Bloco de ultradireita no Parlamento Europeu exclui partido alemão após polêmica nazista

Internacional
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O grupo Identidade e Democracia (ID), coalizão de políticos de direita e extrema direita no Parlamento Europeu, expulsou um partido alemão depois que seu principal candidato nas eleições do poder legislativo da União Europeia defendeu criminosos nazistas.

O candidato do partido Alternativa para a Alemanha (AFD), Maximilian Krah. disse em entrevista a um jornal italiano que nem todos os membros da SS, abreviação de Schutzstaffel em alemão, eram criminosos. A instituição defendida por Maximilian foi uma organização paramilitar e de segurança do partido nazista, que esteve envolvida em crimes de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial.

O partido La Lega da Itália, que integra o grupo europeu de extrema direita, publicou um comunicado, em nome da coalizão, se distanciando das polêmicas do candidato. "O Grupo ID não quer mais ser associado aos incidentes relacionados a Maximilian Krah", disse.

Com a repercussão negativa, o AFD declarou que Maximiliam vai deixar sua liderança e que seus erros causaram "danos massivos". O candidato confirmou a renúncia de seu cargo no país e a participação na disputa para ocupar o Parlamento Europeu em uma publicação no X (antigo Twitter), na última quarta-feira, 22.

"Reconheço que minhas declarações factuais estão sendo mal utilizadas como pretexto para prejudicar o nosso partido. A última coisa que precisamos agora é de um debate sobre mim. Por esse motivo, renuncio agora a qualquer participação em campanha eleitoral e renuncio ao cargo de membro do Conselho Executivo Federal", escreveu.

Apesar de não ter anunciado novas parcerias políticas, a sigla alemã disse que permanece otimista para as eleições. "A aliança com outros partidos é essencial para ser politicamente eficaz em Bruxelas. Estamos confiantes de que continuaremos a ter parceiros confiáveis do nosso lado no novo período legislativo", disseram os colíderes do AFD, Alice Weidel e Tino Chrupalla em comunicado.

Com excelentes índices nas pesquisas de opinião da Alemanha, no ano passado, o AFD esperava por vitórias nas eleições estaduais do país. Neste ano, a popularidade do partido diminuiu, especialmente depois que milhões de alemães protestaram contra posturas radicais e de extrema direita da sigla.

Maximiliam também esteve envolvido em outro escândalo. Autoridades de Bruxelas, na Bélgica, revistaram os escritórios do alemão no Parlamento Europeu para investigar se ele possuía relação com um caso de espionagem para China, envolvendo um de seus assistentes.

Em abril, Petr Bystron, considerado o segundo nome mais cotado para a disputa do poder legislativo europeu, precisou se pronunciar para negar as acusações de que teria recebido dinheiro de uma rede da Rússia.

Divisão na extrema direita

A apenas duas semanas para as eleições do Parlamento Europeu, que serão realizadas de 6 a 9 de junho, a expulsão do partido alemão do grupo Identidade e Democracia coloca em evidência divisões na extrema direita da União Europeia. A tensão na relação entre o AFD e o ID começou há meses, segundo veículos de notícias da Alemanha.

"Eu acho que o AFD, com quem trabalhamos juntos no Parlamento Europeu por cinco anos, ultrapassou os limites", disse o principal candidato do partido Reunião Nacional da França, Jordan Bardella à agência de notícias alemã Deutsche Presse-Agentur.

Após os resultados das eleições, a expectativa é saber quais rumos o bloco vai tomar sobre questões importantes, como as mudanças climáticas, imigração e apoio à Ucrânia. Fonte: Associated Press.

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O ex-presidente Jair Bolsonaro, do Partido Liberal (PL), decidirá os candidatos a presidente e vice de seu partido em 2026. É o que garante Valdemar Costa Neto, presidente nacional da sigla, em inserção veiculada na TV na noite de sábado, 15.

"Nós queremos o (Jair) Bolsonaro candidato a presidente do Brasil pelo PL. Agora, se ele não for, quem decide quem vai ser o candidato a presidente é o Bolsonaro. Quem decide quem vai ser o candidato a vice-presidente é o Bolsonaro", disse Costa Neto na propaganda. "Devemos isso a ele, é ele quem tem os votos. Bolsonaro e o povo brasileiro fizeram o PL o maior partido do Brasil".

A próxima eleição presidencial está marcada para 2026, mas Jair Bolsonaro está inelegível até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como opções de candidatura à direita, nomes como os dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, são especulados como sucessores do espólio eleitoral do ex-presidente.

Michelle e Tarcísio despontam como sucessores de Jair Bolsonaro

Em maio, uma pesquisa Genial/Quaest indicou que Tarcísio de Freitas e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) são os nomes mais bem cotados para concorrer ao comando do Executivo federal no lugar do ex-presidente.

Michelle é apontada como melhor opção por 28% dos eleitores entrevistados e o governador de São Paulo aparece com 24%. Entre os bolsonaristas, Michelle é a favorita de 41% e Tarcísio, de 33%.

Em um dos cenários simulados pelo levantamento, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) venceria Tarcísio de Freitas em um segundo turno por margem estreita: 46% a 40%.

A Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) apura se o detento Lucas Costa Brasileiro, acusado de participar dos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, sofreu agressões no Complexo da Papuda. Em 6 de junho, Lucas foi um dos alvos de operação da Polícia Federal (PF) que recapturou os envolvidos no Ataque aos Três Poderes que estavam foragidos ou descumpriram medidas cautelares.

Segundo a Seape, Lucas alegou ter sofrido agressões durante a triagem da penitenciária. Após a denúncia, ele foi conduzido ao Instituto Médico Legal (IML). Em paralelo aos exames do IML, a pasta informa que iniciou um processo "para apurar a veracidade dos fatos".

"A Seape reforça que os todos os procedimentos institucionais no sistema penitenciário são realizados dentro da legalidade e não coaduna com qualquer desvio de conduta de seus servidores", afirma o órgão, em nota.

Ao Estadão, o deputado distrital Fábio Félix (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), diz que está acompanhando a denúncia. "O sistema prisional deve respeitar a dignidade das pessoas para que seja um espaço de ressocialização", afirma Felix.

Em vídeo publicado nas redes sociais, Evandro Brasileiro, pai de Lucas, nega que o filho tenha descumprido as medidas cautelares impostas pela Justiça. "É um absurdo o que estão fazendo. É muita pressão. Eu não aguento mais", disse Evandro.

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), criticou com veemência nesta quinta-feira, 13, o volume de entidades que se inscrevem nos processos na qualidade de "amicus curiae" e, na avaliação dele, não contribuem com informações interdisciplinares relevantes.

"Eles têm que chegar aqui, não é para falar sobre Direito, o que os advogados já fizeram, é para falar sobre os conhecimentos interdisciplinares", disparou o ministro.

Fux defendeu também uma revisão na participação desses órgãos junto ao STF. "Acho que nós precisaríamos corrigir um pouco a atuação dos amici curiae."

A figura do amicus curiae (amigo da corte, em latim) foi instituída em 2015, pela reforma no Código Civil. O objetivo é permitir que órgãos e entidades especializados participem dos processos como "terceiros interessados". Ou seja, eles não são parte da ação, mas podem apresentar dados e argumentos úteis para o julgamento. A ideia é que os ministros sejam municiados com informações para decidirem cada caso com o máximo conhecimento possível.

Há processos no STF com dezenas de amici curiae habilitados. Eles têm o direito de apresentar seus argumentos na tribuna, antes das votações, o que pode atrasar o desfecho dos julgamentos.

O interesse neste instrumento é mais comum justamente em casos de grande repercussão, que englobam diferentes pontos de vista. O processo sobre o marco temporal para a demarcação em terras indígenas, por exemplo, tem mais de 70 associações e entidades cadastradas como amici curiae.

Para Fux, há um uso "promíscuo" e "vulgar" da prerrogativa. O ministro defendeu, por exemplo, que não há necessidade de ouvir novamente os órgãos e entidades quando houver audiência pública na fase de instrução do processo.

"Onde funciona amicus curiae, não deve haver audiência pública. Onde há audiência pública, não há necessidade de amicus curiae. Tudo o que eles têm que falar, falam na audiência."

Uma mudança na sistemática poderia ser promovida por meio do regimento interno do tribunal.

As críticas do ministro foram feitas nesta tarde, no plenário do STF, depois que o tribunal concordou em adiar o julgamento sobre a taxação de agrotóxicos.

O processo estava pronto para ser votado, mas os ministros decidiram convocar uma audiência pública, a pedido do PSOL, que move a ação.

O caso foi levado ao plenário físico após um pedido de destaque de André Mendonça no julgamento virtual, que se arrastava desde novembro de 2020. Com isso, o placar é zerado e os ministros têm que votar novamente. Oito votos já haviam sido registrados na modalidade virtual. Como o placar estava dividido, Mendonça considerou necessário abrir o debate presencial, para modular a decisão.

"Terei dificuldade, em outras situações, interromper um julgamento já avançado e reabrir a instrução para audiência pública", ressalvou André Mendonça.