Ex-deputado de origem brasileira George Santos deixa prisão americana após perdão de Trump

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ex-deputado federal de origem brasileira George Santos foi libertado de uma prisão federal na noite de sexta-feira, 17, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comutar a sua sentença de sete anos por fraude e roubo de identidade.

A informação foi compartilhada pelo advogado de Santos, Joseph Murray, ao The New York Times. Segundo ele, a libertação aconteceu às 22h de sexta no horário local. "Uma grande injustiça foi corrigida", afirmou Murray.

O republicano de Nova York havia sido condenado em abril, após admitir, no ano passado, ter enganado doadores e roubado a identidade de 11 pessoas - incluindo seus próprios familiares - para fazer doações à própria campanha.

Em postagem na rede Truth Social, Trump afirmou que Santos era um "fora da lei", mas ponderou que existem muitos "foras da lei" nos Estados Unidos que não são obrigados a cumprir sete anos de prisão. "Santos teve a coragem, a convicção e a inteligência de SEMPRE VOTAR REPUBLICANO!", disse.

O presidente também afirmou ter se comovido com o relato do ex-deputado sobre o período em que esteve preso, publicado em uma coluna no jornal South Shore Press na última segunda-feira, 13.

"Senhor Presidente, não tenho mais a quem recorrer", escreveu Santos. "O senhor sempre foi um homem de segundas chances, um líder que acredita na redenção e na renovação. Peço agora, do fundo do meu coração, que estenda essa crença a mim."

O ex-deputado passou 84 dias sob custódia federal. De acordo com o site do Departamento de Prisões, sua libertação estava originalmente prevista para setembro de 2031.

A comutação de Santos foi o mais recente ato de clemência de Trump para ex-políticos republicanos desde que ele retornou à Casa Branca em janeiro.

No final de maio, ele perdoou o ex-deputado federal Michael Grimm, um republicano de Nova York que, em 2014, declarou-se culpado por subnotificar salários e receitas em um restaurante que administrava em Manhattan.

O presidente também perdoou o ex-governador de Connecticut John Rowland, cuja carreira política foi abalada por um escândalo de corrupção e duas prisões federais.

Quem é George Santos?

Filho de imigrantes brasileiros, Santos foi o primeiro republicano assumidamente gay eleito para o Congresso em 2022, conquistando uma cadeira na Câmara representando partes do Queens e Long Island.

Santos alegava ser descendente de refugiados do Holocausto. Dizia que sua mãe estava no World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Afirmava ter sido astro do vôlei universitário. E se gabava de ter ampla experiência em Wall Street, o que justificaria os empréstimos feitos à sua própria campanha.

Nada disso era verdade. Ele acabou admitindo que nunca havia se formado no Baruch College ou sido um jogador de destaque no time de vôlei da faculdade de Manhattan, como havia alegado. Também nunca havia trabalhado no Citigroup e no Goldman Sachs.

Ele nem mesmo era judeu. Santos insistiu que queria dizer que era "judeu" porque a família de sua mãe tinha ascendência judaica, embora ele tenha sido criado como católico.

Em 2023, o ex-deputado foi acusado de roubar doadores de sua campanha, receber auxílio-desemprego de forma fraudulenta e mentir ao Congresso sobre sua riqueza. Em poucos meses, ele foi expulso da Câmara dos Representantes dos EUA. Até então, apenas cinco congressistas haviam sido obrigados a abandonar o cargo, sendo três no contexto da Guerra Civil e outros dois após condenações por suborno.

Santos se declarou culpado no ano seguinte, justamente quando estava prestes a ser julgado. Ele também admitiu ter mentido sobre seu currículo escolar e trabalhos durante a campanha eleitoral da qual saiu vitorioso.

Em outra categoria

Horas antes de se aposentar do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso foi recebido ontem, 17, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para jantar no Palácio da Alvorada, residência oficial. Na conversa, o presidente puxou o assunto da sucessão na Corte e perguntou a opinião de Barroso sobre cada um dos três cotados à vaga deixada por ele.

Lula citou nominalmente o advogado-geral da União, Jorge Messias, o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG) e o ministro do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas. Diplomático, Barroso respondeu que consideravam os três preparados para assumir o cargo. Durante o jantar, os dois também conversaram sobre política, vida pessoal e a participação de mulheres no Judiciário.

Segundo integrantes do Judiciário e do governo, Lula já teria decidido dar a cadeira de Barroso a Messias, mas não disse isso ao ministro aposentado.

A expectativa é que a nomeação seja oficializada no início da próxima semana. O indicado pelo presidente precisa ser submetido a sabatina e votação no Senado antes de tomar posse no Supremo.

Pouco antes de ir à residência oficial da Presidência da República, Barroso apresentou um voto no plenário virtual do STF em defesa da descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Na sequência, o ministro Gilmar Mendes interrompeu o julgamento, que não tem data prevista para ser retomado. Além do voto de Barroso, também votou Rosa Weber, também aposentada, no mesmo sentido do colega.

A pré-candidatura do senador Sérgio Moro (União Brasil) ao governo do Paraná provocou uma debandada de prefeitos do Progressistas (PP) no Estado. Dos 61 prefeitos eleitos em 2024, 18 deixaram a sigla desde a oficialização da federação do PP com o União Brasil, que trouxe consigo a pré-candidatura de Moro ao Executivo estadual.

O levantamento da reportagem considerou as certidões de filiação partidária do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo dirigentes do PP no Paraná, no entanto, o número de dissidentes é ainda maior, chegando a metade da bancada eleita no último pleito. Procurado, Moro não se manifestou.

As baixas sinalizam que os gestores do PP preferem seguir aliados ao grupo político do PSD, do governador Ratinho Júnior, do que embarcar na pré-candidatura de Moro. O ex-juiz da Operação Lava Jato lidera as pesquisas de intenção de voto, mas enfrenta rusgas dentro da federação e do próprio partido para se lançar ao Palácio Iguaçu, sede do governo paranaense.

Dos 18 dissidentes do PP, 11 seguem sem partido, enquanto 7 migraram para o PSD. Dirigentes do Progressistas no Paraná alegam que prefeitos da sigla foram pressionados pela ameaça de não assinatura de convênios e parcerias com o governo estadual. O secretário de Cidades do Paraná, Guto Silva, nega qualquer tipo de pressão sob os gestores municipais.

"Esses prefeitos tinham uma vinculação muito forte com o governo e não queriam ser entregues de bandeja a um projeto que não é deles. Antes, PP e União Brasil estavam juntos com o governador", disse Silva. "Não teve pressão. Todos receberam recursos do Estado".

A Secretaria de Cidades é a principal pasta de articulação política do governo do Paraná, e Silva é cotado como indicação do PSD para a sucessão de Ratinho Júnior. Além do secretário, concorre à nomeação o presidente da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), Alexandre Curi (PSD).

Em meio ao impasse no PSD, Sergio Moro lidera a corrida ao Iguaçu, segundo levantamento da Genial/Quaest divulgado em 22 de agosto. O ex-juiz registra 38% das intenções de voto no cenário estimulado, detendo vantagem de 30 pontos porcentuais sobre o segundo colocado, Paulo Eduardo Martins (Novo), vice-prefeito de Curitiba, que figura com 8% de menções. Enio Verri (PT), diretor da Itaipu Binacional, tem 7%, e Guto Silva, 6%.

Embora aponte para a liderança de Moro, a pesquisa também indica potencial de votos de um candidato indicado por Ratinho Júnior: 70% dos paranaenses ouvidos pelo instituto acreditam que o governador merece eleger um sucessor.

A Genial/Quaest ouviu 1.104 eleitores do Paraná entre os dias 13 e 17 de agosto. A margem de erro é de três pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%.

A primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, afirmou ontem, 17, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou o envio de alimentos, remédios e itens de primeira necessidade à Faixa de Gaza. "Nesse momento em que milhões de palestinos retornam para as ruínas de suas casas, tentando retomar as suas vidas, apesar das perdas enormes que viveram nos últimos dois anos, eles precisam mais do que solidariedade, precisam de ações de apoio, tanto material quanto político, para que o cessar-fogo acordado seja definitivamente cumprido", disse, no encerramento do Fórum Mundial da Alimentação, na sede da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma, na Itália.

Em seu discurso, a primeira-dama brasileira afirmou que o acesso de milhões de pessoas à comida é dificultado hoje por mudanças climáticas e seus eventos extremos como secas, enchentes e alterações nos ciclos das chuvas, mas também por questões geopolíticas, como conflitos armados e deslocamentos forçados.

"Seja devido ao clima ou às guerras, a desnutrição profunda tem causado a morte de centenas de milhares de pessoas, principalmente de crianças. A Palestina e o Sudão são exemplos ainda do uso da fome como arma de subjugação e exploração", disse. "Essas são crises que causam imensa vergonha a nós como humanidade, e nas quais não estamos agindo com a pressa e a intensidade necessária para resolver."

Janja criticou a postura dos países mais ricos, que afirmou não estarem cumprindo suas promessas de contribuição para os fundos e organismos multilaterais. Nesse contexto, disse que o agravamento dos cortes de recursos para a ajuda humanitária e para o desenvolvimento nos últimos anos aprofunda ainda mais esse cenário de crise.