Biden discute com Israel ataques a instalações petrolíferas do Irã; preço do barril sobe

Internacional
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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou nesta quinta-feira, 3, que discute com Israel possíveis ataques contra instalações petrolíferas do Irã. A medida seria uma resposta aos ataques iranianos contra o território israelense esta semana. Após a declaração, os preços do combustível subiram.

Biden participou de uma entrevista coletiva para tratar do assunto e foi questionado se apoiaria ataques de Israel à infraestrutura petrolífera do Irã. "Estamos em discussão", disse. "Mas não vai acontecer nada hoje".

O Oriente Médio tem os maiores produtores do mundo e um conflito regional ameaça os fluxos globais do combustível. O preço dos barris Brent e West Texas chegaram a US$ 77,49 e US$ 73,68, respectivamente, um aumento de 4,7% e 5,1%.

A preocupação é que ataques a instalações petrolíferas do Irã causem novas reações do lado iraniano, que enviou um aviso aos Estados Unidos afirmando que não iria mais adotar contenções em caso de ataques de Israel. "Caso algum país preste assistência ao agressor, também será considerado cúmplice e alvo legítimo", afirmou a embaixada do Irã na ONU em um comunicado após a declaração de Biden.

Teerã também enviou o recado aos Estados Unidos através do Catar e da Embaixada da Suíça em Teerã, que é responsável pelos serviços consulares dos EUA no Irã. Os dois países não possuem relações desde 1980.

A preocupação é que a escalada leve o Irã a bloquear o Estreito de Ormuz, uma importante rota para o transporte do petróleo, ou leve o país a atacar a infraestrutura da Arábia Saudita, como fez em 2019. Os sauditas, maiores exportadores de petróleo do mundo, se reaproximaram do Irã no ano passado, mas as relações seguem instáveis.

Mesmo que não haja ataques do Irã, uma resposta contra a infraestrutura petrolífera do país afetaria outras nações, como a China, a segunda maior economia mundial. O país asiático é o maior comprador de petróleo de Teerã.

Apesar do aumento, os preços atuais são inferiores ao pico atingido este ano. Outros fatores, que incluem uma demanda de energia inferior da China e o aumento da produção de petróleo em outros lugares, levam os barris a estarem abaixo de US$ 90, preço que estava há seis meses.

As nações do Golfo Pérsico, no entanto, se mostram preocupadas com a escalada regional. Segundo a agência de notícias Reuters, autoridades das nações árabes da região, formada pelo Catar, Emirados Árabes, Arábia Saudita, Omã, Bahrein, Kuwait e Iraque, se reuniram com o Irã em Doha para debater o conflito do país com Israel. Eles pedem que o país não faça novas escaladas e afirmam neutralidade.

A reunião teve a presença do presidente iraniano, Masoud Pezeshkian. Segundo a agência de notícias estatal do Irã, ele chamou os EUA e o Ocidente de hipócritas por manter o apoio irrestrito a Israel apesar de ataques à estrutura civis da Faixa de Gaza e ao Líbano. "Esse regime receberá uma resposta ainda mais esmagadora e forte se cometer o menor erro novamente", declarou Pezeshkian, referindo-se a Israel como regime sionista.

Pezeshkian também tentou reunir o apoio entre as nações muçulmanas, alegando que a falta de aliança entre eles encorajou Israel a atacar a Faixa de Gaza e o Líbano.

Instalações nucleares

A discussão dos EUA com Israel sobre possíveis ataques a infraestruturas petrolíferas do Irã é admitida pelo presidente Joe Biden um dia depois dele afirmar que não apoiaria ataques contra as instalações nucleares do Irã. "Concordamos que eles (Israel) têm o direito de responder, mas devem responder proporcionalmente", declarou nesta quarta.

Apesar de não estar clara a resposta ao Irã, Israel prometeu que vai retaliar os ataques aéreos no momento oportuno. "O Irã cometeu um grande erro esta noite e vai pagar por isso", disse o primeiro-ministro de Israel Binyamin Netanyahu na terça, 1.º. "Quem nos ataca, nós atacamos", acrescentou.

Um ataque às instalações nucleares do Irã, como analistas militares especulam que poderia acontecer, teria grande repercussão na guerra por exigir o apoio direto dos EUA.

O programa nuclear do Irã está espalhado por vários locais. Uma de suas maiores instalações é o Natanz, construída em uma planície ao lado de montanhas, fora da cidade sagrada xiita de Qom, ao sul de Teerã. O local é central no programa de enriquecimento de urânio do país, necessário para produzir armas nucleares.

Outro local é a instalação Fordow, construída no interior de uma montanha e, portanto, com maior proteção contra possíveis bombardeios. O Irã também possui um grande centro de tecnologia nuclear nos arredores de Isfahan, sua segunda maior cidade, atacada por Israel em abril após a primeira série de mísseis iranianos lançados contra o país. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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Quatro ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são esperados por comissões na Câmara dos Deputados nesta semana. As "visitas" ocorrem em meio a desgastes nos ministérios de Lula, com demissão de Carlos Lupi pelo escândalo dos desvios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e avanço da reforma ministerial, com previsão de substituição na pasta das Mulheres, saindo Cida Gonçalves e entrando Márcia Lopes.

Para dois ministros, a presença será obrigatória, já que se trata de convocação. O chefe do Itamaraty, Mauro Vieira, deverá comparecer à reunião da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional nesta terça-feira, 6, à tarde, para prestar esclarecimentos sobre o asilo diplomático concedido à Nadine Heredia. A ex-primeira dama do Peru foi condenada pela Justiça peruana por corrupção, em ação originada da Operação Lava Jato.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também foi convocada pela oposição e deve comparecer à reunião da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural nesta quarta-feira, 7, às 10h.

A convocação partiu de dois requerimentos: um do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), que pede que a ministra preste esclarecimentos sobre os impactos ambientais da construção de uma nova rodovia em Belém para a COP30. Já o deputado Rodolfo Nogueira (PL-MS), pecuarista e agricultor, quer que Marina explique se "estava envolvida ou fomentando" ações da 21.ª edição do Acampamento Terra Livre, e sobre aumento de incêndios e alta na degradação na Amazônia Legal.

Na mesma comissão, mas no dia anterior, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, foi convidado pelos parlamentares para discutir e analisar diversas pautas. Com requerimentos de deputados da oposição e governistas, o ministro deverá ser questionado sobre o preço dos alimentos, a situação da regularização fundiária no País, supostos crimes praticados por movimentos sociais durante o "Abril Vermelho", ações do governo para solucionar conflitos no campo, entre outras. Teixeira também será convidado a apresentar os resultados das políticas da pasta e os planos para este ano.

O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, foi convidado pela Comissão de Trabalho para reunião com os deputados na quarta-feira. O colegiado disse que o objetivo será que o ministro apresente "plano de trabalho para o ano de 2025" e debata temas ligados à sua pasta.

Também na quarta, Carlos Lupi era esperado na Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa para prestar esclarecimentos sobre os desvios bilionários dos proventos de aposentados e pensionistas do INSS. Ele, entretanto, pediu demissão do Ministério da Previdência na última sexta-feira, 2, em meio ao escândalo. Como mostrou o Estadão, esta foi a 11.ª troca na Esplanada dos Ministérios desde o início da gestão de Lula, em 2023.

O chefe interino da Coordenação de Sanções do governo dos Estados Unidos, David Gamble, vem ao Brasil nesta semana para uma série de agendas bilaterias para discutir "organizações criminosas transnacionais", segundo a Embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

Enviado pelo Departamento de Estado da administração Trump, Gamble é responsável pelos programas de sanções voltados ao combate ao terrorismo e ao tráfico de drogas.

Gamble deve se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), de acordo com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), licenciado de seu mandato.

Nas redes sociais, Eduardo tem tratado a vinda do americano como um passo para a imposição de sanções por parte de Trump contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, considerado algoz do bolsonarismo.

"Está chegando a hora", escreveu Eduardo no X (antigo Twitter) na sexta-feira, 2, ao compartilhar um link de um site noticioso informando que Gamble vem ao Brasil para tratar de "sanções contra Moraes".

O governo brasileiro não confirma reunião do enviado americano com nenhuma autoridade.

Desde que decidiu se licenciar do mandato para viver nos Estados Unidos, em março, Eduardo vem dizendo que tomou a decisão "para buscar sanções aos violadores dos direitos humanos" junto ao governo Trump.

Em postagem publicada nas redes sociais na ocasião, ele disse ser alvo de perseguição, criticou Moraes e chamou a Polícia Federal de "Gestapo", polícia secreta da Alemanha nazista.

"Irei me licenciar sem remuneração para que possa me dedicar integralmente e buscar sanções aos violadores de direitos humanos. Aqui, poderei focar em buscar as justas punições que Alexandre de Moraes e a sua Gestapo da Polícia Federal merecem", disse.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou que há consenso no Congresso Nacional e no Judiciário de que houve exagero na aplicação de parte das penas para condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Segundo o presidente da Casa, os deputados discutem um projeto de "readequação" das penas.

As declarações ocorreram nesta segunda-feira, 5, em entrevista ao programa Bom Dia Paraíba, da afiliada da TV Globo na Paraíba.

"Eu vejo a questão da anistia como uma pauta que precisa ser discutida com muita serenidade. Não vai ser com arroubos, com atropelos, que nós vamos resolver essa situação. Porque o que é que há na sociedade, o que é que há no Congresso, e eu diria até dentro do próprio Judiciário, de consenso nesse tema? É que há penas exageradas para pessoas que não mereciam essas penas", afirmou.

Motta prosseguiu: "Nós precisamos discutir como resolver isso, até para que não sejamos injustos para com pessoas que não participaram do planejamento daquele ato de 8 de janeiro, que não financiaram esse movimento que nós infelizmente vivemos".

Segundo o presidente da Câmara, está sendo discutida uma "readequação" das penas a partir de um projeto de lei na Câmara. Ele não mencionou se a proposta é a mesma que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), vem costurando no Congresso.

"É essa a discussão que nós temos feito para poder, de certa forma, resolver essa situação, poder fazer uma discussão sobre essas penas. A partir daí, um projeto que possa fazer essa readequação", disse.

De acordo com o deputado, com o projeto, há uma possibilidade de que alguns presos já possam voltar para suas casas, a depender do cumprimento de parte da pena. O parlamentar, no entanto, ainda não indicou quando vai pautar o requerimento de urgência para o projeto de lei da anistia. O pedido já foi protocolado pela bancada do PL.