Ecos da eleição e desconfiança com mercado dão o Tom da cúpula petista em evento do partido

Política
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O resultado nas eleições municipais e o arrefecimento na relação do governo Lula com o mercado financeiro embalaram os discursos da cúpula do PT no seminário nacional do partido, realizado desde quinta-feira, 5, em Brasília.

A série de encontros se encerra no sábado, 7, com uma reunião do diretório nacional para decidir, entre outros temas, calendário e regras para a eleição interna, prevista para julho de 2025. Na última noite e ao longo desta sexta-feira, 6, dirigentes, militantes e especialistas vêm debatendo temas caros ao partido.

No palco ocupado por oito lideranças em destaque, vieram da presidente nacional, Gleisi Hoffmann, e do ministro da Casa Civil, Rui Costa, os discursos mais duros sobre a área econômica. A dirigente chegou à Argentina do ultraliberal Javier Milei ao criticar corte orçamentário em políticas públicas para aposentados

A declaração vem num momento em que o governo e o Parlamento discutem promover mudanças nos critérios de concessão do Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado para idosos e pessoas com deficiência.

"Se for para sacrificar aposentados, trabalhadores, a saúde, a educação, a própria economia do País em nome da ortodoxia fiscal, como estamos vendo na Argentina, para que serviria o PT?", discursou Gleisi, a última a falar na cerimônia de abertura do seminário. "Se for para satisfazer a ganância insaciável do sistema financeiro, sufocando o País com juros estratosféricos, e assistindo impassivelmente a especulação com o câmbio, para que serviria o PT?"

Rui Costa, por sua vez, fez inicialmente um discurso cifrado, sugerindo haver uma concertação contra o governo Lula. "É importante que a gente faça esse e outros seminários, para a gente fazer a disputa da narrativa, ocupando cada rádio deste País, cada blog, conta de Instagram, Facebook e Tiktok, porque o que eles estão fazendo é antecipar a eleição de 2026, trazendo para o presente uma tentativa de desestabilizar o governo", discursou.

Na saída do evento, questionado por jornalistas a quem se referia quando acusou uma tentativa de desestabilização do governo Lula, o ministro mencionou uma pesquisa Quaest, divulgada no dia anterior, mostrando que o governo Lula tem avaliação negativa para 90% do mercado financeiro. O levantamento ouviu 105 gestores, economistas, analistas e tomadores de decisão do mercado financeiro em fundos de investimento.

"Talvez os 90% dos 105 entrevistados naquela pesquisa. Talvez eles queiram fazer isso. Porque os números reais não apontem para isso. Quero que eles digam quais os indicadores que sinalizam para uma dúvida (em relação à economia). Se as pessoas não querem se curvar aos dados e aos fatos, só posso supor que tem outros parâmetros com os quais eles estão trabalhando, e eventualmente pode ser um parâmetro político-eleitoral, uma pretensão política nesse tipo desse ato especulativo contra o Brasil".

Como pano de fundo para a pressão do mercado financeiro sobre o governo federal está a insatisfação com o pacote de corte de gastos, apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, junto do anúncio da ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda. Operadores da "Faria Lima" avaliaram os cortes como tímidos e irritaram a cúpula petista.

O desempenho das eleições municipais também foi sentido nos discursos - e influencia diretamente a temática das mesas do seminário. Nesta sexta-feira, por exemplo, especialistas e filiados debateram "o novo mundo do trabalho" e "os desafios da comunicação" para o PT, pontos considerados sensíveis na reflexão interna do partido. Os discursos apontam para o resgate de um passado em que o partido se sentia mais próximo de sua militância.

As menções à necessidade de voltar a dialogar com a base para ter um resultado melhor nas eleições de 2026 foram diversas. Odair Cunha (PT-MG), líder do PT na Câmara, pediu que todos estejam "irmanados, conectados com o que povo brasileiro sente". Presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamotto afirmou que o PT precisa "de novo encantar o povo brasileiro".

Luna Zarattini (SP), vereadora eleita com a maior votação do partido em todo o País, afirmou que o PT "não teve os resultados que esperávamos" e clamou por "retomar as lutas históricas". Luís Caetano, prefeito eleito em Camaçari (BA), por sua vez, recomendou aos correligionários que fizessem como ele: "organizar o movimento para escutar o povo na rua", e assim se reconectar com a base.

A dificuldade em depender do campo progressista para reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026 e aumentar as bancadas na Câmara e no Senado teve uma mudança de tom que já vinha se apresentando em conversas de bastidores. Lideranças defendem cada vez mais apostar em aliados da direita moderada para conseguir fazer frente à força do bolsonarismo daqui a dois anos.

Líder do governo na Câmara, José Guimarães (CE) defendeu "atrair o centro para o nosso lado, mantendo a nossa essência, para reeleger Lula". Já Costa pediu reflexão em como "garantir senadores, mesmo que sejam de partidos aliados, mas comprometidos com o projeto do presidente Lula".

O Senado desponta como campo de disputa importante para o PT após ser objeto da cobiça bolsonarista para o próximo pleito. A estratégia na direita é fazer uma superbancada e alcançar poder para fazer frente ao Supremo Tribunal Federal (STF) e eventualmente aprovar o impeachment de ministros, em especial Alexandre de Moraes.

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O exército de Israel anunciou, neste sábado, 26, que lançamentos aéreos com ajuda começarão a ser feitos esta noite na Faixa de Gaza. Além disso, corredores humanitários serão estabelecidos para os comboios de ajuda enviados pela Organização das Nações Unidas (ONU), após relatos crescentes de mortes relacionadas à fome na região.

Não foi especificado, entretanto, quando os corredores humanitários para os comboios da ONU seriam abertos ou onde exatamente. As operações de combate ao Hamas na região continuam, disse o exército israelense.

Mais mortos

Ataques aéreos israelenses mataram, pelo menos, 53 pessoas em Gaza desde esta madrugada, a maior parte delas enquanto buscava ajuda, de acordo com autoridades de saúde palestinas e o serviço de ambulâncias local.

Esta madrugada, as forças israelenses feriram outras 120 quando dispararam contra multidões que tentavam obter comida de um comboio da ONU que entrava, disse o Mohamed Abu Selmiyah, diretor do hospital Shifa. "Estamos esperando que os números aumentem nas próximas horas", disse.

Negociações de cessar-fogo paralisadas

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ontem que seu governo estava considerando "opções alternativas" para as negociações de cessar-fogo. Um oficial do Hamas, no entanto, disse que as negociações devem ser retomadas na próxima semana e chamou a retirada das delegações de uma tática de pressão. Fonte:

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação do Broadcast.

O Reino Unido está se preparando para realizar entregas aéreas de ajuda humanitária na Faixa de Gaza e evacuar "crianças que necessitam de assistência médica", informou Downing Street neste sábado, 26.

O anúncio foi feito após uma conversa telefônica entre o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o chanceler alemão, Friedrich Merz.

"O primeiro-ministro explicou como o Reino Unido também implementará planos para colaborar com parceiros como a Jordânia para lançar ajuda aérea e evacuar crianças que necessitem de assistência médica", indicou um comunicado de Downing Street.

Na véspera, Paris, Berlim e Londres pediram ao governo israelense que "levante imediatamente as restrições ao envio de ajuda".

Israel enfrenta crescente pressão internacional devido à grave situação humanitária no território palestino.

No final de maio, o governo israelense suspendeu parcialmente o bloqueio total imposto em Gaza no início de março. Os mais de dois milhões de moradores enfrentam grandes dificuldades para acessar alimentos, medicamentos e outros produtos essenciais.

De acordo com o Programa Mundial de Alimentos, a agência da ONU responsável pela ajuda alimentar, aproximadamente um terço dos habitantes da Faixa passa dias sem comer.

Um funcionário israelense declarou na sexta-feira à agência AFP que as entregas aéreas de ajuda humanitária seriam retomadas rapidamente em Gaza, um território devastado por mais de 21 meses de guerra e ameaçado pela fome.

Essas entregas devem ser realizadas "sob coordenação dos Emirados Árabes Unidos e da Jordânia", declarou sob condição de anonimato.

A Rússia e a Ucrânia trocaram ataques aéreos na madrugada deste sábado, resultando em duas mortes em cada país e feridos em ambos os lados, segundo autoridades locais.

De acordo o Ministério da Defesa russo, foram atingidas instalações militares ucranianas que "fabricam componentes para armas de mísseis, além de produzir munições e explosivos".

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, declarou, via redes sociais, que "não pode haver absolutamente nenhum silêncio em resposta a tais ataques, e drones de longo alcance ucranianos garantem isso".

"Empresas militares russas, logística russa, aeroportos russos devem sentir que a guerra russa tem consequências reais para eles", escreveu Zelensky.

Drones da Ucrânia também alvejaram Moscou, mas foram abatidos, de acordo com o prefeito Sergei Sobyanin.