Congresso pode votar vetos pendentes em sessão na quinta-feira (12)

Política
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O Congresso Nacional pode analisar na próxima quinta-feira, dia 12, vetos presidenciais acumulados. A confirmação da sessão, no entanto, depende de negociações entre as lideranças partidárias e da convocação oficial feita pelo presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Segundo o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), a intenção é avançar nas discussões sobre o Orçamento 2025 e destravar pautas pendentes.

Randolfe afirmou que há um entendimento prévio com líderes da Câmara, mas ainda é necessário dialogar com as lideranças do Senado. "A ideia é votar um conjunto de PLNs (Projetos de Lei do Congresso Nacional) que estavam pendentes na CMO (Comissão Mista de Orçamento), (onde) avançou o debate sobre a LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)", disse o senador, afirmando que na próxima semana poderia ser votado o Orçamento.

Se ocorrer, a sessão será a primeira em quase quatro meses. A última reunião ocorreu em 29 de agosto, quando foi analisado o PLN 25/2024, sobre a elaboração e a execução da Lei Orçamentária de 2024. Já a apreciação de vetos presidenciais não ocorre desde maio, o que levou ao acúmulo de 36 vetos pendentes, 32 dos quais impedem o andamento de outras pautas - quando um veto não é apreciado pelo Congresso no prazo de 30 dias após seu envio.

O senador Efraim Filho (União-PB), líder do Bloco Parlamentar Democracia no Senado, disse que os vetos precisam ser analisados para permitir o avanço na votação do Orçamento. "A discussão sobre vetos sempre existe, mas ainda não há nenhuma deliberação sobre isso. Me parece que a sessão do Congresso será focada na questão orçamentária, caso o Orçamento chegue até a última semana de dezembro em condições de ser votado", explicou.

Entre os vetos mais antigos está o veto 30/2022, referente ao despacho gratuito de bagagens em voos. Esse veto foi enviado ao Congresso em 15 de junho de 2022, durante o governo Jair Bolsonaro (PL). Ele bloqueia um dispositivo do Código de Defesa do Consumidor que proíbe a cobrança de taxa por um volume de bagagem com até 23 quilos em voos nacionais e 30 quilos em internacionais.

Veja a lista completa de vetos presidenciais que deverão ser analisados pelos senadores e deputados:

- VET 30/2022 - Parcial (2 dispositivos vetados) - Despacho gratuito de bagagem

- VET 65/2022 - Parcial (3 dispositivos vetados) - Autocontrole agropecuário

- VET 9/2023 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Áreas de Reserva Legal

- VET 14/2023 - Parcial (397 dispositivos vetados) - Lei Geral do Esporte

- VET 18/2023 - Parcial (11 dispositivos vetados) - Programa Minha Casa, Minha Vida

- VET 46/2023 - Parcial (14 dispositivos vetados) - Títulos de capitalização como garantia para execução de obras

- VET 47/2023 - Parcial (17 dispositivos vetados) - Flexibilização de registro de agrotóxicos

- VET 9/2024 - Parcial (6 dispositivos vetados) - Política Nacional de Qualidade do Ar

- VET 10/2024 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Incentivo fiscal aos jogos eletrônicos brasileiros independentes

- VET 12/2024 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Prazo de avaliação, pelo TCU, do incentivo fiscal para troca de máquinas

- VET 13/2024 - Parcial (2 dispositivos vetados) - Pesquisa com seres humanos

- VET 14/2024 - Parcial (7 dispositivos vetados) - Servidores de carreiras do Poder Executivo Federal

- VET 15/2024 - Parcial (3 dispositivos vetados) - Falta de alunos à vacinação em escolas públicas

- VET 16/2024 - Parcial (4 dispositivos vetados) - Programa Mobilidade Verde e Inovação - MOVER

- VET 17/2024 - Parcial (6 dispositivos vetados) - Política Nacional de Assistência Estudantil - PNAES

- VET 18/2024 - Parcial (3 dispositivos vetados) - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

- VET 19/2024 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Prazo máximo de processos de licenciamento ambiental relativos a atividades espaciais

- VET 20/2024 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Fundo de Investimento em Infraestrutura Social - FIIS

- VET 21/2024 - Parcial (42 dispositivos vetados) - Marco Legal do Hidrogênio de Baixo Carbono

- VET 22/2024 - Parcial (2 dispositivos vetados) - Regime escolar especial para alunos impossibilitados de ir à escola

- VET 23/2024 - Total - Isenção de IPI sobre móveis e eletrodomésticos para vítimas de desastres

- VET 24/2024 - Total - Uso do vale-cultura para atividades esportivas

- VET 25/2024 - Total - Prorrogação de financiamentos rurais em municípios em emergência

- VET 26/2024 - Parcial (8 dispositivos vetados) - Estatuto da Segurança Privada

- VET 27/2024 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Incentivos à indústria de semicondutores

- VET 28/2024 - Parcial (7 dispositivos vetados) - Programa Desenrola Agências Reguladoras

- VET 29/2024 - Parcial (10 dispositivos vetados) - Atualização da Lei Geral do Turismo

- VET 30/2024 - Total - Limpeza obrigatória da areia de quadras e parques

- VET 31/2024 - Parcial (4 dispositivos vetados) - Regras aplicáveis à VPNI do Senado Federal

- VET 32/2024 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Regras aplicáveis à VPNI da Câmara dos Deputados

- VET 33/2024 - Parcial (3 dispositivos vetados) - Lei do Combustível do Futuro

- VET 34/2024 - Parcial (39 dispositivos vetados) - Governança da Emgea e Extensão de Prazos para Renegociação de Dívidas

- VET 35/2024 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Penalidade por infração a normas de controle de material genético animal

- VET 36/2024 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Participação da União no Fundo Garantidor de Operações - FGO

- VET 37/2024 - Parcial (1 dispositivo vetado) - Cadastro Nacional de Pedófilos e Predadores Sexuais

- VET 38/2024 - Total - Dispensa da Reavaliação periódica dos beneficiários do BPC e dos segurados do RGPS

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O premiê japonês, Shigeru Ishiba, decidiu se manter no cargo mesmo após perder a maioria na Câmara dos Conselheiros (espécie de Senado do Japão). O grande destaque da votação de domingo, 20, no entanto, foi o avanço do partido ultranacionalista Sanseito - que saltou de uma cadeira para 14 e se firmou como a quarta maior força de oposição.

O discurso marcado pelo nacionalismo, com toques conspiratórios e anti-imigração, são parecidos com o trumpismo nos EUA, inclusive no slogan: "Japão em primeiro lugar". O coração do partido é Sohei Kamiya, um veterano do exército, até bem pouco tempo uma figura marginal, mas que ganhou fama após replicar os trejeitos de Donald Trump.

"Com o globalismo, as multinacionais mudaram as políticas do Japão para seus próprios interesses" declarou Kamiya, em comício recente. "Se não resistirmos a essa pressão estrangeira, o Japão se tornará uma colônia."

Em 2020, em meio à pandemia de covid-19, o Sanseito foi oficialmente lançado, e usou redes sociais e vídeos no YouTube para lançar teorias conspiratórias, atacar o uso de máscaras e criticar as vacinas. Aos poucos, o discurso ganhou tons nacionalistas, culpando imigrantes e estrangeiros pelos problemas. "A vida dos japoneses está cada vez mais difícil", disse o líder extremista. "Cada vez mais estrangeiros estão vindo para o Japão."

Restrições

Hoje, 4 milhões de estrangeiros vivem no país, que vem batendo recordes de turistas: em 2024, foram 37 milhões, de acordo com a Organização Nacional do Turismo. Durante a campanha, Kamiya defendeu limitar o número de estrangeiros residentes e visitantes, restringir as regras para obtenção da nacionalidade e impedir que pessoas que obtiveram a cidadania japonesa ocupem cargos públicos.

No início do ano, Kamiya foi criticado por atacar políticas de igualdade de gênero, afirmando que elas evitam que as mulheres tenham mais filhos, e disse que as japonesas deveriam pensar menos no trabalho e mais na maternidade. Ele defendeu normas mais duras de segurança interna, mais investimentos em Defesa e apoia abrigar armas nucleares dos EUA em seu território.

Pesquisas indicam que o apoio do Sanseito está no voto dos homens jovens. Kamiya afirma que isso ocorre em razão de suas declarações "de sangue quente", que segundo ele tocam mais o eleitorado masculino. Mas os números também mostram avanços entre homens mais velhos e da classe trabalhadora, o que ajuda a explicar o sucesso da sigla na votação de domingo.

Cansaço eleitoral

Muitos japoneses expressaram nas urnas o cansaço e a frustração com o Partido Liberal Democrático (PLD), que domina a política japonesa, mas que é cada vez mais questionado em função da crise econômica, dos escândalos e, de acordo com Sanseito, por não ser conservador o suficiente.

"Há anos, as pessoas dizem que o Japão não tem uma direita populista ou uma extrema direita populista. Mas acho que a eleição provou que existe a possibilidade de isso acontecer no Japão - e, provavelmente, ela veio para ficar", afirmou Jeffrey Hall, professor da Universidade Kanda.

De acordo com ele, no entanto, a eleição de domingo não é uma garantia de médio ou longo prazo de sucesso para o Sanseito. "Se os eleitores perceberem que um partido que apoiaram não está correspondendo às suas expectativas, eles voltarão às opções estabelecidas ou buscarão alternativas mais recentes." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O partido de extrema direita japonês Sanseito aumentou o número de representantes na Câmara Alta do Parlamento do Japão de 4 para 14 nas eleições do domingo passado, 20. Com a campanha marcada pelo lema "Japoneses em Primeiro", o partido ganhou popularidade depois de canalizar votos entre jovens, conservadores e insatisfeitos com o governo do primeiro-ministro Shigeru Ishiba.

Os resultados levam o partido a ser a terceira maior força de oposição na Câmara Alta, depois dos Partido Democrático Constitucional do Japão (CDP) e Partido Democrático para o Povo (DPP). O Partido Democrático Liberal, de Ishiba, obteve 100 assentos e o partido Komeito, que compõe a base do governo, 21. O Parlamento tem 248 assentos, insuficiente para Ishiba governar.

Apesar dos assentos do Sanseito serem insuficientes para ter poderes reais na política do Japão, o crescimento foi noticiado pela imprensa japonesa e internacional como sintoma da insatisfação crescente dos japoneses com o Partido Liberal por escândalos e aumento do conservadorismo e discurso anti-imigrante. O Sanseito conquistou os votos com uma campanha anti-imigrantes, contra turistas e contra políticas liberais do governo, como a permissão para casamentos de pessoas do mesmo sexo.

O partido foi criado em 2020 pelo político Sohei Kamiya, ex-integrante do Partido Liberal entre 2012 e 2015. Kamiya criou a legenda a partir de um canal conservador no Youtube e apareceu nas eleições de 2022 com um discurso contra vacinas. Com quatro assentos conquistado naquele ano, ganhou espaço para debates televisivos e agregou ao discurso mais políticas radicais, ecoando os discursos de Donald Trump nos EUA, condensados no lema de campanha - referência ao "American First", de Trump.

"O lema 'Japoneses em Primeiro' pretendia expressar a reconstrução dos meios de subsistência do povo japonês por meio da resistência ao globalismo. Não estou dizendo que devemos proibir completamente os estrangeiros ou que todos os estrangeiros devem sair do Japão", disse o líder do partido, de 47 anos, em entrevista ao canal local Nippon Television após a eleição.

Kamiya também apresenta um discurso retórico anti-China mais forte e isolacionista, em contraste com aproximações entre Tóquio e Pequim feitas pelo governo Ishiba. O premiê também promoveu mudanças recentes no Japão para flexibilizar as regras de imigração e conter a crise demográfica do país, que dificulta a mão de obra e a economia japonesa.

A rejeição a imigrantes e insatisfação com o turismo descontrolado no Japão são temas que perpassam todo o espectro político japonês, presentes de direita à esquerda. Apesar disso, o discurso de Sanseito reverberou junto com desinformações em redes sociais.

Segundo uma reportagem do jornal chinês South China Morning Post, pelo menos uma alegação falsa circulou na internet: a afirmação de que 30% das famílias que possuem benefício social eram estrangeiras. Tópicos sobre crimes cometidos por imigrantes no Japão atingem visualizações crescentes em fóruns virtuais, apesar dos crimes cometidos por estrangeiros ter diminuído no Japão entre 2000 e 2023, acrescentou o jornal.

No mesmo período, a população estrangeira no país cresceu de 1% para 2,5%.

O crescimento eleitoral da extrema direita japonesa também reflete a frustração com o governo atual, dizem analistas. "Este não é o início de algo como o Reforma do Reino Unido, muito menos o MAGA ('Make America Great Again') de Trump", escreveu Gearoid Reidy, da agência de notícias Bloomberg. "Há alguns fatores simples que impulsionam a ascensão de Sanseito. O primeiro é a falta de alternativas. O Partido Liberal Democrata, tradicionalmente no poder, é profundamente impopular", acrescentou com o argumento de que trata de um voto de protesto.

À BBC, Jeffrey Hall, professor de Estudos Japoneses na Universidade de Estudos Internacionais de Kanda, no Japão afirmou que o apoio também foi para um voto contrário ao governo de Ishiba. "O primeiro-ministro Ishiba é considerado pouco conservador por muitos apoiadores do ex-primeiro-ministro [Shinzo] Abe", disse.

O senador americano Lindsey Graham fez uma ameaça sobre a possibilidade de os Estados Unidos aplicarem tarifa adicional a países que continuarem comprando petróleo da Rússia, citando a possibilidade de impor uma alíquota de 100%. O Brasil seria um dos potenciais alvos.

"Se vocês continuarem comprando petróleo barato da Rússia para permitir que essa guerra continue, nós vamos colocar um inferno de tarifas, esmagando a sua economia", disse o parlamentar da Carolina do Sul em entrevista à Fox News nesta segunda-feira, 21.

"China, Índia e Brasil. Esses três países compram 80% do petróleo russo barato e é assim que a máquina de guerra de Putin continua funcionando", disse. "Se isso continuar, vamos impor 100% de tarifa para esses países. Punindo-os por ajudar a Rússia", afirmou.

"Putin pode sobreviver às sanções, sem dar relevância a elas, e tem soldados. Mas a China, Índia e o Brasil vão ter de fazer uma escolha entre a economia americana e a ajuda a Putin".

"O jogo mudou em relação a você, presidente Putin", declarou, citando ainda que os EUA continuarão mandando armas para que a Ucrânia possa revidar aos ataques russos.