Disputa entre Aécio e PSL trava divisão de comissões na Câmara

Política
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Uma disputa pelo comando da Comissão de Relações Exteriores adiou a divisão dos 25 colegiados da Câmara, parados desde 2019, para a próxima semana. O posto, até então ocupado por Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), é cobiçado agora pelos deputados Aécio Neves (PSDB-MG) e Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PSL-SP).

A Comissão de Relações Exteriores é responsável por analisar a maioria dos tratados internacionais firmados pelo País e por aprovar projetos relacionados ao assunto. Foi na gestão do filho "03" do presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, que o colegiado deu aval à utilização comercial do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão.

A comissão era disputada também pelo PT, que queria o comando do colegiado para contestar medidas adotadas pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, ligado à ala ideológica do governo, mas o partido não teve chances nas negociações. "Seria muito importante assumirmos em razão do descaso do governo com a imagem do Brasil, mas não conseguimos", disse o líder do PT, Bohn Gass (RS) ao Estadão/Broadcast.

Rival do PT na disputa presidência da República em 2014, Aécio agora disputa o cargo no Câmara com o descendente da Família Real. Como revelou a Coluna do Estadão na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-chanceler e ex-senador Aloysio Nunes Ferreira e o senador José Serra acionaram o líder do PSDB na Câmara, deputado Rodrigo de Castro (MG), para pedir que o partido brigue pelo comando da comissão.

Caso não tenham êxito na disputa, os tucanos deverão ficar com a Comissão de Ciência e Tecnologia, e o cotado é o deputado Vitor Lippi (PSDB-SP).

No PSL, Orleans e Bragança, um dos ideólogos do Aliança pelo Brasil, partido que Jair Bolsonaro tentou tirar do papel, mas que naufragou. A intenção do deputado é manter o legado de Eduardo Bolsonaro - que, em 2019, atuou como um "eco" do chefe do Itamaraty no Congresso. Os dois fizeram coro em críticas à China e a favor do alinhamento aos Estados Unidos.

Responsável por dar a palavra final sobre o comando das comissões, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), negou que a disputa tenha travado a definição das comissões. "Sem imbróglio nenhum, só não houve acordo nas pedidas e demos um tempo a mais para que os líderes se entendam. Se não se entenderem, será feito na ordem de proporcionalidade, sem nenhum estresse", afirmou.

Mesmo assim, Lira deixou as definições das outras 24 comissões para a próxima terça-feira, 9. Independentemente do que aconteça com a Relações Exteriores, o PSL ficará com o principal colegiado: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), porta de entrada da maioria dos projetos, responsável por avaliar se os textos são constitucionais ou não. A indicada do partido é a deputada Bia Kicis (PSL-DF).

O PSL vai ficar ainda com a Comissão de Agricultura. A deputada Aline Sleutjes (PSL-PR), atuante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), é cotada para a presidência.

O PT, por sua vez, deve ficar com três: Direitos Humanos; Cultura; e Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso.

Pelo PSD, o deputado Júlio César (PI) é o cotado assumir o comando da Comissão de Finanças e Tributação (CFT)."Vamos priorizar as matérias mais importantes para o Brasil, fazer tudo para pautar matérias que ficarem represada", disse ele ao Estadão/Broadcast. O PSD pode ficar ainda com o comando da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria, Comércio e Serviços.

Um dos principais cabos eleitorais da campanha de Lira para a presidência da Câmara, o deputado Luizinho (PP-RJ) pode ficar com o comando da Comissão de Seguridade Social e Família, que trata também dos projetos relacionados à saúde. Ele chegou a ser cotado para substituir Eduardo Pazuello na pasta no ano passado.

O MDB deve ficar com a Comissão de Transportes. O colegiado de Minas e Energia é disputado pelo PL e pelo MDB. O PSB deverá manter a Comissão do Meio Ambiente. O mais cotado para assumi-la é o atual vice-presidente do colegiado, Camilo Capiberibe (PSB-AP).

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.