Saiba quem são os candidatos à presidência da Câmara e os seus apoiadores

Política
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Três deputados federais disputarão a presidência da Câmara dos Deputados neste sábado, 1.º, na eleição para o biênio 2025-2026: Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ), Hugo Motta (Republicanos-PB) e Marcel van Hattem (Novo-RS).

Hugo Motta desponta como favorito na disputa para a presidência da Casa. O deputado federal já assegurou o apoio de 17 bancadas, além de contar com o respaldo público do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). A base de partidos que declara apoio ao deputado paraibano soma 488 parlamentares, mas o voto secreto traz incertezas sobre a fidelidade dos integrantes dessas bancadas.

Apesar de ser amplo favorito, Motta precisa garantir ao menos 257 votos para vencer a eleição. Nesta segunda-feira, 27, Motta recebeu outros dois apoios públicos em São Paulo. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), se reuniram com o deputado em uma pizzaria no bairro Higienópolis, em São Paulo e reforçaram o apoio ao deputado.

No jantar, Tarcísio afirmou que a bancada paulista "está fechada" com a candidatura de Motta. Segundo ele, o objetivo do evento era apresentar demandas e projetos, além de "pavimentar um caminho" para debates futuros

O evento foi organizado pelo deputado Maurício Neves, presidente estadual do Progressistas, e também teve participação dos também parlamentares paulistas Marcos Pereira, presidente do Republicanos, e Arnaldo Jardim, líder do Cidadania.

Entre os adversários de Motta na disputa, está o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ). O PSOL tem 13 deputados na bancada - Fernanda Melchionna, pelo Rio Grande do Sul; Célia Xakriabá, por Minas Gerais; Tarcísio Motta, Chico Alencar, Pastor Henrique Vieira, Talíria Petrone e Glauber Braga, pelo Rio de Janeiro; e Ivan Valente, Luiza Erundina, Sâmia Bomfim, Érika Hilton, Profª Luciene Cavalcante e Guilherme Boulos, por São Paulo - e há duas eleições lança candidatura própria.

Nesta segunda-feira, 27, o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) também anunciou oficialmente sua candidatura à presidência da Câmara. A candidatura enfrenta resistência devido ao favoritismo de Hugo Motta, que conta com o apoio de PT, PL, Republicanos, entre outros partidos. Ainda assim, Van Hattem pode atrair votos de bolsonaristas descontentes.

Hugo Motta (Republicanos-PB)

Médico de formação, Hugo Motta tem 35 anos e é natural de João Pessoa, capital da Paraíba. Ele é de uma família política tradicional de Patos, no interior do Estado. A avó materna, o avô paterno e o pai dele foram prefeitos do município. O avô materno dele, Edivaldo Mota, ocupou uma cadeira da Câmara entre 1987 e 1992.

O nome de Motta para a sucessão de Lira não era apontado até o fim de agosto do ano passado, quando o Centrão e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva articularam para colocá-lo como sucessor ao comando da Casa, o que foi aceito pelo alagoano.

Além de fazer parte do grupo de lideranças do Centrão que orbita em torno de Lira, Motta é apontado como um parlamentar capaz de unir os dois grandes blocos da Casa. O paraibano integra a aliança que reúne Republicanos, MDB, PSD e Podemos, mas tem trânsito com o PP e o União Brasil.

A carreira política de Hugo Motta começou em 2010, quando se elegeu deputado federal aos 21 anos e 22 dias de idade, obtendo 86.150 votos. Na ocasião, se tornou o parlamentar mais jovem da história a ser eleito, feito que mantém até hoje.

Com o reduto eleitoral em Patos, Motta se candidatou a uma vaga na Câmara outras três vezes, em 2014, 2018 e 2022, e saiu vitorioso em todos os pleitos.

Entre 2010 e 2018, Hugo Motta foi filiado ao MDB. No partido, ele se tornou um dos membros da "tropa de choque" de Eduardo Cunha. Hoje, Hugo Motta é próximo do governo federal, mas, em 2016, ele votou a favor do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. A petista teve o mandato cassado devido ao escândalo das pedaladas fiscais, revelado pelo Estadão.

Oito anos após o impeachment de Dilma, Motta se tornou uma figura próxima do governo Lula na Paraíba. Ele tem boa relação com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e recebeu afagos da equipe econômica em um evento realizado em janeiro do ano passado.

Motta deixou o MDB em 2018, se filiando ao Republicanos. Com influência no partido, hoje ele é líder da bancada da sigla na Câmara. O favorito a presidir a Casa é mais próximo de Lira do que do deputado federal Marcos Pereira (Republicanos-SP), presidente nacional da sigla.

Como mostrou o Estadão, aliados dizem que ele é "correto", "competente" e tem "palavra", ou seja, cumpre o que promete. O círculo próximo de Motta também o classifica como um parlamentar atencioso com os deputados, não apenas com os líderes, mas também com o chamado "baixo clero", termo usado para se referir a parlamentares de pouca expressão política na Câmara.

Pastor Henrique Vieira (PSOL)

O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) anunciou a candidatura do deputado Pastor Henrique Vieira à sucessão de Lira na presidência da Câmara. O deputado eleito pelo Rio está em seu primeiro mandato na Câmara, eleito em 2022.

Henrique Vieira nasceu em Niterói em 15 de abril de 1987. É graduado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em Teologia pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro e em História pela Universidade Salgado de Oliveira.

Em 2012, foi eleito vereador em Niterói com 2.878 votos, mas não se reelegeu em 2016, atingindo 3.457 votos. Pastor da Igreja Batista do Caminho, no Rio de Janeiro, Vieira se filiou ao PSOL em 2007.

O pastor é conselheiro do Instituto Vladimir Herzog e, em 2022, se tornou um dos cinco deputados federais eleitos no Estado do Rio de Janeiro pelo PSOL, com 53.933 votos. A legenda tem 13 deputados na bancada.

Marcel Van Hattem (Novo)

O deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) anunciou oficialmente sua candidatura à presidência da Câmara para, segundo ele, representar uma alternativa de oposição ao governo Lula.

"Não estamos confortáveis com o fato de termos apenas duas candidaturas lançadas, uma do Centrão e outra do PSOL. A oposição precisa ter uma opção, pois entendo que não podemos ficar nas mãos dos mesmos grupos que têm dominado a Câmara e o Senado há tantos anos", disse Van Hattem em nota divulgada nesta segunda-feira, 27.

O deputado se comprometeu ainda com pautas como o impeachment do presidente Lula e a anistia aos envolvidos nos atos do 8 de Janeiro. Além disso, o Van Hattem também defendeu o combate ao abuso de autoridade, criticando o que considera interferências do Supremo Tribunal Federal (STF) e da Polícia Federal (PF).

Com apenas quatro deputados na Câmara, o Novo quer marcar posição e influenciar o debate com a candidatura de Van Hattem. Ele já disputou outras eleições para o comando da Casa, sem sucesso, mas mantém o discurso de que representa uma oposição aos interesses "fisiológicos" e à aliança com o governo.

A candidatura enfrenta resistência devido ao favoritismo de Hugo Motta, que conta com o apoio de PT, PL, Republicanos, entre outros partidos. Ainda assim, Van Hattem pode atrair votos de bolsonaristas descontentes.

Recentemente, Van Hattem foi indiciado pela Polícia Federal após acusar o delegado Fábio Schor de produzir "relatórios fraudulentos". Durante um discurso na Câmara, em agosto, ele chamou o delegado de "bandido" e afirmou: "Tenho imunidade parlamentar". O indiciamento provocou reações, inclusive da defesa de Jair Bolsonaro (PL), que classificou a ação como um "ataque ao Parlamento brasileiro."

Em resposta, Van Hattem chamou o indiciamento de "ridículo" e reafirmou sua postura crítica em relação à Polícia Federal. Ele também criticou o indiciamento de Bolsonaro e outras 39 pessoas por suspeita de tramar um golpe, que incluía o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes. "Esses relatórios têm mais furos que queijo suíço", disse.

Atualmente, Van Hattem exerce seu segundo mandato de deputado federal pelo Rio Grande do Sul. Foi vereador do município de Dois Irmãos aos 18 anos, eleito com 697 votos, em 2004; candidato a deputado estadual por três vezes (2006, 11. 656 votos; 2010, 14.068 votos; 2014, 35.345 votos); presidente da Juventude Progressista Gaúcha (2007-2009); e diretor Acadêmico da Fundação Tarso Dutra de Estudos Políticos e Administração Pública.

Trabalhou como assessor especial para relações internacionais e economia na Câmara dos Deputados.

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Um homem abriu fogo nesta segunda-feira, 28, na Park Avenue, uma das avenidas mais movimentadas de Nova York e feriu ao menos duas pessoas, um deles um policial, antes de ser abatido pela polícia. Não há informações ainda sobre as causas do ataque.

O ataque ocorreu em um prédio no centro da cidade que abriga diversas empresas de grande porte e também é sede da NFL, a liga de futebol americano.

Segundo o Corpo de Bombeiros, equipes de emergência foram acionadas por volta das 19h30 (no horário de Brasília). A polícia não forneceu informações adicionais.

O prefeito Eric Adams publicou nas redes sociais que havia uma ocorrência ativa no centro da cidade e pediu que as pessoas permanecessem em casa e tomassem precauções de segurança, se estivessem perto do local de ataque.

O sistema de alerta de gerenciamento de emergências da cidade alertou sobre atrasos no trânsito, fechamento de vias e interrupções no transporte público na área.

O vice-diretor do FBI, Dan Bongino, afirmou em uma publicação nas redes sociais que agentes e outros funcionários do departamento estavam investigando o caso.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão/Broadcast. Saiba mais em nossa Política de IA.

O senador americano Lindsey Graham, do Partido Republicano, disse que espera que países como China, Índia e Brasil estejam prestes a pagar um preço há muito merecido por sustentarem, segundo a visão do parlamentar, a "máquina de guerra de (Vladimir) Putin", referindo-se ao presidente russo.

"Entendo perfeitamente a frustração do Presidente (Donald Trump) com os ataques contínuos da Rússia à Ucrânia, o que indica que não há nenhum desejo real de chegar à mesa de negociações de paz", afirmou Graham em registro no X nesta segunda-feira, 28.

"O Congresso está pronto, de forma predominantemente bipartidária, para ajudar o presidente Trump em seus esforços para levar as partes à mesa de negociações de paz", afirmou.

Trump tem criticado o grupo dos Brics, reafirmando que o bloco tenta "acabar com a dominância do dólar". Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou à TV Record, na quinta-feira, 10, que a taxação imposta pelos Estados Unidos ao Brasil se deve à realização da última reunião dos Brics, no Rio de Janeiro, em 6 de julho.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta segunda-feira, dia 28, que os países devem aplicar com determinação a lei internacional diante de "alegações críveis" de genocídio na Faixa de Gaza.

"O calvário que os palestinos enfrentam constitui um teste ao nosso compromisso coletivo com o direito internacional, o direito humanitário e os direitos humanos. Quando confrontados com alegações críveis de genocídio, invocar o direito internacional não é suficiente. Devemos aplicá-lo com determinação", disse o chanceler do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Desde o início da guerra, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem sendo criticado pela comunidade judaica por sua posição no conflito e sobre Israel. Lula passou a ser considerado uma presença indesejável no país porque chegou a comparar as ações israelenses em Gaza, detonadas pelos atentados de 7 de outubro perpetrados pelo grupo terrorista Hamas, ao nazismo, o que é considerado ofensivo pelos judeus. As rusgas levaram à retirada do embaixador brasileiro em Israel. Não há previsão de substituição.

O ministro falou na mesa redonda "O Caso para a Paz: Avançando a Solução de Dois Estados por meio de Narrativas, Medidas e Direito", na sede das Nações Unidas, em Nova York.

Dias atrás, o chanceler anunciou durante entrevista à TV catari Al-Jazeera que o Brasil decidiu ingressar formalmente no processo aberto contra Israel por genocídio, proposto inicialmente pela África do Sul. O caso corre na Corte Internacional de Justiça (CIJ), vinculada à ONU, em Haia. O País ainda não formalizou a decisão de intervir no processo.

No discurso desta segunda, Vieira lembrou que o tribunal "estabeleceu diretrizes claras" aos países, que incluem "não reconhecer a situação ilegal criada pela presença de Israel no território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental; diferenciar em todas as relações com Israel entre seu território e o território palestino ocupado; abster-se de qualquer ação que possa auxiliar ou contribuir para a manutenção da ocupação e garantir o respeito ao direito do povo palestino à autodeterminação e à Quarta Convenção de Genebra".

O encontro de alto nível foi presidido pela Arábia Saudita. O Brasil copresidiu com o Senegal uma mesa de debates sobre Promoção do Respeito Ao Direito Internacional.

O chanceler do governo Lula relatou parte das discussões e enumerou uma série de medidas que os países-membros das Nações Unidas poderiam adotar imediatamente contra o governo de Israel.

Segundo ele, a discussão copresidida pelo Brasil foi orientada a responder às seguintes perguntas: "Que ações os Estados podem adotar para promover e garantir o cumprimento do direito internacional? Quais mecanismos de responsabilização podem ser ativados para abordar ações, políticas e práticas ilegais relevantes e garantir a reparação? Quais medidas preventivas podem ser tomadas contra ações unilaterais ilegais que comprometam a viabilidade da solução de dois Estados?".

Conforme o ministro, houve mais de 50 respostas de diversas "partes interessadas", que por sua vez geraram 96 propostas concretas agrupadas em cinco áreas - diplomática e política; comércio de armas; responsabilização econômica e reparação; e monitoramento. Ele enumerou, então, algumas das sugestões debatidas:

- reconhecimento do Estado da Palestina e apoio à sua admissão como membro pleno da ONU

- manutenção da distinção legal entre Israel e o território palestino ocupado

- oposição à anexação e à expansão dos assentamentos

- garantia de proteção aos trabalhadores humanitários, incluindo funcionários da UNWRA (agência da ONU para refugiados palestinos que foi acusada de ter sido "infiltrada" por terroristas do Hamas e levou à demissão de funcionários por participação nos ataques de 7 de outubro de 2023)

- apoio à sociedade civil e aos defensores dos direitos humanos

- imposição de sanções específicas contra colonos violentos

- medidas legais de retaliação a violações graves

O ministro citou que essas são "ações legais que os Estados podem tomar agora".

"A credibilidade da ordem jurídica internacional depende de sua aplicação não seletiva. O que é necessário agora é vontade política e um processo robusto de acompanhamento desta conferência. Transformemos a lei em ação e a ação em justiça e paz", instou o chanceler.