'Eu não vou fugir do Brasil', diz Bolsonaro sobre decisões de Moraes

Política
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quinta-feira, 23, que não vai fugir do Brasil. A declaração do ex-chefe do Executivo foi dada em entrevista à CNN Brasil três dias após ele ter dito à rádio Auriverde Brasil na segunda-feira, 20, que poderia deixar o País, mesmo tendo o passaporte retido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Eu vou para a cadeia, eu não vou fugir do Brasil. Eu podia ter ficado lá quando eu fui para os Estados Unidos. Quando eu fui para a posse do [Javier] Milei, eu poderia ter ficado, mas vim para cá, sabendo de todos os riscos que estou correndo", disse.

Bolsonaro está com o passaporte retido desde fevereiro do ano passado, quando foi alvo da Operação Tempus Veritatis da Polícia Federal (PF), feita para investigar uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A medida foi adotada por Moraes para impedir que o ex-presidente consiga sair do País para escapar de uma possível condenação.

O ex-presidente lamentou não ter comparecido à cerimônia de posse do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

"Eu fui o último chefe de Estado a reconhecer a vitória do Biden. Isso teve um significado pra eles. Eu sou ex, me convidou, juntamente com a esposa. Lamentavelmente, eu não pude ir, fiquei muito triste, queria acompanhar a minha esposa, que só retorna no sábado, e amanhã tem uma marcha lá contra o aborto nos Estados Unidos. Ele sabe disso, alguns do primeiro escalão dele se manifestaram contra isso aí. Isso é uma ação do governo brasileiro, porque tem influência dentro do Supremo, que foi uma negativa para um convite de um chefe de Estado, que eu acho até que a repercussão seria menor com a minha ida, do que com a minha ausência", afirmou.

Desde então, Bolsonaro tentou por quatro oportunidades reaver o passaporte. A decisão mais recente foi na semana passada, quando Moraes citou que ele vem defendendo a fuga do País e o asilo no exterior para os diversos condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro. A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou contra a liberação do documento, argumentando que a viagem não atendia a interesses vitais do ex-presidente.

Com a negativa de Moraes, coube ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro representarem o ex-presidente na posse de Trump. Após deixar Michelle no Aeroporto Internacional de Brasília, Bolsonaro disse que estava "constrangido" por não poder ir aos Estados Unidos e afirmou esperar por um apoio do republicano para reverter a inelegibilidade política.

Eleição 'parecida com a da Venezuela'

Na mesma ocasião, Bolsonaro afirmou que, sem a presença dele, a eleição presidencial de 2026 será "parecida com a da Venezuela" e não descartou uma candidatura da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e dos filhos, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), no próximo pleito.

"[Flávio é] Um excelente nome, preparado, tem uma experiência. Um bom articular. Um baita de um nome, não é porque é meu filho. Assim como o Eduardo é uma pessoa madura. Tem um vasto conhecimento de mundo. Podem ser opções", disse Bolsonaro ao ser questionado sobre as opções da direita para as próximas eleições presidenciais.

De acordo com Bolsonaro, Michelle "é um bom nome com chances" de se eleger e, em tom de brincadeira, diz que uma das condições seria uma nomeação dele como ministro da Casa Civil em caso de vitória da ex-primeira-dama.

"Quando você vê pesquisas, ela está sempre um pouquinho, quase na margem de erro, com o Lula. Esse evento lá fora vai dar uma popularidade enorme para ela", disse. "Seria um bom nome com chance de chegar. Logicamente, ela me colocando como ministro-chefe da Casa Civil, pode ser."

Considerado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em duas ações sobre uma reunião com embaixadores e comemorações do dia 7 de setembro de 2022, Bolsonaro questionou a decisão dos ministros.

"Se eu não for candidato, por uma perseguição de um ministro, que diz que eu abusei do poder político ao me reunir com embaixadores. E assegura inelegibilidade. Abuso de poder econômico. Quando acabou o 7 de Setembro, eu deixei a minha faixa lá no palanque e fui em um carro de som, que era do Silas Malafaia, e falei para quase um milhão de pessoas. Não gastei um centavo naquilo. Não usei estrutura do 7 de Setembro para falar com o povo que estava ali fora", afirmou.

Em outro trecho da entrevista, o ex-chefe do Executivo disse ainda que "foi cassado e perseguido o tempo todo" e que "sem ele" a "oposição não é oposição".

"Sem a minha presença, é uma eleição parecida com a da Venezuela, onde a María Corina [Machado] e o [Henrique] Capriles foram tornados inelegíveis por 15 anos. Qual é a acusação? Atos antidemocráticos. Quais foram os atos antidemocráticos? Ocupar um carro de som e criticar o Maduro", disse.

A Polícia Federal (PF) indiciou o ex-presidente e mais 39 pessoas, na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Bolsonaro foi indiciado por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Os três crimes atribuídos pela corporação ao ex-presidente podem resultar em 28 anos de prisão.

Anistia para condenados no 8 de janeiro

Bolsonaro voltou a defender que o Congresso Nacional aprove o projeto de lei que anistia os condenados pelos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, nos prédios dos Três Poderes, em Brasília. À CNN, o ex-presidente disse que "espera que não seja preciso eleger alguém de direita em 2026" para que os perdões sejam concedidos.

"A gente espera que não precise eleger alguém de direita em 2026 para, em 2027, dar anistia. Aquela pessoa que comete um crime e está presa, tem um sentimento. Quem está inocente lá dentro...", afirmou. "É uma maneira de eliminar a direita no Brasil."

Ao ser questionado se teme ser preso, Bolsonaro disse apenas que "hoje em dia qualquer um pode ser preso sem motivo".

"Hoje em dia, qualquer um pode ser preso sem motivo nenhum, como tinha gente que nem em Brasília estava e foi preso. Está na mão de uma pessoa decidir o futuro de qualquer um", afirmou.

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O ativista palestino Odeh Hadalin, conhecido por sua atuação contra demolições promovidas por Israel e por sua participação no documentário vencedor do Oscar Sem Chão, foi morto nessa segunda-feira, 28, após ser baleado por um colono israelense na vila de Umm al-Kheir, na Cisjordânia. A informação foi confirmada por Yuval Abraham, um dos diretores do filme.

Segundo Abraham, moradores identificaram o autor do disparo como Yinon Levi, colono israelense que já havia sido sancionado pela União Europeia e pelos Estados Unidos. A morte de Hadalin, que era também professor e pai de três filhos, reacende a atenção internacional para a crescente violência entre colonos e palestinos em território ocupado.

A cidade de Hebron, próxima à vila onde ocorreu o ataque, é uma das áreas mais tensas da Cisjordânia, onde mais de 140 assentamentos israelenses continuam se expandindo, abrigando atualmente cerca de 450 mil colonos. A comunidade internacional considera essas construções ilegais, uma vez que são erguidas em território palestino ocupado.

Repercussão e denúncias

A morte de Hadalin provocou forte repercussão entre ativistas e políticos. O deputado israelense Ofer Cassif, opositor do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, lamentou publicamente o ocorrido e destacou o papel de Hadalin como uma voz da resistência local.

Pouco após o ataque, Yuval Abraham usou as redes sociais para relatar o crime. "Um colono israelense acaba de atirar nos pulmões de Odeh Hadalin, um ativista notável que nos ajudou a filmar Sem Chão em Masafer Yatta", escreveu. Horas depois, anunciou a morte: "Odeh acabou de morrer. Assassinado."

Violência recorrente contra envolvidos no filme

Não é o primeiro caso de violência contra integrantes da equipe por trás de Sem Chão. Em março, o codiretor palestino Hamdan Ballal foi linchado por colonos israelenses e detido por militares das Forças de Defesa de Israel, que atuam na Cisjordânia.

Testemunhas relataram que Ballal foi agredido fisicamente, algemado e mantido vendado em uma base militar, onde dois soldados o espancaram enquanto ele permanecia no chão. A agressão teria começado após colonos judeus tentarem roubar ovelhas de moradores palestinos da cidade de Susiya.

Ballal foi libertado no dia seguinte, mas o caso gerou indignação entre defensores dos direitos humanos e reforçou a denúncia de abusos cometidos por colonos sob a proteção do Exército.

'Sem Chão'

O documentário Sem Chão retrata o cotidiano dos moradores de Masafer Yatta, região que o Exército israelense designou como zona de treinamento militar com fogo real desde os anos 1980. A obra é dirigida por quatro cineastas: os palestinos Hamdan Ballal e Basel Adra, e os israelenses Yuval Abraham e Rachel Szor.

O filme documenta a luta contra a expulsão de cerca de mil palestinos, a maioria árabes beduínos, que vivem sob constante ameaça de remoção forçada. Casas, plantações, reservatórios de água e tendas frequentemente são demolidos pelos militares, e os moradores temem uma expulsão total iminente.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou na segunda-feira, 28, que encerrou sua amizade com Jeffrey Epstein e expulsou o agora desacreditado financista de seu clube privado na Flórida depois que Epstein o traiu mais de uma vez ao contratar pessoas que trabalhavam para ele. Trump não disse o que seus funcionários faziam ou onde trabalhavam, e a Casa Branca se recusou a comentar o assunto.

Mas a Casa Branca havia oferecido anteriormente uma explicação diferente para o rompimento. Steven Cheung, diretor de comunicações da Casa Branca, disse em um comunicado na semana passada: "O fato é que o presidente o expulsou de seu clube por ser um cretino".

Epstein se matou, segundo as autoridades, em uma cela de prisão em Nova York em 2019, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual. Trump e seus principais aliados alimentaram teorias da conspiração sobre a morte de Epstein antes de Trump retornar ao poder. Agora, eles estão lutando para lidar com as consequências depois que o Departamento de Justiça afirmou que Epstein realmente morreu por suicídio e que não divulgaria documentos adicionais sobre o caso. O presidente e seus aliados, alguns dos quais agora fazem parte do governo, haviam prometido divulgar os arquivos.

Na Escócia

O presidente republicano falou em sua propriedade de golfe em Turnberry, na Escócia, enquanto estava sentado com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer, após os líderes se reunirem e responderem a perguntas de jornalistas dos EUA e do Reino Unido.

Questionado sobre o motivo do enfraquecimento do relacionamento, Trump disse: "Isso é história antiga, muito fácil de explicar, mas não quero desperdiçar seu tempo explicando". Ele então explicou, dizendo que parou de falar com Epstein depois que "ele fez algo inadequado". "Ele roubou pessoas que trabalhavam para mim. Eu disse: 'Nunca mais faça isso'. Ele fez isso de novo e eu o expulsei do lugar, persona non grata". "Eu o expulsei e foi isso. Estou feliz por ter feito isso, se você quer saber a verdade", acrescentou Trump.

Trump recentemente instruiu a procuradora-geral Pam Bondi a solicitar a divulgação pública das transcrições seladas do grande júri no caso. Um juiz federal negou esse pedido; um segundo juiz ainda não se pronunciou.

JD Vance

O caso tem perseguido Trump no país e no exterior e até mesmo acompanhou o vice-presidente JD Vance durante uma aparição em seu Estado natal, Ohio, na segunda-feira. Um pequeno grupo de manifestantes se reuniu do lado de fora de uma fábrica em Canton que Vance visitou, segurando cartazes com os dizeres "JD protege pedófilos" e indicando que "GOP" (sigla associada ao Partido Republicano dos EUA) significa "Guardians Of Pedophiles" ("Guardiões dos Pedófilos").

Vance visitou a fábrica na segunda-feira para promover o corte de impostos e o projeto de lei de fronteira de Trump, mas também abordou o assunto Epstein, dizendo que o presidente quer "total transparência" no caso. "O presidente foi muito claro. Não estamos escondendo nada", disse Vance em resposta à pergunta de um repórter.

"O presidente instruiu a procuradora-geral a divulgar todas as informações confiáveis e, francamente, a procurar informações adicionais confiáveis relacionadas ao caso Jeffrey Epstein." "Algumas dessas coisas levam tempo", disse Vance, acrescentando que Trump foi "muito claro. Ele quer total transparência".

"Não faço desenhos de mulheres"

Trump havia dito em 2019 que Epstein era uma figura conhecida em Palm Beach, mas que os dois haviam se desentendido há muito tempo e ele não falava com Epstein havia 15 anos. O presidente também negou na segunda-feira ter contribuído para uma compilação de cartas e desenhos para marcar o 50º aniversário de Epstein, noticiada pela primeira vez pelo Wall Street Journal. O jornal disse que a carta, que se acredita ser de Trump, incluía um desenho do corpo de uma mulher.

Trump também disse que recusou o convite de Epstein para visitar uma ilha particular de propriedade do financista. "Nunca tive o privilégio de ir à ilha dele e recusei o convite, mas muitas pessoas em Palm Beach foram convidadas para ir à ilha dele", disse Trump. "Em um dos meus melhores momentos, recusei o convite. Não queria ir à ilha dele." (Com informações da Associated Press)

Um ataque aéreo russo a uma prisão na região de Zaporizhzhia, no sudeste da Ucrânia, matou pelo menos 17 detentos e feriu mais de 80, disseram autoridades ucranianas nesta terça-feira, 29. Na região de Dnipro, as autoridades relataram pelo menos quatro pessoas mortas e oito feridas.

A Força Aérea da Ucrânia informou que a Rússia lançou dois mísseis balísticos Iskander-M, além de 37 drones de ataque do tipo Shahed e veículos aéreos não tripulados (VANTs) de distração. Afirma-se que 32 drones Shahed foram interceptados ou neutralizados pelas defesas aéreas ucranianas.

O ataque na noite de segunda-feira (28) atingiu a Colônia Correcional de Bilenkivska com quatro bombas aéreas guiadas, de acordo com o Serviço Executivo Criminal do Estado da Ucrânia.

Pelo menos 42 detentos foram hospitalizados com ferimentos graves, enquanto outras 40 pessoas, incluindo um membro da equipe, sofreram vários ferimentos.

O ataque destruiu o refeitório da prisão, danificou os prédios administrativos e de quarentena, mas a cerca do perímetro resistiu e nenhuma fuga foi relatada, disseram as autoridades.

Autoridades ucranianas condenaram o ataque, dizendo que atacar infraestrutura civil, como prisões, é um crime de guerra segundo as convenções internacionais.