Pandas, fentanil e Taiwan: saiba mais sobre a reunião entre os presidentes dos EUA e China

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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da China, Xi Jinping, se reuniram na quarta-feira, 15, em São Francisco, nos Estados Unidos, em meio a um encontro do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico. Esta foi a primeira reunião dos dois líderes em um ano, quando Biden e Jinping se reunião em Bali, na Indonésia, nas margens da reunião do G20 do ano passado.

Além de uma reunião bilateral formal, os dois presidentes almoçaram com os principais conselheiros e passearam pelos jardins verdejantes da luxuosa propriedade onde ocorreu o encontro.

Biden afirmou que a reunião incluiu "algumas das discussões mais construtivas e produtivas que tivemos". Ele acrescentou que os dois líderes "manterão as linhas de comunicação abertas" e que Xi Jinping está "disposto a atender o telefone".

Em outro sinal potencial de uma melhora nas relações entre os países, o presidente chinês sinalizou que Pequim enviaria novos pandas aos Estados Unidos depois que os três do Zoológico Nacional Smithsonian, em Washington, foram devolvidos no início deste mês. Em um discurso, Jinping afirmou que queria "aprofundar os laços de amizade entre os nossos dois povos".

Novos acordos

Biden saiu da reunião com compromissos sobre questões importantes. Jinping concordou em ajudar a conter a produção ilícita de fentanil, um componente mortal de drogas vendidas nos Estados Unidos. Um alto funcionário do governo, que falou sob condição de anonimato para discutir uma reunião privada, disse que a mudança será um revés para os traficantes de drogas latino-americanos.

"Isso vai salvar vidas e apreciei o compromisso do presidente Xi nesta questão", afirmou Biden em entrevista coletiva após sua reunião.

Além disso, Biden e Jinping chegaram a um acordo para retomar as comunicações entre militares. Isso significa que o secretário de Defesa, Lloyd Austin, falará com seu homólogo chinês assim que alguém for nomeado para o cargo, apontou Biden.

Biden disse que os EUA e a China também falariam mais sobre inteligência artificial. "Vamos reunir nossos especialistas e discutir questões de risco e segurança", disse ele.

Os acordos ajudaram a cumprir o objetivo da Casa Branca para a reunião - provar aos eleitores que a dedicação de Biden à diplomacia pessoal está valendo a pena.

No domingo, o conselheiro de segurança nacional Jake Sullivan disse à CNN americana que Biden queria "maneiras práticas" de mostrar que o encontro com Xi Jinping pode ajudar a "defender os interesses americanos e também proporcionar progresso nas prioridades do povo americano".

Zoe Liu, bolsista de estudos sobre a China no Conselho de Relações Exteriores, descreveu o encontro entre Biden e Jinping como um passo positivo, embora incremental. "Estes acordos não vão mudar os desafios estruturais nas relações bilaterais, mas abrem caminho para discussões mais detalhadas a nível de trabalho, o que é mais importante", disse ela.

Biden pressiona Xi Jinping sobre Irã

O democrata pediu ao seu homologo que usasse a sua influencia com o Irã para tentar acalmar as tensões na guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que é financiado por Teerã.

Um oficial americano afirmou que Biden foi quem mais falou sobre o assunto, e que Xi ouviu principalmente, e que era muito cedo para dizer que tipo de mensagem a China iria enviar ao Irã. Biden também pressionou Xi Jinping a reduzir o apoio militar a Rússia em meio a guerra com a Ucrânia.

Taiwan

Biden e Xi Jinping mantiveram uma discussão "lúcida" e "não acalorada" sobre Taiwan - o tema mais sensível na relação com maior potencial para se transformar em um conflito mais amplo. Biden apontou que reafirmou a política de "Uma China" dos Estados Unidos e a sua crença de que qualquer resolução deve ser pacífica.

"Não vou mudar isso", disse Biden. "Isso não vai mudar."

Ele reiterou, porém, que os EUA continuariam financiado e fornecendo armas a Taiwan como forma de dissuasão contra qualquer tentativa da China de usar a força para reunificar a ilha autônoma com o continente.

Segundo uma autoridade dos EUA com conhecimento sobre as discussões, Xi Jinping disse a Biden que não tinha planos de invadir a ilha, embora Biden o tenha repreendido pelo enorme aumento militar da China em torno de Taiwan. Biden também apelou à China para evitar interferir nas eleições de Taiwan no próximo ano.

Desafios econômicos

Xi chegou a São Francisco em um momento de desafios econômicos na China, onde o envelhecimento da população e a dívida crescente dificultaram a sua recuperação da pandemia da covid-19.

De acordo com a descrição da reunião feita por Pequim, Xi pressionou Biden a suspender as sanções e mudar as políticas sobre os controles de exportação de alguns setores.

"Sufocar o progresso tecnológico da China nada mais é do que uma medida para conter o desenvolvimento de alta qualidade da China e privar o povo chinês do seu direito ao desenvolvimento", dizia a leitura. "O desenvolvimento e o crescimento da China, impulsionados pela sua própria lógica inerente, não serão travados por forças externas."

Zhang Lei, um empresário chinês cuja empresa, Cheche Group, está listada na Nasdaq, disse que reuniões de alto nível como a entre Biden e Xi podem ajudar a tranquilizar as empresas que têm hesitado em investir na China. "Confrontos não funcionam", disse ele. "Você não ganha dinheiro com confrontos."

Relação pessoal

Os dois presidentes se conhecem há anos e já realizaram diversas reuniões quando ambos eram vice-presidentes. Xi Jinping relembrou os encontros anteriores com Biden durante a reunião bilateral.

"Ainda me lembro de nossas interações muito vividamente e isso sempre me traz muitas reflexões." Biden também enfatizou a duração de seu relacionamento e o valor de suas interações.

"Nem sempre concordamos, o que não foi surpresa para ninguém, mas as nossas reuniões sempre foram francas, diretas e úteis", disse Biden. Ele acrescentou que "é fundamental que você e eu nos entendamos claramente, de líder para líder, sem equívocos ou falhas de comunicação".

Um funcionário do governo afirmou que Biden desejou feliz aniversário a esposa de Xi Jinping, Peng Liyuan. Segundo relatos, o presidente chinês ficou envergonhado e admitiu que se esqueceu que o aniversário de sua esposa está próximo porque tem trabalhado muito. Fonte: Associated Press.

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O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados deve analisar nesta terça-feira, 6, o pedido que pode levar à suspensão cautelar do mandato e à abertura de um processo de cassação do mandato de Gilvan da Federal (PL-ES). No último dia 1, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), assinou uma representação contra Gilvan pela suposta quebra de decoro parlamentar ao ofender a ministra Gleisi Hoffmann (PT).

"As falas do representado excederam o direito constitucional à liberdade de expressão, caracterizando abuso das prerrogativas parlamentares, além de ofenderem a dignidade da Câmara dos Deputados, de seus membros e de outras autoridades públicas", diz o documento assinado pelo presidente da Câmara.

O documento afirma que Gilvan proferiu manifestações "gravemente ofensivas e difamatórias contra deputada licenciada para ocupar cargo de ministra de Estado [Gleisi], em evidente abuso das prerrogativas parlamentares, o que configura comportamento incompatível com a dignidade do mandato".

Quais os próximos passos?

Primeiro, o Conselho deve avaliar o pedido de suspensão cautelar do mandato do deputado Gilvan, por um período de seis meses. Posteriormente, será iniciado o processo de instrução, que pode resultar na cassação do mandato. Cabe recurso por parte de Gilvan caso a votação vá a plenário.

O local exato da reunião, marcada para às 11 horas, ainda não foi definido. O deputado Ricardo Maia (MDB-BA) foi designado como relator do caso.

Relembre o caso

Durante sessão da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, realizada no dia 29, o deputado proferiu comentários considerados abertamente insultuosos, desrespeitosos e pejorativos em relação à ministra Gleisi. Ainda naquela ocasião, Gilvan também protagonizou um desentendimento com o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara.

O documento assinado por Motta argumenta que o deputado do PL ofendeu a ministra ao vinculá-la ao termo "amante", numa referência a uma alcunha que teria sido atribuída à petista em um suposto esquema de favorecimento envolvendo a empresa Odebrecht. Além disso, o parlamentar utilizou a palavra "prostituta" ao fazer tais declarações.

Gilvan fazia referência a chamada "lista da Odebrecht", relacionada à Operação Lava Jato, em 2016. Nessa "super planilha", o nome de Gleisi aparecia entre os de 279 políticos de 22 partidos, sob a suspeita de ter recebido repasses ilegais da construtora.

Dias antes, em discussão na Comissão de Segurança Pública sobre um projeto para desarmar a segurança da Presidência da República, Gilvan da Federal afirmou desejar a morte de Lula.

"Por mim, eu quero mais é que o Lula morra. Eu quero que ele vá para o 'quinto dos inferno' (sic). É um direito meu", disse o deputado federal. "Nem o diabo quer o Lula. É por isso que ele está vivendo aí. Superou o câncer... Tomara que tenha um 'ataque cardíaco'. Porque nem o diabo quer essa desgraça desse presidente que está afundando nosso País. E eu quero mais é que ele morra mesmo. Que andem desarmados. Não quer desarmar cidadão de bem? Que ele ande com seus seguranças desarmados", prosseguiu.

Após a repercussão negativa e pedidos de investigação sobre a conduta do parlamentar, ele pediu desculpas.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sugeriu na última sexta-feira, 2, que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus eleitores poderiam ser todos levados "para a vala". O comentário foi feito durante a cerimônia de inauguração da Escola Estadual Nancy da Rocha Cardoso, localizada em América Dourada, e provocou reações, inclusive, do ex-presidente. Jerônimo Rodrigues se retratou nesta segunda-feira, 5.

"Tivemos um presidente que sorria daqueles que estavam na pandemia sentindo falta de ar. Ele vai pagar essa conta dele e quem votou nele podia pagar também a conta. Fazia no pacote. Bota uma 'enchedeira'. Sabe o que é uma 'enchedeira'? Uma retroescavadeira. Bota e leva tudo para vala", afirmou o petista.

No X (antigo Twitter) nesta segunda, Bolsonaro afirmou que a declaração se trata de discurso de ódio. "Um discurso carregado de ódio, que em qualquer cenário civilizado deveria gerar repúdio imediato e ações institucionais firmes. Mas nada aconteceu", escreveu Bolsonaro.

"Esse tipo de discurso, vindo de uma autoridade de Estado, não apenas normaliza o ódio como incentiva o pior: a violência política, o assassinato moral e até físico de quem pensa diferente. É a institucionalização da barbárie com o verniz de 'liberdade de expressão progressista'", escreveu.

Para o ex-presidente, a verdadeira ameaça à democracia "está no alto da cadeia de poder, onde os que gritam por 'tolerância' e 'combate às fake news' são os mesmos que, na prática, incitam o ódio, mentem descaradamente e permanecem blindados por um sistema que escolheu lado".

"O padrão é claro: só há crime quando convém ao sistema, só há repressão quando o alvo é a oposição", acrescentou.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) acusou o governador da Bahia de adotar um discurso extremista. "Quando eu digo que, se pudesse, esse pessoal matava a gente, duvidam. E ainda tem quem acredita que estamos lidando com apenas políticos com pensamentos contrários - não. São movidos por uma ideologia genocida", escreveu o parlamentar.

Nesta segunda-feira, 5, durante uma visita às obras de reforma do Teatro Castro Alves, em Salvador, Jerônimo Rodrigues afirmou ser contrário a qualquer forma de violência e alegou que suas palavras foram interpretadas "fora de contexto".

"Nós criticamos a forma que alguém deseja a morte do outro. Eu sou uma pessoa religiosa, de família, e não vou nunca tratar qualquer opositor com um tratamento deste. Foi descontextualizada (a declaração). Eu apresentei minha inconformação de como o País estava sendo tratado e dei o exemplo da pandemia. Se o termo vala foi pejorativo ou forte, eu peço desculpas. Não tenho problemas em registrar se houve excessos na palavra. Não houve intenção nenhuma de desejar a morte de ninguém", disse o governador.

A ação que pode cassar o mandato do senador bolsonarista Jorge Seif (PL-SC) completou, no último dia 30, um ano parada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Não há previsão para que seja julgada. Seif é acusado de abuso de poder econômico na eleição de 2022, suspeito de ter recebido doações irregulares do empresário Luciano Hang, dono da Havan.

A autora do pedido é a aliança de partidos composta por União Brasil, Patriota e PSD. A coligação sustenta que Seif teria usado recursos da empresa como assessoria de imprensa e cinco aeronaves de Luciano Hang. O que está em discussão pelos magistrados é se esses serviços, estimados em R$ 380 mil, foram discriminados na prestação de contas apresentada à Justiça Eleitoral.

O julgamento teve início em 4 de abril, sendo sucessivamente suspenso e retomado nos dias 16 e 30 daquele mês. Esta foi a última vez em que os magistrados se reuniram para analisar o caso. Na ocasião, o Tribunal decidiu reabrir as investigações e foram expedidas ordens para que novas provas fossem recolhidas.

Na época, a Havan foi oficiada a informar todas as aeronaves que fizeram uso ou que estiveram à disposição da pessoa jurídica da Havan ou de Hang. Além disso, foi solicitado que aeroportos de Santa Catarina enviassem uma lista de todas as decolagens e aterrissagens durante o período da campanha, de 16 de agosto de 2022 a 2 de outubro de 2022. Contudo, desde então, os magistrados não se reuniram novamente para julgar o tema. Também não há uma data marcada.

Em maio de 2025, com a saída do ministro Alexandre de Moraes da presidência do TSE, a prerrogativa de pautar o julgamento do caso ficou com a ministra Carmen Lúcia, nova presidente da Corte.

Seif e Hang negam as irregularidades. O senador é empresário do setor de pesca industrial e pertence ao "núcleo duro" do bolsonarismo, tendo atuado no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) como secretário nacional de Pesca e Aquicultura. Cassado, Seif permaneceria oito anos inelegível.

Seif foi citado na delação de Mauro Cid como um dos membros de uma ala "radical" do entorno do então presidente Jair Bolsonaro (PL). O grupo apoiaria iniciativas que pudessem reverter o resultado eleitoral de 2024, como uma alegação de fraude nas urnas.

O senador esteve no baile da posse de Donald Trump, nos Estados Unidos. Ele foi fotografado ao lado do blogueiro e foragido da Justiça brasileira, Allan dos Santos, e do ex-apresentador Paulo Figueiredo, indiciado no inquérito de tentativa de golpe.