Republicanos lança Hugo Motta à presidência da Câmara após Lira anunciar apoio ao deputado

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O Republicanos lançou nesta terça-feira, 29, a candidatura do deputado Hugo Motta (PB) à presidência da Câmara. A cerimônia, na sede do partido em Brasília, ocorreu após o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), anunciar oficialmente o apoio ao paraibano para sua sucessão. O pleito ocorrerá em fevereiro, e o parlamentar tem como adversários os deputados Elmar Nascimento (União-BA) e Antonio Brito (PSD-BA).

Motta se tornou o candidato de Lira após uma reviravolta em setembro. O candidato do Republicanos era o próprio presidente nacional do partido, Marcos Pereira (SP), que abriu mão da candidatura em favor de Motta. O presidente da Câmara, até então, sinalizava que indicaria Elmar para o cargo. A mudança de planos gerou um rompimento entre Lira e o líder do União Brasil, que se aliou a Brito.

Ao anunciar o apoio, Lira afirmou que o líder do Republicanos "vai manter a marcha da Câmara seguindo esta mesma receita". Aliados de Motta e o próprio Lira têm pressionado a bancada petista a anunciar o mais rápido possível o apoio ao líder do Republicanos. Foi oferecido ao PT o comando da 1ª Secretaria da Câmara na futura composição da Mesa Diretora.

Além disso, como mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o partido negocia a indicação para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), e os cotados são a própria presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, e o líder da bancada de deputados, Odair Cunha (MG).

O nome de Motta aparecia desde o ano passado, nos bastidores, como uma opção para a presidência da Câmara. No entanto, ele não estava entre os principais cotados para a sucessão porque o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, tinha a preferência no partido.

Na avaliação de lideranças do Congresso, Motta conseguiu "subir os degraus" da Câmara e ganhar influência aos poucos. Aliados dizem que ele sempre procurou aprender com os políticos mais experientes. Foi "pupilo" do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e soube atuar nos bastidores, até se tornar o favorito de Lira para a sucessão.

Depois de ter integrado a base dos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, Motta hoje é próximo ao governo Lula e um dos principais interlocutores do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no Legislativo.

De atuação discreta, Motta é considerado o "braço direito" de Lira. Os dois costumam fazer caminhadas juntos, na Península dos Ministros, em Brasília, área verde próxima à Residência Oficial da Presidência da Câmara.

O líder do Republicanos é mais próximo de Lira e do presidente do PP, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), do que de Marcos Pereira. Segundo aliados, ele é firme quando se posiciona, mas acaba fazendo o que Lira quer.

Na primeira eleição de Lira para a presidência da Câmara, em 2021, Motta foi o "anfitrião" na Paraíba. O deputado alagoano contava com um "chefe de campanha" em cada Estado. A relação entre os dois, segundo interlocutores, é de "respeito" e "amizade".

Como mostrou o Broadcast Político em julho, apesar de Elmar ter sido apresentado desde o começo das discussões como o favorito de Lira, havia crescido nos últimos meses a percepção entre deputados de que o presidente da Câmara, na verdade, estudava uma forma de viabilizar o nome de Motta para a sucessão.

Alguns sinais da articulação por Motta foram dados em junho, durante o Fórum Jurídico de Lisboa, evento realizado na capital de Portugal pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), conhecido como "Gilmarpalooza". Lira e os líderes do Centrão estavam por lá.

Em um evento do agro na semana passada, em São Paulo, Motta estava ao lado de Lira e pregou contra o que chamou de "agenda de radicalização".

Aliados de Motta dizem que ele é "correto", "competente" e tem "palavra", ou seja, cumpre o que promete, é atencioso com os deputados, não apenas com os líderes, mas também com o chamado "baixo clero", parlamentares de pouca expressão política na Câmara.

Apesar de ser hoje próximo ao governo petista, Motta votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. Na época, ele era do mesmo partido e aliado de Eduardo Cunha, algoz de Dilma.

Ele fazia parte de um grupo de deputados conhecidos como a "tropa de choque de Cunha". Esse time incluía também Lira, Carlos Marun (MDB-MS), Wellington Roberto (PL-PB), Cacá Leão (PP-BA) e André Fufuca (PP-MA), atual ministro do Esporte.

Motta tem 34 anos e é médico. Foi filiado ao MDB até 2018, quando migrou para o Republicanos. Depois de atuar como deputado estadual na Paraíba, foi eleito deputado federal em 2010, aos 21 anos. Está, atualmente, no quarto mandato como deputado federal.

Foi relator, em 2021, da chamada "PEC emergencial", que permitiu ao governo Bolsonaro pagar auxílios na pandemia de covid-19, e também da PEC dos Precatórios. Em 2015, presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou suspeitas de corrupção na Petrobras.

Em outra categoria

A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".

A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.