Câmara da Argentina aprova Lei de Bases em votação geral, com aval para algumas privatizações

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A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta terça-feira, 30, por 142 votos a 106, com 5 abstenções, a Lei de Bases, em linhas gerais. Agora, o texto será alvo de votação por capítulos, informa a imprensa local. O presidente Javier Milei e seu porta-voz, Manuel Adorni, registravam a vitória em suas contas no X (ex-Twitter).

O La Nación recorda que é a segunda tentativa do governo para aprovar a lei, que prevê reformas estruturais em vários setores. Agora, ela tem pouco mais de 220 artigos, segundo o jornal. A Câmara deu hoje o aval para o governo privatizar nove empresas, quando o projeto original previa 41 privatizações, compara o diário. Aerolíneas Argentinas, Radio y Televisión Argentina e Intercargo poderão ser privatizadas totalmente, enquanto Agua Y Saneamientos Argentinos S.A, Correo Argentino, Belgrano Cargas, Sociedad Operadora Ferroviaria S.E (Sofse) e Corredores Viales S.A. poderão ser em parte privatizadas, detalha o La Nación.

Após finalizar o trâmite na Câmara dos Deputados, o projeto de lei seguirá para o Senado. O Clarín informa que os governistas tiveram de fazer concessões em vários pontos do projeto hoje aprovado, entre eles limitar os órgãos públicos que a presidência poderá reformular.

Ainda hoje, o Âmbito Financiero menciona que a Câmara deve começar a votar o pacote fiscal almejado pelo governo.

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O deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) disse que a escolha de Paulo Pimenta para chefiar a Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução no Rio Grande do Sul vai criar em um conflito com o governo de Eduardo Leite (PSDB). Para Aécio, ao escolher o ministro para cuidar das ações do governo federal no Estado, "Lula abdicou do papel de estadista para optar por cumprir um papel de líder político".

Em entrevista ao programa Os Três Poderes, da revista Veja, nesta sexta-feira, 17, Aécio afirmou a definição do nome de Pimenta para o comando da pasta politiza a situação do Rio Grande do Sul e faz "um tipo de intervenção federal no Estado". O deputado já havia classificado a indicação do ministro como uma "excrescência".

"Com essa nomeação vai haver um conflito (entre governo estadual e o novo ministério). No momento em que politiza essas ações, ele presta um desserviço enorme àqueles que estão sofrendo e que precisam de harmonia das autoridades", afirmou.

Na quinta-feira, 16, Pimenta afirmou que não se preocupa com as críticas que tem recebido por ter assumido como autoridade federal no Estado. "Vou responder com trabalho, espírito público e compromisso com o Rio Grande do Sul. Não me preocupo com as críticas, que são compreensíveis. Cada uma mede a conduta dos outros pela sua régua", disse, em entrevista à CNN Brasil.

Eduardo Leite não foi consultado sobre o nome que assumiria a pasta extraordinária. Na avaliação da gestão gaúcha, o presidente Lula estaria apostando na figura política de Pimenta para capitalizar o nome do ministro para um cargo majoritário pelo Rio Grande do Sul em 2026.

A presença de Lula e suas primeiras ações para socorrer o Estado foram elogiadas por Aécio, mas, segundo ele, tudo foi "jogado por terra" com a indicação de Pimenta. "Tudo o que nós não precisávamos neste momento era um gesto que, na prática, politiza algo que deveria estar sendo construído com generosidade, harmonia e desprendimento", disse.

A Secretaria Extraordinária da Reconstrução no Rio Grande do Sul, com status de ministério, é responsável por coordenar as ações do governo federal para a recuperação do Estado, afetado por enchentes há mais de duas semanas.

O órgão deverá ser extinto dois meses depois do fim do decreto de estado de calamidade do Rio Grande do Sul, que será em 31 de dezembro. Pimenta estará no cargo até fevereiro de 2025. Na ausência dele, a Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência é comandada interinamente pelo jornalista Laércio Portela.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre Moraes negou, nesta sexta-feira, 17, o pedido da defesa do delegado da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, e manteve o réu em prisão preventiva. De acordo com as investigações da Polícia Federal, Rivaldo foi a principal cabeça por trás do atentado contra Marielle Franco (PSOL), que resultou na morte da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes, em março de 2018.

A decisão de Moraes está em conformidade com a manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que alegou que a "prisão deve ser mantida, pois Rivaldo Barbosa não apresentou nenhuma mudança fatídica ou jurídica apta a alterar o panorama da decisão judicial que deferiu a custódia máxima". O órgão também argumentou que, além de o acusado ter ajudado a planejar o crime, ele "empreendeu esforços a fim de evitar o avanço da investigação" e, se liberto, pode voltar a atrapalhar o processo penal e recorrer a 'contatos' na milícia.

"Importante ressaltar, ainda, que, segundo apurado, Rivaldo mantém relações ilícitas com os principais milicianos e contraventores do Estado do Rio de Janeiro. Sua libertação, aliada ao poderio econômico de que dispõe e dos contatos com as redes ilícitas existentes no Município do Rio de Janeiro, poderá frustrar a própria aplicação da lei penal e comprometer a instrução criminal", diz a PGR.

Rivaldo Barbosa, o deputado Chiquinho Brazão (sem partido) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão estão preso desde o dia 24 de março deste ano.

Embora o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não tenha apresentado um estudo sobre o impacto orçamentário da nova licença que será concedida - em dinheiro ou dias de folga - aos procuradores do Estado, o presidente da associação que representa a categoria, José Luiz Souza de Moraes, garante que não será a "farra do boi". "Esse recado já foi dado pela administração pública."

O benefício foi criado a partir de um projeto de lei apresentado pelo próprio Tarcísio, que pediu urgência na votação do texto na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Os deputados aprovaram a proposta nesta semana.

O projeto cria uma licença "compensatória" por "excesso de trabalho" para os procuradores do Estado. Quem estiver sobrecarregado, poderá tirar um dia de folga a cada três trabalhados, até o limite de sete dias de descanso no mês, ou receber o valor em dinheiro.

"São trabalhos extraordinários, não vão ser sete dias de folga todo mês", prevê o presidente da Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo (Apesp).

De acordo com as novas regras, o pagamento em dinheiro deve ocorrer quando o procurador, "por necessidade do serviço", não puder tirar as folgas. Como o projeto parte da premissa do excesso de trabalho, a tendência é que as indenizações se sobreponham aos dias de descanso, ou seja, que se tornem mais um "extra" fora do teto.

Para José Luiz, não há margem para o benefício se tornar uma "constante aplicação de indenização". Ele vê a mudança como uma "ferramenta de gestão".

"Esse é um pleito antigo dos colegas, não necessariamente a indenização, mas o cômputo dos trabalhos extraordinários. Não é um penduricalho e sim uma medida de compensação. Qualquer trabalhador que faça além do seu trabalho recebe hora-extra."

O salário inicial dos procuradores do Estado de São Paulo é de R$ 38,9 mil.

Podem pedir a licença - ou reembolso - os procuradores que trabalharem em finais de semana ou feriados para atender "providências extrajudiciais ou judiciais", que estiverem cobrindo colegas durante férias ou licença e que acumulem funções em grupos de trabalho, comitês, mutirões, programas de colaboração ou "quaisquer atividades públicas relevantes".

A procuradora-geral do Estado, Inês Maria dos Santos Coimbra, ainda vai regulamentar a implementação do novo modelo. O Estadão questionou o governo sobre como será, na prática, o pedido de licença, ou seja, se os servidores precisam apresentar alguma comprovação para solicitar as folgas ou a compensação em dinheiro. Não houve resposta.

Outras instituições, como Ministério Público, Defensoria e Tribunal de Justiça, já adotam a mesma sistemática.

No caso dos procuradores do Estado, as compensações serão custeadas com recursos do fundo de administração da PGE. Criado em 1976, ele é alimentado por verbas de honorários. O Governo de São Paulo e a Associação dos Procuradores do Estado não informaram quanto há no fundo.

"Esse dinheiro dos honorários é arrecadado pelo êxito das ações propostas pelos procuradores do Estado ou quando o procurador de Estado ganha uma ação para o Estado de São Paulo. Ganhar e receber verba honorária é a maior prova de desempenho da função. É, portanto, um dinheiro destacado de qualquer verba pública", acrescenta José Luiz.

Leia a entrevista completa com José Luiz Souza de Moraes, presidente da Associação dos Procuradores do Estado de São Paulo (Apesp):

A associação rejeita enfaticamente que essa licença seja um penduricalho, mas é mais um benefício que não entra no teto remuneratório. Além disso, o projeto parte da justificativa de que há excesso de trabalho. Pela lógica, se há tanto trabalho, será difícil para o gestor liberar folgas. Ou seja, a tendência é que a licença vire um extra nos subsídios. O senhor concorda?

Eu discordo. Acho que é uma ferramenta de gestão que vai possibilitar, por exemplo, que os colegas possam gozar de um número maior de dias de descanso. Há diversos procuradores com problemas de saúde, que se agravaram na pandemia, mas deixam de tirar licença para não atrapalhar os colegas ou para não se prejudicarem. Isso vai ser uma ferramenta de gestão, inclusive permitindo que os procuradores possam administrar melhor as suas folgas. Não vejo isso como uma constante aplicação de indenização. Esse é um pleito antigo dos colegas, não necessariamente a indenização, mas o cômputo dos trabalhos extraordinários. Não é um penduricalho e sim uma medida de compensação. Qualquer trabalhador que faça além do seu trabalho recebe hora-extra.

O texto prevê que podem pedir a licença - ou reembolso - os procuradores que trabalharem em finais de semana ou feriados para atender "providências extrajudiciais ou judiciais", que estiverem cobrindo colegas durante férias ou licença e que acumulem funções em grupos de trabalho, comitês, mutirões, programas de colaboração ou "quaisquer atividades públicas relevantes". Esse último ponto não fica muito aberto?

A justiça dessa medida, que nós sempre pedimos como associação, está justamente na excepcionalidade do trabalho. São trabalhos extraordinários, não vão ser sete dias de folga todo mês. Não vai ser a farra do boi, como é em outras carreiras. Esse recado já foi dado pela administração pública.

Se todos os 800 procuradores pedirem sete dias de licença por mês, e elas forem compensadas em dinheiro e não em dias de folga, quanto essa medida vai custar? É um cenário que a associação considera impossível, mas essa conta do teto não deveria ter sido feita?

Isso não é possível. Simplesmente não existe essa possibilidade de uma farra do boi. Não vai ocorrer, porque é trabalho extraordinário. Qualquer regulamentação que desborde as finalidades da lei, será uma regulamentação ilegal.

Não foi feito um estudo de impacto orçamentário?

Certamente esses estudos foram feitos, mas obviamente não levando em consideração um cenário absolutamente tenebroso como esse, porque não pode ocorrer. Não ocorreria, de forma alguma, esse cenário do máximo para todo mundo. Isso seria uma ilegalidade.

E nos estudos vocês trabalham com que valor?

Não tenho acesso a esses estudos, não tenho acesso a esses valores, não sei quais seriam.

Como se dará na prática a constatação de que há excesso de trabalho? A declaração do procurador serve para solicitar a compensação ou ele precisa apresentar algum tipo de comprovação?

Ainda não sabemos como será. Mas isso vai ser objetivo de uma regulamentação administrativa por parte da Procuradoria Geral de Estado.

A associação chegou a conversar com o governo sobre o projeto?

Sim. Isso é um pleito muito antigo na nossa carreira. Hoje nós temos 1,2 mil cargos previstos para a Procuradoria e só 800 preenchidos. O trabalho não some quando alguém sai em licença por motivo de saúde, licença-maternidade ou se aposenta. Passa para o colega. Então o procurador que tinha mil processos, passa a acumular dois mil, sem nenhuma remuneração a mais.

Como é composto o fundo de administração que vai custear as compensações? Só com verbas de honorárias?

O PLC 23 é custeado exclusivamente com dinheiro privado da verba honorária. Um dinheiro que não é dinheiro dos cofres públicos. Esse dinheiro dos honorários é arrecadado pelo êxito das ações propostas pelos procuradores do Estado ou quando o procurador de Estado ganha uma ação para o Estado de São Paulo. Ganhar e receber verba honorária é a maior prova de desempenho da função.

É, portanto, um dinheiro destacado de qualquer verba pública. Isso, inclusive, não agradou a carreira, porque como é um serviço extraordinário prestado pelos procuradores, nós achávamos até mesmo que eram os cofres públicos que deveriam pagar. Não foi o caso e concordamos. Achamos justo. Nós mesmos pagamos esses trabalhos extraordinários. Não é que o Estado está nos pagando mais. Nós é que pagamos o que o Estado deveria nos pagar, como faz para todas as outras carreiras.

O valor que existe nesse fundo flutua muito?

Não varia porque o fundo não é distribuído livremente, ao contrário de outros Estados. Ele é usado para pagar os salários dos procuradores de Estado e fica uma poupança para fazer frente às despesas ao longo da passagem dos anos. Aquilo que supera as despesas, vai ficando lá.

Quanto dinheiro há hoje nesse fundo? Tem verba suficiente para pagar todos os procuradores que reivindicarem folgas e não puderem tirá-las?

Não sei informar quanto tem de verba honorária pura nesse fundo. Mas há muitos e muitos anos esse fundo é arrecadado. Ele foi criado em 1976. Foi objeto de uma ação judicial, com trânsito em julgado, o que o tornou mais estável, não alterável por mero ato administrativo do governador. Essa sistemática remuneratória é protegida por coisa julgada, justamente em razão do caráter privado da verba honorária. Foi reconhecido judicialmente que essa é uma verba privada, que não pertence à Fazenda Pública, aos cofres públicos, e sim aos procuradores do Estado, e tem que ser destinada ao pagamento de salários e outras necessidades que se fizerem presentes em relação ao exercício das funções.

O projeto de lei complementar foi apresentado à Assembleia Legislativa com a justificativa de que há excesso de trabalho. Além da vacância de cargos, há dados que embasam essa afirmação?

A estrutura do Estado de São Paulo é completamente diferente da estrutura das Procuradorias de outros Estados. Nós temos um servidor de carreira de apoio para cada quatro procuradores. Em outros Estados, os procuradores trabalham com equipes, ou seja, são vários servidores para cada procurador. E aqui esses servidores funcionam, principalmente, na parte administrativa, mal auxiliam os procuradores a exercer suas funções judiciais. Então o procurador faz processos sozinho, o que leva a gente a falar que a administração pública está pagando o procurador de Estado para tirar cópias, fazer protocolo, o que administrativamente não é ideal.

Além disso, há um número absolutamente imenso de trabalho. Os procuradores de Estado exercem a sua função em toda a administração pública. Tudo passa pela Procuradoria. Não se faz um concurso, uma licitação, sem passar pelo procurador de Estado. Nós atuamos em assuntos da complexidade de bilhões. Lembro que a Procuradoria Geral do Estado foi quem possibilitou a vacinação em São Paulo na pandemia, de forma silenciosa. Foi uma luta jurídica com a União.

O projeto teve inspiração em outras carreiras jurídicas, como Ministério Público, magistratura e Defensoria Pública. Elas têm verba de sucumbência?

Não tem. É dinheiro próprio do Estado que paga essas contas. No nosso caso é verba privada.

Qual a expectativa do ganho de produtividade com esse novo modelo?

Eu não tenho dúvida que a produtividade vai melhorar. Pelo menos a autoestima e o senso de justiça já estão sendo alcançados com a aprovação dessa lei. É um pleito muito antigo e há um descompasso, infelizmente, da Procuradoria com outras carreiras.