Reações de governistas e oposição à cassação de Glauber: 'perseguição' e 'colheu o que plantou'

Política
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A decisão do Conselho de Ética da Câmara de cassar o mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) provocou reações de governistas e da oposição. Aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificaram a decisão como "perseguição política", enquanto políticos da oposição e alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disseram que ter sido feita "justiça" e que ele "colheu o que plantou".

O destino do parlamentar, que expulsou aos chutes Gabriel Costenaro, militante do Movimento Brasil Livre (MBL), em abril do ano passado, será definido pelo plenário da Casa.

O Conselho de Ética decidiu nesta quarta-feira, 9, por 13 votos a cinco, que Glauber deve perder o mandato por quebra de decoro parlamentar. O parlamentar do PSOL vai recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para tentar barrar o processo antes que ele chegue ao plenário.

Durante a apreciação do relatório, o relator Paulo Magalhães (PSD-BA) defendeu a cassação de Glauber e afirmou que a agressão do parlamentar do PSOL foi "totalmente desproporcional" às ofensas feitas pelo militante do MBL. Costenaro fez insinuações sobre a mãe de Glauber, a ex-prefeita de Nova Friburgo Saudade Braga, que estava doente e morreu 22 dias depois.

Glauber, por sua vez, acusa o ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) de ser o patrocinador da sua cassação. Após a decisão do Conselho de Ética, o deputado decidiu fazer greve de fome e permanece no plenário 5 da Casa, onde o colegiado se reuniu nesta quarta.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), afirmou que a aprovação do parecer contra Glauber significa a naturalização de um "ataque contra um mandato do campo de esquerda e popular". "Traz mais uma crise para a Câmara", disse.

O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também criticou a decisão do Conselho de Ética. O deputado classificou a aprovação como "perseguição" e "injustiça histórica" e disse que Glauber não quebrou o decoro parlamentar.

"Essa perseguição atenta contra a democracia, conquistada com muito esforço do povo brasileiro. Estarei no plenário na defesa do deputado Glauber Braga contra essa injustiça histórica", disse o líder do governo.

Outra liderança de esquerda que defendeu Glauber após a decisão do Conselho de Ética foi Pedro Campos (PE), líder do PSB. Campos afirmou que cassar o mandato do deputado do PSOL é "desproporcional e desrespeitoso com todos os servidores e parlamentares" da Câmara que são "agredidos e incomodados" por militantes como Costenaro.

A deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) também chamou a cassação de "perseguição política" e disse que a aprovação do relatório é uma "manobra absurda" e uma "farsa arquitetada".

Outros parlamentares da base governista afirmaram que o Conselho de Ética atacou não somente Glauber e o PSOL, mas toda a bancada de esquerda. Um desses deputados foi Patrus Ananias (PT-MG), que disse ainda que o relatório buscou "silenciar um parlamentar combativo, que denunciou os esquemas do orçamento secreto".

Mulher de Glauber Braga, a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) sugeriu que Bolsonaro estaria por trás da aprovação do parecer contra Glauber. A deputada publicou uma foto onde o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) aparece em uma chamada de vídeo com o ex-presidente durante a sessão do Conselho de Ética.

Em referência ao processo no qual o ex-chefe do Executivo é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), ela disse que os bolsonaristas pretendem "perseguir um mandato combativo e tirar o foco dos golpistas que serão presos".

Já na direita, o deputado Kim Kataguiri (União-SP) comemorou a aprovação do parecer. "Justiça tarda, mas não falha", afirmou. Kataguiri é do MBL, movimento do militante agredido pelo deputado do PSOL, e foi um dos parlamentares que mais defendeu a perda do mandato de Glauber.

O pedido de cassação de Glauber foi protocolado pelo partido Novo. Gilson Marques (SC), um dos deputados da sigla, declarou que Glauber não poderia sair impune da agressão contra o militante do MBL. "Um parlamentar não pode expulsar um cidadão a pontapés do Congresso por discordâncias políticas e esperar que nada aconteça", afirmou.

Ex-presidente da CCJ da Câmara, a deputada Caroline de Toni (PL-SC) afirmou que Glauber "colheu o que plantou". A aliada de Bolsonaro declarou ainda que o mandato parlamentar não dá um "salvo-conduto para violência".

"Agrediu um cidadão dentro da Casa do Povo e achou que sairia impune. Que sirva de lição: mandato não é salvo-conduto para violência", disse.

Outro aliado de Bolsonaro que comemorou o avanço do processo de cassação de Glauber foi o deputado General Girão (PL-RN). "Está mais do que na hora desses baderneiros entenderem o significado da palavra ética", disse.

Bolsonaristas também ironizaram a greve de fome anunciada por Glauber. O deputado Zé Trovão (PL-SC) disse que o deputado do PSOL ia "viver o socialismo, na prática, e passar fome". "Isso é viver a esquerda, na prática", completou.

O deputado José Medeiros (PL-MT) publicou uma foto de um churrasco para provocar o deputado que, na manhã desta quinta-feira, 10, disse que estava sem se alimentar havia mais de 30 horas.

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O chanceler francês, Jean-Noël Barrot, disse nesta quarta-feira, 30, que 14 países ocidentais, incluindo Canadá e Austrália, decidiram se juntar ao presidente da França, Emmanuel Macron, e expressar o desejo de reconhecer um Estado palestino por meio de uma declaração conjunta. "Convidamos aqueles que ainda não se manifestaram a se juntarem a nós", escreveu Barrot no X.

O apelo de ontem veio ao final de uma conferência que terminou na terça-feira, 29, em Nova York, patrocinada por França e Arábia Saudita, que tentam manter viva a solução de dois Estados para resolver o conflito israelense-palestino, uma hipótese cada vez mais distante em razão da guerra em Gaza e da violência dos colonos judeus na Cisjordânia.

O movimento diplomático é diferente do realizado pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, que na terça-feira ameaçou embarcar na canoa francesa e reconhecer a Palestina em setembro, a menos que Israel adote diversas "medidas substanciais" em Gaza, incluindo um acordo de cessar-fogo.

Entre os 15 países signatários do documento de ontem estão 10 que ainda não reconheceram um Estado palestino: além da França, estão Austrália, Canadá, Andorra, Finlândia, Luxemburgo, Nova Zelândia, Noruega, Portugal e San Marino. Já Islândia, Irlanda, Malta, Eslovênia e Espanha, que também firmaram a declaração, haviam reconhecido a Palestina.

Carney

De todos os signatários, o Canadá foi quem assumiu uma posição mais firme. O premiê Mark Carney foi enfático ao declarar que seu governo reconhecerá a Palestina em setembro. "A medida se baseia no compromisso da Autoridade Palestina com reformas, incluindo eleições, medidas anticorrupção e um Estado palestino desmilitarizado", disse Carney, que falou após uma conversa por telefone com o presidente palestino, Mahmoud Abbas.

A chancelaria de Israel criticou a decisão do Canadá. "A mudança na posição do governo canadense neste momento é uma recompensa para o Hamas e prejudica os esforços para alcançar um cessar-fogo em Gaza e um acordo para a libertação dos reféns", diz a nota do Ministério das Relações Exteriores de Israel.

Reação

Ontem, o governo britânico respondeu às alegações de Israel. "Isso não é uma recompensa para o Hamas. O Hamas é uma organização terrorista desprezível, que cometeu atrocidades terríveis. O reconhecimento é sobre o povo palestino. Trata-se das crianças que vemos em Gaza morrendo de fome", disse a ministra britânica dos Transportes, Heidi Alexander, designada pelo governo para lidar com a questão, em entrevista à rádio LBC.

As manifestações de apoio ao Estado palestino obrigaram o governo americano a reiterar que o reconhecimento seria uma forma de "recompensar o Hamas". "Como o presidente (Donald Trump) afirmou, o Hamas não deveria ser recompensado. Portanto, ele não vai fazer isso. O foco agora é alimentar as pessoas", afirmou a Casa Branca, em comunicado.

Os comentários de Washington sobre a movimentação da França, no entanto, ficaram abaixo do tom esperado pelo governo de Israel, que acreditava em uma diplomacia mais dura para evitar que outros países replicassem o exemplo de Macron. Até agora, Trump disse apenas que os líderes (em referência a Macron e Starmer) têm o direito de tomar qualquer decisão.

Fator Macron

A onda de apoio começou na semana passada, quando Macron anunciou que reconheceria um Estado palestino durante a abertura da Assembleia-Geral da ONU, em setembro, criando um efeito dominó. Dos 193 membros das Nações Unidas, 147 já reconheceram a Palestina, quase todos na América Latina, na África e na Ásia.

O movimento de Macron, no entanto, foi considerado crucial porque atraiu o apoio de países do G7, aliança de nações mais ricas do mundo. Se for levado adiante em setembro, a decisão da França pode provocar uma divisão dentro do grupo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um ataque russo com mísseis e drones atingiu Kiev durante a noite desta quinta-feira, 30. O incidente deixou seis mortos e mais de 50 feridos, de acordo com autoridades ucranianas. Uma grande parte de um edifício residencial de nove andares desabou após ser atingido. "Ataque de míssil. Diretamente em um edifício residencial. Pessoas estão sob os escombros. Todos os serviços estão no local", escreveu o presidente ucraniano Volodimir Zelenski em seu Telegram oficial. Fonte: Associated Press.

Hoje, em sua maior ação relacionada ao Irã desde 2018, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês) do Departamento do Tesouro dos EUA designou mais de 50 indivíduos e entidades que fazem parte do vasto império de transportes controlado por Mohammad Hossein Shamkhani.

Hossein - filho de Ali Shamkhani, um dos principais conselheiros políticos do Líder Supremo do Irã - aproveita a "corrupção" e "influência política" de seu pai nos mais altos níveis do regime iraniano para construir e operar uma enorme frota de petroleiros e navios porta-contêineres, afirma o departamento.

"Esta rede transporta petróleo e produtos petrolíferos do Irã e da Rússia, bem como outras cargas, para compradores ao redor do mundo, gerando dezenas de bilhões de dólares em lucro", acrescenta.

Segundo o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, as mais de 115 sanções emitidas hoje são as maiores até agora desde que a administração de Donald Trump implementou uma campanha de máxima pressão sobre o Teerã.