ministro conversou e trocou abraços com o dono do BTG Pactual durante o intervalo do painel realizado pelo ex-presidente Michel Temer (MDB). O banco de investimentos responde a dez processos no STF. Nenhum deles é relatado por Gilmar.

Nesta segunda-feira, 14, o decano do STF suspendeu por meio de decisão liminar todos os processos que discutem se há vínculo empregatício e se são legais os contratos de prestação de serviços que criam a chamada "pejotização", quando trabalhadores são contratados como pessoas jurídicas em vez de serem registrados pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Uma das ações que o BTG responde no STF ilustra o impacto da decisão de Gilmar. O banco apresentou uma reclamação constitucional contra uma decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região que reconheceu o vínculo empregatício entre o BTG e uma empresa de soluções de ativos terceirizada. O relator é o ministro André Mendonça, que negou o seguimento da ação, mas o caso segue em tramitação pois o banco apresentou recurso e, agora, foi paralisado pela decisão de Gilmar.

Assim como Trump tem preocupado a elite do empresariado nacional, a cúpula do Poder Judiciário se vê às voltas com a crescente pressão de parlamentares bolsonaristas para que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), paute o projeto de lei que anistia os condenados do dia 8 de Janeiro e quaisquer outras pessoas envolvidas em atos golpistas entre o final de 2022 e início de 2023, o que pode beneficiar Bolsonaro.

O ex-presidente é réu numa ação penal em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. O procurador-geral da República, que denunciou Bolsonaro e também participou da Brazil Conference, disse em Harvard que o STF é a instância certa para julgá-lo.

Gonet deu palestra ao lado do diretor da Polícia Federal (PF), Andrei Passos, que foi ainda mais enfático ao dizer que é "inaceitável" não punir as pessoas condenadas por orquestrarem e participarem de uma tentativa de golpe, como apurou a corporação.

"Nós não estamos falando aqui da maquiagem de uma estátua. Nós estamos falando de planos de assassinato, ruptura da nossa democracia, vandalismo, depredação de patrimônio público e histórico. Estamos falando de ataques às instituições do Estado do Brasil que trariam consequências inimagináveis", disse em alusão a Débora Rodrigues, que pixou "perdeu, mané" na estátua "A Justiça", no STF.

Como de praxe em eventos com autoridades brasileiras fora do território nacional, ocorreram diversas atividades paralelas após os compromissos oficiais. No sábado, 12, um grupo de políticos formado pelo líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), o prefeito de Recife, João Campos (PSB) e os deputados federais Rubens Pereira Junior (PT-MA) e Tabata Amaral (PSB-SP) participarem de um jantar organizado pelo grupo Esfera com executivos do Google, Ifood e Youtube.

Em outro ponto de Boston naquele sábado, Gilmar Mendes e Andrei Passos ficaram por alguns minutos em um coquetel oferecido pelo Youtube. A festa realizada no subsolo de um prestigiado restaurante da cidade ainda contou com a presença de outros convidados do evento, como o lutador Anderson Silva.

*O repórter viajou a convite da Brazil Conference

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Um homem armado com um rifle matou um policial de Nova York (EUA) que estava fora de serviço e outras três pessoas antes de tirar a própria vida em uma torre de escritórios em Manhattan na segunda-feira, 28, segundo autoridades.

Autoridades policiais estão trabalhando para desvendar o que aconteceu e por que esse local pode ter sido alvo de um ataque em uma cidade que recentemente anunciou que estava a caminho de ter o menor número de pessoas feridas por tiros em qualquer ano nas últimas décadas. Abaixo, veja o que se sabe até agora sobre o caso.

O que aconteceu?

Um homem saiu de um BMW estacionado em fila dupla com um rifle M4 e caminhou em direção ao arranha-céu que abriga a sede da NFL (entidade que rege o futebol americano nos EUA) e da Blackstone, uma das maiores empresas de investimento do mundo, bem como outros inquilinos, na noite de segunda-feira, de acordo com imagens de câmeras de vigilância.

Este homem rapidamente abriu fogo contra um policial quando entrou no prédio, antes de atirar em uma mulher que tentava se proteger, disse a comissária de polícia Jessica Tisch em uma entrevista coletiva. Em seguida, ele começou a disparar tiros pelo saguão.

O criminoso foi até o elevador e atirou em um segurança que estava se protegendo atrás de uma mesa de segurança e também em outro homem no saguão, disse Jessica Tisch.

O homem pegou o elevador até o 33º andar, onde fica uma empresa de administração imobiliária, e uma pessoa foi baleada e morta nesse andar. O homem então caminhou por um corredor e atirou em si mesmo, disse ela.

O prefeito de Nova York, Eric Adams, disse nesta terça-feira (29) que o atirador estava tentando atingir a sede da Liga Nacional de Futebol Americano (NFL), mas pegou o elevador errado. Os investigadores acreditam que o atirador estava tentando chegar aos escritórios da NFL, mas acidentalmente entrou no conjunto errado de elevadores, disse Adams.

O que se sabe sobre o atirador?

A polícia identificou Shane Tamura, de Las Vegas, como o atirador. Tamura tinha um "histórico documentado de saúde mental", disse Tisch. A polícia disse que uma nota confusa encontrada em seu corpo sugeria que ele tinha uma queixa contra a NFL por causa de uma alegação sem fundamento de que sofria de encefalopatia traumática crônica.

Tamura havia jogado futebol americano no ensino médio na Califórnia há quase duas décadas. A nota, que fazia referência à NFL, alegava que Tamura sofria de ETC e dizia que seu cérebro deveria ser estudado após sua morte, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto à Associated Press. A doença degenerativa do cérebro tem sido associada a concussões e outros traumas cranianos repetidos, comuns em esportes de contato como o futebol americano.

O motivo ainda não foi determinado, mas, com base na nota, os investigadores cogitam se ele poderia ter escolhido o prédio como alvo por ser a sede da NFL.

O veículo de Tamura atravessou os Estados Unidos passando pelo Colorado em 26 de julho e, em seguida, por Nebraska e Iowa em 27 de julho. Ele chegou a Columbia, Nova Jersey, na tarde de segunda-feira, antes de chegar a Nova York, disse Tisch. Os policiais encontraram um estojo de rifle, um revólver, carregadores e munição em seu carro, disse ela. Ninguém atendeu a porta no endereço listado para Tamura em Las Vegas.

Quem foram as vítimas?

Didarul Islam, 36, serviu como policial na cidade de Nova York por três anos e meio. Ele era um imigrante de Bangladesh. Islam era casado e tinha dois filhos pequenos, disse Tisch. Sua esposa está grávida do terceiro filho.

A Blackstone confirmou que uma funcionária, Wesley LePatner, estava entre os mortos. "Não há palavras para expressar a devastação que sentimos", disse a empresa em um comunicado. "Wesley era uma integrante querida da família Blackstone e fará muita falta. Ela era brilhante, apaixonada, calorosa, generosa e profundamente respeitada dentro e fora da nossa empresa." Formada em Yale, LePatner era executiva imobiliária na Blackstone, de acordo com o site da empresa, e passou mais de uma década na Goldman Sachs antes de ingressar na companhia em 2014.

Os nomes das outras vítimas, juntamente com um homem que ficou gravemente ferido e continua em estado crítico, ainda não foram divulgados.

Onde ocorreu o tiroteio?

O tiroteio ocorreu no número 345 da Park Avenue, um edifício comercial em uma área movimentada do centro da cidade, a poucos passos ao norte da Grand Central Terminal e a cerca de um quarteirão a leste da Catedral de São Patrício. O edifício abriga escritórios de empresas como a NFL e a imobiliária Rudin, bem como as empresas financeiras KPMG e Blackstone. Também abriga o consulado geral da Irlanda. Fonte: Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

Um ataque aéreo russo a uma prisão na região de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, matou pelo menos 17 detentos e feriu mais de 80, disseram autoridades ucranianas nesta terça-feira, 29. Na região de Dnipro, as autoridades relataram pelo menos quatro pessoas mortas e oito feridas.

A Força Aérea da Ucrânia informou que a Rússia lançou dois mísseis balísticos Iskander-M, além de 37 drones de ataque do tipo Shahed e veículos aéreos não tripulados (VANTs) de distração. Afirma-se que 32 drones Shahed foram interceptados ou neutralizados pelas defesas aéreas ucranianas.

O ataque na noite de segunda-feira (28) atingiu a Colônia Correcional de Bilenkivska com quatro bombas aéreas guiadas, de acordo com o Serviço Executivo Criminal do Estado da Ucrânia.

Pelo menos 42 detentos foram hospitalizados com ferimentos graves, enquanto outras 40 pessoas, incluindo um membro da equipe, sofreram vários ferimentos.

O ataque destruiu o refeitório da prisão, danificou os prédios administrativos e de quarentena, mas a cerca do perímetro resistiu e nenhuma fuga foi relatada, disseram as autoridades.

Autoridades ucranianas condenaram o ataque, dizendo que atacar infraestrutura civil, como prisões, é um crime de guerra segundo as convenções internacionais.

Duas importantes organizações israelenses de direitos humanos - a B'Tselem e a Physicians for Human Rights (PHR, na sigla em inglês) - afirmaram nesta segunda-feira, 28, que Israel está cometendo genocídio contra os palestinos na Faixa de Gaza e disseram que os aliados ocidentais do país têm a obrigação legal e moral de impedir o agravamento da crise.

Organizações internacionais, como a Anistia Internacional, vêm denunciando a campanha militar de Israel como um "genocídio". No entanto, é a primeira vez que importantes grupos israelenses de defesa dos direitos humanos endossam a conclusão.

Guy Shalev, diretor da PHR, disse que os israelense muitas vezes descartam as acusações de genocídio como "antissemitas" ou tendenciosas contra Israel. "Espero que os nossos comunicados façam as pessoas reconhecerem a realidade", afirmou.

Genocídio

O governo israelense afirma que está lutando uma guerra existencial e garante cumprir com o direito internacional. Israel alega que as acusações de genocídio são antissemitas. "A alegação de Israel de que terroristas do Hamas ou membros de outros grupos armados palestinos estavam presentes em instalações médicas ou civis, frequentemente feita sem fornecer qualquer evidência, não pode justificar ou explicar tal destruição generalizada e sistemática", afirma o relatório da B'Tselem.

Os dois grupos de direitos humanos, em relatórios separados, mas lançados ontem conjuntamente, afirmaram que as políticas de Israel na Faixa de Gaza, juntamente com as declarações de autoridades do governo israelense sobre seus objetivos na guerra e o desmantelamento do sistema de saúde do território palestino, contribuíram para a conclusão de genocídio.

Assim como outros grupos de defesa dos direitos humanos, a B'Tselem e a PHR não foram autorizadas a entrar em Gaza durante a guerra. Seus relatórios têm como base relatos, documentos e análises de especialistas jurídicos.

Destruição

O relatório da PHR afirma que Israel cometeu pelo menos três atos que definem o genocídio no direito internacional, incluindo "infligir a determinado grupo condições deliberadas para provocar sua destruição física total ou parcial." "Como neto de um sobrevivente do Holocausto, é muito doloroso para mim chegar a esta conclusão," afirmou Shalev.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.