Azerbaijão e Armênia chegam a cessar-fogo após combates na região separatista

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
As forças do Azerbaijão e da Armênia chegaram a um acordo de cessar-fogo nesta quarta-feira, 20, para encerrar dois dias de combates na região separatista de Nagorno-Karabakh. Na terça-feira, 18, as forças do Azerbaijão haviam lançado fogo de artilharia sobre posições armênias em Nagorno-Karabakh, deixando dezenas mortos e feridos.

Nagorno-Karabakh, alvo da artilharia do Azerbaijão, é uma região montanhosa de 120 mil habitantes que faz parte do Azerbaijão e ficou sob o controle de forças étnicas armênias após o final de uma guerra separatista em 1994. Mas o Azerbaijão recuperou os territórios e partes do próprio Nagorno-Karabakh após seis semanas de combates em 2020. Hoje, a área é reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão.

O último conflito terminou com um acordo para enviar forças de manutenção da paz da Rússia para lá, mas as tensões aumentaram desde dezembro, quando o Azerbaijão começou a bloquear o Corredor Lachin - a estrada que liga Nagorno-Karabakh à Armênia.

Uma hora depois do anúncio da trégua, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, disse que a intensidade das hostilidades na região "diminuiu drasticamente". As autoridades do Azerbaijão disseram ter interrompido a operação militar lançada um dia antes, quando as autoridades separatistas afirmaram que estavam depondo as armas.

Não ficou imediatamente claro se alguns combates continuaram, mas ambos os lados concordaram em conversações na quinta-feira, 21, sobre a "reintegração" da região no Azerbaijão. Isso, além das garantias de deposição de armas, foi amplamente visto como uma vitória para Baku, a capital do Azerbaijão.

A escalada de violência levantou preocupações de que uma guerra em grande escala na região pudesse recomeçar entre o Azerbaijão e a Armênia. O conflito entre os dois territórios atrai poderosos da região, incluindo a Rússia e a Turquia. Enquanto a Turquia apoiou o Azerbaijão, a Rússia assumiu um papel mediador e intermediou o armistício que pôs fim aos combates de 2020. O seu contingente de forças de manutenção da paz está encarregado de monitorizar essa trégua, e ambos os lados afirmaram na quarta-feira que ajudaram a alcançar o acordo atual.

O acordo prevê a retirada de unidades e equipamentos militares armênios de Nagorno-Karabakh, bem como o desarmamento das forças de defesa locais, disse o Ministério da Defesa do Azerbaijão. Pashinyan, o primeiro-ministro da Armênia, disse que o seu governo não participou na discussão ou negociação do acordo, mas "tomou nota" da decisão tomada pelas autoridades separatistas da região.

As concessões feitas pelos separatistas indicaram a posição mais fraca em que eles e os seus apoiantes na Armênia têm estado recentemente. Tendo perdido a guerra em 2020 e, mais recentemente, o controle da única estrada que liga o país a Nagorno-Karabakh, a Armênia tem estado em uma posição mais fraca e de pouca influência na região.

Entretanto, tanto a Armênia como a Rússia pareciam distanciar-se do conflito. Pashinyan disse que a Rússia é responsável por garantir a segurança dos armênios na região, enquanto Moscou rejeitou tais alegações. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na quarta-feira que, na verdade, o Azerbaijão estava agindo no seu próprio território. "Espero que possamos conseguir uma desescalada e resolver este problema através de canais pacíficos", disse mais tarde o presidente russo, Vladimir Putin.

O conflito

Na terça-feira, depois de afirmar que quatro soldados e dois civis foram mortos por minas plantadas pela Armênia, o Azerbaijão lançou fogo de artilharia pesada que caracterizou como uma "operação antiterrorista". O governo azeri afirmou que os ataques continuariam até que as forças armênias depusessem as armas e o governo de Nagorno-Karabakh se dissolvesse.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Armênia negou que as suas armas ou tropas estivessem em Nagorno-Karabakh, e o seu primeiro-ministro alegou que o principal objetivo do Azerbaijão é atraí-lo para as hostilidades.

As forças do Azerbaijão alegaram ter como alvo apenas locais militares, mas autoridades de etnia armênia em Nagorno-Karabakh disseram que Stepanakert, a capital da região separatista, e outras aldeias estavam "sob intenso bombardeio" na terça-feira.

Antes do cessar-fogo, as explosões reverberavam em torno de Stepanakert a cada poucos minutos na manhã de quarta-feira, com algumas explosões à distância e outras mais perto da cidade. Mesmo após o anúncio da trégua, muitos moradores da cidade decidiram permanecer em abrigos pelo menos até o final da quarta-feira.

Danos significativos foram visíveis nas ruas da cidade, com vitrines quebradas e veículos perfurados, aparentemente por estilhaços. O ombudsman de direitos humanos de Nagorno-Karabakh, Geghan Stepanyan, disse na quarta-feira que 32 pessoas, incluindo sete civis, foram mortas e mais de 200 ficaram feridas. Stepanyan disse anteriormente que uma criança estava entre os mortos e 11 crianças estavam entre os feridos./Associated Press.

Em outra categoria

Pesquisa AtlasIntel divulgada nesta quinta-feira, 1º., mostra que 85,3% dos brasileiros dizem que o ministro da Previdência, Carlos Lupi, deveria ser demitido do cargo após a crise no Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), alvo de operação que apura um esquema que, segundo a Polícia Federal, causou um prejuízo de R$ 6,3 bilhões a milhares de aposentados.

A pesquisa também diz que 84,4% dos brasileiros "acompanharam bem o caso", ante 15,6% que sabem pouco do assunto. O levantamento ouviu mil brasileiros entre esta terça-feira, 29, e esta quinta-feira. A margem de erro é de três pontos porcentuais para cima ou para baixo.

A pesquisa também ouviu se os entrevistados conhecem ou não pessoas afetadas ou se eles próprias foram lesadas. O resultado mostra que 58% dos brasileiros não foram vítimas e nem conhecem prejudicados; outros 35,6% conhecem quem foi teve descontos indevidos em benefícios do INSS e outros 6,4% foram vítimas.

Até o momento, o governo sinaliza que Lupi deverá permanecer no cargo. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro será afastado.

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nessa crise e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) a cumprir pena em prisão domiciliar. Segundo a defesa, o ex-presidente ficará em Maceió.

A decisão tomada nesta quinta-feira, 1º, levou em consideração a idade e os problemas de saúde do ex-presidente. "A necessidade de tratamento específico admitem a concessão de prisão domiciliar humanitária", escreveu Moraes.

Collor terá que usar tornozeleira eletrônica e só poderá receber visitas de advogados, de médicos e da família. Moraes determinou a suspensão do passaporte do ex-presidente.

A defesa pediu a prisão domiciliar humanitária alegando que Collor enfrenta comorbidades graves e depende de medicamentos de uso contínuo.

Ao ser ouvido na audiência de custódia - horas depois de ser preso na madrugada de sexta passada, 25 -, no entanto, o ex-presidente negou ter problemas de saúde ou tomar remédios.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, foi a favor da prisão domiciliar "excepcional". Em parecer enviado ao STF, Gonet afirmou que a defesa comprovou a "gravidade" do quadro de saúde de Collor.

Por exigência de Moraes, os advogados tiveram que apresentar histórico médico, prontuários, laudos e exames que atestassem os problemas de saúde do ex-presidente.

O ministro afirma na decisão que houve a "constatação real da presença progressiva de graves sintomas não motores e motores" da Doença de Parkinson, "inclusive histórico de quedas recentes".

"A compatibilização entre a Dignidade da Pessoa Humana, o Direito à Saúde e a efetividade da Justiça Penal indica a possibilidade de concessão da prisão domiciliar humanitária à Fernando Affonso Collor de Mello, pois está em tratamento da Doença de Parkinson - há, aproximadamente, 6 (seis) anos", diz a decisão.

Collor foi preso para cumprir a condenação de 8 anos e 6 meses em um processo da Operação Lava Jato. Collor foi considerado culpado pelo recebimento de R$ 20 milhões em propinas da UTC Engenharia em troca do direcionamento de contratos de BR Distribuidora. Ele está detido no Presídio Baldomero Cavalcanti de Oliveira, em Maceió.

A prisão foi decretada por Alexandre de Moraes e depois confirmada pelo plenário do Supremo Tribunal Federal. O ministro considerou que não há mais recursos possíveis para reverter a condenação do ex-presidente e que os pedidos da defesa agora são apenas "protelatórios".

O líder do PDT na Câmara dos Deputados, Mário Heringer (MG) critica a condução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na crise que envolve o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o tratamento dado ao ministro da Previdência, Carlos Lupi. Segundo ele, a demissão do chefe da pasta também poderia levar à saída da bancada da base.

"Eu defendo essa posição (a saída). Minha bancada, até onde sei, todos defendem essa posição. É claro que não depende só exclusivamente de mim, mas essa é a posição que defenderei", afirmou.

Na avaliação dele, o governo vem adotando posição duvidosa na condução da crise. A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, defendeu a permanência de Lupi no governo, mas afirmou que se houver algo no futuro, será afastado. Poucas horas após essa entrevista, Lula nomeou o procurador federal Gilberto Waller Junior como novo presidente do INSS, sem consultar Lupi.

"A entrevista da Gleisi foi salomônica. Ela fala que o governo vai manter o ministro e logo embaixo o ministro desqualifica o ministro fazendo a indicação do presidente do INSS sem ter conversado com Lupi antes. Se ele acreditasse na nossa posição, chamaria o Lupi junto e indicariam juntos", disse Heringer.

Para o líder do PDT na Câmara, o governo deveria assumir parte da responsabilidade, e não jogá-la apenas a Lupi.

"Na verdade, quem indica é o ministro, mas quem aprova é a Casa Civil. Lupi indicou, mas vocês assinaram embaixo". afirmou. "Essa responsabilidade é que o governo deveria entender que tem na indicação, e ter trabalhado junto conosco junto na defesa da posição do ministro. Isso é uma posição de extremo constrangimento."

Na semana passada, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram uma operação que identificou um esquema de cobranças irregulares que soma R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo a PF.

No processo, 11 entidades associativas foram alvo de medidas judiciais. Em troca dos descontos mensais, elas afirmam que prestam serviços dos mais diversos tipos, como assistência funerária, consultas médicas e "maridos de aluguel" (reparos em residências). A operação levou à queda o ex-presidente do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), Alessandro Stefanutto, indicado por Lupi.

Nesta quarta-feira, 31, a Justiça Federal decretou a quebra do sigilo das comunicações pessoais e corporativas de Stefanutto e mais seis ex-integrantes do alto escalão da autarquia sob suspeita de envolvimento com o esquema.

Na Câmara, a pressão sobre o governo e sobre Lupi crescem. Também na quarta-feira, a oposição protocolou um requerimento pedindo a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as fraudes. Cabe ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), abrir ou não a CPI.

Em audiência na Câmara nesta terça-feira, o ministro da Previdência, Carlos Lupi se defendeu e disse que não houve ações sobre as fraudes agora sob investigação em governos passados e afirmou que já está aparecendo quem são os mentores.