Conflito em Israel é primeiro teste para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU

Internacional
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A guerra declarada por Israel depois do ataque em larga escala do Hamas é o grande teste para o Brasil, que assumiu este mês a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Analistas ouvidos pelo Estadão avaliam que o País tem condições de se apresentar como um mediador do conflito no momento em que o governo tenta retomar a projeção brasileira na arena internacional.

"Vai ser o teste de fogo para o Brasil e para sua liderança no Conselho de Segurança da ONU. Talvez seja o grande teste, de fato, para a nossa diplomacia", avalia o professor de relações internacionais da ESPM, Roberto Uebel.

Isso porque, afirma o professor, o País sempre adotou uma posição pragmática no conflito Israel-Palestina. Posição que foi reforçada pelo Brasil neste sábado, 7, quando convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU. O texto defende a retomada das negociações e reafirma o compromisso brasileiro com a solução de dois Estados, um palestino e outro israelense, para que os dois lados possam "viver em paz e segurança dentro das fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas".

Por sua vez, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tem defendido uma reforma no sistema de governança global, disse que "não poupará esforços para evitar a escalada do conflito". O petista também enfatizou que a comunidade internacional deve trabalhar para retomada imediata das negociações que permitam a coexistência pacífica entre os dos Estados.

"O Brasil tem uma grande comunidade palestina, uma grande comunidade israelense e sempre adotou uma postura pragmática no conflito, com a defesa do diálogo. Não tem relações com o Hamas, por exemplo. Então, certamente, o Brasil deve costurar uma solução diplomática para isso", conclui Roberto Uebel.

Na mesma linha o coordenador do Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ, Michel Gherman, afirma que o Brasil está diante de uma oportunidade histórica de mediar um cessar-fogo e estabelecer um diálogo entre os dois lados, depois que o ataque sem precedentes do Hamas mudou a dinâmica do conflito Israel-Palestina.

De um lado, o exército de Israel deu sinais de enfraquecimento ao ser pego de surpresa pelos insurgentes, que invadiram o território israelense fazendo civis e militares de reféns. Do outro, a autoridade palestina disse apenas que eles têm o "direito de se defender" do que chamou de terrorismo israelense, mas evitou falar diretamente sobre o Hamas, com quem tem uma relação tensa.

Fundado em 1987, o Hamas tinha inicialmente duas frentes, uma de luta armada e outra mais assistencialista. Até que, em 2007, o grupo assumiu o governo da Faixa de Gaza, derrubando o Fatah, movimento do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas. A vitória daquele ano expôs as divisões internas entre os palestinos enquanto o fortalecimento do Hamas dificultou os esforços de paz.

"Tem a percepção de que o exército de Israel está enfraquecido e tem uma perspectiva palestina, que não entrou nesse banho de sangue produzido pelo Hamas", justifica Michel Gherman ao afirmar que agora "existem condições concretas de produção de uma nova realidade, que não estavam postas até ontem".

Para isso, no entanto, a diplomacia brasileira precisa se ater ao pragmatismo, que tem norteado a posição oficial do Brasil sobre o conflito. "Se o governo não se deixar levar pelas paixões ideológicas, e avançar em direção a diplomacia que está querendo implementar, o Brasil tem uma oportunidade histórica", conclui.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre agenda nesta sexta-feira, 2, com reuniões no Palácio do Planalto. Às 9h, Lula se encontra com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Em seguida, às 10h, recebe o ministro da Defesa, José Múcio.

Durante a tarde, o presidente tem audiência às 15h com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Uma hora depois, às 16h, Lula se reúne com o chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Marco Aurélio Marcola, e com o chefe do Gabinete Adjunto de Agenda do Gabinete do Presidente da República, Oswaldo Malatesta.

O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Zucco (PL-RS), protocolará nesta sexta-feira, 2, uma representação criminal contra o ministro da Previdência, Carlos Lupi, ao esquema no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

O documento aponta a falta de ação do ministro, mesmo tendo conhecimento prévio do problema, e também pede que a investigação seja remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF), se houver indícios, além do afastamento de Lupi do cargo.

"Não lhe faltavam atribuições legais e regimentais, nem muito menos ferramentas institucionais, aptas a municiar ações de acompanhamento e controle destinadas a coibir o escândalo de descontos ilegais nas aposentadorias", afirma Zucco.

Entre alguns dos argumentos dados pela oposição, Zucco aponta que Lupi foi informado em junho de 2023, que havia um aumento de denúncias de descontos sem autorização em aposentadorias e pensões do INSS e não tomou providências por dez meses, de acordo com as atas das reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social.

Uma pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quinta-feira, 1º., mostra que 85,3% dos brasileiros dizem que Lupi deveria ser demitido do cargo.

Até o momento, o governo sinaliza que Lupi deverá permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa crise e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.

Pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quinta-feira, 1º., mostra que 85,3% dos brasileiros dizem que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, deveria ser demitido do cargo após a crise no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), alvo de operação que apura um esquema que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

A pesquisa também diz que 84,4% dos brasileiros "acompanharam bem o caso", ante 15,6% que sabem pouco do assunto. O levantamento ouviu mil brasileiros entre esta terça-feira, 29, e esta quinta-feira. A margem de erro é de três pontos porcentuais para cima ou para baixo.

A pesquisa também ouviu se os entrevistados conhecem ou não pessoas afetadas ou se eles próprias foram lesadas. O resultado mostra que 58% dos brasileiros não foram vítimas e nem conhecem prejudicados; outros 35,6% conhecem quem foi teve descontos indevidos em benefícios do INSS e outros 6,4% foram vítimas.

Até o momento, o governo sinaliza que Lupi deverá permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa crise e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.