Corregedoria do CNJ cria teto de R$ 46,3 mil para penduricalhos de juízes

Política
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A Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão de administração do Poder Judiciário, definiu que os penduricalhos pagos pelos tribunais a magistrados podem chegar ao limite de R$ 46,3 mil mensais, valor que corresponde ao teto do funcionalismo público.

Fica autorizado o estouro em 100% do limite constitucional pago a servidores, que é de R$ 46,3 mil - remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Na prática, cria-se um teto exclusivo para magistrados, de R$ 92,6 mil mensais.

É a primeira vez que o Conselho Nacional de Justiça estabelece um limite para os extras que engordam contracheques de juízes e desembargadores. Em vários tribunais o acúmulo de penduricalhos garante a desembargadores subsídios de R$ 200 mil mensais.

A decisão da Corregedoria Nacional de Justiça não é impositiva. Formalmente, os tribunais não são obrigados a observar o valor, mas podem sofrer punições se a Corregedoria do CNJ for acionada. Os tribunais têm autonomia administrativa e financeira, mas a Corregedoria Nacional de Justiça pode anular decisões de gestão se considerar que há ilegalidade.

Em nota, o CNJ informou que a decisão não tem "efeitos vinculantes", mas deve "inspirar a adoção de providências idênticas por todos os tribunais".

Se, por um lado, a decisão estabelece um limite objetivo para os penduricalhos na magistratura, de outro, reconhece como válidos os pagamentos que estouram o teto constitucional. Todos os benefícios, alegam os tribunais quando questionados, estão previstos em legislações específicas, resoluções administrativas e regimentos internos.

Embora a Constituição limite o subsídio do funcionalismo público ao que ganha um ministro do STF, magistrados recebem auxílios que não entram nesse cálculo. Verbas indenizatórias (como auxílios para transporte, alimentação, moradia e saúde) e vantagens eventuais (como 13º salário, reembolso por férias atrasadas e eventuais serviços extraordinários prestados) são contados fora do teto, abrindo caminho para os chamados "supersalários".

Como mostrou o Estadão, magistrados receberam salários de até R$ 678 mil em 2024. As folhas de pagamento são infladas por essas verbas extras.

O teto para os penduricalhos foi definido pelo ministro Mauro Campbell, corregedor do CNJ, ao analisar um pedido do Tribunal de Justiça de Sergipe para pagar o Adicional por Tempo de Serviço (ATS) retroativo aos magistrados do Estado.

Na decisão, o ministro afirma que "o pagamento de qualquer passivo funcional, seja de forma isolada ou cumulativa, independentemente de sua natureza remuneratória ou indenizatória, não poderá exceder, mensalmente, o valor supramencionado (R$ 46.336,19)".

Benefício extinto há quase 20 anos, o adicional por tempo de serviço, conhecido popularmente como quinquênio, acarreta um aumento automático de 5% nos vencimentos a cada cinco anos e não entra no cálculo do teto remuneratório. Tribunais vêm pagando o bônus com base em uma decisão do Conselho da Justiça Federal que restabeleceu o penduricalho no âmbito da Justiça Federal. A medida foi "copiada" por tribunais estaduais e do Trabalho.

Em sua decisão, o ministro Mauro Campbell afirmou que não há "qualquer notícia de impedimento na seara jurisdicional ou administrativa para o pagamento em questão" e autorizou o ATS retroativo com a advertência de que o Tribunal de Sergipe deve observar a "disponibilidade financeira e orçamentária do Poder Executivo, devendo, ainda, abster-se de requerer suporte financeiro complementar para implementação da despesa pública".

Para Guilherme Stumpf, advogado especialista em Direito Administrativo, a decisão legaliza uma espécie de "extrateto". "O regime de subsídio foi instituído justamente para acabar com todos esses penduricalhos e se criar uma forma única de vencimento. O que se vê a todo momento são tentativas de furar o teto ou de criar coisas que se somem a ele", critica.

O advogado afirma que os benefícios para carreiras do Judiciário e do Ministério Público vêm sendo criados administrativamente, sem passar pelo crivo do Poder Legislativo, e sem parâmetros claros.

"É preciso que possamos discutir essas questões abertamente e que o próprio Judiciário se proponha e participe do debate. Invalidar qualquer crítica ao sistema remuneratório por si só acaba enfraquecendo a transparência. É urgente que discutamos isso de forma franca."

Stumpf avalia que, embora não tenha efeito vinculante, a decisão da Corregedoria do CNJ tende a ser seguida pelos tribunais do País. "É verdade que a decisão determina que tais pagamentos devem estar condicionados à disponibilidade financeira de cada Estado. Na prática, contudo, não há qualquer garantia de que os tribunais não irão requerer abertura de créditos aos governadores para pagamento dessa despesa", acrescenta o advogado.

A PEC do corte de gastos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prevê, entre outras medidas, acabar com salários acima do teto no funcionalismo público. A proposta gerou forte reação nos tribunais e nas associações de magistrados, que vêm criticando duramente qualquer hipótese de mudança.

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, também busca pautar o debate. Em decisão recente, o ministro classificou a concessão de benefícios a magistrados fora do teto do funcionalismo público como "inaceitável vale-tudo".

COM A PALAVRA, O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA

Toda decisão monocrática proferida pelo corregedor Nacional de Justiça ou por qualquer conselheiro é passível de impugnação por recurso ao Plenário, de acordo com o Regimento Interno do Conselho Nacional de Justiça.

As decisões do corregedor Nacional de Justiça são tomadas caso a caso, sem efeitos vinculantes. Significa dizer que a decisão tomada no caso do TJSE produz efeitos apenas em relação àquela Corte, nada obstante deva inspirar a adoção de providências idênticas por todos os Tribunais;

A limitação estabelecida na decisão teve como baliza para o pagamento de valores retroativos o teto remuneratório do funcionalismo público. Tal decisão foi tomada para se estabelecer um critério objetivo.

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O presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, disse em seu perfil do Truth Social, neste sábado, 26, que o primeiro-ministro do Camboja, Hun Sen, e o primeiro-ministro interino da Tailândia, Phumtham Wechayachai, concordaram em buscar um cessar-fogo e paz "imediatos".

Segundo a série de três posts, Trump intermediou a discussão entre ambos. Na primeira publicação, o republicano mencionou que teria dito aos líderes que, como "coincidentemente" há uma tratativa em curso, não fecharia acordos com nenhum dos dois países se eles estivessem em conflito.

"Estou tentando simplificar uma situação complexa! Muitas pessoas estão sendo mortas nesta guerra, mas isso me lembra muito o conflito entre o Paquistão e a Índia, que foi interrompido com sucesso", apontou.

Na terceira publicação, o presidente dos EUA mencionou que Sen e Wechayachai também estariam interessados em voltar à mesa de negociações com os Estados Unidos. "Eles concordaram em se reunir imediatamente e trabalhar rapidamente para estabelecer um cessar-fogo e, finalmente, a PAZ!", ressaltou Trump.

"Foi uma honra lidar com ambos os países. Eles têm uma longa e rica história e cultura. Esperamos que eles se entendam por muitos anos. Quando tudo estiver resolvido e a paz for alcançada, estou ansioso para concluir nossos acordos comerciais com ambos!", escreveu.

As tensões entre os dois países começaram em maio, após a morte de um soldado cambojano em um confronto na fronteira. A disputa escalou na quarta-feira passada, quando um soldado tailandês perdeu a perna na explosão de uma mina terrestre. A Tailândia expulsou o embaixador do Camboja e retirou o seu embaixador do país vizinho.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast

Ataques aéreos e tiros israelenses mataram pelo menos 25 pessoas durante a madrugada de sábado, 26, segundo autoridades de saúde palestinas e o serviço local de ambulâncias, enquanto as negociações de cessar-fogo parecem ter estagnado e Gaza enfrenta fome.

A maioria das vítimas foram mortas por tiros enquanto esperavam por caminhões de ajuda perto da passagem de Zikim com Israel, disseram funcionários do hospital Shifa, onde os corpos foram levados.

O exército de Israel não respondeu a uma solicitação de comentários sobre os tiroteios.

A morte de pessoas em busca de comida não é novidade na região, e dezenas de pessoas tem sido vitimadas semanalmente nesse mesmo modelo. Segundo autoridades de Gaza, só no último dia 20 pelo menos 85 palestinos foram mortos enquanto tentavam obter ajuda.

Entre os mortos nos ataques aéros deste sábado estavam quatro pessoas em um prédio de apartamentos na Cidade de Gaza, disseram funcionários do hospital e o serviço de ambulâncias.

As negociações de cessar-fogo entre Israel e Hamas estavam paralisadas depois que os EUA e Israel retiraram as equipes negociadoras na quinta-feira.

O primeiro-ministro israelense Binyamin Netanyahu disse na sexta-feira que seu governo estava considerando "opções alternativas" às negociações de cessar-fogo. Um oficial do Hamas, no entanto, disse que as negociações deveriam ser retomadas na próxima semana e descreveu a retirada das delegações israelense e americana como uma tática de pressão.

Egito e Catar, que mediam as conversas ao lado dos Estados Unidos, disseram que a pausa é apenas temporária e que as negociações seriam retomadas. Eles não disseram quando.

Crianças morrendo de fome

As Nações Unidas e especialistas dizem que os palestinos em Gaza estão em risco de fome, com relatos de números crescentes de pessoas morrendo por causas relacionadas à desnutrição. E agora crianças sem condições preexistentes começaram a morrer de fome.

Embora o exército de Israel diga que está permitindo a entrada de ajuda no enclave sem limite no número de caminhões que podem entrar, a ONU diz estar sendo impedida pelas restrições militares israelenses em seus movimentos e incidentes de saques criminosos. A polícia controlada pelo Hamas havia fornecido segurança para a entrega segura de ajuda, mas não conseguiu operar depois de ser alvo de ataques aéreos israelenses.

Israel disse no sábado que mais de 250 caminhões carregando ajuda da ONU e outras organizações entraram em Gaza esta semana. Cerca de 600 caminhões entravam por dia durante o último cessar-fogo que Israel encerrou em março.

Os últimos tiroteios na passagem de Zikim ocorrem dias depois que pelo menos 80 palestinos foram mortos tentando alcançar ajuda que entrava pela passagem. O exército de Israel na época disse que seus soldados atiraram em uma reunião de milhares de palestinos que "representavam uma ameaça".

Durante os tiroteios na sexta-feira à noite, Sherif Abu Aisha disse que as pessoas começaram a correr quando viram uma luz que pensaram ser dos caminhões de ajuda, mas quando se aproximaram, perceberam que era dos tanques de Israel. Foi então que o exército começou a atirar nas pessoas, ele disse à Associated Press. Ele disse que seu tio, pai de oito filhos, estava entre os mortos.

"Fomos porque não há comida... e nada foi distribuído", disse ele.

Homens carregaram os últimos corpos pelos escombros no sábado. Um menino pequeno chorava sobre um cadáver.

Israel enfrenta crescente pressão internacional para aliviar a crise humanitária catastrófica de Gaza. Mais de duas dúzias de países alinhados ao Ocidente e mais de 100 grupos de caridade e direitos humanos pediram o fim da guerra, criticando duramente o bloqueio de Israel e um novo modelo de entrega de ajuda que implementou.

Mais de 1.000 palestinos foram mortos pelas forças israelenses desde maio enquanto tentavam conseguir comida, principalmente perto dos novos locais de ajuda administrados por um contratante americano, diz o escritório de direitos humanos da ONU.

As organizações de caridade e grupos de direitos disseram que mesmo seus próprios funcionários estavam lutando para conseguir comida suficiente.

Ataques aéreos

Pela primeira vez em meses, Israel disse que está permitindo lançamentos aéreos, solicitados pela vizinha Jordânia. Um oficial jordaniano disse que os lançamentos aéreos serão principalmente comida e fórmula de leite.

A Grã-Bretanha planeja trabalhar com parceiros como a Jordânia para lançar ajuda do ar e evacuar crianças que precisam de assistência médica, disse o escritório do primeiro-ministro Keir Starmer no sábado. O escritório não deu detalhes.

Mas o chefe da agência das Nações Unidas para refugiados palestinos, Philippe Lazzarini, alertou nas redes sociais que os lançamentos aéreos são "caros, ineficientes e podem até matar civis famintos" e não reverterão a fome crescente ou impedirão o desvio de ajuda.

O presidente Donald Trump jogou golfe neste sábado, 26, em seu campo na costa da Escócia, enquanto manifestantes em todo o país foram às ruas para condenar sua visita e acusar os líderes do Reino Unido de "bajular" o americano.

Trump e seu filho Eric jogaram com o embaixador americano na Grã-Bretanha, Warren Stephens, perto de Turnberry, um campo histórico que a empresa da família Trump assumiu em 2008. Centenas de manifestantes se reuniram na rua de paralelepípedos e arborizada em frente ao Consulado Americano, cerca de 160 quilômetros de distância em Edimburgo, capital da Escócia.

Oradores em um palco improvisado disseram à multidão que Trump não era bem-vindo e criticaram o primeiro-ministro britânico Keir Starmer por fechar um acordo comercial recente para evitar tarifas rígidas dos EUA sobre produtos importados do Reino Unido.

Protestos foram planejados em outras cidades, com ativistas ambientais, opositores da guerra de Israel com o Hamas em Gaza e grupos pró-Ucrânia formando vagamente uma "Coalizão Pare Trump".

"Acho que há países demais sentindo a pressão de Trump e que sentem que têm que aceitá-lo, mas não deveríamos aceitá-lo aqui", disse June Osbourne, de 52 anos, fotógrafa e historiadora de fotos de Edimburgo que protestou vestindo uma capa vermelha e capuz branco, lembrando O Conto da Aia. Osbourne segurava uma foto de Trump com "Resista" carimbado sobre seu rosto.

A cidadã dupla americano-britânica disse que o presidente republicano era "a pior coisa que aconteceu ao mundo, aos EUA, em décadas".

Os protestos de sábado não foram nem de longe tão grandes quanto as multidões que saíram por toda a Escócia quando Trump jogou no resort durante seu primeiro mandato em 2018.

Mas gaitas tocaram, pessoas gritaram "Trump Fora!" e levantaram placas caseiras que diziam "Nada de tapete vermelho para ditadores", "Não te queremos aqui" e "Pare Trump. Migrantes são bem-vindos".

Um cachorro tinha uma placa que dizia "Nada de petiscos para tiranos".

Alguns representantes da extrema direita foram às redes sociais para convocar reuniões apoiando Trump em lugares como Glasgow. Ao chegar na Escócia na sexta-feira à noite, Trump repreendeu líderes europeus por não reprimir a imigração. "Esta imigração está matando a Europa", ele disse.

"É melhor vocês se organizarem", disse Trump. "Vocês não vão mais ter Europa".

Viagem mescla política com negócios da família

Aos 79 anos e de volta à Casa Branca, Trump chega na Escócia enquanto o negócio de sua família se prepara para a abertura de 13 de agosto de um novo campo de golfe com seu nome. A viagem demonstra como o presidente se tornou cada vez mais confortável em misturar suas atividades governamentais com a promoção dos interesses comerciais de sua família.

Trump estará na Escócia até terça-feira e planeja discutir comércio com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e a presidente da Comissão Europeia Ursula von der Leyen.

A área de Aberdeen já abriga outro de seus campos, Trump International Scotland, e o presidente republicano também está visitando um campo Trump perto de Turnberry, cerca de 320 quilômetros de distância na costa sudoeste da Escócia. Trump disse na chegada, na sexta-feira à noite, que seu filho "vai cortar uma fita" para o novo campo durante sua viagem.

A Casa Branca descartou questões sobre potenciais conflitos de interesse, argumentando que o sucesso comercial de Trump antes de entrar na política foi fundamental para seu apelo junto aos eleitores. A porta-voz da Casa Branca Taylor Rogers chamou a passagem pela Escócia de "viagem de trabalho", mas acrescentou que Trump "construiu os melhores e mais belos campos de golfe de classe mundial em qualquer lugar do mundo".

O novo campo de golfe da família Trump já está vendendo horários de jogo ativamente. "Estamos em um ponto onde o governo Trump está tão entrelaçado com os negócios Trump que ele não parece ver muita diferença", disse Jordan Libowitz, vice-presidente da organização de vigilância ética Citizens for Responsibility and Ethics in Washington.

Durante seu primeiro mandato, a Trump Organization assinou um pacto ético proibindo negócios com empresas estrangeiras. Uma estrutura ética para o segundo mandato de Trump os permite.

Trump não é o primeiro presidente americano em exercício a jogar golfe na Escócia. Esse foi Dwight D. Eisenhower, que jogou em Turnberry em 1959. George W. Bush visitou o famoso campo em Gleneagles em 2005, mas não jogou.