'Gabinete do ódio' no Planalto atuava em salinha sem janela, disse Cid em delação

Política
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O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens no governo Jair Bolsonaro (PL), afirmou em delação premiada que o gabinete do ódio, revelado pelo Estadão em 2019, atuava em uma "salinha pequenininha" que "não tinha nem janela" no mesmo andar do gabinete do ex-presidente.

De acordo com o delator, o grupo, responsável pela estratégia de comunicação digital do ex-presidente e adotava um tom belicoso para lidar com os adversários políticos, era formado por "três garotos que eram assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro": Tércio Arnaud Tomaz, então assessor da Presidência, José Mateus (Sales Gomes) e Mateus, sem saber citar o sobrenome do terceiro assessor.

A sala em que o grupo atuava, no terceiro andar do Palácio do Planalto, não tinha controle de entrada e saída, segundo Cid.

Os três foram assessores da Presidência. José Mateus Sales Gomes, Mateus Matos Diniz e Leonardo Augusto Matedi Amorim têm uma empresa de comunicação, chamada "Agência Mellon", que foi contratada pelo gabinete do deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) para fazer a comunicação do mandato, como revelado pelo Estadão.

Cid relata que os três atuavam dentro da estrutura da assessoria do ex-presidente, nomeados formalmente, desde o inicio do governo, em 2019. Segundo ele, o grupo fazia o acompanhamento das mídias sociais sob o comando do vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (PL), filho "02" de Bolsonaro. De acordo com a delação, Carlos "ditava o que eles teriam que colocar, falar".

A existência do gabinete paralelo veio à tona por ser um motivo de dissidência no clã Bolsonaro. O filho mais velho do ex-presidente, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), não concordava com a estratégia de ataque e acreditava que as ações do "gabinete do ódio" atrapalhavam as articulações do governo. O pai ora cedia às estratégias do grupo, ora não.

O vereador administrava as redes sociais do ex-presidente, com exceção do Facebook. Segundo Cid, o grupo "sentia a temperatura das redes sociais", publicava matérias que davam engajamento, de alguma forma, dentro do grupo, e fazia contatos com influenciadores para que as mensagens fossem replicadas.

De acordo com o relato de Cid, o grupo exercia forte influencia sob Bolsonaro. Ele cita que "eles brigavam com o ex-presidente porque o presidente publicava coisas que eles não queriam, que principalmente Carlos Bolsonaro, não queria que as mídias sociais do presidente fossem aquelas mídias enfadonhas".

Segundo Cid, o gabinete do ódio ficava no terceiro piso do Palácio Planalto, em uma "salinha pequenininha" que "não tinha nem janela" no mesmo andar do gabinete do presidente. O delator relata que não havia controle de entrada e saída.

Indagado sobre a atuação do gabinete do ódio para "desacreditar determinadas pessoas que fossem contrárias aos seus interesses", Cid respondeu que não sabia "detalhes do que eles publicavam, como eles faziam".

Ataques ao sistema eletrônico de votação

Especificamente em relação aos ataques ao sistema eletrônico de votação, Cid respondeu que a desconfiança nas urnas eletrônicas, no sistema eleitoral, sempre foi urna pauta do ex-presidente e que ele "sempre quis que tivesse urna impressora ali ao lado para imprimir".

Segundo Cid, Bolsonaro era o responsável pelas mensagens encaminhadas a seus contatos e que ele encaminhou "notícias falsas identificadas envolvendo empresários". Indagado sobre ataques a ministros STF, identificados na investigação, encaminhados por meio do telefone do ex-presidente, Cid afirmou que era o próprio Bolsonaro que encaminhava as mensagens.

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Um grupo formado por cerca de 600 ex-funcionários de alto escalão do governo israelense, incluindo ex-diretores do Mossad, da agência de segurança interna Shin Bet, do exército e do corpo diplomático, pediu ao presidente dos EUA, Donald Trump, que pressione o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu a encerrar a guerra na Faixa de Gaza. A solicitação foi feita em uma carta aberta divulgada nesta segunda-feira, 4, pelo movimento batizado de Comandantes pela Segurança de Israel (CIS).

"Sua credibilidade junto à maioria dos israelenses aumenta sua capacidade de orientar o premiê na direção correta: acabar com a guerra, devolver os reféns, pôr fim ao sofrimento", diz o documento, que teve entre os signatários três ex-chefes do Mossad, cinco ex-diretores do Shin Bet e três ex-chefes do Estado-Maior das forças armadas.

Em vídeo, Ami Ayalon, ex-diretor do Shin Bet, aparece em uma mesa ao lado de várias outras figuras do aparato de segurança de Israel. Ele afirma que o conflito já ultrapassou os limites de uma "guerra justa" e agora ameaça "a identidade moral do Estado de Israel".

A gravação, divulgada pela rádio do exército no X, afirma que os ex-comandantes acumulam "mais de mil anos de experiência combinada em segurança nacional e diplomacia" e participaram dos processos decisórios mais sensíveis da história recente do país.

Objetivos

O CIS pede que Trump atue de forma semelhante à que atuou no Líbano, quando interveio politicamente para conter a crise afirmando que "é hora de fazer o mesmo em Gaza". Segundo o texto, os dois principais objetivos militares da guerra - desmantelar o Hamas e sua estrutura militar - já foram atingidos. "O terceiro objetivo, e o mais importante, só pode ser alcançado por meio de um acordo: trazer todos os reféns de volta para casa", afirma a carta.

"Estamos à beira da derrota", disse Tamir Pardo, ex-chefe do Mossad, ressaltando que as condições humanitárias em Gaza são "resultado direto das ações de Israel". "Nós nos escondemos por trás de uma mentira que nós mesmos criamos. Essa mentira foi vendida ao povo israelense. Mas o mundo já entendeu que ela não corresponde à realidade." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A estatal chilena Codelco anunciou que contratará uma auditoria internacional para investigar as causas do desabamento ocorrido na última quinta-feira, 31, na mina El Teniente, no Chile, que resultou na morte de seis trabalhadores.

"Essa comissão investigadora, com especialistas internacionais, se reportará diretamente ao conselho da empresa e nos ajudará a determinar o que fizemos de errado", afirmou Máximo Pacheco, presidente do conselho da Codelco.

O anúncio da nova investigação veio horas depois de os socorristas encontrarem o corpo da última vítima desaparecida, Moisés Esteban Pávez, segundo informou o promotor regional de O'Higgins, Aquiles Cubillos. A área do desabamento foi interditada para facilitar os trabalhos periciais.

O presidente Gabriel Boric retornou ao local pela segunda vez consecutiva e decretou luto nacional de três dias. "É necessário ter total objetividade e evitar qualquer tipo de defesa corporativa para que possamos apurar não apenas o que aconteceu, mas também as responsabilidades pelo ocorrido. Tem que haver justiça", declarou o mandatário chileno.

Os corpos dos últimos trabalhadores que permaneciam dentro da mina foram recuperados por volta do meio-dia de domingo, 3, após os restos mortais de outra das vítimas terem sido localizados no dia anterior.

Alex Araya Acevedo, Carlos Andrés Arancibia Valenzuela, Gonzalo Ignacio Núñez Caroca, Moisés Pavez e Jean Miranda são as vítimas que se juntam a Paulo Marín Tapia, o primeiro trabalhador encontrado morto.

O funeral de Marín Tapia ocorreu no domingo, 3, a poucos metros da área de busca, onde centenas de pessoas se reuniram e montaram um altar improvisado com velas, bandeiras e cartazes.

Todos os trabalhadores atuavam no Projeto Andesita, um setor com 25 quilômetros de túneis e 85 pontos de extração dentro da mina El Teniente - a maior mina de cobre do mundo.

As autoridades locais de prevenção e resposta a desastres informaram que o acidente foi causado por um "desabamento provocado por um sismo na área", na comuna de Machalí, região de O'Higgins, a cerca de 100 quilômetros de Santiago.

No entanto, as investigações ainda buscam determinar se o tremor foi causado por atividade sísmica natural - um terremoto de magnitude 4,2 registrado na região na tarde de quinta-feira - ou pelas operações internas da própria mina. O Ministério Público confirmou a abertura de uma investigação.

O presidente Boric esteve no local no sábado, 2, para conversar com os familiares das vítimas e acompanhar os trabalhos de busca, junto com ministros do governo, promotores regionais e membros da Polícia de Investigações.

Cerca de 500 trabalhadores que atuavam no setor foram retirados após o acidente. Outros 2.500 empregados do complexo também foram levados a abrigos após a ativação dos protocolos de emergência.

O Chile é conhecido por sua forte atividade mineradora e abriga algumas das maiores reservas de cobre e lítio do planeta, além de extrair ouro, prata, ferro e chumbo. Apesar disso, acidentes em minas não são incomuns, muitas vezes provocados pelos frequentes tremores de terra no país.

Em fevereiro deste ano, um desabamento em uma mina subterrânea na região do Atacama, ao norte do país, deixou três mortos. E em 2010, o Chile protagonizou um dos resgates mais marcantes de sua história, quando 33 mineiros ficaram soterrados por mais de dois meses na mina San José - um caso que ganhou repercussão mundial.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.

O presidente da Argentina, Javier Milei, vetou na segunda-feira, 4, uma tentativa de aumentar os gastos com pensões no país e uma lei que expande as proteções para pessoas com deficiência, dizendo que a lei teria minado sua promessa principal de eliminar o déficit fiscal crônico antes das eleições de meio de mandato em outubro.

Ao publicar as justificativas de veto, o governo de Milei disse que o Congresso aprovou no mês passado os projetos de lei de gastos - destinados a compensar mais completamente os aposentados pela inflação e oferecer mais benefícios financeiros para pessoas com deficiência - "sem determinar a origem dos fundos". Ele disse que os projetos "contradiziam o mandato popular (de Milei)" de reduzir a inflação.

Desde que assumiu o poder no final de 2023, Milei vetou todos os esforços para aumentar os gastos públicos, frequentemente usando o slogan "não há dinheiro" contra as demandas da população para que ele restaurasse os subsídios. O governo projeta que os gastos adicionais, incluindo um aumento de 7,2% nas pensões, representarão cerca de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano e 1,68% no próximo.