PF pericia celular de autor; governo Lula e bolsonaristas tentam impor narrativas

Política
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A Polícia Federal acessou os dados do aparelho celular de Francisco Wanderley Luiz, autor do atentado próximo ao Supremo Tribunal Federal (STF), para tentar identificar quem eram seus interlocutores e se eles estavam cientes do ataque. Embora a perícia estivesse em andamento e a investigação em fase inicial, representantes do governo Lula e do núcleo mais próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) manifestaram ontem teses adequadas às suas narrativas sobre o episódio.

Um dos objetivos da perícia da PF é verificar se Francisco Wanderley mantinha relações políticas, tanto em Brasília quanto em Santa Catarina, seu Estado natal. Francisco era filiado ao PL e chegou a se lançar candidato a vereador nas eleições de 2020, mas não se elegeu. Os peritos analisam os históricos de buscas e mensagens atrás de provas. O inquérito corre sob sigilo.

A perícia no celular de Francisco Wanderley extraiu informações do aparelho por meio de um software de última geração. O celular estava bloqueado com senha. A quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático será requisitada ao STF. Outros bens apreendidos, incluindo um trailer carregado com explosivos, estão sendo periciados pelos agentes federais.

O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Paulo Pimenta, porém, afirmou que o autor dos atentados "possivelmente tinha uma retaguarda". Para Pimenta, ele teria agido de forma premeditada. Segundo o ministro, as investigações estão caminhando rápido e o mais importante é saber se Francisco Wanderley - que se matou com um explosivo após detonações na Praça dos Três Poderes - tinha "conexões".

Já o PL, em nota divulgada pelo seu secretário de Relações Institucionais, deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), repudiou o que classificou como tentativas de associar o ataque nas proximidades do STF ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à direita. O partido considera a associação uma "tentativa de manipulação" e um ataque ao projeto de anistia aos acusados e condenados pelo 8 de Janeiro.

"Essa tentativa de manipulação revela não apenas uma distorção inaceitável dos fatos, mas também o propósito malicioso de atrapalhar o andamento do Projeto de Lei da Anistia, um passo essencial para a pacificação nacional e o restabelecimento da normalidade institucional", diz o comunicado, que trata o episódio como um suicídio e não um "ataque aos Poderes constituídos".

Gabinete

O presidente do Supremo, Luís Roberto Barroso, encaminhou para o gabinete do ministro Alexandre de Moraes a investigação sobre o atentado. A PF apura a motivação política e, por isso, pediu que o caso fosse remetido ao ministro que concentra a relatoria das investigações sobre os atos golpistas, o inquérito das milícias digitais e a apuração sobre ataques a integrantes da Corte.

Anteontem, ministros do STF vincularam a ação de Francisco Wanderley aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023 e ao "gabinete do ódio" que se instalou no Palácio do Planalto durante o governo Bolsonaro.

A vinculação foi rebatida pelo pastor Silas Malafaia - aliado de Bolsonaro - em vídeo publicado anteontem. Na gravação, Malafaia se refere ao autor do atentado como "homem com problemas mentais e emocionais que explodiu bombas" e diz que Moraes tenta criar "cortina de fumaça" sobre os próprios atos jurídicos "ilegais". "Não vou deixar passar o ditador da toga Alexandre de Moraes com uma narrativa para tentar tirar proveito, para jogar uma cortina de fumaça nos seus atos ilegais, injustos, sobre a questão do homem com problemas mentais e emocionais que explodiu bombas em Brasília", disse.

Malafaia afirmou ainda que repudia "qualquer baderna, perseguição ou quebra-quebra, seja da direita ou da esquerda". Para ele, Moraes adotou a "narrativa" de que o ataque promovido pelo homem é "fruto do discurso de ódio" e que uma anistia aos presos do 8 de Janeiro "vai gerar mais agressividade".

'Fermento'

O tema anistia foi abordado por representantes do primeiro escalão do governo Lula. Ao participar de evento paralelo ao G-20, no Rio, o ministro da Secom se posicionou contra o perdão no caso do 8 de Janeiro. "Anistia, neste momento, é estimular impunidade. E a impunidade é o fermento do terror a que assistimos nesta semana. Sou contra qualquer debate sobre anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro", afirmou. "Quem atenta contra a democracia não vai contar com nenhum tipo de impunidade nesse país."

Pimenta também declarou que os inquéritos sobre atos antidemocráticos estão "se encaminhando para conclusão" e disse que, possivelmente, as investigações vão apontar as ligações com financiadores.

No mesmo evento, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, associou o atentado aos atos de janeiro do ano passado. Ele disse que o episódio tem impacto político. "Não tem como olhar para isso (atentado) esquecendo o 8 de Janeiro, esquecendo que havia gente monitorando os trajetos do presidente Lula e de ministros", disse Padilha. "O ataque tem um impacto político, sim. Agora fica mais difícil de passar pano para tudo o que já aconteceu no 8 de Janeiro", declarou o ministro."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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'Sou bom em construir coisas'

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"Há mais de 150 anos que querem um salão de festas na Casa Branca, mas nunca houve um presidente que fosse bom em salões de festas ", afirmou Trump aos repórteres nesta quinta-feira. "Sou bom em construir coisas e vamos construir rapidamente e dentro do prazo. Vai ficar lindo, top, top de linha."

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Leavitt disse em uma entrevista coletiva nesta quinta-feira que Trump e outros doadores se comprometeram a arrecadar os cerca de US$ 200 milhões necessários para os custos de construção. Ela não revelou os nomes dos outros doadores.

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*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.