Bolsonaro indica que vai enviar projeto para ampliar atividades essenciais

Política
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Em mais uma investida para enfraquecer as medidas de isolamento adotadas por governadores e prefeitos em meio ao colapso do sistema de saúde no auge da pandemia da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta sexta-feira, 5, que mandou preparar um projeto de lei para enviar ao Congresso e ampliar a lista de atividades essenciais.

"Essa história do 'ficar em casa', para quem tem dinheiro, tudo bem. O pessoal muitas vezes trabalha hoje para comer amanhã, ou comer à noite. Eu falei ontem o que é atividade essencial. Mandei preparar um projeto nesse sentido", disse Bolsonaro a apoiadores, ao chegar ao Palácio da Alvorada. As atividades essenciais não podem ser interrompidas nem mesmo durante o lockdown.

Segundo o presidente, caberá à Câmara dos Deputados definir a lista de atividades essenciais. "A Câmara é quem vai decidir. Atividade essencial é toda aquela necessária para o chefe de família levar o pão para casa. Por que o cara que é encanador, por exemplo, não é essencial? Ele vai levar o que pra casa?", perguntou.

No ano passado, por meio de decreto, Bolsonaro incluiu várias atividades no rol de serviços essenciais - inclusive salões de beleza, barbearias e academias. Nesta quinta-feira, 4, Bolsonaro já havia sinalizado essa intenção por meio das redes sociais e aos apoiadores que o aguardavam no Alvorada no fim do dia.

"Aprenderam a definição de trabalho essencial? Já chegou aqui ou não?", questionou. O chefe do Executivo se referia a um post publicado por ele mais cedo, nas redes sociais, no qual dizia que "atividade essencial é toda aquela necessária para um chefe de família levar o pão para dentro de casa".

Ao falar sobre a possibilidade de que governadores comprem vacinas diretamente dos laboratórios, sem intermediação do governo federal, Bolsonaro disse não haver problema, desde que os próprios Estados paguem. "Mas quem vai pagar a conta? Eu? Não. Se quiserem comprar, podem comprar, mas a vacina vem para o Plano Nacional de Imunização. Ninguém está contra governador não, mas estamos fazendo contato com o mundo todo."

Bolsonaro disse, ainda, que o governo não tem capacidade para pagar auxílio emergencial para sempre à população. "Auxílio emergencial é endividamento do Estado, não tem como. Alguns acham que pode dar a vida toda. Não dá", argumentou ele.

Na conversa com os apoiadores, o presidente admitiu que os novos valores médios, em torno de R$ 250, são pouco, quando comparados aos pagos no ano passado, de R$ 600. "É pouco? Eu preferia ter isso aí do que não ter nada", disse.

Discurso

Em um ajuste no discurso contrário a vacinas, que defendeu durante todo o ano de 2020, Bolsonaro afirmou que o governo vai receber, no mínimo, 20 milhões de doses de vacinas neste mês e mais 40 milhões em abril.

"Depois que o Congresso deu aval para comprar a Pfizer, já assinamos o contrato", destacou o presidente. "Em agosto e setembro do ano passado, já assinamos o primeiro contrato para comprar vacina. Em dezembro, tivemos a medida provisória de R$ 20 bilhões. O Brasil é um dos países que mais vacina. Se não me engano, passamos das 10 milhões de doses aplicadas, mais que todo o Estado de Israel, que são 9 milhões de habitantes. Agora, está faltando no mundo todo".

O Brasil vacinou, até hoje, menos de 4% da população com a primeira dose - foram 7,9 milhões de pessoas. A segunda dose beneficiou ainda menos: 2,6 milhões, pouco mais de 1% da população.

Um dia depois de criticar o isolamento social e falar em "frescura e mimimi", Bolsonaro disse lamentar as mortes. Reafirmou, porém, que é preciso enfrentar o problema. Lembrou que já teve covid-19 e disse estar imunizado, embora essa imunidade seja temporária, como têm demonstrado estudos e evidências de pessoas reinfectadas.

"Deixa outro tomar vacina no meu lugar. Lá na frente, depois que todo mundo estiver imunizado, se eu resolver tomar - porque, no que depender de mim, é voluntário, não pode obrigar ninguém a tomar vacina -, eu tomarei", afirmou o presidente. "Disponibilizaremos vacina para todo mundo no Brasil, gratuita e voluntária."

Enquanto Bolsonaro conversava com os apoiadores, a primeira-dama Michelle Bolsonaro chegou ao Palácio da Alvorada. Michelle também conversou e tirou fotos com o público. Nenhum dos dois usava máscaras de proteção. O casal seguiu em carros separados para a residência oficial.

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O governo Donald Trump informou que a Universidade de Harvard não poderá receber novos subsídios federais para a pesquisa até cumprir com as exigências, que colocaram a universidade mais rica e prestigiada o país em rota de colisão com a Casa Branca.

O bloqueio foi comunicado em carta enviada pelo Departamento de Educação ao reitor da universidade e confirmado em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 5. O representante do departamento disse à imprensa que Harvard não receberá novos subsídios federais até que "demonstre uma gestão responsável da universidade" e atenda às exigências do governo.

A Casa Branca já havia congelado US$ 2,2 bilhões em subsídios federais destinados à universidade. Em outra frente, Trump pressiona para que Harvard perca o seu status de isenção fiscal enquanto tenta forçar a instituição de ensino a atender suas demandas.

A carta foi a primeira resposta significativa do governo desde que Harvard entrou com ação judicial na tentativa de impedir o corte bilionário de verbas. "Esta carta é para informá-lo de que Harvard não deve mais buscar subsídios do governo federal, pois nenhum será fornecido", escreveu a secretária da Educação Linda McMahon ao reitor Alan Garber.

O documento estipula que Harvard deve abordar preocupações relacionadas ao antissemitismo no campus; revisar políticas raciais; e responder a queixas de que teria abandonado a busca pela "excelência acadêmica" ao empregar relativamente poucos professores conservadores, segundo a visão do governo.

Representantes de Harvard não responderam imediatamente ao pedido de comentário.

A ameaça sugere que o governo pode estar alterando ou reforçando suas táticas contra as universidades. Inicialmente, a Casa Branca havia retirado subsídios existentes - medida drástica, mas que deixa margem para contestações na Justiça, como no caso de Harvard.

Representantes do setor em todo país tem expressado de forma reservada preocupações com uma campanha mais ordenada de pressão sobre as universidades, que seria mais difícil de reverter nos tribunais.

O embate com Harvard começou quando o governo Donald Trump enviou, no mês passado, um série de exigências à universidade. A lista incluía a obrigatoriedade de relatar ao governo federal quaisquer estudantes internacionais acusados de má conduta e a nomeação de um supervisor externo para garantir que os departamentos acadêmicos fossem "diversos em termos de pontos de vista".

A universidade se negou a cumprir as demandas da Casa Branca e denunciou uma tentativa de interferir na liberdade acadêmica. Na ação judicial, Harvard acusou o governo Donald Trump de tentar exercer um "controle inédito e indevido".

No ano fiscal de 2024, os recursos federais para pesquisa representaram cerca de 11% do orçamento de Harvard - aproximadamente US$ 687 milhões. Embora o fundo patrimonial da universidade ultrapasse os US$ 53 bilhões, grande parte desse valor é restrito, o que limita como a instituição pode utilizá-lo.

O congelamento duradouro dos novos subsídios poderia causar um caos financeiro para Harvard, que já está elaborando planos de contingência e buscando captar recursos no mercado de títulos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A primeira-ministra da província canadense de Alberta, Danielle Smith, disse que realizará um referendo no próximo ano que poderá incluir uma votação sobre a separação do Canadá.

Smith afirmou que não apoia a separação no site do governo da província e em sua página no Facebook, mas acrescentou que, caso os cidadãos de Alberta reúnam as assinaturas necessárias, uma pergunta sobre a separação poderá fazer parte da votação de 2026. "Nosso governo respeitará o processo democrático", enfatizou ela.

Seus comentários são a mais recente investida da província produtora de petróleo e gás depois que os liberais federais conquistaram um quarto mandato na eleição de 28 de abril. Smith, os líderes empresariais e os cidadãos de Alberta estão profundamente frustrados com a política ambiental da última década, que, segundo eles, prejudicou as perspectivas econômicas da província. As medidas incluem a proibição de navios-tanque que transportam petróleo bruto para o noroeste da Colúmbia Britânica, um limite para as emissões de carbono do setor de energia e um processo de avaliação ambiental mais rigoroso.

Ela disse que teve uma conversa telefônica construtiva nos últimos dias com o primeiro-ministro canadense, Mark Carney, mas "até que eu veja provas tangíveis de mudanças reais, Alberta tomará medidas para se proteger melhor de Ottawa".

Uma porta-voz de Carney não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou neste domingo, 4, que instruiu seu governo a reabrir e expandir a notória prisão de Alcatraz, que foi fechada em 1963 e se tornou um ponto turístico na Califórnia.

"Por muito tempo, os Estados Unidos foram atormentados por criminosos cruéis, violentos e reincidentes, a escória da sociedade, que nunca contribuirão com nada além de miséria e sofrimento. Quando éramos uma nação mais séria, no passado, não hesitávamos em prender os criminosos mais perigosos e mantê-los longe de qualquer pessoa que pudessem prejudicar. É assim que deve ser", disse Trump, em uma publicação na plataforma Truth Social.

"É por isso que, hoje, estou instruindo o Departamento de Prisões, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir uma prisão de Alcatraz substancialmente ampliada e reconstruída, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos dos Estados Unidos", escreveu o presidente americano, acrescentando: "A reabertura de Alcatraz servirá como um símbolo de Lei, Ordem e justiça."

A ordem foi emitida em um momento em que Trump vem enfrentando conflitos com os tribunais ao tentar enviar membros de gangues acusados ??para uma prisão notória em El Salvador, sem o devido processo legal. Trump também já sinalizou que poderia enviar cidadãos americanos para El Salvador.

Trump também ordenou a abertura de um centro de detenção na Baía de Guantánamo, em Cuba, para abrigar até 30 mil detentos que ele rotulou como os "piores criminosos estrangeiros".

Prisão

Alcatraz, hoje uma atração turística, fechou em 1963 devido aos altos custos operacionais após apenas 29 anos de operação, de acordo com o Departamento de Prisões dos EUA, porque tudo, de combustível à comida, tinha que ser trazido de barco.

Localizada a dois quilômetros da costa de São Francisco e com apenas 336 prisioneiros, a prisão abrigou vários criminosos notórios, incluindo o chefe da máfia da época da Lei Seca, Al Capone, e foi palco de muitas tentativas de fuga incríveis dos presos.

36 homens tentaram 14 fugas diferentes da prisão, segundo o FBI. Quase todos foram capturados ou não sobreviveram à tentativa.

O local ficou conhecido pelo filme "Alcatraz: Fuga Impossível", longa de 1979 que é protagonizado por Clint Eastwood. O filme conta a história de três prisioneiros que conseguiram fugir de Alcatraz.

Um porta-voz do Departamento de Prisões dos EUA disse em um comunicado que a agência "cumprirá todas as ordens presidenciais".

Atualmente, o Departamento de Prisões tem 16 penitenciárias que desempenham as mesmas funções de alta segurança de Alcatraz, incluindo sua unidade de segurança máxima em Florence, no Colorado, e a penitenciária dos EUA em Terre Haute, em Indiana. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)