Furacão Melissa deixa mais de 30 mortos e rastro de destruição na América Central

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O furacão Melissa deixou dezenas de mortos e destruição generalizada em Cuba, Haiti e Jamaica, onde casas sem telhado, postes de luz caídos e móveis encharcados dominavam a paisagem nesta quarta-feira, 29.

Na Jamaica, um deslizamento de terra bloqueou as principais vias de Santa Cruz, na região de Santa Elizabeth, onde as ruas se transformaram em lamaçais. Moradores retiravam a água de suas casas enquanto tentavam salvar seus pertences.

Os ventos arrancaram parte do telhado de uma escola de ensino médio, que servia de abrigo público. "Em todos os anos que moro aqui, nunca vi nada parecido", disse a moradora Jennifer Small.

O Melissa, de categoria 5, atingiu o solo jamaicano na terça-feira, 28, como um dos furacões mais fortes já registrados no Atlântico, com ventos máximos de 295 km/h, antes de perder força e seguir para Cuba. Mesmo países fora da trajetória direta da tempestade sentiram seus efeitos devastadores.

O coordenador da Organização das Nações Unidas (ONU) para diversos países do Caribe, Dennis Zulu, disse que a devastação causada pelo furacão na Jamaica atingiu "níveis sem precedentes".

"Pelo que sabemos até agora, houve uma destruição imensa e sem precedentes de infraestrutura, propriedades, estradas, redes de comunicação e energia", afirmou ele. "Há pessoas em abrigos por todo o país e, neste momento, o que estamos vendo nas avaliações preliminares é um país devastado a um nível sem precedentes".

Impacto

No Haiti, as inundações causadas pelo Melissa mataram pelo menos 25 pessoas na cidade costeira de Petit-Goâve, no sul do país, informou o prefeito Jean Bertrand Subrème. Ele disse que dezenas de casas desabaram quando o rio La Digue transbordou e que pessoas ainda estavam presas sob os escombros na manhã desta quarta-feira.

Apenas um funcionário da Agência de Proteção Civil do Haiti estava na área, enquanto os moradores lutavam para se retirar em meio às fortes águas da enchente.

Em Cuba, autoridades relataram casas desabadas, estradas de montanha bloqueadas e telhados arrancados nesta quarta-feira, com a maior destruição concentrada no sudoeste e noroeste do país. As autoridades disseram que cerca de 735 mil pessoas permaneciam em abrigos.

"Foi um inferno. A noite toda foi terrível", disse Reinaldo Charon, em Santiago de Cuba, no leste do país. O homem foi uma das poucas pessoas que se aventuraram a sair nesta quarta-feira, coberto por uma lona plástica sob a chuva intermitente.

Na Jamaica, mais de 25 mil pessoas estavam abrigadas em refúgios nesta quarta-feira, e outras chegaram ao longo do dia depois que a tempestade arrancou telhados de suas casas e as deixou temporariamente desabrigadas. A ministra da Educação da Jamaica, Dana Morris Dixon, disse que 77% da ilha estava sem energia elétrica.

Jamaica apressa avaliação de danos

Autoridades jamaicanas relataram dificuldades na avaliação dos danos devido a interrupções no fornecimento de energia, observando um "apagão total de comunicação" em algumas áreas, disse o diretor-geral interino do Escritório de Preparação para Desastres e Gestão de Emergências da Jamaica, Richard Thompson, à Nationwide News Network.

"Não será fácil, Jamaica", disse o vice-presidente do Conselho de Gestão de Riscos de Desastres da Jamaica, Desmond McKenzie.

Pelo menos uma morte foi relatada no oeste da ilha quando uma árvore caiu sobre um bebê, disse a ministra de Estado, Abka Fitz-Henley, à Nationwide News Network.

O primeiro-ministro Andrew Holness planeja sobrevoar as áreas mais afetadas, onde equipes ainda tentavam acessar os locais e determinar a extensão dos danos, disse a ministra da Educação do país.

Perto dali, David Muschette estava sentado entre os escombros de sua casa sem teto. Ele disse que perdeu tudo, apontando para suas roupas molhadas e móveis espalhados pela grama do lado de fora, enquanto parte do telhado bloqueava parcialmente a rua. "Preciso de ajuda", implorou.

O governo disse que espera reabrir todos os aeroportos da Jamaica já nesta quinta-feira, 30, para garantir a rápida distribuição de suprimentos de emergência.

Os Estados Unidos estão enviando equipes de resgate e resposta para auxiliar nos esforços de recuperação no Caribe, anunciou o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, na semana passada. Ele afirmou que autoridades governamentais estão coordenando ações com líderes da Jamaica, Haiti, República Dominicana e Bahamas.

Cuba resiste à tempestade

Moradores da província de Santiago de Cuba começaram a remover os escombros ao redor das paredes desabadas de suas casas nesta quarta-feira, após o furacão Melissa atingir a região horas antes.

"A vida é o que importa", disse o pescador Alexis Ramos enquanto observava sua casa destruída e se protegia da chuva intermitente com uma capa de chuva amarela. "Reparar isso custa dinheiro, muito dinheiro."

Enquanto isso, a mídia local mostrou imagens do Hospital Clínico Juan Bruno Zayas com graves danos: vidros espalhados pelo chão, salas de espera em ruínas e paredes de alvenaria desmoronadas.

Partes da província de Granma, especialmente a capital, Jiguaní, ficaram submersas, disse a governadora Yanetsy Terry Gutiérrez. Mais de 40 centímetros de chuva foram registrados no povoado de Charco Redondo, em Jiguaní.

O furacão pode agravar a grave crise econômica de Cuba, que já teve apagões prolongados, além da escassez de combustível e alimentos. "Haverá muito trabalho a fazer. Sabemos que haverá muitos danos", disse o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, em um pronunciamento televisionado. Ele pediu à população que não subestimasse o poder do Melissa.

Na tarde desta quarta-feira, o furacão apresentava ventos máximos sustentados de 155 km/h e se deslocava a 22 km/h, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA. O centro do furacão estava cerca de 245 quilômetros ao sul da região central das Bahamas.

O diretor do Centro Nacional de Furacões, Michael Brennan, afirmou que a tempestade começou a afetar o sudeste das Bahamas nesta quarta-feira. "A tempestade está aumentando de tamanho", disse, observando que os ventos com força de tempestade tropical agora se estendem por quase 320 quilômetros a partir do centro.

A previsão é de que o centro do Melissa atravesse o sudeste das Bahamas ainda nesta quarta-feira, gerando uma maré de até dois metros na região. No final da quinta-feira, espera-se que o Melissa passe a oeste das Bermudas.

Antes de atingir a costa, o Melissa já havia sido responsável por três mortes na Jamaica, três no Haiti e uma na República Dominicana. *COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

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O Partido dos Trabalhadores (PT) entrou com ação judicial contra o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) por afirmar que a sigla recebe financiamento do narcotráfico venezuelano. A declaração foi feita pelo parlamentar no plenário da Câmara dos Deputados e divulgada em seu canal no YouTube.

Em sua petição, o PT afirma que Gayer "buscou promover conscientemente uma clara difusão de mensagem com conteúdo mentiroso, ofensivo e degradante ao Partido dos Trabalhadores, com o intuito de incitar o ódio e o desprezo público contra o partido". O caso tramita na 19ª Vara Cível de Brasília.

O partido destaca ainda que o vídeo já ultrapassou 130 mil visualizações e que não é possível mensurar o número exato de compartilhamentos.

A sigla solicita a remoção do vídeo publicado no canal do parlamentar, que atualmente conta com mais de 1,26 milhão de inscritos, e pede que Gayer uma pague indenização por danos morais no valor de R$ 30 mil.

Segundo o PT, o conteúdo publicado "estimula, no imaginário de seus espectadores, a ideia de que o Partido dos Trabalhadores compactua com atividades ilícitas e violentas praticadas por grupos criminosos, sugerindo uma suposta relação de conivência com o narcotráfico internacional".

Até o momento, o parlamentar não se pronunciou publicamente sobre o caso.

O Supremo Tribunal Federal (STF) adiou nesta quarta-feira, 29, a conclusão do julgamento que define se a nomeação de parentes para cargos políticos configura nepotismo. A suspensão foi solicitada pelo relator Luiz Fux, que afirmou querer debater "mais elementos" com os demais ministros.

"Eu queria trazer mais elementos que não debatemos na tese. Estou indicando o adiamento para conversar com os colegas e ver se isso é satisfatório", afirmou.

Na última quinta-feira, 23, a Corte já formou maioria para manter entendimento que permite a nomeação de parentes desde que os indicados tenham qualificação técnica.

O voto de Fux foi acompanhado pelos ministros Cristiano Zanin, André Mendonça, Nunes Marques, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli. Flávio Dino foi o único voto contrário.

Dino argumentou que lei aprovada pelo Congresso Nacional em 2021 tipifica nepotismo como improbidade administrativa sem colocar os cargos políticos como exceção. São considerados cargos políticos funções como ministros, secretários estaduais ou municipais.

Faltam votar os ministros Cármen Lúcia, Gilmar Mendes e Edson Fachin, presidente do STF. Ainda não há data para a retomada do julgamento.

O caso tem repercussão geral, o que significa que o entendimento fixado deverá valer para todos os processos semelhantes no País. O STF julga recurso da prefeitura de Tupã (SP) contra decisão do Tribunal de Justiça paulista. O TJ derrubou lei municipal que permitia a nomeação de parentes até o terceiro grau para o cargo de secretário.

Ao votar, Fux propôs uma interpretação mais restrita dessa regra, excluindo os cargos políticos da proibição, exceto em casos de "nepotismo cruzado", quando há troca de favores entre autoridades. Ele também entende que a restrição fica mantida para o Judiciário, o Ministério Público e os Tribunais de Contas.

"A mensagem do Supremo é que a regra é a possibilidade, a exceção é a impossibilidade. Não é uma carta de alforria para nomear quem quer que seja", disse.

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), defendeu nesta quarta-feira, 29, reforço e atualização nas regras de segurança do Congresso. Ele afirmou que procurará o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para debater um projeto conjunto.

"Está na hora de debatermos esse aparato da infraestrutura do Congresso para reorganizarmos a entrada e chegada das pessoas nas duas rampas da chapelaria. Já houve o episódio em que uma pessoa tentou invadir o Congresso com um veículo", declarou Alcolumbre durante sessão do plenário.

Ele citou tecnologias como reconhecimento facial, controles maiores de fluxo na chapelaria (entrada principal do Congresso) e melhoria dos equipamentos de raio x. "O que mais tiver de mais moderno. Vamos iniciar esse estudo. [...] Vamos envolver todos os órgãos de patrimônio, Iphan, engenharia, arquitetura das duas Casas", disse.

O senador lembrou que já tramita um projeto sobre o tema no Congresso, mas que encomendará estudos de segurança e fluxo. "Já há um projeto que muda o fluxo da entrada da chapelaria. Já acompanhei vários episódios em que as pessoas esperam para agredir e ofender os parlamentares", declarou. "Não está normal. Chega na chapelaria, tem todo tipo de gente, é uma confusão. Não tem como, é impossível proteger o Parlamento brasileiro nesse sistema."

Críticas à ofensa a Eduardo Braga

Alcolumbre também criticou as ofensas ao senador Eduardo Braga (MDB-AM) nos corredores do Senado. Braga foi abordado por um homem que criticava seu relatório à medida provisória 1.304/2025, com mudanças no setor elétrico. Durante a abordagem, o homem colocou o celular no rosto de Braga e afirmou que as mudanças fariam pessoas perderem o emprego. Alcolumbre chamou o episódio de "ato covarde".

"Fiquei muito sensibilizado, porque não é justo um colega senador, e todo mundo tem o direito de divergir [...]. Minha solidariedade ao senador Eduardo Braga. [...] Falei com os diretores de nossa Polícia Legislativa para estarmos mais atentos", disse Alcolumbre.