Bolsonaro acompanha saída de comitiva a Israel para acordos sobre a pandemia

Política
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O presidente Jair Bolsonaro acompanhou na manhã deste sábado (6) a saída de uma comitiva do governo a Israel, que irá conhecer o EXO-CD24, um spray nasal que está em fase inicial de testes como medicamento para a covid-19. Bolsonaro marcou presença na Base Aérea em Brasília, de onde o grupo de auxiliares embarcou. Pressionado pela explosão de casos do coronavírus no Brasil, Bolsonaro gravou vídeo ao lado da delegação, afirmando que a viagem objetiva o fechamento de protocolos e acordos de ciência e tecnologia que serão "proveitosos" para o momento de pandemia, além de representarem um "legado para o futuro".

Nesta semana, que registrou os piores números da covid-19, o presidente afirmou que é preciso "enfrentar o problema de peito aberto" e parar de "frescura" e "mimimi". A quantidade de mortes por covid-19 no Brasil ficou acima de 1.700 pelo quarto dia consecutivo, atingindo 1.760 vítimas nesta sexta-feira (5), de acordo com dados compilados pelo consórcio de veículos de imprensa.

Integrante da comitiva, o secretário Marcelo Morales, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, disse que o acordo de cooperação que será buscado com Israel envolve o desenvolvimento de drogas e imunizantes. Questionado ainda por Bolsonaro sobre a "vantagem" de vacinas em desenvolvimento no Brasil, Moraes comentou que 15 imunizantes são estudados atualmente, e que três já chegaram a um grau de maturação que possibilita o início de ensaios clínicos em pacientes no próximo mês.

"Três chegaram a um grau de maturação que pode iniciar no próximo mês os ensaios clínicos em pacientes. Uma delas já deu entrada na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Então, nós temos a possibilidade também de fazer essa interação com as vacinas que estão sendo desenvolvidas em Israel", respondeu o secretário, que classificou a produção de uma vacina no Brasil como "questão de soberania nacional". "Temos possibilidade de desenvolver uma vacina. Qual a vantagem disso? Se tivermos uma mutação no Brasil nós dominamos a tecnologia e podemos mudar rapidamente a vacina adaptando à nova mutação", afirmou.

"O objetivo dessa missão é a gente levar nesse acordo de cooperação com Israel toda a área de ciência e tecnologia, e da saúde, que nós estamos desenvolvendo no País e Israel, para fazer esse acordo de cooperação em várias áreas do conhecimento. Inclusive de medicamentos e vacinas que estamos desenvolvendo na 'Rede Vírus' do Ministério da Ciência e Tecnologia e também no Ministério da Saúde", comentou Morales, que estava ao lado de representantes da Saúde, do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente.

Na pandemia, Bolsonaro tem boicotado medidas que mostram resultado contra o vírus, como distanciamento social e uso de máscaras, e feito apostas em tratamentos ineficazes, como a hidroxicloroquina. Como mostrou o Estadão/Broadcast, mesmo em fase inicial de testes, o spray nasal contra a covid-19 já foi tratado como "milagroso" por Bolsonaro.

"O que é esse spray? Não sei. Mas o que acontece? Esse produto, há dez anos, estava sendo investigado, estava sendo estudado lá em Israel para outro tipo de vírus. E usou isso daí em 30. Em 29 deu certo. O último demorou um pouco mais, mas também segurou. Parece que é um produto milagroso, parece. Nós vamos atrás disso", disse o presidente, na terça-feira (2).

Vacinação

Neste sábado, o presidente ainda usou rede social para destacar números divulgados pelo Ministério da Saúde sobre a previsão de chegada de mais doses de vacina contra a doença.

Segundo a pasta, os próximos lotes da vacina produzida pelo Instituto Butantan serão entregues ao governo em remessas semanais ao longo de março. O cronograma prevê um total de 22,7 milhões de doses do imunizante no mês. A próxima remessa, prevista inicialmente em 2,6 milhões de doses, será enviada aos Estados e Distrito Federal na próxima semana. No total, o Ministério da Saúde prevê a chegada de mais de 29 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 em março.

Para a segunda quinzena de março, a previsão é que sejam entregues 3,8 milhões de doses da vacina da AstraZeneca/Oxford. Esse será o primeiro lote produzido no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) com matéria-prima importada, afirmou o ministério. Ainda são aguardadas mais 2,9 milhões de doses do imunizante, adquiridos via consórcio Covax Facility.

A pasta ainda destacou que assinou o contrato com o laboratório Precisa Medicamentos/Bharat Biotech, responsáveis pela vacina indiana Covaxin. Das 20 milhões de doses acordadas, 8 milhões já devem estar à disposição neste mês, disse o ministério.

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A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, alertou nesta terça-feira, 6, para um possível conflito "inevitável" com a Índia, motivado pela disputa por recursos hídricos e por um ataque que matou sete soldados paquistaneses e foi atribuído por autoridades paquistanesas aos indianos. As informações são da imprensa local.

Segundo um canal de TV do país, Asif afirmou que um confronto com a Índia está próximo. "Foi dito no briefing de hoje que a agressão da Índia é esperada", declarou. Ele também teria ameaçado retaliar caso o governo indiano bloqueie o fluxo de água destinado ao Paquistão.

"Se os governantes indianos tentarem bloquear a água do Paquistão, eles vão se afogar nela", disse Asif, segundo a mídia local. O ministro ainda teria afirmado que o país está pronto para destruir qualquer estrutura construída pela Índia no rio Indo.

As declarações vieram poucas horas após um atentado no sudoeste do Paquistão. Uma bomba caseira atingiu um veículo militar no distrito de Kachhi, matando sete soldados. O Exército paquistanês responsabilizou o grupo armado Baloch Liberation Army (BLA), que, segundo o Paquistão, teria ligações com a Índia, que nega. A Al Jazeera observou que não há evidências públicas dessa conexão, e nem o BLA nem o governo indiano comentaram as acusações.

O presidente Asif Ali Zardari e o primeiro-ministro Shehbaz Sharif condenaram o ataque e elogiaram o sacrifício das forças de segurança. A tensão aumentou ainda mais depois que o premiê indiano, Narendra Modi, anunciou que a Índia passará a reter águas antes compartilhadas com o Paquistão. "Antes, a água da Índia também ia para fora. Agora, a água da Índia fluirá para sua parte... e será utilizada pela própria Índia", disse Modi, segundo a Reuters.

O Paquistão já havia advertido que qualquer interferência em seus rios seria vista como um "ato de guerra", conforme reportou a France 24. O tratado de 1960, que garantia ao Paquistão o uso de 80% da água para fins agrícolas, foi suspenso por Nova Délhi após um ataque terrorista na Caxemira indiana, atribuído a militantes ligados ao Paquistão.

*Com informações da Associated Press

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, conversou por telefone nesta terça-feira, 6, com o premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, e os líderes discutiram aspectos da situação atual no Oriente Médio, além de "algumas questões bilaterais urgentes", de acordo com uma mensagem russa enviada via Telegram.

Hoje, o líder russo também conversou com o presidente da República Islâmica do Irã, Masoud Pezeshkian, sobre questões relativas ao desenvolvimento da cooperação entre os dois países com base no Tratado Bilateral de Parceria Estratégica Abrangente, assinado durante uma visita oficial do presidente iraniano à Rússia em 17 de janeiro.

"Foi dada especial atenção à expansão de laços mutuamente benéficos no comércio e na economia, inclusive por meio da implementação de importantes projetos conjuntos em transporte e energia", mencionou outra nota do governo russo no Telegram.

"Os líderes trocaram opiniões sobre questões internacionais e regionais urgentes, incluindo o andamento das negociações entre o Irã e os EUA sobre o programa nuclear iraniano, que estão sendo mediadas por Omã", acrescenta a nota, que menciona a disposição russa para facilitar o diálogo e alcançar o acordo "justo, baseado nos princípios do direito internacional".