Lula retomará reformas em discurso para ONU esvaziada por tensões

Internacional
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará nesta terça-feira, 19, a sua reestreia na Assembleia-Geral da ONU depois de 14 anos. Como manda a tradição, o brasileiro será o primeiro a discursar em Nova York, mas, desta vez, falará a um plenário esvaziado de líderes, numa instituição pressionada pela tensão entre potências e pelas divergências entre ricos e emergentes. O discurso do presidente será seguido com atenção após uma série de declarações alinhadas a Rússia e China sobre a guerra na Ucrânia e questionamentos à hegemonia do dólar no mercado internacional.

Com os líderes de China, Rússia e Índia ausentes, o petista deve retomar uma agenda similar à de suas intervenções anteriores no púlpito da ONU, como a reforma do Conselho de Segurança e uma agenda de desenvolvimento para os países do chamado Sul Global, além de pedidos para que os países ricos financiem o combate à mudança climática.

Para o professor de relações internacionais da FAAP Lucas Leite, esse esvaziamento demonstra que os mecanismos multilaterais mais amplos como a ONU já não conseguem servir de fórum geral para as principais discussões existentes. Na sua avaliação, grupos como G-7, G-20 e Brics, hoje, são considerados mais plurais que a própria ONU, cujo órgão decisório concentra China, EUA, França, Reino Unido e Rússia como membros permanentes e poder de veto. Em paralelo, Lula terá o desafio de evitar novas declarações sobre a guerra na Ucrânia percebidas como simpáticas à Rússia.

"Lula tem a vantagem de ser comparado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que tinha orgulho de ser um pária internacional, então essa comparação é favorável, mas não pode ser levada ao extremo. Não é uma licença para falar besteira", diz Carlos Gustavo Poggio, professor do departamento de ciência política do Berea College (EUA).

Ausentes

Assim como os presidentes da China, Xi Jinping, e da Rússia, Vladimir Putin, que já não eram esperados para a reunião, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, não comparecerão à Assembleia-Geral. Com isso, o americano Joe Biden será o único presente entre os líderes do Conselho de Segurança da ONU. O indiano Narendra Modi - que comanda uma das maiores economias do mundo e acaba de receber a cúpula do G-20 em Nova Délhi - também se ausentará.

Para os especialistas, a atual posição do Brasil na política externa exige um equilíbrio muito mais complexo em comparação aos primeiros anos de Lula no governo. "A grande diferença para os dias de hoje tem a ver com a configuração da ordem global: com China e Rússia despontando como rivais dos EUA e da Europa, sobretudo em torno de uma rivalidade entre democracias e autoritarismos, fica mais difícil para países como o Brasil manter equidistância de interesses antagônicos", diz Guilherme Casarões, cientista político e professor da FGV.

Isso se reflete na demanda brasileira por uma reforma do Conselho de Segurança, tema que o presidente deverá abordar hoje. Para Casarões, nenhuma reforma deve avançar agora "dadas as circunstâncias geopolíticas cada vez mais tensas envolvendo a China e, em menor grau, a Rússia".

Lula também abordará em seu discurso questões como o combate às mudanças climáticas, um tema frequente dentro da política externa brasileira, avaliam analistas ouvidos pelo Estadão. Leite espera que o petista, mais um vez, faça cobranças duras para o financiamento de ações contra a crise do clima e de mais empenho das nações desenvolvidas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cumpre agenda nesta sexta-feira, 2, com reuniões no Palácio do Planalto. Às 9h, Lula se encontra com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Em seguida, às 10h, recebe o ministro da Defesa, José Múcio.

Durante a tarde, o presidente tem audiência às 15h com a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves. Uma hora depois, às 16h, Lula se reúne com o chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, Marco Aurélio Marcola, e com o chefe do Gabinete Adjunto de Agenda do Gabinete do Presidente da República, Oswaldo Malatesta.

O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Zucco (PL-RS), protocolará nesta sexta-feira, 2, uma representação criminal contra o ministro da Previdência, Carlos Lupi, ao esquema no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

O documento aponta a falta de ação do ministro, mesmo tendo conhecimento prévio do problema, e também pede que a investigação seja remetida ao Supremo Tribunal Federal (STF), se houver indícios, além do afastamento de Lupi do cargo.

"Não lhe faltavam atribuições legais e regimentais, nem muito menos ferramentas institucionais, aptas a municiar ações de acompanhamento e controle destinadas a coibir o escândalo de descontos ilegais nas aposentadorias", afirma Zucco.

Entre alguns dos argumentos dados pela oposição, Zucco aponta que Lupi foi informado em junho de 2023, que havia um aumento de denúncias de descontos sem autorização em aposentadorias e pensões do INSS e não tomou providências por dez meses, de acordo com as atas das reuniões do Conselho Nacional de Previdência Social.

Uma pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quinta-feira, 1º., mostra que 85,3% dos brasileiros dizem que Lupi deveria ser demitido do cargo.

Até o momento, o governo sinaliza que Lupi deverá permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa crise e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.

Pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quinta-feira, 1º., mostra que 85,3% dos brasileiros dizem que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, deveria ser demitido do cargo após a crise no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), alvo de operação que apura um esquema que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

A pesquisa também diz que 84,4% dos brasileiros "acompanharam bem o caso", ante 15,6% que sabem pouco do assunto. O levantamento ouviu mil brasileiros entre esta terça-feira, 29, e esta quinta-feira. A margem de erro é de três pontos porcentuais para cima ou para baixo.

A pesquisa também ouviu se os entrevistados conhecem ou não pessoas afetadas ou se eles próprias foram lesadas. O resultado mostra que 58% dos brasileiros não foram vítimas e nem conhecem prejudicados; outros 35,6% conhecem quem foi teve descontos indevidos em benefícios do INSS e outros 6,4% foram vítimas.

Até o momento, o governo sinaliza que Lupi deverá permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa crise e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.