Morre Fuad Noman, prefeito de BH que fez carreira em governos tucanos, aos 77 anos

Política
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Morreu nesta quarta-feira, 26, aos 77 anos, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Jorge Noman Filho (1947-2025). Ele estava internado há 82 dias. A informação foi confirmada pela Prefeitura de Belo Horizonte (veja a nota no final do texto).

Economista e servidor de carreira do Banco Central, atuou em governos do PSDB e integrou a equipe do Ministério da Fazenda que implementou o Plano Real. Foi secretário dos governos tucanos de Aécio Neves e Antonio Anastasia em Minas Gerais, mas era um nome pouco conhecido dos belo-horizontinos até ser eleito vice-prefeito em 2020, ascender à chefia do Executivo durante o mandato e se reeleger no ano passado.

Com família de origem síria, Fuad nasceu no bairro Carlos Prates, na região Noroeste da capital mineira, mas passou a infância e a adolescência no vizinho Padre Eustáquio. Católico, era devoto do sacerdote que foi beatificado pela Igreja em 2006 por ter curado o câncer de um colega.

Foi justamente a doença, que atacou o sistema linfático, que fragilizou a saúde do prefeito. O linfoma não Hodgkin, descoberto em julho do ano passado, não impediu Noman de se candidatar à reeleição. Ele realizou o tratamento ao mesmo tempo em que administrava a cidade e fazia campanha. Entre o primeiro e o segundo turno, em outubro, anunciou que estava curado.

As complicações, porém, não tardaram a aparecer. Ele foi internado quatro vezes desde que venceu o pleito, pelos mais diversos motivos: dores nas pernas, pneumonia, sinusite, sangramento intestinal, diarreia e, por último, insuficiência respiratória. Não conseguiu ir à própria diplomação, tomou posse de forma remota no dia 1º de janeiro e seu discurso teve que ser lido pelo vice-prefeito, Álvaro Damião (União Brasil), que assume definitivamente o comando da Prefeitura, posto que ocupava interinamente desde que Fuad se licenciou do cargo no dia 3 de janeiro por causa da internação.

Ele morreu após uma parada cardiorrespiratória, em meio ao tratamento das sequelas em razão do câncer.

De trato cordial e fala mansa, Fuad Noman tinha como marca registrada o uso do suspensório. Dizia que o acessório, do qual possuía uma coleção com cerca de 50 peças, é mais confortável por apertar menos a barriga do que o cinto. Gostava de contar histórias, principalmente as vividas no Banco Central e de quando morou com a família em Cabo Verde, onde atuou como consultor do Fundo Monetário Internacional (FMI) para estabilizar a economia do país.

Também contava que foi "chefe" de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), no governo de Fernando Henrique Cardoso. Fuad era secretário-executivo da Casa Civil da Presidência da República, enquanto Mendes era subchefe para Assuntos Jurídicos do mesmo ministério. Anos antes, o mandatário fez parte da equipe econômica que elaborou o Plano Real, iniciativa que colocou fim ao crescimento desenfreado da inflação e estabilizou a economia brasileira.

"Tinham os economistas de renome que bolavam o plano e tinham as pessoas mais operacionais, que era o meu caso. Eu coordenei o grupo que cuidava das instituições financeiras federais, para que a gente tivesse um plano de ação preparado para manter as instituições funcionando sem nenhum problema, o que acabou acontecendo", disse Fuad em uma entrevista ao jornal O Tempo em setembro do ano passado na qual falou sobre sua trajetória.

Após o fim do governo FHC, o economista retornou a Belo Horizonte para ser secretário de Fazenda na gestão de Aécio Neves em 2003, integrando a equipe responsável pelo programa "Choque de Gestão", iniciativa tucana que previa corte de despesas e medidas para tornar a máquina pública mais eficiente. O objetivo era diminuir a dívida pública do governo mineiro, que permanece elevada até hoje.

No segundo mandato de Aécio (2007-2010), assumiu a pasta de Transportes e Obras Públicas. Continuou no governo mineiro na gestão seguinte de Antonio Anastasia (2011-2014), onde foi presidente da Gasmig, secretário de Coordenação de Investimentos e secretário extraordinário da Copa do Mundo.

Fuad perdeu a mãe, Olga Nur, quando tinha apenas oito anos e foi criado pelo pai, o garçom Fuad Jorge Noman. No início da adolescência, o prefeito foi uma espécie de "faz-tudo" em um restaurante comprado pelo pai. A atuação no ramo perdurou: até recentemente, Fuad e a família tinham participação em dois estabelecimentos em Belo Horizonte: o Tizé Bar e Butequim e um restaurante cujo nome homenageia a mãe do mandatário. Atualmente, o único dono em ambos os negócios é um sobrinho de sua esposa.

Apesar do histórico familiar no ramo comercial, o prefeito atribuía a vocação para lidar com números e finanças aos anos em que serviu ao Exército, entre 1965 e 1976, no auge da ditadura militar. Em um debate eleitoral, chamou o período de "revolução", mas logo se corrigiu.

"Minha história é limpa. Se você olhar as histórias da revolução, não vai achar meu nome porque nunca participei de nada de ditadura", respondeu, após ser acusado de colaborar com o regime militar.

No Exército, chegou a sargento e exerceu a função de furriel, responsável pelo pagamento do pessoal e organização da alimentação das tropas. Enquanto servia, foi transferido para Brasília, onde se formou em Ciências Econômicas pelo Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub). Também foi diretor do Banco do Brasil e presidente da BrasilPrev.

Fuad estreou na política belo-horizontina ao assumir a Secretaria Municipal de Fazenda em 2017. Recém-eleito, o então prefeito Alexandre Kalil queria um tucano para cuidar das contas públicas e um petista para comandar a área social.

Com décadas de atuação técnica longe dos holofotes, o então secretário Fuad Noman já dava sinais que queria ser protagonista. Ele expressou a aliados o projeto de se candidatar a governador de Minas Gerais em 2018 e chegou a sondar nomes para montar seu plano de governo. A pretensão foi por água abaixo depois que Anastasia cedeu aos apelos do PSDB e aceitou ser o candidato.

A chapa majoritária, porém, viria dois anos depois. Após se filiar ao PSD, Fuad foi escolhido para ser vice de Kalil no pleito de 2020. Àquela altura, o cargo era amplamente cobiçado pois era certo que o ex-presidente do Atlético Mineiro, clube do qual Fuad foi conselheiro, deixaria a chefia da Prefeitura para se candidatar ao governo estadual. O vice, então, assumiria o Executivo a partir do final de março de 2022.

Tudo saiu como planejado. Uma vez no cargo, o novo mandatário buscou imprimir uma marca própria: enquanto Kalil adotava o discurso de que a prioridade era fazer escolas e hospitais já existentes funcionarem, Fuad focou na entrega de obras e adotou o slogan "prefeitando", em alusão às visitas e inaugurações que realizava, com destaque para medidas de combate às enchentes, problema crônico de Belo Horizonte, e intervenções para melhorar o trânsito.

Outra travessia realizada por Fuad foi política. Embora não fosse propriamente progressista, o ex-tucano apoiou a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a presidente em 2022 e subiu no palanque do petista em comícios realizados em Belo Horizonte. A eleição daquele ano também sacramentou o rompimento com Kalil - o prefeito não fez campanha para o aliado sob o argumento de que precisava administrar a cidade.

O período na Prefeitura coincidiu com o florescimento da veia literária de Fuad. Ele publicou três livros: o "Amargo e o Doce" (2017), com elementos aparentemente autobiográficos, já que conta a história de um garçom, profissão que o prefeito também exerceu no restaurante do pai; "Marcas do Passado" (2022), que aborda a trajetória de uma mulher vítima de violência e abuso; e "Cobiça" (2020), alvo de ataques de bolsonaristas que acusaram a obra de fazer apologia à pedofilia por citar o estupro coletivo de uma criança de 12 anos.

No tempo livre, Fuad se dedicava ao jardim e aos animais que criava em um sítio que possuía em Baldim (MG), município de 7 mil habitantes que fica a duas horas de carro de Belo Horizonte. Ele deixa a esposa, Mônica, dois filhos, Paulo Henrique e Gustavo, e quatro netos: João Pedro, Mateus, Isabela e Rafael.

Veja a íntegra da nota da Prefeitura de Belo Horizonte:

É com profundo pesar que a Prefeitura de Belo Horizonte informa o falecimento do prefeito Fuad Noman, ocorrido nesta data.

Fuad Noman dedicou décadas de sua vida ao serviço público, sempre pautado pelo compromisso com a ética, o diálogo e o bem-estar da população de Belo Horizonte. Economista por formação, com sólida trajetória na administração pública, Fuad ocupou importantes cargos no Governo Federal, Governo de Minas Gerais e na Prefeitura de Belo Horizonte, sempre deixando marcas de competência, responsabilidade e sensibilidade social.

Em 2022, assumiu o cargo de prefeito da capital mineira, e desde então conduziu a cidade com serenidade, firmeza e espírito público.

Fuad era conhecido por seu trato gentil, sua capacidade de escuta e seu amor por Belo Horizonte. Um homem público íntegro, cuja história se confunde com o desenvolvimento da nossa cidade.

Neste momento de dor, nos solidarizamos com os familiares, amigos e todos os cidadãos belo-horizontinos que perdem não apenas um líder, mas um exemplo de ser humano. A cidade se despede com gratidão e reverência.

Informações sobre o velório e homenagens serão divulgadas em breve.

Prefeitura de Belo Horizonte

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A fome vem matando cada vez mais palestinos em Gaza. Nesta terça-feira, 22, a ONU alertou que a crise humanitária atingiu um ponto crítico. O secretário-geral, António Guterres, fez um alerta. "Basta olhar para o horror que está acontecendo na Faixa de Gaza, com um nível de morte e destruição sem precedentes na história recente. A desnutrição está aumentando vertiginosamente. A fome está batendo em todas as portas", disse.

A organização também acusou o exército israelense de matar mais de 1.000 pessoas que buscavam comida em Gaza desde maio, a maioria perto de instalações da Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), entidade apoiada por Israel e EUA.

"Até 21 de julho, registramos 1.054 pessoas mortas em Gaza enquanto tentavam obter alimentos; 766 delas morreram perto das instalações da GHF e 288 perto de comboios de ajuda da ONU e de outras organizações humanitárias", disse em comunicado o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

A GHF começou a distribuir cestas básicas em 26 de maio, após mais de dois meses de bloqueio completo imposto por Israel à entrada de qualquer ajuda humanitária em Gaza, apesar dos alertas sobre o risco de fome. Os números significam que o exército israelense estaria matando mais de 18 palestinos por dia na fila da comida.

Fome

Um bebê de 6 semanas está entre os 15 palestinos que morreram de desnutrição e fome em Gaza em apenas 24 horas. Desde segunda-feira, 21, 33 palestinos, incluindo 12 crianças, morreram por falta de comida no território, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas.

Desde o início da guerra, em outubro de 2023, 101 palestinos, dos quais 80 crianças, morreram de desnutrição, segundo médicos de Gaza. De acordo com relatos, ninguém vem sendo poupado. Médicos, enfermeiros, jornalistas e trabalhadores humanitários também estão famintos.

O chefe da Agência da ONU para Refugiados Palestinos (UNRWA), Philippe Lazzarini, revelou que sua equipe, incluindo os médicos, estava desmaiando em serviço em razão da fome e da exaustão. Em entrevista à britânica BBC, o médico Mohamed Abu Salmiya, diretor do Hospital Shifa, da Cidade de Gaza, afirmou que 21 crianças morreram de fome desde domingo. "É um número alarmante de mortes, sendo que os pacientes diabéticos e renais correm um risco especial", afirmou.

Salmiya estima que cerca de 900 mil crianças sofram de fome grave em Gaza, sendo que 70 mil estão em estado severo de desnutrição. Os sintomas da fome, segundo ele, incluem desidratação e anemia. O atendimento é dificultado pelo fato de os hospitais já estarem sobrecarregados com as vítimas de tiros. "Os médicos não conseguem fornecer muito mais ajuda em casos de fome em razão da escassez de comida e de medicamentos", disse.

Jornalistas

A agência France-Presse também alertou que seus repórteres correm risco de morrer de fome. Em carta divulgada na segunda-feira, a associação de jornalistas da AFP diz que a agência trabalha com freelancers que estão vivendo em "miséria absoluta" e arriscando suas vidas para cobrir a guerra, "em meio à falta de comida, de água e de saneamento".

A Defesa Civil de Gaza e a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF) também identificaram um aumento acentuado nos casos de desnutrição. Desde 27 de maio, após um bloqueio total de mais de dois meses imposto por Israel, a pouca ajuda humanitária que entra é distribuída pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), criticada por ativistas, organizações internacionais, diplomatas e pela ONU. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, negou relatos da mídia local de que ele renunciaria em breve. Segundo o premiê, o foco do momento será garantir que o acordo comercial com os Estados Unidos seja executado sem problemas.

"Não houve qualquer discussão sobre o meu futuro", afirmou Ishiba a repórteres após reunião com os ex-primeiros-ministros Taro Aso, Yoshihide Suga e Fumio Kishida.

Mais cedo, a mídia local reportou que Ishiba planejava renunciar agora que o Japão chegou a um acordo com os Estados Unidos. A pressão para que Ishiba renuncie aumentou depois que a coalizão governista perdeu sua maioria na Câmara Alta nas eleições de domingo, 20.

"Meus maiores esforços serão dedicados a garantir que os meios de vida da população sejam devidamente protegidos. O que está sendo relatado é completamente falso", disse Ishiba.

Mais cedo, ao ser questionado se planeja renunciar, Ishiba afirmou que consideraria várias questões - incluindo seu futuro político - após o negociador comercial Ryosei Akazawa voltar de Washington e relatar detalhes do acordo comercial com os Estados Unidos. Fonte: Dow Jones Newswires*.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

O filho do ex-presidente dos Estados Unidos Joe Biden, Hunter Biden, afirmou em uma entrevista que o pai teve um desempenho desastroso no debate com Donald Trump nas eleições do ano passado por ter tomado zolpidem, um medicamento hipnótico indicado para insônia.

Segundo Hunter contou ao youtuber Andrew Callaghan nesta segunda-feira, 22, Biden havia viajado duas vezes à Europa e participado de um evento de arrecadação de fundos na Califórnia, e ficou exausto. "Eu sei o que houve naquele debate. Ele voou ao redor do mundo, pela quilometragem, poderia ter dado a volta na Terra três vezes. Ele tem 81 anos de idade, estava muito cansado", disse.

"Deram Ambien [zolpidem] para que ele pudesse dormir. Aí, ele subiu no palco e ficou igual a barata tonta", acrescentou.

O debate, ocorrido em junho do ano passado, alterou a campanha presidencial dos EUA. Biden teve lapsos de memória, mostrou fragilidade física e perdeu a linha de raciocínio. Por causa do desempenho, a candidatura entrou em crise e o então presidente passou a sofrer pressão de lideranças do Partido Democrata para renunciar à reeleição.

Quase um mês após o debate e semanas de pressão, Biden abriu mão da candidatura e Kamala Harris, sua vice-presidente, o substituiu.

Na entrevista da segunda, Hunter criticou os democratas, assessores do ex-presidente Barack Obama e o ator George Clooney por pressionarem Biden a desistir. "Eles acham que sabem mais do que o homem que conseguiu, ao contrário de todo mundo, ser eleito para o Senado dos EUA sete vezes e ter mais votos do que qualquer outro presidente?Acham que podem substituir o juízo dele?", disse o filho do ex-presidente.

Relembre o debate

Biden apareceu no primeiro debate presidencial contra Trump no ano passado com a voz rouca, sem dar respostas coerentes e com lapsos de memória que o faziam congelar nas respostas. O desempenho aumentou os temores relacionados a idade, que já era tema na campanha.

Após o debate, quase dois terços dos democratas queriam que ele desistisse da disputa, de acordo com uma pesquisa divulgada um mês após o episódio pela Associated Press e pela NORC, uma instituição de pesquisa independente da Universidade de Chicago.

Embora a idade avançada do candidato tenha aparecido como um fator de preocupação entre os eleitores desde as primeiras pesquisas eleitorais, dúvidas sobre a capacidade de governar explodiram após o debate. Até ele desistir, outros episódios aconteceram, como confundir Volodmir Zelenski com Vladimir Putin e dizer que Trump era seu vice.

O que é zolpidem?

Zolpidem é um remédio de uso controlado da classe terapêutica dos hipnóticos, indicado para indução do sono como tratamento de curta duração para a insônia.

Disponível há mais de 30 anos no mercado, o fármaco ganhou popularidade pela facilidade na prescrição médica em relação às outras medicações para mesma finalidade e também pelos relatos de efeitos colaterais, como amnésia e alucinações.

No Brasil, a resolução da Anvisa afirma que qualquer medicamento contendo zolpidem deverá ser prescrito por meio de Notificação de Receita B (azul), já que o produto faz parte da lista de substâncias psicotrópicas englobadas pela norma de substâncias controladas no País.

A receita tipo B exige que o profissional prescritor seja previamente cadastrado na autoridade local de vigilância sanitária.