Ataque surpresa do Hamas expõe falhas do serviço de inteligência de Israel

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
O ataque sem precedentes do Hamas deixou centenas de mortos e expôs a fragilidade do governo de Israel. O país tem um poderoso sistema de defesa aérea, o Domo de Ferro, projetado ao longo de mais de uma década com o apoio americano e um exército que já foi reconhecido como um dos mais bem preparados do mundo. Mesmo assim, foi pego de surpresa pelos radicais da Faixa de Gaza e se viu incapaz de proteger os civis, sequestrados por terroristas.

A ação não foi sequer antecipada pelos serviços de inteligência, agora colocados em dúvida, enquanto o mundo se questiona: como o Hamas orquestrou um ataque dessa magnitude sem ser percebido?

Para o ex-conselheiro de segurança de Israel, Chuck Freilich, foi um fracasso de inteligência comparado ao início da guerra do Yom Kippur. Há exatos 50 anos, uma coalizão árabe liderada por Egito e Síria aproveitou o feriado judaico do Dia do Perdão e avançou sobre os territórios que haviam sido tomados por Israel durante a guerra dos seis dias.

A ofensiva impactou o mundo inteiro com os choques no mercado do petróleo em 1973 e foi traumática para os israelenses, pegos de surpresa assim como aconteceu agora.

Nas redes sociais, ele denunciou que o enfraquecimento das forças de defesa de Israel levou aos "resultados trágicos" vistos na invasão. "O ataque demonstra o fracasso da política de longo prazo de defesa do governo Netanyahu ao longo da fronteira de Gaza", criticou.

Crise interna

A ação deste sábado, 7, abalou a imagem da defesa do País, que sofre internamente com uma arrastada crise política. Divisões internas colapsaram os últimos governos e levaram os israelenses às urnas cinco vezes em menos de quatro anos. Para voltar ao poder na última disputa, no fim do ano passado, Binyamin Netanyahu lançou mão de uma aliança com a extrema direita e ultraortodoxos, que saíram como os grandes vitoriosos da eleição.

No poder, a coalizão liderada por Netanyahu avançou com uma controvertida reforma do sistema judiciário, apontada pelos críticos como um ataque à democracia. A revolta se espalhou por diferentes setores da sociedade israelense e até os reservistas chegaram a cruzar o braços em meio aos protestos.

No conflito com os palestinos, o novo governo lançou uma operação letal em Jenin, na Faixa de Gaza, que retaliou com foguetes disparados em direção a Israel, uma escalada do conflito que antecipou a guerra. Na Cisjordânia, a ampliação dos assentamentos de judeus, criticada inclusive por aliados como os EUA, acirrou ainda mais os ânimos.

Foi nesse contexto de crise, de divisões internas, com o governo mais a direita da história israelense, que Israel foi surpreendido pelo Hamas, com uma invasão de terroristas que não foi antecipada pelos serviços de inteligência.

"O Hamas só conseguiu entrar pela degradação do exército de Israel", avalia o coordenador do Núcleo de Estudos Judaicos da UFRJ Michel Gherman lembrando a que as forças armadas israelenses, pelo menos em tese, são mais fortes que os insurgentes.

"Vimos uma invasão por terra, queima de bases militares, sequestros de soltados em serviço e de civis, dentro das suas casas. É uma vergonha, como que o exército, que já foi considerado um dos mais preparados do mundo chega ao ponto de não proteger a sua população na fronteira?", questiona o pesquisador.

Exposto pela da tragédia, o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu busca unir o País contra o inimigo Hamas. Ele declarou guerra e chamou os opositores Yair Lapid e Benny Gantz para formar um governo de emergência.

"Foi uma resposta muito rápida. Ele já declarou estado de guerra porque está em uma situação doméstica muito complicada. Então tenta criar esse elemento de união contra o Hamas", avalia o professor de relações internacionais da ESPM, Roberto Uebel.

O analista acredita que, neste momento, Israel deve tentar neutralizar o Hamas e fechar ainda mais o cerco a Faixa de Gaza, que há mais de 15 enfrenta bloqueios israelenses. No entanto, é difícil saber a proporção que o conflito vai tomar. Neste momento, é tudo muito incerto. A reação do mundo árabe deve ser decisiva, assim como os passos que Israel dará a partir de agora.

"Também depende muito do que Israel vai fazer no dia seguinte. A depender da reação, o governo pode perder a pouco legitimidade que conseguiu alcançar agora, porque é muito frágil. É uma situação muito sensível", conclui Michel Gherman.

Em outra categoria

O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Zucco (PL-RS), protocolará nesta sexta-feira, 2, uma representação criminal contra o ministro da Previdência, Carlos Lupi, ao esquema no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

O documento aponta a falta de ação do ministro, mesmo tendo conhecimento prévio do problema, e também pede que a investigação seja remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF), se houver indícios, além do afastamento de Lupi do cargo.

"Não lhe faltavam atribuições legais e regimentais, nem muito menos ferramentas institucionais, aptas a municiar ações de acompanhamento e controle destinadas a coibir o escândalo de descontos ilegais nas aposentadorias", afirma Zucco.

Entre alguns dos argumentos dados pela oposição, Zucco aponta que Lupi foi informado em junho de 2023, que havia um aumento de denúncias de descontos sem autorização em aposentadorias e pensões do INSS e não tomou providências por dez meses, de acordo com as atas das reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social.

Uma pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quinta-feira, 1º., mostra que 85,3% dos brasileiros dizem que Lupi deveria ser demitido do cargo.

Até o momento, o governo sinaliza que Lupi deverá permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa crise e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.

Pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quinta-feira, 1º., mostra que 85,3% dos brasileiros dizem que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, deveria ser demitido do cargo após a crise no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), alvo de operação que apura um esquema que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

A pesquisa também diz que 84,4% dos brasileiros "acompanharam bem o caso", ante 15,6% que sabem pouco do assunto. O levantamento ouviu mil brasileiros entre esta terça-feira, 29, e esta quinta-feira. A margem de erro é de três pontos porcentuais para cima ou para baixo.

A pesquisa também ouviu se os entrevistados conhecem ou não pessoas afetadas ou se eles próprias foram lesadas. O resultado mostra que 58% dos brasileiros não foram vítimas e nem conhecem prejudicados; outros 35,6% conhecem quem foi teve descontos indevidos em benefícios do INSS e outros 6,4% foram vítimas.

Até o momento, o governo sinaliza que Lupi deverá permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa crise e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) a cumprir pena em prisão domiciliar. Segundo a defesa, o ex-presidente ficará em Maceió.

A decisão tomada nesta quinta-feira, 1º, levou em consideração a idade e os problemas de saúde do ex-presidente. "A necessidade de tratamento específico admitem a concessão de prisão domiciliar humanitária", escreveu Moraes.

Collor terá que usar tornozeleira eletrônica e só poderá receber visitas de advogados, de médicos e da família. Moraes determinou a suspensão do passaporte do ex-presidente.

A defesa pediu a prisão domiciliar humanitária alegando que Collor enfrenta comorbidades graves e depende de medicamentos de uso contínuo.

Ao ser ouvido na audiência de custódia - horas depois de ser preso na madrugada de sexta passada, 25 -, no entanto, o ex-presidente negou ter problemas de saúde ou tomar remédios.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi a favor da prisão domiciliar "excepcional". Em parecer enviado ao STF, Gonet afirmou que a defesa comprovou a "gravidade" do quadro de saúde de Collor.

Por exigência de Moraes, os advogados tiveram que apresentar histórico médico, prontuários, laudos e exames que atestassem os problemas de saúde do ex-presidente.

O ministro afirma na decisão que houve a "constatação real da presença progressiva de graves sintomas não motores e motores" da Doença de Parkinson, "inclusive histórico de quedas recentes".

"A compatibilização entre a Dignidade da Pessoa Humana, o Direito à Saúde e a efetividade da Justiça Penal indica a possibilidade de concessão da prisão domiciliar humanitária à Fernando Affonso Collor de Mello, pois está em tratamento da Doença de Parkinson - há, aproximadamente, 6 (seis) anos", diz a decisão.

Collor foi preso para cumprir a condenação de 8 anos e 6 meses em um processo da Operação Lava Jato. Collor foi considerado culpado pelo recebimento de R$ 20 milhões em propinas da UTC Engenharia em troca do direcionamento de contratos de BR Distribuidora. Ele está detido no Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió.

A prisão foi decretada por Alexandre de Moraes e depois confirmada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal. O ministro considerou que não há mais recursos possíveis para reverter a condenação do ex-presidente e que os pedidos da defesa agora são apenas "protelatórios".